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História Mine (fanfic em correção) - Ele está longe de ser um simples humano


Escrita por: explicitylan

Notas do Autor


Boa tarde amoras ❤ Como estão? Espero que bem, ontem foi meu primeiro dia de aula (não sei porque começar as aulas em uma SEXTA-FEIRA mas okay, vida que segue)

O capítulo de hoje será narrado pelo Dylan 😁 E espero que gostem do fundo do meu 💖 (coração purpurinado)

Capítulo 39 - Ele está longe de ser um simples humano


Fanfic / Fanfiction Mine (fanfic em correção) - Ele está longe de ser um simples humano

P.O.V Dylan 

—Não deveríamos estar aqui...—Angelina, comenta pela milésima vez desde que saímos de Nova Orleans e paro a moto em frente a antiga casa de Margot.—Ainda podemos voltar, Dylan...

—Nem pensar. Voçê precisa ver que ela não é quem, Niklaus, diz ser.—Contesto, tocando no ombro de minha amiga, que me olhava com receio.—Agora desça da moto e vamos. Estarei com voçê.

Foi muito difícil convence-la a vir comigo para Baton, mas depois de muita insistência e súplica, ela acabou aceitando. Viemos escondidos dequele maluco, já que essa era a única forma de mostrar a ela o quanto estava sendo usada por ele. Angel, não percebe, mas Niklaus, está destruindo sua amizade com a bruxa e não posso permitir que isso aconteça, até porque não quero ser o próximo. Oque mais quero é o bem dela e para isso, estou disposto a tudo.
Apertei a campainha diversas vezes, até que a porta se abriu sozinha, me assustando. Não tinha jeito, eu nunca iria me acostumar com essa coisa de magia e nada do gênero sobrenatural.

Segurei a mão de minha amiga e a puxei para dentro da casa, fechando a porta logo em seguida. Olhei a nossa volta, percebendo que tudo se mantinha ainda em seu devido lugar e sorrio com nostalgia.

—Dylan, vamos embo...

—Voçê a trouxe.—A voz de Margot ecoou pelo recinto, interrompendo as palavras de Angel e migro minha atenção ao topo da escada, encontrando-a com uma expressão surpresa e aliviada.

Por outro lado, Angelina, se retraiu, abraçando o próprio corpo com medo e isso não me agradou. Ambas eram inseparáveis, viviam grudadas, mas agora se repelem. Tudo graças a aquele monstro.

—Eu disse que a traria, não disse?—Anuncio com um meio sorriso, enquanto a bruxa descia os degraus, vindo em nossa direção.—Porque voçês duas não conversam um pouco? Tenho certeza que irão se entender.

—Acho uma ótima ideia e voçê, amiga?

—Não me chame de amiga!—Exclama a loira com o maxilar trincado, mas não ousando dar um passo se quer a frente.—N-nada do que voçê disser fará com que eu mude de ideia.

—Eu só quero esclarecer as coisas. Não precisa ter medo de mim, sou apenas eu, Margot... Sua amiga.

—Não!—Angel, grita recuando para trás bruscamente e confesso que não esperava por essa reação.—Voçê nunca foi minha amiga...—Após estas breves palavras, pude perceber seus olhos claros banhados por lágrimas e tento me aproximar, mas ela também se esquivou.—Quero os dois longe de mim.

—Está vendo... É isso que Niklaus faz. Ele destrói tudo aquilo que toca.—A feiticeira argumenta me olhando de soslaio.—Por conta de suas próprias paranóias, para ele, todos são seus inimigos e é isso que ele quer pregar em voçê, Angelina.

—Esse cara é maluco.—Acrescento a seu favor, ganhando um balançar de cabeça incrédulo da híbrida.—Veja só a discórdia que ele está causando entre nós.

—Ele abriu meus olhos, enquanto voçê quer me manter as cegas, Dylan. Como espera que eu acredite nisso!?—Minha amiga aponta para a morena, que aparentou mágoa.—Ela não existe! Não passa de uma farsa criada por Pandora.

—Isso é oque aquele imbecil quer que voçê pense!—Rebate Margot, aumentando seu timbre de voz, prosseguindo:—Se eu fosse mesmo Pandora, acha que eu perderia meu tempo com isso? Eu já a teria matado. Não vê que isso prova muita coisa?

—Não me interessa se isso prova alguma coisa ou não. A única certeza que tenho, é a de que voçê é a pessoa que sempre quis meu mal... Voçê é a paranóica e não Klaus.—Angel, admite nos dando as costas, mas me apresso a ir em sua direção, impedindo sua passagem.—Saia da minha frente.

—Voçê não vai embora.

—E voçê vai me impedir?

—Amiga, permita que eu lhe explique oque está acontecendo. Voçê está muito confusa e abalada...

—Cale a boca! Eu não quero saber de nada!—Contesta a loira com o ódio eminente, enquanto se virava na direção da bruxa.—Voçê pode ter me enganado por sessenta anos, mas não sou a mesma tola de antigamente...

—Então, vai ser assim? Prefere ficar do lado daquele que lhe abandonou como se voçê não passasse de uma diversão momentânea, do que permanecer fiel a seus amigos? Oque voçê está se tornando, Angelina?

—Margot, não fale assim com ela... Não é para tanto.—A repreendo, não achando certo acusar a loira desta forma.—Voçê mesma disse que ela foi compelida, a culpa é inteiramente do Mikaelson.

—Por isso mesmo, ele está transformando nossa amiga em um monstro e eu não irei permitir que...

—Chega!—Um grito esganiçado corta a garganta da híbrida, atraindo nossa atenção e sinto meu coração pesar em meu peito ao ver as lágrimas descerem por suas bochechas.

—Eu não aguento mais isso...

Não era a esse ponto que pretendi chegar quando a trouxe até aqui. Era para as coisas estarem entrando nos eixos e não desandando mais ainda. Queria vê-la sorrindo, como nos velhos tempos e não chorando como se fôssemos lhe fazer algum mal.

—Angel, voçê precisa entender que eu não sou Pandora... Nunca fui.—Margot, tenta se aproximar da garota, mas cada passo a frente, era um passo recuado da híbrida.—Não tenha medo, por favor...

—Fica longe de mim!

—Se lembra daquele dia no carro, enquanto cantávamos Spice Girls? Aquela época nós éramos amigas. Porque está se deixando levar por ele?—Questiona a bruxa não se dando por vencida.—Niklaus, abandonou voçê. Ele a fez sofrer e quem esteve ao seu lado? Quem foi a pessoa a qual voçê desabafou os inúmeros segredos e medos? Eu fui essa pessoa. Voçê contou tudo a mim!

—E esse foi meu pior erro!—Ralha a loira, ignorando tudo que lhe fora dito e em um piscar de olhos, Margot, foi empurrada contra a parede.

O baque tão forte e intenso, ocasionou a queda de alguns quadros que estavam pendurados na parede e as mãos ágeis de Angelina circundaram o pescoço esguio da feiticeira, apertando a área com extrema força e percebendo que ela não iria parar tão cedo, me aproximei as pressas, tocando em seu ombro, tentando puxa-la para trás, para que ela soltasse a amiga.

—Angelina, pare com isso! Solte, Margot, agora!—Aconselho aos gritos, não sabendo oque fazer. Mas a verdade é que não há nada que eu possa fazer. Ela é uma híbrida, enquanto eu não passo de um simples humano.—Vamos, pare agora! Margot, não deixe ela fazer isso...—Olho para a morena que tentava inutilmente puxar o ar para os pulmões, mas esse ato estava sendo totalmente em vão. Ela sufocava mais e mais, e isso me preocupou.—Angelina, voçê precisa solta-la!—Insisto, mas ela se quer prestava atenção em mim ou no que eu dizia.

Toda sua atenção e ódio estavam focados na pessoa a sua frente e eu precisava fazer algo para acabar com isso. Margot, não reagia. Ela simplesmente não usava sua magia para se livrar dessa situação desagradável e isso me preocupava cada vez mais... Angel, iria acabar matando-a.

Foi então que em meio a esse fogo cruzado, uma ideia se passou em minha mente. Para mim, não parecia o certo, mas era melhor do que perder a bruxa por um ato mal pensado da loira.

Dando um passo para trás, coloquei a mão no bolso de minha calça, encontrando a estaca de madeira que Margot me dera aquele dia. Essa era a única forma. Aproveitando a distração de Angelina, cravei o objeto em sua cintura e em questão de segundos suas mãos se desprenderam de Margot, que puxou o ar o quanto antes para dentro, me deixando aliviado.

—Está tudo bem?—Indago segurando seu braço, observando seu peito subir e descer em descompasso, recuperando o fôlego.

—Ela tem uma mão pesada... Mas estou bem. Obrigada.—Ela agradece com um meio sorriso e imediatamente volto-me a híbrida não muito longe de onde estávamos, encontrando-a apoiada ao sofá, com o tronco levemente curvado, deixando-a de costas para nós.

Um grunhido rouco de dor escapa dentre seus lábios e ela leva a mão até a estaca, tentando retira-la da cintura, mas isso apenas resultou em mais protestos de dor, deixando-me incomodado. Como se tudo isso não fosse o suficiente, suas pernas fraquejaram e seus joelhos foram de encontro ao assoalho de madeira.

—Hey, Angel...—Corro em sua direção, me abaixando a sua frente com preocupação e a segurando pelos ombros, notando sua pele gélida em contato com minha mão.—Margot, era para isso estar acontecendo?—Pergunto assustado, agora que ela também suava frio.—Respira fundo, pequena. Isso vai passar... Não vai, Margot?—Questiono, virando meu rosto para que pudesse ter a visão da bruxa, mas tudo que ela sabia fazer era permanecer imóvel, assistindo meu desespero.—Margot, voçê havia dito que ela iria dormir, mas não é isso que está acontecendo... Ela está sentindo dor!—Exclamo retornando minha atenção a minha amiga.

Seu corpo se tornava mais pesado a cada segundo, como se suas forças estivessem se esvaindo de seu corpo e a mantenho recostada em meu peito. Deslizo minha mão até a estaca envolta em sangue e a seguro, me preparando para puxa-la, mas antes que isso acontecesse, meu corpo foi jogado para o outro lado da sala e sem mim ao seu lado, Angelina, teve de lutar ao máximo para se manter no mínimo sentada sobre o chão, usando seus braços como apoio.

—Voçê não pode tirar a estaca dela, bobinho...—A voz de Margot se fez presente depois de todos aqueles minutos em silêncio e lhe encaro com incredulidade, não entendo suas ações.—Não até que o veneno chegue ao seu coração.

—Veneno?!—Tento me por de pé, mas a bruxa estala os dedos e simplesmente nenhuma parte de meu corpo obedecia aos comandos de meu cérebro.—Oque significa isso, Margot? Deixe-me levantar! 

—Querido, não é assim que as coisas funcionam. Voçê a trouxe até aqui, agora preciso terminar o trabalho.

—Porque está falando desse jeito? Se isso for alguma brincadeira, saiba que não tem graça alguma.—Argumento fazendo de tudo para me reerguer, mas nada acontecia e isso estava começando a me irritar.—Irei contar até três, Margot...

—Margot, Margot, Margot... É só isso que sabe dizer o tempo todo, garoto?—A bruxa reclama sem paciência, vindo até mim a passos cautelosos e dobrando os joelhos a minha frente, logo me segurando pelo maxilar com força.—É tão difícil ver que eu não sou a Margot?—Ela indaga em um sussurro e nenhuma palavra de minha parte fora proferida.—Nesse quesito, a pobre Angelina Lamartine tinha razão... Mas voçê não deu ouvidos ao que ela disse e isso é uma pena, não?

—Isso não pode ser verdade... Voçê... Voçê não...

—Ficou sem palavras. Que comovente.—A mulher solta uma risada cínica e viro meu rosto para o lado, abaixando-o, fazendo com que ela tirasse sua mão asquerosa de mim e voltasse a sua postura ereta.

—Dy... Dylan...—Fecho meus olhos com força ao ouvir a voz fraca e rouca de Angelina. Eu não tinha coragem de olhar em seu rosto após tudo isso. Eu me sentia um traidor.—Está t-tudo bem... E-eu...

—Nem pensar!—Margot, ou seja lá quem ela realmente seja, grita, e imediatamente ergo meu olhar a minha amiga, que mantinha a mão sobre a estaca de madeira.—Voçê não pode me desobedecer também, mocinha.—A feiticeira se põe a sua frente como em um passe de mágica e toca na mão da híbrida, sorrindo.—Deixe-me ajuda-la com isso...—Após tais palavras, ela empurrou a estaca ainda mais contra a barriga de Angelina, fazendo-a urrar, juntamente a um grito de ódio meu.

Como se o momento se passasse em câmera lenta diante meus olhos, observei a loira cair sobre o chão. Alguns fios de seus cabelos se mantinham grudados a sua testa por conta do suor e sua expressão facial estava translúcida em dor. Por outro lado, seus punhos estavam cerrados, mas não com a mesma intensidade de que um dia já estiveram. Seu tórax se movimentava em descompasso e com lentidão, como se o simples ato de respirar lhe proporcionasse muito desconforto e a única coisa que me corria a mente era o fato de tudo isso ser culpa minha. Fui ingênuo o suficiente para acreditar em Margot e burro o bastante para duvidar daquela que nunca me dera motivos para tal feito. A bruxa conseguiu me manipular com perfeição, pondo-me contra minha melhor e única amiga. Fez-me crer que o monstro era Niklaus, sendo que na verdade, é ela quem assombra a vida da híbrida. Margot, nunca existiu e infelizmente vejo isso agora.

—Para provar que não sou essa bruxa cruel que tanto falam...—Anuncia Pandora, e sinto o sangue ferver em minhas veias, apenas por ouvir sua voz.—Irei permitir que se aproxime dela.

Em um piscar de olhos eu já estava me encaminhando com pressa na direção de Angel e me ajoelhando ao seu lado. Minha visão se tornou embaçada assim que analisei cada detalhe de seu rosto pálido e o segurei dentre minhas mãos. Mesmo seus olhos parecendo pesar toneladas, ela os mantinha abertos, lutando para permanecer acordada. Eu não sabia o tipo de veneno que a estaca continha, mas não deveria ser nada bom já que ele estava seguindo caminho até seu coração.

—Não posso deixar de negar que foi muito trabalhoso fingir ser Margot... Principalmente a parte de ter de aturar voçês dois.—Ignoro oque a mulher atrás de nós dizia, já que tudo que me importava nesse momento era minha amiga e passo minha mão trêmula sobre seu rosto, afastando os fios de cabelo, mas logo sua mão foi entrelaçada a minha e ela deposita um leve aperto.

—Vai dar tudo certo, Angel... Eu vou tirar isso de voçê.—Sussurro forçando um meio sorriso e ela balança a cabeça em concordância, enquanto passava a língua entre os lábios ressecados.

—Voçê pode até tirar a estaca agora, mas acho que depois de meu pequeno empurrão, o veneno já está com o caminho traçado ao delicado coraçãozinho da Princesa de porcelana...

—Cala sua boca.—Ordeno entre dentes, levando pela segunda vez a mão até a estaca, mas desta vez, conseguindo retira-la por completo, oque causou dor a loira e a jogo na direção de Pandora, que desviou sem dificuldade alguma, rindo.

—Engraçado que a minutos atrás voçê estava me defendendo dessa fracassada, mas agora está me atacando? É melhor decidir de que lado está, Dylan.

Qualquer resposta na ponta da língua desapareceu assim que a mão de Angelina se soltou da minha e a encaro com preocupação, não gostando nenhum pouco disso. Pensei que ao retirar a estaca envenenada alguma melhora eminente surgiria, mas vejo que mais uma vez me enganei. Tento fazer com que ela segure minha mão novamente, só que acabou sendo em vão e seu braço pendeu ao lado de seu corpo, começando a elevar meu desespero.

—Vai ficar tudo bem...—Repito, respirando fundo, não sabendo ao certo se essa fala era direcionada a ela ou a mim mesmo, em uma forma barata de me convencer.—Voçê pode se curar, pode combater o veneno...

—Não há como reverter essa situação.

—Ignore oque ela diz, voçê é forte, pode dar um jeito nessa burrada que eu fiz...—Solto uma fraca risada, tentando disfarçar meu real estado e passo as costas de minhas mãos debaixo de meus olhos.—Por favor, p-pequena...—Deixo um soluço escapar nesse momento, enquanto a colocava deitada com cuidado sobre o assoalho e a risada da bruxa ecoa por meus ouvidos.

—Um homem desse tamanho chorando como uma criancinha assustada, isso está melhor do que eu pensava.—Admite Pandora aparentando se divertir com a situação e o rosto de Angelina tombou lentamente para o lado esquerdo, deixando evidente que ela estava perdendo.—Diante as circunstâncias, acho que esse momento pode ser considerado o fim de Angelina Lamartine.

Desperto em um pulo, gritando de pavor e indo de encontro ao chão. Inúmeras imagens do pesadelo me corriam a mente, me desesperando e apoio minhas mãos sobre o piso, usando meus braços como pilastras para que pudesse me sentar e olho a minha volta me deparando com a sala de meu apartamento, oque por partes me relaxou um pouco. Respiro fundo, deixando minhas costas escoradas na lateral do assento do sofá de qual eu caíra e levo minhas mãos aos cabelos, os bagunçando.

No outro segundo eu já me punha de pé, com uma única certeza: Preciso falar com Angelina. Procurei por meu celular, não o encontrando neste cômodo e me recordo de que havia deixado-o sobre o criado mudo ao lado de minha cama e me encaminho o quanto antes para o corredor dos quartos. No percurso, minha atenção se prendeu a uma porta em específico e me aproximo, esticando meu braço até a maçaneta dourada, girando-a. Empurrei a madeira para trás, deixando que aos poucos o quarto que era de minha amiga surgisse em meu campo de visão e recordo-me de nossas conversas neste recinto, ou por completamente todo o apartamento. Este lugar perdeu a graça desde que ela foi embora. Nada é como antes. Sinto falta de sua risada alta, de seu jeito despreocupado e as vezes um tanto idiota, do hábito horrível que Angel tem de falar de boca cheia e até mesmo dela pegando no meu pé como uma mãe rabugenta. Mas esse último quesito apenas deixa em evidência o quanto aquela maluca se preocupa comigo, enquanto tudo que eu sabia fazer era duvidar de sua palavra... Sou um babaca mesmo.

Desfiro um soco no batente da porta, antes de balançar a cabeça em negação e seguir para meu quarto. Assim que finalmente encontrei meu celular, fui logo ligando para ela. Eu precisava ouvir sua voz. 

Me sentei sobre o colchão, esperando para que ela atendesse o quanto antes, mas isso não aconteceu. Seu celular estava fora de área, mas foi o suficiente para me acarretar suposições precipitadas. Insisti, tentando novamente, mas não tardou muito para que a voz gravada ecoasse pelo aparelho, me fazendo bufar em descontentamento, mas não me dei por vencido. Resolvi, então, ligar para Niklaus, já que era minha única chance de saber como minha pequena está.

—Isso só pode ser brincadeira... Fora de área também?—Murmuro descrente, encerrando a ligação e coçando a nuca, começando a ficar ainda mais preocupado.

Me conheço o suficiente para saber que irei me aquietar somente depois de falar com Angel, para ter certeza de que tudo está realmente bem. Mas já que falar com ela não está sendo possível no momento, preciso procurar outra maneira de me certificar. Rebekah e Elijah estão fora de cogitação, até porque inclusive a volta de ambos estava prevista para noite passada, mas até o momento não recebi nenhum comunicado do piloto... A única pessoa que talvez possa ter alguma informação a respeito deles seria a mãe da filha de Niklaus e acho que ela não iria se incomodar se eu lhe fizesse uma breve visita.

Guardo meu celular no bolso e puxo meus tênis debaixo da cama, logo os calçando e me ponho de pé, indo até o guarda-roupa em busca de minha camisa xadrez. Visto-a com certa pressa e rumo para fora do cômodo. Ao chegar na sala, me encaminhei até a mesa de centro, observando o molho de chaves que o híbrido de quatro dentes me entregara no aeroporto e justamente hoje minha moto estava no mecânico, ou seja, não teria problema algum pegar o carro dele emprestado.

...

"O número para o qual voçê ligou, está temporariamente fora de área..."

Deslizo meu dedo sobre a tela, encerrando a ligação e jogo o aparelho sobre o banco do passageiro, enquanto voltava minha atenção a estrada a minha frente, completamente frustrado. Sei muito bem que celular e volante são duas coisas que não combinam, mas eu não poderia deixar de tentar falar com ela. Porra, depois daquele maldito pesadelo tudo parece ter virado de cabeça para baixo. Aquele dia em meu apartamento eu quase usei a estaca, quase a coloquei em perigo de verdade, já que depois do pesadelo não confio 100% em Margot, isso me deixou intrigado. Muito para ser sincero. Eu havia levado minha melhor amiga para a morte de bandeja... Talvez fosse um aviso e mesmo não crendo muito nessas coisas, acho melhor não ignora-lo.

Aperto o volante com mais firmeza ao fazer uma curva fechada e suspiro, sentindo o cheiro de mato invadir minhas narinas. Fazia cerca de quarenta minutos que eu estava seguindo por essa estrada e literalmente tudo que me cercava eram as gigantes árvores em ambos os lados da pista, assim como um lobo e... Espera aí! Lobo?! Viro meu rosto para trás com exasperação, tentando obter uma visão melhor do perímetro que se passara, mas não consegui encontrar nada.

—Devo estar ficando louco...—Anuncio dando de ombros e volto meu olhar a frente, mas em questão de segundos, uivos foram ouvidos, surpreendendo-me.

Era bonito, mas ao mesmo tempo assustador e não demorou muito para que os animais começassem a aparecer em meu campo de visão, saindo dentre as árvores e arbustos nas laterais da estrada, comprovando também que eu não estava ficando louco como havia dito a momentos atrás. Eles intercalavam, enquanto alguns mantinham as cabeça erguidas, uivando, outros apenas acompanhavam o movimento do carro com atenção. Lembro-me de Angel comentar sobre os lobos, principalmente o quanto ela gostava deles, mas em meu lugar, acho que não me sinto muito confortável com essa situação.

Piso no acelerador, deixando os animais selvagens para trás e olho pelo retrovisor, me garantindo, caso algum deles me seguisse. Não tardou muito para que a vegetação se tornasse escassa e uma clareira surgisse e bem no centro do terreno, uma bela casa se mantinha, indicando que eu havia chegado em meu destino. Estacionei em uma distância considerável e retiro o cinto de segurança, antes de sair de dentro do veículo preto. Ajeito minha camisa xadrez no corpo e quando pensei em dar o primeiro passo a frente, um rosnado fez com que eu procurasse de onde o som vinha e engulo em seco assim que meus olhos pousaram sobre um enorme lobo negro. Soltei um grito assim que ele correu em minha direção e quando dei por mim, percebi que já estava subindo de forma desesperada sobre o capô do carro, tentando me salvar. Outros lobos também apareceram e devo ressaltar que eles não se pareciam nada com as gracinhas descritas por minha amiga. Quatro deles davam voltas ao redor do carro, mantendo-se com as cabeças um pouco abaixadas, esperando por um deslize meu, enquanto o lobo negro, na companhia de mais três integrantes de sua gangue, tentavam a todo custo subir sobre o veículo. Apenas não conseguiam por conta de suas patas escorregarem, mas aposto que não demoraria muito para que eles pensassem em outra ideia para conseguirem me atacar, então, estava na hora de tomar medidas drásticas:

—Socorro! Tem alguém em casa?! Ô mãe da filha do Klaus, será que dá pra vir aqui fora um instantinho?! Por favor!—Começo a gritar, clamando por ajuda e volto minha atenção aos animais, me encolhendo um pouco.—Tenho certeza que não iram querer me fazer de jantar... Fiquem sabendo que eu sou amigo da dona de voçês! Ela não vai ficar satisfeita em saber que me mataram... Sou um cara magro, nada nutritivo, voçês iram acabar se engasgando com meus ossos. Além do mais eu...

—Oque está acontecendo aqui?!—Uma voz feminina ecoou em meio aos rosnados que me cercavam e observo uma mulher de cabelos escuros e aparência confusa, descer os degraus da soleira com pressa, vindo em nossa direção.—Deixem-o em paz! Ele não é um inimigo.—Diante suas palavras, os lobos pararam e mesmo um pouco retulantes, se afastaram, retornando um por um para dentro da densa floresta, a não ser por um deles e acho que não preciso dizer de qual se trata.—Ele é amigo de Angelina. Está tudo bem.—A mulher assegura, passando a mão na cabeça do lobo negro, o único que havia restado e ele solta um grunhido baixo, se desvencilhando de seu contato e indo a passos calmos para longe de onde estávamos, sentando-se de maneira imponente sobre a grama verde.—Acredito que agora já possa descer.

—Um segundo a mais e eu achei que fosse virar lanchinho de lobo.—Comento rindo, enquanto descia de cima do carro e assim que pisei em terra firme, ajeitei novamente minha camisa xadrez, antes de dizer:—Muito obrigado, mãe da filha do...

—Hayley. Me chamo Hayley Marshall-Kenner.

—Claro! É que não sou muito bom com nomes e nos vimos poucas vezes, então, me desculpe.

—Está tudo bem. Mas oque está fazendo com a carro de Niklaus?

—Ele deixou comigo assim que viajaram, para que eu levasse de volta a mansão, mas como minha moto está no concerto e eu precisava muito vir aqui... Tive que pegar emprestado.—Explico rapidamente, ganhando um aceno de cabeça e Hayley olha para a floresta, como se pudesse comprovar algo.

—Foi por isso que os lobos permitiram que viesse até aqui. Eles acharam que fosse Niklaus, mas quando desceu do carro e eles se deparam com voçê...

—Eles me atacaram... É, eu entendi.—Completo sua sentença, coçando a nuca.—Mas não foi para isso que vim, quero conversar com voçê sobre minha amiga. Tem um minuto?

—Entre e conversaremos melhor.—A mulher anuncia seguindo em direção a casa e não pensei duas vezes antes de segui-lá, enquanto o lobo negro nos observava.

—Esse cara é sempre assim tão cismado com as pessoas?

—Ele é o alfa. Angelina, depositou toda confiança e responsabilidade em suas costas, ele precisa seguir a risca para que nada de errado, ou caso contrário a alcateia ficará perdida.—Hayley, acrescenta e logo adentramos a casa, mas meus olhos imediatamente pousaram sobre uma garotinha que se mantinha sentada no chão, envolta por folhas de papel, todas contendo inúmeros desenhos.—Essa é Hope, voçês se viram aquele dia na casa de Niklaus... Se lembra dele, filha?

Sim, ele é o amigo da Tia Ange!—A pequena exclama com um sorriso fofo e posso dizer que não sou nenhum amante de crianças com menos de sete anos, mas Hope é uma exceção a parte.—Ela góta muito de voçê.

—Eu também gosto muito dela, tenha certeza.—Afirmo com sinceridade, mas sentindo meu coração apertar em meu peito apenas ao me lembrar da loira.

—Continue a desenhar, querida. Dylan e eu iremos conversar, e lembre-se do que seu pai lhe disse: Nada de ouvir a conversa dos outros.—Dito isso, a mulher de cabelos escuros se encaminhou pela casa, comigo a seu encalço, até chegarmos na cozinha.—Se importa se conversarmos aqui? Estou preparando o jantar.

—Não há problema algum.—Admito e ela aponta para que eu puxasse uma cadeira e me sentasse, e foi exatamente oque fiz.

—Voçê disse que queria conversar sobre Angelina, mas pelo que eu saiba, voçê recebe Pandora em seu apartamento de portas abertas.—Argumenta Hayley começando a cortar alguns legumes e antes que eu pudesse dizer algo a respeito, ela prosseguiu:—Acho que não deveria estar aqui... Niklaus, não o considera confiável.

—Mas mesmo assim voçê me deixou entrar...

—Permiti sua entrada pois acredito que voçê não seja um problema nem para mim ou muito menos minha filha... Estou correta?—Após estas palavras ela fincou a ponta da faca na tábua, me fazendo arregalar os olhos e engolir em seco, enquanto ela pegava os legumes e os jogava dentro da panela sobre o fogão.

Diante meu silêncio, depois de breves segundos, ela tornou a se virar para mim, esperando por uma resposta.

—Sei que voçês me acham um idiota, mas eu não pretendo me tornar um problema para ninguém. Tudo que quero é saber como minha amiga está. Estou ligando para ela e sempre da fora de área, o mesmo acontece com o celular de Niklaus. Não sei oque está acontecendo, por isso vim até aqui, achei que voçê pudesse ter alguma informação.—Comento encarando minhas próprias mãos, tentando controlar meu nervosismo, mas logo subo meu olhar de volta a Hayley.

—Angelina, está bem. Klaus, optou por fazer uma pequena mudança de planos. Eles devem desembarcar em Las Vegas daqui umas duas ou três horas...—A híbrida acrescenta para meu parcial alívio.—Por isso que os celulares estão dando fora de área.

—Mas voçê tem certeza que é só isso? Angel, está bem? Não aconteceu nada de grave?—Insisto em perguntar, talvez com muita afobação, mas eu precisava saber, precisava ter a certeza.

—Porque todo esse desespero e preocupação com Angelina?—Seus olhos se estreitaram em minha direção e passo a mão pelo rosto, soltando o ar com força pela boca.—Sabe de algo que Pandora pretende fazer e não nos contou? 

—Não... Claro que não.—Rebato rapidamente, me ajeitando sobre a cadeira.

—Está mentindo.

—Voçês híbridos ainda não tem o poder de ler mentes, então, não podem ficar tirando conclusões precipitadas.
—Existem muitas formas de saber se uma pessoa está mentindo ou não. Necessariamente não é preciso ler mentes para saber disso.—Hayley, esboça um sorriso presunçoso e se vira de costas para mim, dando atenção ao que ela preparava no fogão e mais uma vez suspiro, em dúvida se lhe contava realmente oque havia acontecido ou permanecia com esse nó em minha garganta, me sufocando.

—Bom, acho que já vou indo...—Anuncio preferindo a segunda opção e me levanto, atraindo a atenção da mulher.—Obrigado, pela informação.—Agradeço e rumo para a saída do recinto, mas sua voz me fez parar e não dar mais um passo se quer a frente:

—Guardar oque sabe pode colocar Angelina em risco, mais do que imagina.

Eu mesmo a coloquei em risco... Admito mentalmente, mordendo minha bochecha por dentro e ouço os passos dela, indicando que vinha em minha direção, mas permaneci de costas, com o olhar perdido e a sensação de culpa me assolando.

—Sei que não nos conhecemos muito bem, Dylan, mas...

—É exatamente isso!—Contesto cortando sua fala e giro meus calcanhares, encontrando a mãe de Hope.—Não há porque um completo estranho vir até sua casa lhe perturbar com assuntos que não são de seu interesse. Até porque sei que voçê e Angel não são lá muito chegadas também.

—E isso não é motivo o suficiente para que eu permaneça de braços cruzados enquanto ela ou qualquer um precise de ajuda. Pandora e Mikael estão empenhados em por um fim em sua amiga e no pai de minha filha, se criarmos desavenças ao invés de nos ajudarmos, eles iram vencer... É isso que voçê quer?—Hayley, indaga indo em direção a mesa e puxando uma cadeira para se sentar e apontando para outra a sua frente.—Se for, voçê pode ir embora e conviver com a culpa de perder alguém importante. Se não for, é melhor voltar a se sentar e me contar direito oque está acontecendo.

—Tudo começou uma noite antes de Angelina vir ao meu apartamento...—Começo, caminhando até a cadeira e ali me acomodando, percebendo um sorriso satisfeito iluminar a feição decidida da mulher.—Margot, apareceu alegando que Niklaus havia compelido Angelina, para que ela acreditasse que a amiga fosse Pandora, mas até aí voçê sabe...—Argumento ganhando um balançar de cabeça em concordância e prossigo:—Oque ninguém sabe, é que Margot me entregou uma estaca... E deixou claro que Angelina teria de ser o alvo.

—Mas voçê não chegou a cumprir isso?

—Claro que não, mas cheguei a cogitar essa possibilidade no dia em que ela apareceu em meu apartamento na companhia de Niklaus, mas desisti... Não consegui cumprir.

—A estaca ainda está com voçê? 

—Está no meu apartamento, jogada em algum lugar de meu guarda-roupa. Tudo que eu quero é distância daquilo. A bruxa havia me dito que com a estaca, Angel, iria dormir e assim ela iria aparecer para por um fim em todo mal entendido...—Faço uma pausa, soltando uma risada falsa, pensando em como fui burro por confiar nela.—Mas não consigo mais acreditar em uma palavra que ela diga, não depois do pesadelo.

—Pesadelo?—Ela questiona com o cenho franzido e me apresso em explicar:

—Não sei se foi um pesadelo comum ou se fui induzido a tê-lo... Mas sei que nele eu havia conseguido convencer Angelina a ir comigo para Baton encontrar Margot. Só que assim que ambas ficaram cara a cara, Angel, simplesmente entrou em pânico e as coisas saíram do controle. Ela atacou Margot e eu, como sempre sendo um idiota, fiquei do lado da bruxa, e para não permitir que algo de pior acontecesse, cravei a estaca na barriga de minha amiga, parando-a. Ao contrário do que esperava, Angelina não dormiu, ela começou a sentir muita dor e quando pensei na besteira que havia feito e quis concertar meu erro, Margot, me impediu de retirar a estaca. Foi então que ela começou a se portar diferente... Pandora, conseguiu me enganar direitinho! Essa desgraçada me colocou contra minha única amiga e por pouco eu não enfiei aquela maldita estaca nela de verdade!—Exclamo com raiva, pondo-me de pé e caminhando de um lado para o outro da cozinha.—Pense se eu tivesse feito isso, Hayley! Essa maldita estaca está envenenada e pode causar a morte de Angelina! Eu teria matado minha própria amiga!

—Mas não matou.—A mulher também se levanta, passando a mão sobre os cabelos.—Isso realmente foi perigoso, poderia ter acontecido e Angelina talvez tivesse pagado um preço em vão, mas não aconteceu. Ela está viva e com Niklaus. Não existem motivos para que fique se culpando.

—O mais engraçado de tudo é que ele me disse que um dia eu iria agradece-lo por estar tirando Angel de minha casa e vejo agora que é exatamente isso. Nunca gostei desse cara, mas ele tem razão... Eu coloquei a vida dela em risco por besteira.

—Eu mesma sempre acreditei que Niklaus fosse um idiota com uma imensa sede de poder, mas...

—Mesmo assim teve uma filha com ele.—Solto arqueando uma sobrancelha, fazendo Hayley rir e encarar o chão por breves instantes.

—Isso também, mas com o tempo pude perceber que eu estava certa de meu palpite...—Não consigo conter o riso nesse momento e ela logo continua, mas desta vez adquirindo uma expressão de seriedade.—Só que também percebi que ele não é essa pessoa ruim que deve se passar em sua cabeça. Ele comete muitos erros, mas no fundo realmente se preocupa com a família e Angelina nunca deixou de fazer parte dela. Aos olhos dele, ela continua sendo uma Mikaelson.

—Não concordo.—Digo chacoalhando a cabeça em negação, torcendo meus lábios em uma linha reta.—Ele causou muito sofrimento a minha amiga.

—E agora está ao lado dela, lutando contra Pandora e o próprio pai, apenas para protege-la. Se Niklaus pensasse somente em si mesmo, ele não teria criado o elo.

—Ele criou o elo em benefício próprio, pois sabia que iriam colocar a Estrela em seu peito também. Nada me fará mudar de ideia sobre ele. Para ser sincero, não vejo a hora disso tudo acabar e ir embora daqui com Angelina.

—Chegou a pensar na possibilidade dela não querer ir embora?

—Angel, nunca faria isso.

—Claro, assim como ela deve ter dito que viria a Nova Orleans apenas atrás de respostas, mas acabou voltando a morar na casa dele.

—Aonde quer chegar com isso, Hayley?—Inquiro dando um passo a frente e cruzando os braços, intrigado com a forma a qual ela falava, mas logo balanço a cabeça de um lado para o outro, alegando:—Esquece, eu não quero saber. Estamos fugindo do assunto a qual me trouxe aqui.

—Assim que eles voltarem de viagem, acho melhor voçê contar sobre a estaca envenenada e o pesadelo. Angelina, esteve na presença de Pandora mais do que qualquer um de nós, então, deve saber oque a bruxa pretende fazer com isso.—Ela argumenta com decisão e seria o certo a se fazer.—Mas enquanto eles não retornam, precisa começar a se preocupar consigo mesmo.

—Acha que essa bruxa pode tentar algo contra mim agora que sei quem ela realmente é?—Pergunto preocupado, vendo-a acenar em concordância.—Maravilha! Era só oque faltava mesmo!

—Voçê poderia passar uns dias aqui, os lobos de Angelina são extremamente protetores, mas diante oque vem acontecendo, não sei se seria o lugar mais seguro para estar...—Hayley, comenta mordendo o lábio inferior, mantendo seu olhar vago, como se algo a incomodasse e me aproximo.

—Oque vem acontecendo?

—Voçê não é o único com problemas. Desde que eles viajaram, tem alguém rondando a casa. Os lobos o perseguem, mas nunca conseguem pega-lo. Estou começando a ficar cansada disso.

—Mas essa pessoa tentou entrar? Fez algo a voçê ou sua filha?

—Não e prefiro que continue assim. Torço veemente para que a alcateia consiga pega-lo. Até mesmo minha família está ajudando.

—Pandora e Mikael podem estar envolvidos?—Questiono com preocupação e a mulher suspira, antes de dizer:

—Talvez sim, talvez não. Nem eu mesma sei.

—Estamos muito encrencados.—Afirmo levando a mão a testa, tentando pensar em algo para fazermos nessa situação, mas oque eu poderia propor? Se esconder debaixo da cama? Estamos enfrentando inimigos poderosos.—Nunca pensei que um dia fosse ter inimigos.

—Até que voçê conheceu Angelina e assim ficou a par do mundo a qual vivemos.—Hayley, acrescenta com um sorriso forçado, como se me desse as boas vindas.—É o preço que tem que pagar.

—Pago o preço que for por ela.

—Então, voçê ama sua amiga.—Junto as sobrancelhas diante seu comentário e ele não havia me soado como uma pergunta, mas mesmo assim fiz questão de responder:

—Angelina, foi a única que esteve ao meu lado em situações difíceis. Ela sempre me apoiou e me reergueu quando preciso. Devo muito a ela, e graças a seus defeitos e qualidades, posso dizer que a amo.—Me arrisco em dizer, não contendo o sorriso idiota que se formou.—Mesmo sendo a garota mais cabeça dura que conheço, ela é muito especial para mim.

—Também tive uma pessoa especial...—Percebo a mulher ficar desconfortável perante esse assunto e encarar o teto sobre nossas cabeças, escondendo a mágoa em seus olhos.—Mas ele se foi.

—Era seu namorado?

—Era meu marido. Ele se chamava Jackson.

—Sinto muito.

—Não sinta. Nosso casamento foi um erro.

—Me desculpe, Hayley, mas voçê acabou de me dizer que ele era especial... Como se casar com ele foi um erro?

—Seu coração pertencia a mim, mas o meu não pertencia a ele... Entende?

—Saquei, tem outro homem na parada...—Comento em compreendimento, mas logo me dando conta da forma a qual as palavras saíram de minha boca e me apresso em concertar:—Quer dizer, me desculpe. Acho que me expressei mal, mas entendi oque voçê quis dizer.

—Jackson, foi muito especial para mim. E também me ajudou muito. Ele adorava Hope... Mas não foi o homem que eu escolhi para amar e hoje está morto por minha causa.

—Não diga uma bobagem dessas.

—Se estiver disposto a escutar um conselho, Dylan, vá embora de Nova Orleans o quanto antes.

—Oque?! Ir embora?!—Incredulidade exalou por cada sílaba proferida por mim e a híbrida deu um passo a frente.—Hayley, não posso e nem irei abandonar minha amiga em um momento como esse.

—Voçê precisa entender que amar qualquer um de nós é uma sentença de morte. Tenho certeza que Angelina não se perdoaria casa algo lhe acontecesse. Por mais que insista, voçê é apenas um humano. Não tem chance alguma contra Pandora e Mikael.

—Quer saber, já estou cansado de todo mundo dizendo que eu não passo de um simples humano!—Reclamo aumentando meu tom de voz, não me importando com mais nada.—Posso não ser forte como voçês e não saber lutar tão bem, até mesmo ser um medroso, mas não vou fazer oque está me pedindo. Sou inútil contra Pandora e Mikael? Sou. Mas não irei largar Angelina por causa disso. Se eu tiver que morrer para ajudar de alguma maneira, eu irei. Até porque se precisar...—Minha voz foi abafada por inúmeros uivos vindos do lado de fora da casa e as feições de Hayley irradiaram preocupação e raiva no segundo seguinte.

—De novo não...—E foi com esse murmúrio que a mulher se retirou as pressas da cozinha e tratei de ir atrás dela.—Hope, vá para seu quarto e não saia de lá.—A híbrida da as ordens a filha que se mantinha de pé, olhando-a com medo.

Mas mamãe, o bicho tá lá fora dinovo...—Hope, contesta com a voz chorosa e pude entender parte da aflição de Hayley, que se abaixou de frente a pequena, a segurando pelos ombros.

—Ele não vai entrar aqui. Mas preciso que fique em seu quarto, querida, por favor.

Tá bom, mamãe.—A garotinha concorda um pouco retulante e logo nos deu as costas, correndo para o corredor onde supostamente daria ao seu quarto.

Rosnados altos me assustaram um pouco e a mulher caminhou com pressa até a janela, mas paralisou imediatamente, cerrando os punhos.

—Oque está vendo?—Pergunto com receio, indo em sua direção e parando ao seu lado, enquanto meus olhos analisavam cada centímetro do quintal, pousando em algo que me fez recuar dois passos para trás.—Por favor, me diz que aquilo ali é um urso...

—Não. Aquilo não é um urso, Dylan.—Contesta a mulher me fazendo engolir em seco e observo o animal que se mantinha entre alguns arbustos, apenas a espreita, olhando exatamente em nossa direção. 

Ele era grande e com a pelagem negra  mas por conta da pouca iluminação e pelo breu que fazia lá fora, não era possível obter muitos outros detalhes. A única coisa que sei, é que nunca vi algo desse tipo ou muito menos desse tamanho. Essa criatura chega a ser maior do que o lobo de Angelina, que se mantinha a frente, rosnando para o bicho, sem se importar com a aparência assustadora que o animal possuía.

—Que diabos é isso então?—Volto a inquirir, não escondendo meu medo.

—Quando eu descobrir, te aviso.—Hayley, anuncia saindo de perto da janela e lhe olho com descrença, também me afastando do vidro.

—Não está pensando em sair lá fora... Ou está? Não sei se reparou, mas tem uma criatura muito sinistra no seu quintal e como voçê mesma disse, não é um urso e também não se parece nada com um lobo.—Comento apontando para a janela, mostrando o quanto sua ideia era infundada e perigosa.—Aconselho que fique aqui dentro.

—E eu aconselho que pare de ser tão medroso e fique no quarto com minha filha.—Dito isso, a híbrida sumiu de meu campo de visão em um piscar de olhos e tudo que me restou foi o som da porta sendo fechada, que se misturava aos sons dos lobos.

—Mulher maluca e teimosa.—Sussurro balançando a cabeça com pesar, mas sigo para o lugar ditado por ela e não demorou para que eu parasse de frente a uma porta de madeira, a qual tratei de abrir, encontrando Hope deitada sobre a cama, completamente encolhida debaixo das cobertas grossas.—Ei, garotinha... Sou eu.—Anuncio antes de adentrar ao cômodo e ela descobre parte de seu rosto, onde pude notar seus olhinhos vermelhos por conta das lágrimas.—Não precisa chorar.

Cadê minha mãe?

—Ela está na sala.

Mentira. Ela tá lá fora, num tá?—Hope, inquiri com a voz chorosa e fecho a porta atrás de mim, seguindo para perto dela em seguida. Se os barulhos estavam me assustando, imagine a ela.—Eu quero minha mãe! 

—Calma, sua mãe está bem... Ela apenas foi ver oque está acontecendo.—Tento tranquiliza-lá, mas não adiantou muito, Hope, apenas começou a chorar mais ainda.—Meu Deus, oque Angelina faria em meu lugar?—Pergunto em um tom baixo, passando a mão nas costas da criança, ponderando dar leves tapinhas, mas acho que isso é feito somente para arrotar, então, desisto, recolhendo meu braço e me colocando de pé, andando de um lado para o outro do cômodo, até decidir ir a janela, abrindo uma fresta da cortina, mas não conseguindo ver nada lá fora.

Abruptamente a porta do quarto fora aberta e não preciso nem dizer o quanto isso me pegou de surpresa, já que quase gritei de susto, mas relaxei ao notar que se tratava apenas da híbrida, que correu até a filha, puxando a pequena para um abraço apertado e me olhando como se eu fosse um idiota por não ter feito isso ainda.

—Está tudo bem, meu amor... Ele foi embora.

Mas ele vai vir de novo mamãe e eu tô com medo. Quero o papai aqui também. Liga pra ele, pede pra ele e a Tia Ange volta... Por favor.—A criança praticamente implorava aos prantos para Hayley e senti meu coração se apertar com isso.—Eu quero eles aqui...


Notas Finais


Voltei! E então, espero pelos comentários maravilhosos, okay? ❤ ou terei de mandar essa criatura muito sinistra (de acordo com Dylan) assombrar vcs a noite kkkkkkk Espero não precisar fazer isso U.U
bjokas 💕


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