História Minha esperança é meu vizinho - Imagine J-hope - Capítulo 23

ㅡ Poxa Jungkook, nem pra me ajudar nessa partida! Vacilão morre cedo, tá? ㅡ Indaguei indignada, esparramando meu corpo de qualquer jeito na cadeira enquanto via Jungkook gargalhar através da tela do notebook.

ㅡ Desculpa noona. ㅡ Ele gargalhou ainda mais quando cruzei os braços e fechei a cara, fazendo um bico se formar em meus lábios. ㅡ Na próxima eu te dou um auxílio.

ㅡ Eu acho bom mesmo, senão… Já sabe né? ㅡ Estreitei meus olhos em direção aos seus, o intimidando, mas querendo rir de sua expressão de desespero. Seus olhos dobraram de tamanho, como duas jabuticabas enormes.

ㅡ Aish, noona! Pode deixar que eu te ajudo na próxima, eu ajudo! ㅡ Ele balançava as mãos freneticamente, assim como sua cabeça se remexia de um lado para o outro. ㅡ Se quiser, pode ser até agora. Pode começar outra- ㅡ Gargalhei, não conseguindo resistir a todo seu desespero.

ㅡ Calma Kookie. Não vou tomar seus toddynhos agora, relaxa. Mas na próxima eu não vou pensar duas vezes antes de fazer isso, uh. 

ㅡ Ta… 

ㅡ Mas e então… Você me disse que se eu te passasse meu user do Overwatch, você iria me contar sobre o evento que vocês estão planejando. Quero saber tudo, pode falar. ㅡ Ajeitei minha postura, sentindo minhas costas doerem. Aproximei meu rosto do notebook, incentivando Jungkook a começar a falar, mas ele mordeu os lábios, nervoso.

ㅡ Eu não posso falar noona…

ㅡ O quê? Claro que pode! Não vou contar pra ninguém, Kookie, eu prometo. E, também, você disse que ia me falar.

ㅡ Não noona, eu disse que pensaria no seu caso. É diferente. Eu pensei e… Decidi que não vou contar. ㅡ O de cabelos rosa desbotado disse firme, por mais que demonstrasse estar com medo do que eu poderia fazer. 

Jungkook é uma completa criança em corpo de gente grande.

Me aproveitei de sua fraqueza, sorrindo malvada, pegando o celular em cima da mesinha, vendo seus olhos grandes acompanharem meus movimentos, curiosamente. Mexi um pouco no aparelho, ainda tendo seu olhar preso em cada ato meu, até ouvir sua voz.

ㅡ O que vai fazer, noona? ㅡ Perguntou, inquieto na cadeira que estava sentado.

ㅡ Ligar pro Jimin. Você se lembra do que eu disse se viesse de malandragem pra cima de mim, não é? — Ele assentiu, cabisbaixo. — Pois é. Lide com as consequências agora.

ㅡ Não! Não, noona! Por favor...

ㅡ Olha que eu ligo, hein. ㅡ Mostrei o contato de Jimin já no ponto para iniciar uma chamada.

ㅡ E-eu conto! Eu conto! Eu não quero apanhar do Jimin hyung, por favor noona, é humilhação demais pra uma pessoa só! ㅡ Implorou manhoso.

ㅡ Ótimo. ㅡ Joguei o aparelho na cama, voltando minha atenção ao rosado. ㅡ Mas antes de me contar, por que tanto medo assim do Jimin?

ㅡ Não é medo não, noona. É só que os meninos vão ficar me enchendo o saco por ter apanhado de um garoto mais baixo que eu, ainda mais o Jimin que parece um gnominho. ㅡ Fez uma careta engraçada, me fazendo rir baixo. — Eles são maus, noona, acredite.

Eu ri, maneando a cabeça, concordando. — Ok, tudo bem. Não vou deixar o Jimin te bater, mas ainda quero saber sobre o evento. Eu tô tão curiosa Kookie, por que não me conta?! Aish! — Resmunguei choramingando com um bico nos lábios, obtendo um riso baixo de sua parte.

— É um evento surpresa noona, tanto pra você quanto pros outros alunos, por isso o Hobi não quer te contar e pediu pra não contarmos também. Mas… O evento é relacionado a uma coisa que você gosta muito.

— Sério? Mas podem ser tantas coisas, aish… — Rosnei frustrada, não conseguindo pensar no que poderia ser. — E esse evento… Ele é de que tipo? — Indaguei ansiosa, esfregando minhas mãos freneticamente em minha coxa coberta pela calça jeans que eu usava.

— Bom… Eu não posso falar muito mais do que isso, mas... É um evento competitivo.

— Whoa! Eu nem sei que tipo de competição é mas eu amo competições, yay! — Dei leves pulinhos sobre a cadeira, sorrindo como doida. — Obrigada por me contar, Jungkookie! Aish, eu tô tão ansiosa!

— Eu também, vai ser um dos melhores eventos que já fizeram aqui na escola. Até eu vou participar também. Mas, enfim… Vamos mais uma partida?

— Mais uma? Você não cansa não garoto?!

— Qual é, noona, só mais uma?

— Jungkook, a gente passou quase um sábado inteiro jogando, você tem noção disso?

— Eu sei… Vamos só mais uma, por favor… Eu prometo que é a última! Por favor... — Implorou juntando as mãos, fazendo carinha de cachorro pidão, o que me fez querer socar aquela cara fofa dele. — Umazinha só?

— Umazinha só.

— Yay! — Comemorou levantando os braços e jogando a cabeça para trás com seu sorriso, mostrando seus dentinhos de coelho.

[...]

Depois de quase um dia inteiro jogando com Jungkook resolvi me despedir e aproveitar o final de tarde assistindo alguma coisa, sozinha, já que havia ligado para Hoseok de manhã e ele disse que não estava em casa, estava ajudando sua mãe com algumas coisas de sua tia, que mudaria juntamente com seu tio para Seul em três dias. Min Sung foi no mercado a pedido meu e ainda não tinha chegado.

Me deitei no sofá, esparramando meu corpo pelo estofado enquanto procurava algo de interessante para assistir na Netflix. Optei por ver uma série que estava na minha lista a muito tempo mas estava enrolando para começar a assistir – como faço com qualquer coisa. 

A série era interessante, conseguiu me distrair bem. Às horas foram passando sem eu ao menos perceber que o ambiente estava parcialmente escuro, apenas me dei conta disso quando meu celular tocou em cima da mesinha de centro. Me sentei pegando o celular em mãos e atendi, vendo que era Hoseok me ligando.

LIGAÇÃO ON

— Hobi? — Atendi, não contendo o largo sorriso que brotou em meus lábios quando ouvi sua voz.

— Oi bebê. ‘Tá em casa?

— Sim, por quê? Aconteceu alguma coisa? ‘Tá tudo bem? — Perguntei em disparada, ouvindo uma risadinha baixa do outro lado da linha.

— Não aconteceu nada, eu tô bem. Relaxa.

— Ah, tudo bem então. Como foi lá com seus tios? — Me levantei do sofá, indo em direção ao interruptor para acender as luzes da sala e da cozinha, tropeçando em algumas coisas pelo ambiente já escuro.

— Foi bem. Quando tivermos tempo eu te levo pra conhecer eles. Você está ocupada?

— Na verdade, não. Tava assistindo uma série de ação que já fazia oitenta e quatro anos que tava na minha lista mas eu nunca assistia. — Caminhei até a cozinha para pegar um copo d’água e pegar algumas bolachas. Meu estômago estava roncando e me xinguei mentalmente por não ter feito as compras antes.

— Mais enrolada que você só linha em carretel.

— Yah! Não te dei o direito de falar essas coisas de mim. Pode parar. 

— Você me deu total direito a isso quando você mesma disse que era enrolada com as coisas. Lide com isso.

— Estou sendo insultada na minha própria casa, e por telefone ainda. Que absurdo. — Ri juntamente com ele, tomando toda a água que havia pegado a segundos atrás de uma vez só.

— Bom, eu liguei pra te chamar pra sair. ‘Tá com fome? — Como se meu estômago tivesse ouvidos, quando ouvi a frase ele deu sinal de vida, roncando mais do que antes.

— Tô sim. Com muita fome. Vamos sair pra comer? — Perguntei animada, acariciando minha barriga vazia.

— Vamos sim. Fiz uma reserva em um restaurante no Itaewon, um bairro à alguns minutos daqui.

— Uh, e a que tipo de comida eles fazem lá?

— Isso é surpresa.

— Aish, você ‘tá cheio de surpresas esses dias. Vou acabar ficando louca assim. — Resmunguei revirando os olhos, ouvindo Hoseok bufar um riso.

— Passo pra te pegar daqui uma hora e meia, pode ser?

— Pode.

— Até daqui a pouco então.

— Até.

LIGAÇÃO OFF

 Me despedi encerrando a chamada e em seguida, deixei o celular em cima do balcão de mármore da cozinha, indo às pressas para o meu quarto.

Abri meu guarda roupas varrendo cada canto do móvel com os olhos à procura de uma roupa decente – e nova, o que seria meio difícil de achar – para ir ao restaurante. Depois de longos quinze minutos analisando cada peça de roupa e tentando formar um look apropriado para o clima agradavelmente gelado que estava fazendo, finalmente me lembrei das roupas que Hoseok havia comprado para mim, logo as caçando no amontoado de roupas – que necessitavam urgentemente de uma organização.

Deixei a roupa sobre a cama e peguei minha toalha, indo para o banheiro tomar uma ducha rápida. Soltei meus cabelos tingidos – que até então, estavam presos – e liguei o registro na água morna, não demorando muito a começar a me ensaboar e esfregar cada canto do meu corpo. Lavei meus cabelos com um shampoo de morango que minha mãe me deu de presente antes de ir para o Brasil, esfregando meu coro cabeludo com cuidado. Escovei os dentes ainda tomando banho para acumular tempo, para poder secar meus cabelos.

Após terminar o banho desliguei o registro, enrolando uma toalha em volta de meu tronco e outra toalha menor em meus cabelos, os secando parcialmente antes de escová-los. Voltei para o quarto e me sentei na penteadeira branca ao lado do guarda roupa, decidindo passar algo em meu rosto para disfarçar as manchas que insistiam em ficar na minha pele. Uma boa dose de maquiagem talvez resolveria.

Terminando isso eu escovei meus cabelos, deixando-os completamente lisos e caídos próximos ao meu busto, mas só depois de vestir e encarar a roupa em meu corpo no reflexo do espelho – pela trilhonésima vez –, eu finalmente fiquei pronta. A calça Skinny preta com rasgos nos joelhos apertava minhas coxas e minha cintura, as torneando bem, igualmente a blusa fina de mangas compridas, também na cor preta. Por cima de de tudo coloquei um sobretudo cinza, e, por fim, cobri meus pés com um tênis. Passei minha colônia baunilha, peguei uma bolsinha de ombro e desliguei a luz, saindo do quarto.

Eu descia as escadas com um sorriso no rosto, ainda mais ansiosa do que antes para chegar logo no tal restaurante. Hoseok conseguia me deixar louca em todos os sentidos com suas surpresas, e por mais que tivéssemos nos visto no dia anterior, estava louca de saudade.

Peguei meu celular em cima do balcão da cozinha e mandei uma mensagem para Min Sung, o avisando que sairia com Hoseok e que provavelmente passaria a noite na casa dele. Após isso desliguei as luzes e sai de casa, me certificando de trancar a porta. Apertei o botão da campainha da casa de Hope, soltando a respiração ansiosa pela boca enquanto esfregava meus braços numa tentativa de me manter calma. Não demorou para que a porta fosse aberta, revelando a mãe do moreno com um sorriso lindo torneando seus lábios, o que me fez sorrir também.

— S/N! — A morena veio até mim, me abraçando forte antes de gesticular para que eu entrasse.

— Olá, Sra Jung. O Hobi já está pronto?

— Oh querida, ainda não, ele está no banho. Acabou se atrasando um pouco porque pedi que ele fosse ao mercado pra mim, desculpa.

— Tudo bem, eu espero. Acho que ele não vai demorar tanto assim, e ainda temos alguns minutos já que eu me apressei um pouco por estar ansiosa demais. — Disse, caminhando com ela até o sofá, onde nos sentamos.

— Ah, sim. E em qual restaurante vocês vão? — Indagou, olhando para mim de forma curiosa.

— Eu também queria saber mas ele disse que é surpresa. — Revirei meus olhos, a fazendo rir um pouco. — Eu só sei que é em Itaewon. Mas tenho um pressentimento de que é um lugar ótimo. O Hobi tem bom gosto para restaurantes.

— Ele tem bom gosto pra tudo, principalmente bom gosto pra mulheres. Olha só você. É tão educada e linda que me deixa triste. — Disse, fazendo um biquinho fofo enquanto eu ria de sua expressão, sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Deixe disso, Sra Jung, a senhora é linda e passou essa belezura todinha pro seu filho também. — Ela sorriu, também tendo as maçãs de seu rosto tomadas por um tom avermelhado.

— Aish, você me deixou sem graça. — Ela resmungou sorrindo, levantando-se do sofá enquanto esfregava fracamente suas mãos em suas bochechas. — Bom, vou começar a fazer a janta. Se quiser pode subir para esperar o Hobi.

— Claro. Mas não vai precisar de ajuda?

— Não, não. Não vou fazer muita coisa. Pode subir.

— Ok. — Sorri e me levantei do estofado, indo em direção ao quarto de Hope.

Subi as escadas sorrindo com os lábios entre os dentes, logo chegando em frente ao cômodo, que estava com a porta entre aberta.

Levei meus dedos até a maçaneta para entrar no quarto, porém, a mesma foi aberta e meu sorriso se desfez imediatamente quando uma garota de toalha apareceu ali. Aquela com toda a certeza era a última surpresa que eu gostaria receber na minha vida.

Mas que porra?

Continua...