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História Mine Again - - Infiel.


Escrita por: superflysex

Notas do Autor


Pessoal sei que demorei mais que o usual, mas é que estava postando rápido demais e achei que seria bom dá um tempinho para não terminar rápido demais, até pq essa história não terá nem mais de 30 capítulos. Espero que gostem.

Capítulo 15 - - Infiel.


Oito horas. Oito horas dormindo, nem ao menos conseguia descrever o quão a sensação lhe parecia renovar o corpo. Percebia que desde que as dores de sua perna se normalizavam o tratamento funcionava melhor, afinal conseguir pegar no sono com as pontadas não era muito confortável. 

O cheiro de ovos com bacon invadia o quarto com força, não podia acreditar que passou a noite. Culpava o abandono da insônia. Após a fisioterapia de ontem, Vivian o fez um convite irrecusável para a noite. 

'' Quero mostrar uma coisa que comprei''. 

O prazo de validade deles estavam chegando, somente mais três fisioterapias para encerrarem e dizerem tchau para sempre. Por isso era necessário aproveitarem. O apartamento dela era pequeno, apesar de bem decorado e organizado; O tamanho o surpreendeu a princípio, Vivian era médica de um dos maiores hospitais do país o que significava que ganhava muito bem. 

'' Não gosto de ambientes grandes. Pensar que algum intruso teria várias opções pra se esconder me arrepia''. Foi a explicação que deu. Ele riu dela. 

Arriscou um rápido banho, vestindo-se com o mesmo vestuário da noite anterior e foi até onde a moça estava. Fazia um ovo mexido, misturando todo tipo de temperos e depositando até mesmo mel. 

- Espero que saiba o que está fazendo. - Brincou, enquanto se aproximava. 

- Eu sempre sei. Senta. - Apontou para o balcão a frente, que dividia o cômodo da sala e da cozinha. - Bacon você não come, né? Vegetariano... Se importa se eu comer na sua frente? 

- A vontade. 

O prato foi trago em sua direção, onde em seguida o alimento jogado. Tudo sempre muito simples e sem glamour algum. Desde os lençóis da cama até o garfo que comiam e era uma mulher de dinheiro. Gostava nisso nela e gostava da vida que ela tinha, mas não era para ele no fim. Apenas para participar durante algumas horas. 

Vivian puxou a cadeira ao lado de Michael, antes que pudesse sentar-se foi interrompida pelo homem que a trouxe para um beijo. 

Ela riu em seus lábios. 

- Está de ótimo humor. - O beijou mais, enquanto falavam. 

- Tive oito horas de sono, pode apostar que estou. - Separaram-se, mas não afastaram os corpos. - Seu cabelo fica bonito assim de lado, devia usar mais. - Mexeu, deixando-o mais de lado ainda. 

- Que droga, odeio homens detalhistas. - Ironizou. 

- Mas eu sou e muito. - Não mentiu. 

- Bom, voltando ao tema sobre seu bom humor. Posso te fazer uma proposta? - Ele assentiu. - Fica aqui hoje. É domingo, eu não trabalho, você não tem nada pra fazer e seus filhos foram passar o dia com os primos, não é? Podemos ficar aqui. Gosta? 

- Gosto, gosto muito. - Lhe acariciou as bochechas. - Só que não posso, tenho sim um compromisso pra hoje. Mas adorei a ideia do programa e vamos marcar isso pra breve. 

Até porque tinham poucas semanas restantes para estarem juntos. Comeram voltados por uma conversa até que produtiva, Vivian contava sobre quando serviu para o exercito e foi ser medica em países pobres na Africa por um ano. Não era o assunto mais leve para um café da manhã, mas era o tipo de tópico que o interessava. 

Ela segurou a curiosidade de questionar o que ele teria que fazer, aquela '' relação'' não estava nesse nível e nem estaria. Na verdade, não estava em nível algum. 

Michael se foi na mesma praticidade que chegou. 

Repassou a instruções que o detetive lhe deu. Domingo as crianças ficavam com Priscilla e o marido ia para uma típica tarde de homens jogar cartas, poker ou qualquer dessas coisas. Nada remetente a vício, segundo o investigador, apenas uma diversão semanal entre garotos. 

Ou seja, Lisa estaria sozinha. 

- William, dirija até a casa do meu sobrinho e busque Paris. Os meninos continuaram lá, diga que é por algo de escola que ela esqueceu de fazer e tenho que a buscar de volta. - Caso contrário, reclamariam de injustiças. 

Ao terminar de dar a ordem, apanhou o celular com o número dela já salvo. Planejando isso há um bom tempo, eliminou o cartão pois sabia que chamaria aquele celular futuramente. 

- Michael? - Atendeu um tanto incerta. 

O reconheceu sem dizer nada? Então tinha decorado seu telefone. 

- Sim, sou eu. Como vai Lisa Marie? - Ao contrário do que esperava, não estava nervoso. 

- Bem e você? Pra me ligar aconteceu alguma coisa. 

- Não, não. - Negou rapidamente. - Está tudo bem. É que esses dias, Paris tem mencionado muito sobre você e falou que gostaria de te ver e estamos livres hoje e bem perto de sua casa. - Ainda tinha o endereço para quando pediu que a buscarem e se encontrarem no estacionamento. - Seria importuno se eu a levasse ai pra te ver rapidinho? Não demoraria nem vinte minutos. 

- Nossa, sem problema. - Isso a alegrou. - Adoraria vê-la também. 

- Que ótimo. - Fase um completa. Pensou. - Só mais uma coisa que eu queria pedir. É que ela ficou com vergonha de ligar, de falar que queria te ver e aparecer assim. Coisa de adolescentes sabe como é, não? Então eu acabei dizendo que você convidou, pode manter isso caso Paris pergunte? 

- Claro, por mim tudo bem. - Concordou de bom grado. 

- Sua família não vai achar ruim? - Agir como se não soubesse que não havia ninguém era de extrema importância. 

- Não tem ninguém aqui, meu marido só chega de noite. Foi pra uma partida de cartas.     

- Ah sim, que sorte. - Dissimulou. - Muito obrigado então, Lisa. Chego aí em menos de uma hora. 

---x--- 

 Segunda fase também completa. Paris acreditou que Lisa foi quem fez a invitação. Assim como Lisa também caiu que Paris deu a iniciativa, mas tinha que fingir por timidez adolescente. Era uma teia de aranha na qual inventou para aquilo poder dá certo. Muita mentira em um curto período de tempo e isso que não estava nem na metade delas. 

Há males que vem para bem? Não era assim que se justificavam certas ações tortas? 

Conhecedora de cor das estratégias de segurança dele, Lisa deu apenas o número da placa ao porteiro do condomínio fechado e abriu a entrada dos fundos da casa, que era coberta, para o carro passar. 

Paris saiu primeiro, Lisa já aguardava em frente ao veículo. Reparou na aparência da menina; Sem a maquiagem pesada, roupas mais leves, olhos brilhando. Parecia feliz. 

- Tudo bom? - Ela perguntou ao se aproximarem. A garota ainda retraída assentiu. - Você parece melhor, fico contente. 

- Obrigada. - Sorriu sem mostrar os dentes. - E também por ter me chamado. As meninas estão ai? 

- Não, estão com a minha mãe. Entra que tem um bolo ali na mesa pra você, pode comer tudo se quiser. 

Como estavam na parte de trás da casa, apenas uma porta de vidro separava para adentrar logo pela cozinha. Assim que a filha o fez e sumiu do campo de visão, Michael desceu do automóvel preto deixando os seguranças no carro. 

- Posso entrar? Não é muito bom ficar aqui fora. 

Não tinha muita escolha. Respondeu movendo a cabeça em direção a casa como quem dissesse '' me segue''. Ele já não estava mais de bengala e apesar de seus passos serem devagar, não mancava. 

- Você quer um pedaço de bolo também? - Lisa desviava o olhar para o chão. 

Por mais que tentasse não era confortável o fato dele estar ali dentro de sua casa, enquanto sua família estava fora. 

- Não, estou bem. Paris agradeça a Lisa. - Se pôs atrás da menina, que se fez a vontade em uma pequena mesa. 

Ela obedeceu após engolir. 

- Não quer ir pra sala de jantar, Paris? Tem mais espaço. 

- Aqui está bom, obrigada. 

 Um rápido silêncio constrangedor se fez presente, enquanto as mastigadas da adolescente soavam. Já prevendo essa situação, Michael foi rápido o bastante para sair. 

Tinha que deixar Lisa confortável e confiante com sua presença caso quisesse suceder. 

- Bonita essa casa. - Era o primeiro assunto que lhe veio. Olhou em volta. - Se mudou definitivo? Parou a turnê? O que houve? 

Não por mais que não quisesse, Lisa gostou do interesse.  

- Na verdade é alugada, estou morando aqui desde que cheguei da Inglaterra e os shows agora estão acontecendo na Califórnia, achamos melhor dispensar o trailer e ficar aqui mesmo. 

- Entendi. Mas se é alugada então é porque... 

- Isso. - Interviu gentilmente. - Quando encerrarmos a turnê de vez volto pra Europa, não tenho pretensão de ficar no país. 

- E quando encerram? - Se é que podia perguntar. 

- Ano que vem, antes do verão. Ainda temos um bom tempo na América, vai demorar uns meses por enquanto. 

- E é tão horrível assim ter que esperar até voltar? Muita mídia em cima de você? 

Lisa o encarou com certa ironia, embora não quisesse foi inevitável. 

- Hoje em dia não tanto. Está mais tranquilo, só que digamos que por uma época em especial foi tão forte que traumatiza.  

Recebida a indireta, fechou a boca e esqueceu a estratégia do conforto. Mas para sua surpresa, Paris trouxe uma conversa a tona com Lisa e as duas rapidamente a desenvolveram. Nada muito em especial, falavam do que haviam feito nesse meio tempo. A filha sobre voltar a estudar, a outra sobre situações engraçadas de algum show. Ele optou pelo silêncio e pela observação. Por mais que que se esforçasse era impossível tanto para Michael quanto para Lisa normalizar tal momento. 

Pelo canto de olho, observavam-se rapidamente e em disfarce. Ela havia escurecido os cabelos e estava mais bonita do que dos últimos encontros. Ainda sim, não pareciam confortáveis na presença um do outro; O perdão e o entendimento apesar de ter vindo não era o suficiente para talvez ter uma relação de amigos ou simplesmente de conhecidos. Talvez quando a relação foi muito séria, não da para ser amigos no fim. Apenas para casos mais casuais, curtos e sem importância. Aí sim a amizade é possível. 

Não era o caso deles.     

- Jogaram uma peruca no palco? - As duas riram. 

- Sim, foi no Texas que aconteceu isso. 

- E o que você fez? 

Uma irritante música adiantou a fala da mais velha. 

- Telefone. - O fixo da casa. - Já volto. - Avisou antes de se retirar, provavelmente para a sala. 

Será que era o marido dela? Será que estava voltando? 

Tinha que agir rápido, não poderia mais esperar. 

- Paris. - A chamou, a garota terminava o quinto pedaço de bolo. Mirou o pai. - Vai indo pro carro já, filha. 

- Mas porque? - Não queria ir embora. 

- E se foi o marido dela ligando? É melhor já irmos e se for pra esperar ela voltar vai dizer que tá tudo bem, que não precisa se incomodar. Coisas de etiqueta. - Optou por ser sincero nessa parte. - E não seria legal ele nos ver aqui e acho que nem você conseguiria disfarçar. Lembra do que viu no banheiro?  

Pensou um pouco antes de responder e deu razão há Michael. 

- Mas a gente sai assim? Ai sim vai ficar ridículo. 

Ele já tinha aquela resposta na ponta da língua. 

- Vai indo pro carro que eu me resolvo com a Lisa, assim vocês já se despedem da janela do carro mesmo. 

Apesar de insatisfeito com sua desculpa, pareceu funcionar. De novo. Rezava para persistir daquela forma. 

- Tá bom. - Disse antes de passar pela porta de vidro. 

O veículo continuava nos fundos. 

Não demorou muito para Lisa regressar, ia manifestar algo mas prendeu a fala ao não encontrar Paris. 

- Ela foi no banheiro? 

- Não. Foi pro carro já. 

Lisa franziu o cenho. 

- Como assim? - A voz saiu aguda. 

- Comeu muito bolo, a barriga doeu. - Mentiu. Novamente. 

- Vão embora? - Decepcionou-se.  

- Sim, vamos. Mas queria conversar com você primeiro. 

- Sobre? 

- Nada específico. - Deu os ombros. - Como você tem ido? - Começou. 

Desde o tempo que tinha chego não trocaram aquelas palavras básicas.

- Bem, muito bem. E você?    

- Igual. - Talvez não estivesse mais tão calmo quanto no início. 

- Sua voz voltou pelo visto.

- Ah sim, a perna também melhorou muito. Ainda tenho que usar a bengala até o fim do mês. - Essa estava no carro. - Pra dançar ainda vou ter que esperar mais um pouco. - Revirou os olhos. 

- E as coisas com seu filho ?  

- Foi normalizado, mas ainda não tem a mesma relação de antes. - Disse um tanto cansado. 

- Fico feliz que trouxe a Paris, eu até pensei em ligar. 

- Deveria ter ligado. - Exclamou convicto. - Pode ligar quando quiser, ela gosta de você. - Uma pausa de estabeleceu. Era a deixa que necessitava para entrar onde queria de vez, escassez de assunto não era um bom sinal. - Como está a turnê? - Seu roteiro começava ali. 

- Está incrível. Pensei que as meninas não iam se adaptar em viajar pelo país num trailer, mas adoraram. 

Para a surpresa de Michael, Lisa facilitou ainda mais seus planos. 

- Ainda quero conhecê-las. Como se chamam mesmo? 

- Harper e Finley. 

Encarnou a faceta de ator dentro de si para começar o show. Teria que ser digno de oscar. 

- Acho que eu vi algo delas em algum ensaio seu e do seu marido com as duas. - Como se não houvesse pesquisado tudo durante a semana. 

- Mas nisso elas tinham acabado de nascer, já estão grandes agora. 

Michael tateou os bolsos. 

- Vou te mostrar uma foto dos meus, já que de agora você só viu a Paris. Tem uma ai de vocês com as crianças? - Disse, enquanto retirava a carteira. 

Lisa piscou duas vezes, um pouco sobressaltada com o pedido. 

- Cla-ro. - Gaguejou, olhando em volta. Seu celular estava no balcão da pia. 

Lado a lado, a proximidade foi capaz para sentirem o cheiro um do outro. Por um momento, ela sentiu a pele esquentar. Sempre adorou aquele perfume. 

Dobrou a atenção ao máximo que conseguia na fotografia que Michael lhe expôs. Tirada no dia da reunião familiar que fizeram assim que regressou para a casa. Ele e as três crianças, já não tão crianças. 

- Meu deus. - Ela impressionou-se por um segundo. Fazia muito tempo que os viu pela televisão durante toda aquela loucura midiática do coma. Focou nos dois meninos, a última vez que viu Prince esse ainda era um bebê. - Eu não conheço o seu caçula, mas parece com você. Parece bastante. 

Michael riu com orgulho. 

- É. E parece no jeito também, na personalidade. - De repente, entristeceu-se. - Tenho até medo por isso. - Aquele havia sido seu único momento de sinceridade com ela desde que telefonou. 

- Bom, esses são os meus. - Lisa direcionou o celular para ele. - Dois você já conhece. 

- Mas não desses tamanhos. - Riram. Na tela estavam: Lisa, Danielle, Ben, Harper, Finley, Priscilla e o marido. - Tenho saudades deles. - Outra verdade. 

- E eles de você. Queriam te visitar, mas não sabiam se seria... Você sabe... Apropriado? - Soou duvidosa.  

- Podem vir quando quiserem. - A tranquilizou. - Não são amigos do Austin, meu sobrinho? 

- Sim, muito. - Respondeu, virando para outra foto em seguida. Dessa vez, com as gêmeas e o pai. 

- Suas meninas são lindas e parecem com você nessa idade. - Ao ter os olhos postos sob o homem que o levou até aquele momento, jogou-se sob a oportunidade. Era agora ou nunca. - Esse é seu marido? - Sussurrou. Era oficial, estava com medo. 

- Sim. Nunca o viu? 

- Já, mas não lembrava antes. - Como parte do teatro, fingiu fitar a foto melhor aproximando-se da mão que segurava o aparelho. - Espera. - O tom veio confuso. - Tem certeza que esse é ele? 

- Como assim tenho certeza se é ele? E dá pra confundir uma coisa dessa? - Se afastaram um tanto, Lisa não quis ser grossa. Mas foi sem perceber.  

- Não, não dá. - Para dar mais credibilidade, coçou a cabeça e procurou fazer a expressão mais desentendida que foi capaz. 

- O que foi? - Ela percebeu a agitação. 

- É que... Eu acho que eu conheço esse homem. - Forçou um engasgo. 

Agora foi Lisa quem se desorientou. 

- De onde? - Cruzou os braços. 

- Há algumas semanas, eu estava em um bar, disfarçado, e o vi lá. 

A mulher assentiu em concordância. 

- Normal. Ele depois de shows vai em bares com as bandas. 

Apesar de sua explicação, Jackson continuou tão aturdido quanto antes. 

- É que ele tava acompanhado. - Fechou os olhos por um breve segundo e o abriu de novo. - Por uma mulher. 

De imediato ela paralisou, completamente ambígua e sem reação alguma. Esperava um questionamento assim que o choque passasse, mas ao invés disso Lisa bufou entediada.  

- Para de graça vai. - Desviou o olhar. 

- Não tô de graça, é a verdade. Acha que eu brincaria com algo assim? 

- Não, mas... Fala sério vai. Você disfarçado em um bar, movimentado, de noite, o vê e lembra assim do rosto? - Fez pouco. - Se lembra da cara de todo mundo ali? - Riu. 

Uma desculpa, uma desculpa  rápida. Sua mente gritava com urgência. 

- Lembro porque a mesa dele era do lado da minha. - Articulou devagar, mas se satisfez. - Sem contar que ele e a garota se beijavam o tempo todo e era impossível não ficar olhando. 

- CHEGA. - Berrou, batendo o pé. - Você se enganou. Ponto final. - Pronta para discutir mais, parou. - Espera um minuto. - Seus pensamentos começaram a se cruzar em uma conclusão que esperava estar enganada. A expressão de adivinhação de Lisa o fez temer. - Você do nada telefona, trás sua filha parecendo mais um pretexto, onde ela pede e eu tenho que falar que fui eu, ela sai e nos deixa sozinho, começa a falar de fotos e ai... - Apesar do sobressalto, fingiu uma gargalhada. - Você planejou isso, não foi? É claro que planejou, é de você quem estamos falando. O que você não planeja? 

- Ótimo, começou. - Ironizou, em uma mistura de deboche e também de raiva. - Voltamos dezesseis anos no relógio, estou dizendo o que eu vi. Vi esse homem no bar beijando uma mulher há umas semanas atrás, foi isso. 

- E guardou o rosto desse desconhecido esse tempo todo? Para com a atuação vai, é melhor. 

Era isso, estava perdido no labirinto enquanto as paredes pareciam diminuir, quis desabotoar os primeiros botões de sua camisa vermelha e deixar o ar passar, mas não iria adiantar. Pensativo, encarou um ponto fixo antes de se render. 

- Ok. Quer que eu admita? Tá bom então. - Já estava tão em fúria quanto Lisa. - Eu não estava naquele bar. - Pôde ver o rosto dela se tomar de alívio. - Mas no mesmo dia que a Paris voltou, ela me mostrou uma foto em grupo de vocês todos. - Não incluiria o ocorrido do banheiro, já expôs sua filha demais nisso. - E naquela mesma semana eu passei na frente de um bar, o carro parou no sinal e eu o vi... Com a garota. 

 Também não diria sobre a assistente, seria informação demais ao mesmo tempo e Lisa mal acreditava em uma. 

A mulher persistiu irredutível. 

- Se inventou tanto pra me contar isso, por que acha que eu devo acreditar em você? 

- Tenho como provar. - Por essa não esperava, Lisa engoliu uma grossa saliva e seus olhos se arregalaram brevemente. - Depois que vi o que vi, contratei um detetive. - Do bolso do paletó, retirou um pen-drive. - Ele não descobriu boas coisas, está tudo aqui dentro. - O pôs na pia. - É só olhar. 

Ela negou com a cabeça, contendo todo desejo que seu corpo tinha de quebrar naquele momento. 

- Inacreditável. - Disse enojada. - O nível de calculação, de manipulação, de planejamento. Você fez tudo isso com um roteiro. - Michael suspirou aborrecido e tapou o rosto com a mão. - E eu nesses anos todos tentando te entender  e ultimamente até com uma esperança de que você tivesse mudado, mas não. - Acusava, enquanto o outro parecia até sem se afetar. Michael já conhecia demais aqueles discursos dela. - É o mesmo cara com complexo de dono do mundo, que acha que pode contratar um investigador e ter a vida de qualquer um na palma da sua mão, por que lógico o mundo gira em torno do que Michael Jackson quer. 

- Quer saber? Não tenho motivos pra ficar aguentando isso, só quis te ajudar. - Sua paciência atingiu o limite. - Eu não vim de mãos vazias, nesse negócio tem muitas coisas que confirmam tudo e até mais. 

- Leva. 

- Não, é seu agora. - Rebateu na hora. - Faça o que quiser, queime ou jogue no lixo. Não vou levar a sua ingratidão comigo, já que não importa o que eu faça todas as minhas ações pra você são com segundas intenções. 

- E não acha que eu tenho razão demais pra acreditar nisso? 

Curioso, Michael elevou as sobrancelhas. 

- Então me responda só uma coisa: Qual motivo eu teria pra acabar com seu casamento? O que eu teria a ganhar com isso? 

Por mais que tentasse, Lisa não tinha aquela resposta. 

- Não posso falar por você. 

- Mas você sempre fala por mim, Lisa Marie. - Deu ênfase ao sempre. - Com suas suposições e análises psicológicas minhas que tem mania de fazer. - Uma ideia o passou pela cabeça. - Acha que fiz tudo isso pra te ter de volta? É essa sua análise? - Teve que prender um riso. 

- Não seja ridículo. 

- É só uma pergunta. - Se defendeu. - É o que acha? - Lisa se recusou em retorquir algo tão absurdo. - Se for, pode ficar tranquila por dois motivos. Primeiro: eu segui minha vida e você a sua. 

- Eu sei, você seguiu bem mais rápido a propósito. - Interrompeu tentando parecer engraçada, mas pareceu amargurada. 

- Segundo motivo: Sendo esse calculador, sem simpatia alguma por ninguém na qual você me classifica, não acha que eu provavelmente pensaria que não tenho razão nenhuma pra tentar boicotar nada? Ou tentar destruir nada? - Lisa não o compreendeu. - Não se ofenda, de verdade não se ofenda. Mas se formos olhar bem o passado eu não precisei de nenhuma sabotagem pra ter você pra mim enquanto estava comprometida, e olha que nem foi só uma vez. Que razão eu teria pra fazer algo tão baixo justo hoje? 

O queixo dela foi ao chão. Os dois '' não se ofenda'' que proferiu, não teve efeito algum. 

- Acha que eu sou uma fácil, não é? Não responda. - Talvez essa resposta a mataria. - Saia daqui, vá embora. 

- Como? - Olhou para os lados, esperando ter mais alguém no cômodo. 

- Vai embora e não volta. - Apontou para a saída. - Primeiro me acusa de ser traída, depois de ser uma paranoica por não comprar o seu fingimento e agora insinua que sou uma vagabunda. Não preciso de mais humilhações. Anda, fora. - Endossou a sua ordem. 

- Perdão então, eu não quis da entender nada disso. 

 Foi sincero, mas Lisa estava repleta demais por um ódio que a cegou.

- Claro que não, né. Você nunca tem intenção de nada. - Disse com sarcasmo. Vendo que era inútil, Michael começou a se dirigir até a porta. - Espera, pode levando essa porcaria junto. - Se referiu ao pen drive. 

- De jeito nenhum. - Manteve sua palavra. - Não menti, é sua agora. Se não quiser, se livre como bem entender. - Não era mais problema seu. - Já estou indo, fique tranquila. 

- Ótimo e não volte. 

- Nem precisa pedir duas vezes. 

- VÁ. 

- VOU. 

Não ficou nem ao menos para ver o carro partir, abriu o portão pelo botão automático e aguardou pelas câmeras de segurança até eles saírem para o fechar de novo. Ódio, ódio, ódio era tudo que sabia sentir, mas não iria deixar as palavras de Michael grudarem. Esqueceria cada uma delas e da mesma maneira com a qual Michael se foi, elas iriam também. 

Preparou-se para jogar aquele pen drive no lixo, mas não teve a bravura o bastante para prosseguir. Desconfiava de seu marido? Não. Aquela era a relação mais longa que já teve na vida, não só a mais longa como a melhor e também o homem mais maravilhoso que já tinha conhecido. Alguém que a fazia se sentir única, ao contrário desse que havia acabado de partir. Na qual um assistente parecia ter mais importância para ele do que ela. O pen drive foi parar em um cofre de joias, se amaldiçoou por não ter o pulso de se livrar. Não foi capaz. Apesar disso, abandonaria o objeto e deletaria aquele dia de seu histórico. 

Sua mãe costumava falar que todo homem, ou pelo menos a enorme maioria deles, tem casos por mais que amem a mulher ao lado, por anos condenou essa frase e foi firme quando o assunto era traição, não perdoava. Apesar de já ter cometido diversas pelo mesmo homem que há poucos estava em sua frente. Mas agora, após três divórcios, mãe de quatro e aos quarenta, a cabeça estava mudada. Talvez seu esposo tivesse sim um caso e outro sem muita importância, mas se tinha não preferia descobrir e muito menos acabar com a união mais estável e duradoura que já teve. Estava feliz no matrimônio, era bem tratada, se sentia amada, as brigas eram poucas e era isso que no fim valia. 

O que valia mais, ser traída por alguém que não a dava valor ou ser traída por alguém que a amava, mas, como todo homem os desejos chamavam? 

 

FINAL DE SETEMBRO 1996, MEMPHIS - TENNESSEE. 

 

Tenso. Era a palavra apropriada para definir a situação. Tenso. Chegaram a ficar um mês inteiro sem contato algum desde que ele sumiu pela briga do anticoncepcional, para se reencontrarem em uma premiação que teve que ir obrigada. No hotel, naquela mesma noite, não economizaram na briga e logo em seguida, não economizaram na reconciliação. 

'' Vamos dar uma chance''. Decidiram, afinal ainda continuavam casados. 

O mês se passava instável, tinha dias bons e dias ruins na qual a discussão era tamanha que só terminava na hora de dormir e nos últimos tempos as sequelas pareciam se fortalecer. A brincadeira predileta? Quem apontava mais o erro do outro vencia. Ao menos ele estava tentando, teria de vir a sua terra natal para um evento de homenagem à seu pai e Michael quis acompanhar, apesar de terem tido outra discussão no dia anterior e no avião também. Essa última por motivos bobos, era como se cada movimento que faziam irritava um ao outro, cada mania, cada palavra, cada respiração. 

Temia chegar um ponto onde não se suportariam mais se olharem sem provocar stress, só que o mais louco era que quando estavam distantes sentiam falta. Percebia que ele também sentia.  

Passearam pela cidade, indo ao zoológico. Não trocaram uma palavra, visitaram outros lugares da mesma forma. Nada além de gelo; E agora no quarto de hotel começava a se perguntar se não seria melhor ter ido para outro separado de Michael. 

Ligou uma televisão na sala, no outro cômodo ele já deveria estar terminando de se trocar. Pelo horário toda a artilharia de vampiros já deveria ter sido dispensada, passava-se das dez da noite. Queria ter ficado em graceland, mas ele não estava disposto a disfarces por conta das visitas e também porque queria ficar a vontade sem tanta gente ao redor. Sem contar na quantidade de imprensa que foi para a porta da casa achando que era onde passariam a noite. Como se fossem tão previsíveis assim. 

- O que está vendo? - Michael chegou a sala, já devidamente pronto para dormir. 

Nem ela sabia. 

- Acho que seinfeld. - Bocejou, enquanto ele já sentava ao seu lado. - Olha, sério eu não quero brigar não tá. 

- É isso que pensa quando eu chego perto de você? Que vamos brigar? - O encarou com zombaria. Era possível pensar de outra forma? - Ok eu entendo, não vou negar que ultimamente também tenho tido o mesmo pensamento sobre você. 

- Então não me culpe. - Voltou a focar na TV. Não era seinfeld, era friends. 

Paciência, paciência. Michael repetia pra si mesmo. 

- Lizzie, desde que a gente resolveu tentar acertar as coisas eu não fui muito claro em relação ao que eu sentia por você. Só disse que queria que esse casamento desse certo e talvez falte isso, falte a gente falar mais do agora ao invés de só debater pelo que já aconteceu. - Aos poucos, ela voltava a prestar atenção no homem. Abaixou a programação até o último volume e apesar do bico em sua face, queria ouvir. - E se isso for melhorar as coisas, eu digo com maior prazer. Eu te amo. Ainda do mesmo jeito e eu quero muito ficar com você. Entende? - Apanhou pela mão. 

- Porque tá me dizendo isso assim? Sem orgulhos, sem nada. - Não quis parecer desconfiada, apesar de estar, apenas desentendida.  

- Eu aceitei vim pra cá com você por que achei que precisávamos de um novo ambiente. Aqui é sua terra natal, o lugar que você mais ama no mundo, achei que seria perfeito. Mas não é o que está acontecendo, estamos parecendo gato e rato e se nem Memphis é capaz de resolver, nada mais é. - Percebeu um carinho começar a ser feito em sua palma. - E observando bem o caminho que estamos indo, não é bom. Tô ficando muito cansado, é obvio que você também está. Quero resolver. - Lisa teve a sensação de uma lágrima querer descer. Pensava ser pela possibilidade de tudo se resolver, mas era por Michael ter tido a atitude. Fazia muito tempo que não se sentia mais amada por ele e talvez aquela fosse a prova que tanto queria. - Você ainda sente o mesmo por mim? 

- Mais, eu sinto muito mais. - Chorou, sem ser capaz de suportar. - Só que eu já nem sei mais se é só o amor que é capaz de tirar a gente dessa situação, por que se fosse talvez o meu já teria sido o bastante. Mas não parece. 

Em busca de acalmá-la trouxe Lisa para mais perto e a beijou. Um beijo forte como a muito tempo não tinham, correspondeu até a alma. Onde enlaçou as pernas para poder se sentar por cima dele e intensificar o contato. Terminaram com as testas coladas e a respiração acelerada. 

- Não acha mesmo que seja o bastante? - Michael provocou. 

- Talvez por algumas horas, depois não. 

 Afastou seu rosto do dele, sendo impedida pelo homem de descer do colo.      

- Então me fala, me fala todas as dúvidas que você tem. 

- Fácil. Você não me ouve, me afasta, parece que me manipula. 

- Mas tudo isso a gente já discutiu. - Mais do que o normal. - É hora de resolver e não tocar mais nesse assunto. O que te atormenta agora? Pra mim é que eu não sinto você presente, eu não sinto confiança da sua parte. 

- E o sobre o bebê? 

- Passado, como os que você mencionou. Nessa situação que a gente tá parece impossível ter uma criança, quero estar no melhor momento do mundo contigo se formos fazer isso. - Enxugou todas as lágrimas dela. - O que tá te incomodando? Qual a dúvida? 

Lisa ficou pensativa. 

- Naquele mês que você ficou longe, esteve com alguma outra mulher? 

Por medo da resposta quis mirar o chão, mas não podia. A reação de Michael lhe diria tudo que precisava. Era necessário manter-se firme. 

- Claro que não, que pergunta é essa? É isso mesmo que tem te atormentado? - Foi direto em contestar.  

- Antes de viajar a última coisa que me falou foi que teria um filho de outra. O que queria que eu pensasse? - Recordou de outro detalhe. - Alias como vai sua enfermeira? Tem se encontrado com ela? 

- Ainda é minha enfermeira. - Deu os ombros, indiferente. 

- Ah mas se eu vejo essa mulher na minha frente de novo ela vai me ouvir. Onde já se viu oferecer barriga pra homem casado. 

- Não arruma confusão, chega desse assunto. Vamos superar vai. - Outro beijo.  

- Então deixa ela longe de mim. - Pediu com os lábios juntos. - Não teve mesmo outra? Por que eu, trouxa, te esperei. Não teve não é? 

- Não, não tive. 

Em um rápido movimento, a deitou no sofá ficando sob a mulher. A beijava com destreza e com certa culpa pela mentira. Mas o que poderia fazer? Michael pensava. Era a chance de se reconciliarem de vez e não jogaria fora, por mais que o que passou naquele período não tenha sido apenas mulheres de se passar o tempo.

Lisa não queria gerar seu filho, então conheceu mulheres que fariam por ela. Além de Debbie. Para algumas concepção natural não era carta fora do baralho e já se considerava divorciado, foi surpresa até mesmo para ele Lisa demonstrar o desejo de dar mais uma chance quando se reencontraram e após toda a discussão. 

---x--- 

Hipócrita. Ela pensou ao terminar essa memória. Descobriu as possíveis pretendentes a mães não muito tempo depois. '' Estamos separados praticamente'' '' Eu nem me considerava mais casado''. Não teve perdão, também não houve como. Quando obteve a verdade, Michael fez o de sempre e foi embora, dessa vez para Nova York. Só voltaram a se ver quando ele desmaiou e foi parar no hospital, o que acabou ocasionando seu divórcio. 

Não, não tinha motivação alguma para confiar nele agora.  


Notas Finais


O que acharam? Aguardo os comentários....


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