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História Minha "Doce" Vizinha - Capítulo 19


Escrita por: Marcia91

Capítulo 19 - Capítulo 19


Os dias foram se passando e fui sendo mantida em cárcere privado.

Natália vinha todos os dias, trazia comida e água, de manhã ou a noite. Abusava de mim sendo cada vez mais violenta. A única hora que eu levantava daquela cama era para ir ao banheiro mas mesmo assim ela prendia minhas mãos com as algemas pequenas e meus pés com uma das correntes o que me limitava até a andar.

Eu tentava dar todo o tipo de trabalho; uma dessas vezes eu tentei fugir mas só me lasquei, aquela ameaça de me cortar com a tesoura era sério. Ganhei um belo corte na  perna, esse foi o primeiro corte de muitos que ganhei.

— Está vendo, a culpa é sua, se você se comportasse isso não aconteceria. – Ela diz fazendo um péssimo curativo.

Ainda tenho esperanças que alguém venha me tirar daqui, todas as vezes que a Nat sai eu grito até minha garganta arder ou até ficar rouca.

Acho que estou aqui a uns cinco ou seis dias. Não era possível esse tempo todo e ninguém saber aonde eu estou. Era só seguir a Nat e pronto. Eu realmente não sabia porque demorava tanto para me acharem.

Eu passava a tarde toda sozinha, as vezes chorava, outras ficava lembrando da minha mãe, dos meus irmãos e dos meus amigos, das palhaçadas deles e dos micos que já pagamos. Mas sempre tinha uma pessoa que nunca deixava eu me afundar de vez: Fernanda. Toda vez que vinha aquela escuridão tomando conta de mim, quando eu já pensava em desistir, a imagem da Nanda aparecia em minha cabeça e era o que me motivava a continuar, o que me fazia voltar a ter esperanças.

As vezes eu queria que a Natália colocasse logo um fim nisso mas depois eu disse a mim mesma que não importasse quantos dias eu ainda ficasse ali, eu iria sair de lá e viveria meus dias como se fossem o último. Eu iria dizer a Fernanda o que eu sentia por ela e mesmo se ela ainda não gostasse de mim da mesma forma eu tentaria buscar minha felicidade em outra pessoa, quem sabe com a Carla talvez. Não é assim? Estamos sempre em busca da felicidade.

Não sei o que estava acontecendo lá fora, a Nat chegava com raiva e descontava em mim, me machucando cada vez mais e mais, as vezes com as mãos outras com a tesoura, teve um dia que ela chegou com um fio e começou a me bater com ele. Eu carregaria cicatrizes pelo resto da vida, não só no corpo mas na alma também.

Assim se seguiu, dia após dia, uma tortura sem fim. Eu já estava acostumada a me esconder em meu mundinho, minha mente; parecia ser o único lugar que a Nat não tinha acesso.

Em um desses dias, eu me lembrei do episódio do metrô, que o Diego puxou a blusa da mulher. Aquilo me fez sorrir o que não foi nada bom, Natália me obrigou a dizer o porque de eu estar sorrindo, ela me enforcou até quase eu perder a consciência e mesmo quando eu não disse ela continuava a me enforcar e me dar tapas do rosto, acabei contando mas ela não acreditou.

Ela parecia estar começando a ficar fora de si, estava falando sozinha ficava andando de um lado para o outro sem saber o que fazer e as vezes olhava para mim como se quisesse colocar um ponto final naquela história toda.

Ontem ela não apareceu nem de manhã e nem a noite, já estou ficando preocupada, já é de tarde eu acho, se ela não aparecer, minhas chances de sair daqui vão ser nulas. Ninguém vai poder segui-la e me encontrar.

Quando a noite cai, Natália chega, irritada como sempre. Coloca a bandeja com a janta em minhas pernas e solta a minha mão direita. É a mesma coisa sempre, seu revolver está em sua mão apontado para mim. As vezes me pergunto se ele realmente está carregado mas eu mesma não quero descobrir.

Enquanto como aquela comida, ela passa a andar pelo quarto me observando.

— Eu terminei meu casamento para ficar com você. – Ela fala me olhando. — Não me arrependo de nada do que eu fiz, faria tudo de novo se fosse preciso. – Ela agora me analisa. — Você é uma daquelas mulheres que damos a vida para ter ao nosso lado, que sonhamos em fazê-la feliz. Mesmo sendo uma menina ainda, você deixa as mulheres enlouquecidas de paixão. Nem percebe o quanto é linda não é garota? Acho que é até mais linda do que a Fernanda. – Ela percebe que não dou muita bola para o que ela diz. — Eles estão te procurando. – Ela diz séria. Olho para ela esquecendo a comida. Agora sim ela tinha a minha atenção.

— Quem? – Eu pergunto.

— Todos. A polícia, a sua família, seus amiguinhos e isso inclui aquela sua namoradinha falsa, qual é mesmo o nome dela? Ah é, Carla. – Natália diz com desdém. — Pensa que eu acreditei nessa história de que vocês estavam namorando a um mês? Não Mel, eu não acreditei, sei quando alguém está mentindo. – Nat está a um passo de perder a cabeça. — O jeito como você olha para essa sua amiguinha e para a Fernanda é completamente diferente, você inventou essa história de namoro para me afastar, é claro que tenho que te dar um crédito por isso, muito engenhosa essa ideia. Mas eu sei que você é apaixonada pela Fernanda, se derrete todo por ela, fica boba quando a vê.

            Eu fico só olhando para ela enquanto fala, bem que a Carla estava certa, a Natália não tinha acreditado na história dela ser minha namorada.

— Naquele dia da boate você sabia que eu estava lá, passei a vigiar e seguir você em tudo que foi lugar. É uma pena não ter conseguido te pegar sozinha na sua casa então tive que partir para uma abordagem mais direta. – Ela diz com um sorriso maldoso. — Agora estamos aqui e eu já tomei providências. Ninguém vai te achar. Você é só minha. – Ela continuava sorrindo. — Eu prestei depoimento na polícia e eles me liberaram, não tinham como provar que eu estive com você a não ser a palavra dos seus amiguinhos, mas assim que eles me liberaram eu me mandei. Eu saí da empresa e da minha casa, ninguém sabe onde eu estou agora e toda vez que eu venho, coloco uma peruca morena e uns óculos de grau para disfarçar e mudei meu carro também.

— Quanto tempo eu estou aqui? – Ela não responde.

— Eles estão bem confusos, são levados para outro lugar sempre. – Ela diz, parecia falar com ela mesma.

— Quanto tempo eu estou aqui? – Repito a pergunta mais alto. Natália me olha como se lembrasse que eu estava lá.

— Amanhã faz onze dias. – Ela fala, indiferente. Para mim parecia muito mais.

— Eles vão me achar e você vai se dar muito mal. – Eu digo e ela dá uma risada. — Vai mofar na cadeia. Aquelas mulheres vão fazer pior do que você está fazendo comigo. – Eu falo com odio no olhar.

— Eu os despistei todos esses dias, vou continuar despistando-os. – Ela diz tranquila sem se importar com o que eu disse da cadeia. — Até a sua queridinha está em tempo de enlouquecer.

— Quem? – Eu pergunto com o coração acelerado já.

— A Fernanda obvio, ou você pensou que eu estava falando da sua namoradinha de mentira? – Natália fala com um sorriso. — A Fernanda mal trabalha agora. Fica me vigiando, ela acha que eu não sei mas eu sei, sei sim. – Ela diz com um sorriso maníaco. Parecia que estava falando outra vez com ela mesma. Ela ficava andando pelo quarto, sorrindo e murmurando algumas coisas. Acho que sequestrar alguém, mantê-lo em cárcere privado e abusar todo dia dessa pessoa acaba te deixando fora de si, vai saber né?

Volto a comer e rezo para que me encontrem logo. Assim que termino de comer, Nat me amarra, pega a bandeja e vai embora me deixando naquele escuro.

Eu durmo e pela primeira vez lá eu tenho um sonho com a Fernanda. No sonho ela diz que estamos perto de nos reencontrarmos e que estava morrendo de saudades de mim. Aquele sonho me reanimou, ver a minha deusa me encheu de esperança. Eu sabia que talvez era questão de poucos dias até que eles chegassem em mim. O cerco estava se fechando e eles iriam pegar a Natália.

Nat veio só pela manhã, talvez fosse para não dar bandeira. Hoje ela estava mais nervosa ainda, o que sobrou para mim, ganhei mais um machucado para a minha coleção, uma bela unhada na bochecha. Ela novamente usou e abusou de mim. A única coisa que se ouvia no quarto era o meu choro baixinho vindo da cama.

Depois que ela terminou de se satisfazer, Natália me coloca sentada e me prende novamente na cama.

Nat já estava vestida, andando pelo quarto e é quando vejo-a se mover rápidamente até a bolsa e pegar o revolver passando a ficar tensa. Ela se aproxima de mim e tampa minha boca.

— Se você gritar eu te mato entendeu? – Ela diz e eu concordo com a cabeça assustada. Não sei porque ela ficou assim, eu mesma não tinha escutado nada.

Natália sai pela porta carregando o revolver com ela e eu fico escutando.

Se passam alguns longos minutos torturantes de silêncio e é quando eu escuto um tiro, passo a gritar pedindo socorro. Não sabia se tinha alguém lá fora ou era só a Natália brincando com o revolver dela mas não estava preocupada com a ameaça. É claro que se não tivesse ninguém lá, eu teria que enfrentar a fúria dela.

Mais dois tiros, esses pareciam ter vindo lá de fora, eu acho. Continuo gritando. Escuto o quinto tiro e logo o sexto.

Sinto uma dor na barriga e quando olho para baixo vejo sangue. Poxa esse resgate estava me saindo muito bom hein? Eu ainda pretendia sair de lá viva e ainda me acertam um tiro, caramba.

A casa fica silenciosa por alguns minutos e logo escuto passos. Minha barriga estava doendo tanto e nem tinha como estancar o sangue estando com as mãos presas.

Um cara abre a porta, estava todo de preto e segurava uma arma enorme.

— Ela está aqui. – Ele grita para alguém do lado de fora.

Escuto mais passos, esses vinham apressados e é quando ela entra, Fernanda vem toda magestosa em minha direção, era como se uma luz branca a envolvesse e ela desfilasse, tão linda, tão perfeita. Por um momento até esqueço a dor.

Mas o que realmente aconteceu é que ela veio correndo, toda preocupada e desesperada, acho que eu é que estava delirando. Ela falava com aquele cara da arma e ele logo falava ao telefone.

Eles tiraram minhas algemas e Fernanda jogou um lençol ao meu redor me cobrindo já que eu só estava de sutiã e calcinha.

— Aguenta firme meu amor. – Ela disse e me deu um selinho demorado.

Parecia até um sonho, ela me chamando de amor. Eu é que não estava entendendo nada. O que ela estava fazendo ali com aquele cara? Quem era aquele cara?

Logo entrou outro cara, também armado, estava com uma arma igual ao primeiro homem que entrou.

E agora, quem era esse outro cara? Onde estava a Natália? A polícia? Eram tantas perguntas.

Fernanda agora pressionava meu ferimento e falava desesperada com aqueles caras. Eu não sei o que diziam, só queria decorar aquele rostinho lindo, sorri em meio a tanta dor.

— Você é linda, a mulher mais linda que eu já vi. – Eu me esforço para falar.

— Não faz esforço Mel. – Ela diz carinhosamente me dando um sorriso lindo. — A ambulância já está chegando.

— Mas eu preciso dizer. – Falo tossindo. — Eu te amo Fernanda. – Fernanda agora chorava. Passei a mão em seu rosto. — Eu te amei desde o primeiro dia que eu te conheci.

— Eu também te amo Mel. Não me deixa. – Ela chorava ainda mais.

Senti minhas vistas escurecerem e logo fui tragada em uma escuridão.



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