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História Minha Cura - Solangelo - Capítulo Único


Escrita por: helena_ah

Notas do Autor


Oiê, e aí gnt?
Eu fiz essa fic há alguns meses, mas nunca tive a intenção de posta-la, sabe? Então, um certo dia, eu acordei e falei pra mim mesma: "Vey, preciso fazer alguma coisa com isso. Senão, do que adianta eu ter escrito?" Aí depois de muito tempo refletindo (três minutos, para ser mais específica), eu decidi posta-la mesmo. Meu maior receio é que vcs achem meio melosa demais, sabe? Mas, por favor entendam: eu enxergo Solangelo assim.
Esclarecimento: como eu já disse na sinopse, essa é uma história breve, mas eu prometo que vcs vão gostar, (pelo menos é isso que eu acho Ksksksk)
Só mais um aviso: esse eh um FUTURO alternativo; não um UNIVERSO alternativo, ok? Tem diferença.
Nesse futuro... (alerta de spoiler: caso vc não tenha lido HdO, pule o resto da nota! Ps: boa leitura)... não teve a Profecia dos Sete; o Nico não fugiu do acampamento; não teve a batalha dos gregos e romanos; ou seja: o Nico e o Will nunca conversaram.
Queiram me perdoar; quando eu fiz essa fic, eu ainda não tinha lido HdO (mas eu já sabia que Solangelo existia hehehe).
Enfim; boa leitura <3 <3 <3

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

[Nico di Angelo’s point of view]

 

Acho que podemos começar da parte em que eu e meus amigos já salvamos o mundo. Pois é. Salvamos o mundo e tal. Nada de novo; aquela velha rotina do dia-a-dia.

Quando falo “eu e meus amigos”, vocês podem pensar que fui eu o protagonista dessa aventura, não é? Mas não. Quem teve a maior participação na batalha foi meu amigo, Percy Jackson.

Como descrever o Percy? Ah, cara... Ele é demais. Muito simpático, engraçado, leal e tal... E sim, admito que tive uma quedinha por ele. Mas isso você não pode contar para ninguém! Além do mais, como em todas as histórias felizes, o mocinho sempre fica com a garota.

E desta vez não foi diferente. Depois de lutar contra Cronos, o Senhor dos Titãs, o filho de Poseidon acabou namorando sua melhor amiga, Annabeth Chase.

A Annabeth... Não tem como competir com ela. Além de ser a menina mais inteligente (e bonita, de acordo com Percy) do Acampamento Meio-Sangue, ela e o namorado se conhecem desde que o garoto entrou no acampamento. Além disso, se dão muito bem e formam um casal fofo. 

E também não sei se seria uma boa ideia eu namorar com Percy, sabe? Nós dois, sendo filhos dos Três Grandes, nunca teríamos sossego fora do acampamento, porque nossa aura de semideus é mais forte que a de demais meio-sangues. Portanto, seria só questão de tempo até que algum monstro nos pegasse.

Outra coisa que me faz mudar de ideia sobre namora-lo, é que ele sempre está rodeado de colegas. Sério, não sei do que eu menos gosto: monstros ou pessoas aleatórias que sou obrigado a socializar. O Cabeça de Alga se tornou amigo até de Ethan e de Luke — os piores traidores do acampamento. Tudo bem que eles se redimiram e tudo mais; mas mesmo assim, não sei se tenho essa mesma facilidade para perdoar. Se fosse eu, os jogava direto no Mundo Inferior. Literalmente.

                                                                

Estes pensamentos passavam em minha cabeça, enquanto eu encarava o teto, deitado em um beliche do solitário e escuro chalé de Hades. Porém, eles foram interrompidos por uma repentina batida na porta.

Toc, toc, toc...

Em seguida, ouvi alguém gritar do outro lado:

— Ei! Tem alguém vivo aí?

Toc, toc.

Confuso, não respondi. Então a voz persistiu:

— Alô, Bela Adormecida? Posso entrar?

— Hã? Como assim? — perguntei, ainda mais confuso.

— O quê? Você disse "pode sim"? Tá bom então.

— O q...? N... — tentei protestar, mas foi tarde demais.

A porta se abriu e toda a claridade do dia entrou e incomodou meus olhos mal-acostumados.

— Quem você pensa que é?! — reclamei num tom irritado, enquanto sentava na lateral da cama e esfregava minhas pálpebras.

— Nossa, esquece essa história de Bela Adormecida. Você está mais para Zumbi Adormecido.

Novamente não respondi. Portanto, ele continuou tentando.

— Oiê, tudo bem?

Eu estava ocupado demais tentando identificar o garoto que, pela terceira vez, o ignorei.

Ele era alto e tinha cabelos loiros brilhantes, que faziam um contraste com o sol perigoso para a vista.  No rosto havia um largo sorriso contagiante, que combinava com seus alegres e calorosos olhos azuis. O menino trajava um uniforme cor de laranja do acampamento e uma bermuda branca estampada com... Aquilo eram mini arcos e flechas? Nossa, que mau gosto.

Nas mãos, ele tinha um kit de primeiros socorros, então logo deduzi: filho de Apolo. Aff! As crianças de Apolo são as piores. Quando não estão cuidando de feridos, atirando flechas ou jogando basquete, estão cantando. E não há nada pior que músicas de acampamento. Sério.

— Oiiii! — insistiu ele. — Planeta Terra chamando Nico. Tá na escuta, di Angelo?

Nico? Ah, droga. Ele sabe o meu nome e eu não sei o dele. Normalmente não ligo para essas coisas, mas esse cara... Me lembro dele na batalha... Qual era mesmo seu nome? Era Bob? Não. Stuart? Ahhn... Acho que sim.

Stuart pareceu ler minha mente, então logo disse:

— Ah, acho que você não deve lembrar meu nome, né? Eu sou Will. Will Solace           

Will..., pensei, cheguei perto, hein.

Ele me olhou com um ar ligeiramente impaciente.

— Então, Nico..., você é mudo?

Ah, não, eu tinha feito aquilo de novo: ficar encarando.

— Ah, Will. Foi mal. Boiei — me desculpei, depois prossegui irritado: — Posso saber o que Hades você veio fazer aqui?

— Te acordar. — ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, porém isso só me deixou mais confuso.

— Por que...?

— Porque, não sei se você esqueceu, mas... Como posso dizer?...  Ah, sim, nós apenas salvamos o mundo inteiro ontem. Nada demais. E agora está na hora do café da manhã dos heróis.

— Quer dizer almoço — corrigi. Já devia ser quase meio dia.

— Que seja. Enfim, está todo mundo te esperando, cara...

— O quê? Por quê? — perguntei, num tom meio indignado.

— Humpf... — Will revirou os olhos, novamente achando a resposta um tanto óbvia; por isso nem se deu ao trabalho de responder. — Você tem cinco minutos para se trocar. Vai logo, antes que as harpias da limpeza te devorem.

Lancei-lhe um olhar irritado.

— Tá bom, mamãe! Já estou indo. — Então fechei a porta na cara dele, e pude ouvir um risinho do outro lado.

Fui ao banheiro, me olhei no espelho e, mano, eu estava péssimo mesmo. Mas experimenta salvar o mundo! Isso acaba com a gente.

Meu cabelo preto estava todo desgrenhado e grudado em minha face; onde minha pele mostrava-se mais pálida do que de costume. Enormes olheiras marcavam meu rosto, acentuando ainda mais os olhos escuros e, agora, cansados. Minhas costas doíam da noite mal dormida e meu bafo estava com cheiro de morte — e acredite, eu conheço esse cheiro.

Portanto, decidi tomar um banho rápido. Em seguida, escovei os dentes e pus um uniforme limpo do acampamento, uma calça jeans, um all-star preto e meu casaco de aviador, mesmo estando quente lá fora.

Abri a porta e, para a minha decepção, o filho de Apolo ainda estava lá fora, radiante, sorrindo como uma criança de cinco anos que vai ganhar um pirulito extragrande.

Caminhamos juntos até o pavilhão do refeitório e nesse meio tempo o menino não calou a boca. Mas tenho que admitir que, por algum motivo, aquilo foi bem mais legal do que de costume. Achei que fosse o fato do mundo estar a salvo que me deixou de bom humor.

Quando chegamos, o pavilhão estava lotado de campistas em suas mesas, conversando animadamente sobre o dia anterior. Havia uma quantidade bem grande de novos rostos, mas, felizmente, ninguém era descendente de Hades. O que significava que eu podia comer em paz, sem alguém ficar enchendo meu saco.

Antes de comermos, como tradição, Quíron fez um discurso parabenizando  todes campistas que participaram da batalha, e dando as boas-vindas às pessoas novas.

Durante a refeição, pude notar que Annabeth estava sentada na mesa de Poseidon (o que não é muito comum, já que a garota é filha de Atena). Ela e Percy conversavam apaixonadamente, de uma forma que me senti um intruso ao tentar escutar, mas por sorte não pareceram me notar. 

Então desviei a atenção para a mesa de Apolo. Lá, Will ria junto com as outras crianças de Apolo, que pregavam peças umas nas outras — mas nada como as pegadinhas do chalé de Hermes. Acredite, eu já estive lá.

Por uma fração de segundo, nossos olhares — meu e de Will — se encontraram. Ele fez um tímido aceno e imediatamente desviei o olhar, constrangido. Por algum motivo, aqueles olhos, dois oceanos azuis, me cativaram de tal forma, que foi difícil ignora-los durante a refeição. Por vezes, arrisquei alguns olhares para a mesa do chalé 7 e vi Will me secando descaradamente.

Meio desconfortável com a situação, fui uma das primeiras pessoas a se retirar do pavilhão.

***

Na manhã seguinte, fui acordado pela mesma batida na porta.

— Ei, Nico, acorda aí! Como somos conselheiros-chefes dos nossos chalés, desta vez, Quíron encarregou-nos de fazermos a inspeção dos chalés, lembra? Espero que o seu esteja arrumado, hein.

— Calma aí. Já estava acordado — menti, enquanto me levantava da cama e procurava uma camisa limpa.

— Ha-ha, sei... Cara, você dorme como um morto. Sem ofensa.

Nossa, como se eu nunca tivesse ouvido essa. Revirei os olhos para a piada sem graça.

— Humpf...

—Vai logo! Cinco minutos.   

Arrumei-me como no dia anterior — uniforme, jeans, all-star e, é claro, meu casaco preferido. Quando saí, notei que Will também não se deu ao trabalho de escolher um novo look, infelizmente.

— Então... Vamos começar pelo meu chalé? — perguntou.

— Ok. Por mim tanto faz. — Isso não era bem verdade. Eu só queria evitar a inspeção no meu chalé.

 Will me avaliou com o olhar, estranhando meu falso desânimo.

 — Ah — disse ele, levemente preocupado. Havia notado meu estado de espírito, mas, talvez por respeito de privacidade, não comentou mais nada.

Andamos, em silêncio, na direção do chalé dele.

Quando chegamos lá... Bem, isso foi meio estranho, porque Kayla e Austin, se não me engano, estavam rindo histericamente de Will. Supus que fosse alguma piada interna, mas, por algum motivo, senti que eu fazia parte dela.

O chalé 7 estava arrumado, tirando as flechas quebradas e embalagens, que haviam sido chutadas para debaixo dos beliches.

Todos os chalés, em geral, estavam ganhando notas como cinco (para Afrodite, Deméter, Nice), quatro (para Apolo, Nêmesis, Dionisio), ou três (Poseidon, Ares, Hermes).

Tentei a todo custo evitar a chegada ao meu chalé, porém, obviamente, isso não deu certo. Quando chegamos lá, Will riu sem graça e pareceu se sentir meio culpado ao dizer que eu merecia um zero. E ele estava certo; merecia mesmo, mas estava tão cansado e não tinha ninguém para me ajudar a arrumar tudo.

Naquele momento, o filho de Apolo pareceu compreender minha expressão facial.

— Vamos, Nico. Vem que eu te ajudo — manifestou.

Eu já ia protestar e falar que não ligava, mas desisti. Afinal, não fazia sentido discutir contra aquele teimoso.

Juntos, arrumamos tudo; os beliches que eu havia usado para dormir, as embalagens do McDonald’s jogadas pelo piso. Varremos o chão; recolhemos minhas roupas espalhadas, e Will não parava de comentar coisas como: “Santo Apolo, Nico! Você deve gostar mesmo do cheiro de morte”. (Ha-ha, engraçadinho. Fazendo piada com meu pai... Que bonito, hein.) Mesmo assim, não pude deixar de sorrir todas as vezes que ele ria. Sério, aquele riso é extremamente contagiante.

***

Mais tarde, naquele mesmo dia, teve cantoria na fogueira depois do jantar. Por mais que eu detestasse esse tipo de coisa, por alguma razão, quis ficar ali. E realmente não me arrependi. O céu estava repleto de estrelas. Justo naquela noite, ouvi algumas campistas falando que iria ter uma chuva de meteoros àquela noite, mas por enquanto, não havia acontecido.

Ao meu lado, Will se sentou e começamos a conversar. Não sei o que as outras pessoas estavam fazendo, porque a única alma viva que podia ouvir naquele momento era ele. Também não sei quanto tempo se passou — podem ter sido horas ou apenas minutos, mas de repente percebi estávamos sozinhos no pavilhão. As brasas da fogueira estalavam baixinho e podíamos ouvir o farfalhar das folhas ao vento.

— Hã, Will... — comecei a falar, quebrando o agradável silêncio —, devíamos estar na cama ou vamos arranjar problemas, lembra?

Will piscou algumas vezes e balançou a cabeça.

— Ah, é — articulou pausadamente, voltado à realidade, assim como eu. — Nossa, nem percebi..

Então ele se levantou e fui imitar o gesto, mas sem querer tropecei nos meus cadarços desamarrados e cambaleei para trás em direção ao chão. Felizmente Will me pegou a tempo. Naquele instante a tal chuva de estrelas-cadentes começou. Não sei dizer o que era mais bonito: a chuva ou ele.

Sua beleza radiante, agora parecia refletir sob a luz das bilhões de estrelas que dançavam no céu. Seus olhos, sempre calmos e consoladores, tinham um brilho inexplicavelmente encantador. Os cabelos loiros pareciam quase brancos sob a luz pálida da noite. O sorriso maravilhoso, de tirar o folego, estava estampado em sua face bela e calma.

Seu rosto estava a centímetros do meu e não pude deixar de querer beija-lo. Vendo minha expressão, ele corou e consequentemente fiz o mesmo. Então Will sorriu para mim e sussurrou baixinho no meu ouvido, como se alguém pudesse nos escutar mesmo estando sozinhos:

 — Então nos vemos amanhã, meu Anjo?

Se é que era possível, eu fiquei ainda mais vermelho.

Como alguém pode fazer piadinha com meu sobrenome e eu não sentir uma vontade imensa de lhe dar um soco? Diria que isso é impossível, mas foi o que aconteceu. Eu não tive vontade de machuca-lo. Muito pelo contrário, a partir daquele instante, não deixaria ninguém feri-lo, ameaça-lo ou sequer xinga-lo. Mas desde quando eu sou assim? Desde quando sou tão protetor?

Repentinamente, nós ouvimos um barulho na mata, e viramos os rostos em direção ao local de onde o som havia surgido. Esperamos receosos, mas nada aconteceu.

— Falando sério agora — alertou Will —, as ninfas do bosque têm autorização de nos jantar se estivermos fora da cama nesse horário. Não quero que ninguém te machuque.

Com essa última parte, eu tive vontade dizer: “Ei, eu é que ia falar isso!”, mas segurei. Que comentário é esse, Nico di Angelo? Esse não é seu estilo.

Assenti em concordância, despedi-me dele e fui para o meu chalé, solitário, infelizmente. Quer dizer, felizmente! Por que Hades eu acharia triste caminhar sozinho para meu chalé? Principalmente sendo na ausência de um filho de Apolo?

***

Ao chegar no chalé 13, me joguei no beliche mais próximo e fiquei deitado algum tempo, pensando no que eu quase havia dito, antes de enfim pegar num sono.

Naquela noite, sonhei que caminhava com Will, pelos campos de morango do acampamento. Mas de algum modo eu estava feliz. O que estava acontecendo comigo?

O dia estava perfeito para um piquenique — ensolarado, fresco e o cheiro doce de morango inundando o ar. Pássaros cantavam numa sinfonia harmônica belíssima. As folhas das árvores dançavam na brisa, em um farfalhar agradável.

Mas o melhor de tudo era o sorriso que Will lançava para mim. Tão belo e consolador, que eu não conseguia desviar o olhar. Aqueles cabelos dourados dançando no vento e oceano azul e caloroso de seus olhos, me hipnotizavam... Num susto, percebi que em meu rosto também havia um sorriso bobo estampado.

Continuamos a andar e logo entramos na floresta. As copas das árvores pareciam estar mais espessas do que de costume, deixado o ambiente incrivelmente escuro, se comparado àquele dia. Tropecei algumas vezes em raízes que não consegui ver. Mesmo assim, ainda era possível distinguir alguns vultos das plantas maiores.

Qualquer meio-sangue, depois de dezenas de experiências combatendo monstros, acaba desenvolvendo um radar interno para perigo. E foi conforme eu e Will avançávamos na floresta, que o meu começou a apitar.

Tive vontade de parar e puxar o menino junto comigo para fora daquele lugar, mas fiquei com vergonha de assumir que estava com medo. Portanto continuamos adentrando cada vez mais e, de repente, já não era mais dia. O breu, agora, era absoluto. Não havia diferença entre ficar de olhos fechados ou não.

Como não enxergava nada, tentei agarrar a mão de Will no escuro, mas não a encontrei, e, por algum motivo, isso me deixou preocupado.  

— Will? — chamei, mordendo, de preocupação, meu lábio inferior.

Não ouve resposta. 

Andei sem saber aonde ia, tentando me agarrar a alguma coisa, mas nem as árvores estavam mais presentes.

— Will?! — repeti com um toque de pânico na minha voz.

Novamente, ouvi apenas o silêncio. 

 — É sério, Will, cadê você?!

 Meio que em resposta à minha pergunta, vi ao longe, um vulto branco-transparente e ligeiramente brilhante. Um pouco hesitante, me aproximei mais, então consegui identificar uma mulher bonita com o cabelo preto preso num coque, coberto com um chapéu de abas largas, que combinava com o vestido de cetim — minha mãe.

Ao lado dela vi outro vulto menor, mas bem parecido, com exceção da roupa —  um uniforme das Caçadoras de Ártemis. Assim como minha mãe, esse outro vulto, minha irmã, Bianca, tinha um olhar vago, como se olhasse para o além.

Senti-me péssimo ao olhar para elas, mas o pior viera agora. Um vulto de um garoto alto, loiro e bonito, estava se juntando as duas, com aquele mesmo olhar vago. Então compreendi a situação.

— Não! NÃO! POR FAVOR, VOCÊ TAMBÉM NÃO! — implorei, mas Will-fantasma não me respondeu.

Tentei avançar em sua direção, mas repentinamente, senti uma força invisível me puxar para trás, afastando-me dos três fantasmas. Tentei, em vão, resistir ao puxão, mas era como nadar contra a correnteza de um rio forte e fundo. Meus movimentos estavam em câmera lenta e eu não conseguia respirar.

De algum lugar, começou a ressonar um tum-tum tum-tum, como a batida de um coração, ficando cada vez mais forte e frenético. Mas não. Não era um tum-tum, era mais um toc-toc.

Acordei gritando, assustado. Do outro lado da porta, ouvi outro grito.

— Nico! Tudo bem?! — Desta vez, Will nem perguntou se podia entrar, simplesmente escancarou a porta. — Qual problema?! — indagou, arquejando ligeiramente.

Eu ri de sua cara assustada.

— Calma, Sr. Preocupadinho, está tudo bem. Foi só um pesadelo.

Ele relaxou a pose e retribuiu meu sorriso.

— Ah, tá. Ufa. Moleque, assim você me mata do coração! Você ouviu o grito que deu? — Seu sorriso aliviado mudou para curioso. — Então... Vai me contar com o que estava sonhando?

— Não. Cala a boca, Solace — falei com um tom firme, dando fim àquele assunto. Não ia contar justo a ele do meu medo de perdê-lo.

O garoto tentou parecer ofendido com minha resposta.

— Nossa, não precisa ser grosso. Eu vou embora se não me quiser — falou num tom melodramático exagerado.

— Aff... Dramático. Vai, me conta o que você planejou para mim hoje.

Ele abriu um sorriso meio malicioso e meio presunçoso.

— Você é jovem moleque... — Pôs as mãos atrás das costas.

— Como se você fosse anos mais velho que eu... 

— Shhhh! Não interrompa os mais velhos.

— Humpf...

— Como eu ia dizendo — prosseguiu —, você é muito inexperiente para lutar com espadas...

Tentei protestar, mas ele antecipou meu ato encostando seus dedos em meus lábios. O choque foi tão forte que me calou no mesmo instante.

Will se distraiu por um momento, olhando fixamente para o ponto em que seus dedos estavam pousados. Ele corou levemente e, em seguida, balançou a cabeça rapidamente, tentando se concentrar.

— Enfim, quero que aprenda a lutar com arco e flecha.

Ao entender o que ele disse, exclamei de imediato:

— Ah, nem pensar.

Eu era péssimo nessa modalidade e nada me faria mudar de ideia.

— Mas nem se eu fosse seu professor?

Ou quase nada.

Parei para reconsiderar. Passar horas do meu dia com Will, de repente, não era uma má ideia.  Melhor do que perdê-lo. Muito melhor.

— Tá bom então. Fazer o que, né? — Tentei não deixar transparecer a alegria em minha voz, mas ele percebeu e o enorme sorriso alargou-se em rosto.

***

Enquanto caminhávamos em direção ao campo, nós conversamos um pouco, porém minha mente estava há quilômetros dali. Fiquei preso ao pensamento de perdê-lo. Só de imaginar tal hipótese, meu coração já apertava... Ok, com certeza havia alguma coisa errada comigo.

Só voltei à realidade quando chegamos. Ele me entregou um arco e começou a me ensinar a postura, como devia segurar o arco, etc.

Após algumas demonstrações, disse para eu tentar, mas, é claro, aquela náiade tinha que estar no meio do caminho! Felizmente ela foi rápida, então não houve acidentes.

— Mais uma vez — encorajou Will. — Ninguém acerta de primeira.

Tentei de novo. E de novo. E de novo... E, como eu já esperava, errei todas. Até sobrar apenas uma flecha. Desanimado, estava prestes a desistir quando meu “professor” me disse:

— Olha, Nico. Calma, cara. Eu também não consegui nas minhas primeiras tentativas...

— Aham... Sei.

Ele sorriu para mim, inconscientemente me deixando bem mais tranquilo.

— Talvez eu tenha sido um pouquinho melhor que você, mas poxa, sou filho de Apolo. Você merece um desconto.

— Mas Will... — falei de um jeito manhoso.

— Shhhh. Deixa que eu te posiciono.

Com todo o cuidado, ele me pôs na posição perfeita para atirar. Subiu meus braços, endireitou meus ombros, tencionou mais a corda do arco.  A cada toque dele, eu sentia pequenos arrepios percorrer minha coluna. Percebi que, de algum modo, seu contato físico também me tranquilizava. Mesmo assim, senti que não ia conseguir, então baixei o arco que ainda estava pronto para atirar. 

Vendo-me desistir, Will chegou mais perto e sussurrou no meu ouvido:

— Não desista, meu Anjo. — Em seguida, ele beijou minha orelha.

Naquele momento, senti uma descarga elétrica de mil volts percorrer todo o meu corpo. Eu devia estar com raiva, devia socar Will por fazer isso, mas de novo aquela sensação protetora se apoderou de mim.

Senti meu coração bater mais forte e então... dor.

Algo havia mordido... Não, furado o meu pé. Quando olhei para baixo, vi a burrice que eu fiz: atirei no meu próprio pé... Que tipo de otário faz isso?

Puxei-o para perto de mim, como aquelas pessoas que batem o dedinho fazem, e cambaleei para trás. Então bati a cabeça em algo duro.

Apenas lembro-me de ouvir Will gritar desesperado, chamando meu nome. Depois senti alguém me carregar correndo em direção a algum lugar.

***

Quando acordei, estava na ala hospitalar do acampamento, mas não tinha certeza, pois tudo estava tudo desfocado. Mesmo assim, consegui identificar Will sentado na borda da cama, ao meu lado.

Eu me sentia bem. Ele devia ter cuidado de minha ferida.

Enquanto tentava focar a vista, fiquei tentando adivinhar qual seria a expressão dele. Imaginei um sorriso debochado estampado em seu rosto, rindo baixinho da minha burrice.

— N-nico? — ele falou com um tom de preocupação que eu nunca tinha o ouvido fazer.

Finalmente consegui focar. Seu tom de voz combinava com sua expressão preocupada e depois aliviada ao me ver acordar.

— O que houve? Por que estou aqui? — perguntei, enquanto tentava me levantar. — Foi só um tiro no pé.

— Ei! Calma aí, rapaz — exclamou, me puxando de volta para cama. — Talvez seja melhor você não se levantar agora. O néctar pode estar fazendo efeito ainda e...

— Will, estou ótimo. Quer dizer... Um pouco envergonhado, mas fisicamente bem.

Ele abriu um fraco sorriso e me abraçou forte.  

— Fiquei preocupado, moleque! Não faça isso de novo. Chega de arco e flechas a partir de agora.

— Graças! — arfei, quase sufocando na firmeza do abraço.

Eu era do tipo de pessoa que dispensava contato físico — me deixava desconfortável. Mas, mesmo assim, tudo que queria era continuar preso naquele momento. O calor do corpo de Will me deixava tranquilo, em paz. Trazia-me a sensação de conforto.

Então senti nossos corpos indo de encontro um com o outro. Seu rosto estava tão perto..., mas ele se afastou.

— Foi tudo culpa minha — assumiu, enquanto olhava para meu pé.

Arqueei as sobrancelhas, incrédulo.

— Culpa sua? Oxe... Como assim?

Will me olhou por um segundo parecendo admirado e depois confuso.

— Fui eu que comecei com essa ideia — justificou —, fui eu quem te distraiu, fui eu...

— Quem me levou para cá, foi você que despejou néctar no meu pé, foi voc... 

Não consegui terminar, porque fui interrompido com um beijo. Isso mesmo. Um beijo na boca. Naquele momento simplesmente não sei o que descrever...

Foi curto, porém não tenho certeza, porque perdi completamente a noção do tempo. Beijar o Will foi algo incrível. Não havia como eu ter imaginado uma sensação melhor que essa...

 

Quando acabou, não tinha a menor ideia da expressão que se estampava em meu rosto, mas não devia ser boa por que Will falou imediatamente:

— Ai, Nico, me desculpe! Sou um bocó descontrolado!

Eu não sabia o que dizer. Queria perguntar o porquê de ele estar se xingando, mas não encontrava as palavras...

Então ele se levantou rapidamente e saiu, envergonhado, sem olhar para trás.

— Ei, não! Espera! — pedi, mas foi tarde.

Tentei me levantar, mas tropecei nas cobertas. Praguejei para qualquer que fosse a divindade dos cobertores e me reergui, porém Will já não estava mais ao alcance da minha vista. Mesmo assim, decidi procura-lo.

Imaginei, enquanto caminhava de volta ao campo, que talvez ele estivesse lá, mas estava enganado. Logo, segui em direção aos chalés, porém surgiu em minha mente, um terrível pensamento.

E se ele fugiu por que não gostou do beijo?

Tentei me convencer do contrário, mas tal pensamento se infiltrou de um jeito que não consegui refrear.

Voltei correndo para o meu chalé, pouco antes de bater na porta do dele.

***

Naquela noite não consegui dormir... ou melhor, tive medo de dormir. Tive medo de sonhar em perdê-lo de novo.

Aquele beijo foi como um néctar, mas que não curava dores físicas, e sim sentimentais... Foi como se toda aquela dor do meu sonho, aquela dor de perder minha mãe e minha irmã, tivesse sido curada. Mas agora, sem o Will... Foi como se ela tivesse sido triplicada.

Chorei muito. Eu não entendia mais o que estava sentindo. Como um momento de pura felicidade se tornar uma dor tão cruel?  Por que doía tanto estar sem ele? Tudo o que queria naquele instante era estar novamente envolto em seus braços. Sentir o calor de sua pele. Observar aquele sorriso acalentador...

***

Lá pelas 4 horas da madrugada, não resisti e dormi. Não sonhei com nada, e isso foi bom, porque mesmo que eu tivesse um lindo sonho com Will, voltar à realidade depois, seria quase uma tortura.

Poucas horas se passaram, e de repente ouvi uma batida na porta. Levantei correndo para abrir e ver aquele rosto lindo..., mas não.

Mesmo com os olhos inchados de tanto chorar e a claridade dificultando minha vista, pude notar que não era Will. Era alguém também loiro, mas era mais baixo...

Esfreguei meus olhos para tentar identificar a figura, mas não foi necessário, pois quando falou, reconheci a voz.

Meus deuses, Nico, você está bem?! — Annabeth questionou com um tom preocupado, o que não era muito típico dela. Então eu devia estar fisicamente mal também.

— Sim, estou bem — menti o melhor que consegui, mas a filha de Atena obviamente não se deixou convencer.

— Aham, sei.

Emburrado, tentei fechar a porta na cara dela, mas ela impediu o gesto, pondo o pé no batente.

— Nico, pode me falar. Amigos servem para essas coisas...

— Eu não sei se você entenderia... — murmurei, encarando o chão com raiva.

— Sobre amor que estamos falando?

Levantei os olhos para a garota.

— Como você...?

Ela me lançou um sorriso compreensivo.

— Bem, acho sei como você se sen...

— Não ouse falar que sabe como eu me sinto! — interrompi com raiva. — Você já tem um namorado que te ama! A vida é fácil para você! Sempre foi.

Seu sorriso se tornou um olhar realmente ameaçador que me deixou meio paralisado — Annabeth podia ser uma pessoa muito assustadora quando queria.

— Sempre foi? — questionou. — Mano, você tem ideia de quantas vezes já chorei no meu travesseiro por causa da lerdeza do Percy? Pode acreditar, fazê-lo entender que eu o amava não foi nada “fácil”! — Ela fez sinal de aspas com os dedos.

Não respondi. Não porque estava com medo, e sim porque não sabia o que dizer. Nunca havia parado para pensar que eu não sou o único que sofre ou já sofreu. Me senti um estúpido. Não sou o único ser humano que tem sentimentos.

— Desculpa. Eu sou um otário — admiti, olhando novamente para o chão.

— Tudo bem, Nico. — Agora seu tom era suave e paciente. — Quer conversar sobre o Will? Entendo se não quiser. Só acho que é mais fácil lidar com as coisas quando se tem alguém que a gente gosta por perto. A Silena me ajudou com Percy, eu posso te ajudar com Will.

— Mas como você sabe que o Will é o problema? — Me arrependi no segundo em que disse problema. Will não era isso; pelo contrário, ele era a solução, a cura.

Ao ouvir minha resposta, ela tentou segurar um sorriso. Senti meu rosto ficar escarlate.

— É tão óbvio assim? — perguntei.

— Não fique com vergonha por minha causa. Posso entrar?

Fiz que sim.

Quando Annabeth entrou, sentamos em minha cama e expliquei toda a situação para ela, que, de fato, pareceu compreender.

— Nico, isso é muito fácil de resolver. É só falar com ele — ela disse com simplicidade.

— Mas e se ele fugiu por que não gostou do beijo?

A garota abriu um sorriso sacana.

— Ah, eu duvido. Mas só tem um jeito de descobrir, não é?

***

Finalmente criei coragem. Bati na porta do chalé de Apolo. Mas ele não estava lá. Perguntei às outras pessoas do chalé aonde Will teria ido, mas ninguém não soube responder. Disseram apenas que ele estava muito mal, então não tiveram coragem de perguntar.

Meu estômago se revirou. Será que ele havia fugido do acampamento? Não. Com certeza não. Eu acho que não. Ai, mas e se... Não, Nico. Não perca o controle.

Andei em direção ao refeitório, mas não encontrei nada além de campistas ainda de pijama, tomando café da manhã.

Fui ao anfiteatro, à casa Grande, à enfermaria, mas nada. Nem sinal dele.

Já sem esperanças, voltei ao meu chalé, e, vindo de lá, ouvi um choro baixo. Era ele? Mas não pode... ou pode? Não sei, nunca havia o visto chorar.

Meio relutante, subi na varanda e o vi. Graças aos deuses, era ele!

— Will! — exclamei aliviado, e ele pareceu ficar confuso com meu tom.

— Ah, oi, Nico. — Sua voz falhou ao dizer meu nome.

Nem parecia ele falando. Não me olhava nos olhos, não havia confiança em sua voz e o pior de tudo: não havia aquele seu mágico sorriso contagiante e consolador.  

— Hã... Sobre ontem... — comecei.

— Não precisa se desculpar. Eu que vim fazer isso. Nico, eu sou tão... Eu fui tão... Aquilo foi tão...

— Incrível — completei, honestamente.

Ele me olhou incrédulo.

— Mas você... Sua cara... Parecia ser incredulidade ou talvez indignação.

Hmmm. Então essa havia sido minha expressão? Não sabia como explicar aquela reação para ele, portanto decidi contar tudo que estava passando.

— Will, aquilo foi novidade para mim. Na verdade, tudo isso está sendo. — Fiz um gesto indicando nós dois. — Eu queria te dizer que esses últimos dias... foram os melhores da minha vida...

Essa última parte saiu sem querer. Fiquei corado na mesma hora e Will também. Depois, ele abriu aquele sorriso que eu já estava com saudade.

— Esses dias foram os melhores da sua vida?

— Ei, não exagera! — falei, com rosto ainda mais ruborizado. — Não foram os melhores melhores dias da minha vida, tá? Não fica se achando o tal...

Mas era tarde demais. Ele começou a rir e, involuntariamente, sorri. Estava aliviado por ele estar de volta.

— Nossa, Nico. Se esses foram os seus melhores dias, meus deuses!, sua vida deve ser... — ele parou no meio de frase.

— Minha vida deve ser o quê?

— Ah, esquece. Acho que também devem ter sido os dias mais maravilhosos da minha.

Ficamos os dois em silêncio, nos fitando.

Não é possível. Aqueles dias... aqueles dias comigo, foram maravilhosos para ele?  Feliz com essa informação, me senti confiante e sorri.

— Ei, vem cá. Deixa eu te falar um negócio — chamei.

Ainda meio hesitante, ele se aproximou. De algum modo parecia que nossos papéis tinham se invertido, então foi a minha vez.

Eu o beijei.

De novo senti como se todos os meus problemas tivessem sido resolvidos. Toda a dor que sentia, toda a incerteza, tudo, havia desaparecido... Mais uma vez perdi a noção do tempo. Parecia que estava em outra dimensão. Como ele fazia eu me sentir assim?

Foi um beijo tão intenso e cheio de paixão que tivemos que parar para respirar. Aproveitei aquele momento observar sua reação. Não sabia exatamente o que havia estampado em seu rosto. Era felicidade? Era surpresa? Amor? Acho que era tudo isso ao mesmo tempo.

Não falamos por um bom tempo. Ficamos apenas fitando um ao outro. Eu admirava seu belo rosto, seus olhos, seu cabelo e principalmente seu sorriso. Depois de um tempo, ele repetiu:

— Você é meu Anjo.

Sorri para ele.

— E você é meu Sol.

Sol?

— Sim. Abreviação de Solace, seu bobinho. Mas não é por isso que te chamei disso.

— Então é por quê? — perguntou, enquanto segurava a minha mão.

Apertei-a com força, disposto a nunca mais solta-la, e respondi a ele:

— Porque você é o sol do meu mundo. Do meu mundo escuro e sombrio. Você é luz que cura todas as minhas feridas e também é a razão pela qual eu acordo todos os dias... Às vezes até literalmente.

Nós rimos.

— Eu te amo — ele declarou.

No inicio, me assustei com essa fala. Nós só nos conhecíamos a pouco mais de três dias! Mas então entendi. O amor não precisa de tempo. As regras não se aplicam a ele. Ele demora a crescer, ou aumenta de repente. Ele surge aos poucos, ou brota em um segundo. Você pode passar a vida sem encontra-lo ou também, acha-lo nos lugares mais improváveis; como por exemplo, em um filho de Apolo.

— Também te amo — assumi.

E eu nunca me senti tão feliz na minha vida.

 


Notas Finais


Owwwnn
Se vc chegou aqui significa que gostou, né? Por favor, diz que sim <3<3<3
ou não, né? Vc eh quem decide

Enfim gente, espero de verdade que vcs tenham gostado.

Para quem gostou, eu fiz uma outra oneshot desta mesma história só que com as cenas que ficaram ocultas e no pov do Will. Tá aqui o link para quem quiser http://fics.me/20398473
Bjussss
Tchau, tchau


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