História Minha Gata - Reminiscência

Taehyung e Hoseok se encontravam na faculdade, sentados no refeitório enquanto comiam. Eles são muito conhecidos na universidade, mas eles nunca se gabaram disso. Os mesmos sempre foram amigáveis e gentis com todos, além da beleza que carregam para todo lugar, o que despertava inveja em alguns homens e, desejo da grande maioria das mulheres. Quando Jimin saiu, ficou muito falado pelo fato de que foi traído pela namorada. Alguns ainda falam sobre isso, mas depois de um tempo, acabam esquecendo.

Agora, discutiam sobre algo que ambos acharam injusto hoje mais cedo.

— Cara, eu não acredito que transferiram você para a outra classe. — Disse Tae, inconformado, dando um gole em seu refrigerante.

— Eu também não. — Disse Hoseok, entristecido.

Eles eram como unha e carne, melhores amigos.

— É como se tirasse o Batman do Robin. — Disse Hoseok, tentando animá-lo.

— Verdade. — Deu um pequeno sorriso, ainda olhando para os lados. — É claro que… — Encarou o amigo. — Eu sou o Batman.

Os dois começam a rir.

— Vai sonhando. — Disse Hoseok, jogando uma uva nele com um sorriso ladino, fazendo com que Kim se esgueirasse.

— Ué, Robin combina mais com você. Vai me dizer que você não gosta daquela sunga?

Hoseok deu uma gargalhada, fazendo com que alguns olhos curiosos os encarassem.

— Relaxa, a gente não vai mudar de cidade, só de sala. — Disse Jung.

— Verdade, não é o fim do mundo. — Proferiu, com as mãos no queixo pensativo, seu amigo afirma com a cabeça fazendo um pequeno bico, logo tomando seu suco.

— Hm, pelo menos, — disse após tomar mais um gole da sua bebida — não te separaram da Jennie, huh? — Gesticulou a mão.

— Aish, cala essa boca. — Deu um sorriso envergonhado para o amigo que retribuiu com outro sorriso.

Jennie era a mulher que Taehyung tinha uma queda, ela é da mesma classe, portanto, do mesmo curso. Hoseok, ciente disso, sempre que podia aproveitava para tirar um sarro do amigo, já que até agora não conseguiu convidá-la para sair. Talvez porque ela seja alguém um pouco difícil de se chegar perto, por causa dos amigos que sempre rodeiam-na.

Taehyung e Hoseok eram daqueles que preferiam estar cercados pelos verdadeiros amigos, ainda que sejam populares, decidiram permanecer como sempre estavam. Seu amigo Park Jimin, não era muito de socializar-se, então para a sua sorte conheceu a dupla dinâmica de que tanto gosta e preza pela amizade, afinal, quando se acha alguém especial, tem que zelar por ela.

Jennie tem cabelos escuros, belo corpo e muito inteligente por sinal. Taehyung sempre fica de boca aberta quando ela vai se apresentar na frente de todos em algum trabalho e seu amigo sempre estava lá para não deixá-lo babar pela garota. Mas, agora ele terá que fazer isso sozinho já que Jung foi transferido para outra sala. Talvez porque o número de alunos aumentou e tiveram que separar para poder igualar entre ambas as classes.

— Falando no diabo, olha quem chegou. — Fez sinal com a cabeça discretamente para o amigo observar.

Ele olhou para trás e lá estava ela, Jennie Kim indo em sua direção. Admirava cada passo que ela dava, parecia que estava em uma passarela, desfilando para si, com aquele salto alto e roupa, de certa forma provocante. Até que uma garota com roupas mais largadas e andar tímido esbarra contra ela, derrubando os livros que carregava.

— Olha para onde anda, sua sonsa! — Repreendeu, pondo o cabelo para trás. — Aish…

— Me… Me desculpa. — Permanecia cabisbaixa, falando quase em sussurros.

— Tudo bem, só presta mais atenção.

A garota a reverencia e se agacha para pegar os livros. Jennie fez um olhar de desdém e mexeu mais uma vez o cabelo, a ignorando completamente, passando pela mesa do Taehyung que a olhou da cabeça aos pés, logo recebendo um peteleco de seu amigo.

— Aish! Doeu! — Diz indignado, passando a mão onde Hoseok desferiu-lhe o tapa.

...

— O quê!? — Gritou Taehyung, inconformado com sua nota nos exames.

Sentado na cadeira com as provas na mão, observava a alegria dos seus colegas, logo constatando que eles haviam tirado nota muito melhor que a dele, sussurrando palavrões com uma carranca de desgosto, por não ter dado o melhor de si nos testes.

— Ta… Tae… Hyung?

Uma voz meiga, que transmitia um tom de timidez tirou-lhe de seus devaneios. Ele olhou para a proprietária daquela doce entonação, o que a fez baixar ainda mais a cabeça e estendeu os braços onde segurava alguns papéis.

— São as provas do… Jimin-ssi…

Ela tinha cabelos negros, usava roupas pouco largadas e lábios avermelhados. Havia uma aura muito boa nela, além de uma certa beleza ali escondida.

— Oh, obrigado. — Pega-os, tocando suavemente nas mãos da garota, que perceptivelmente começa a corar e então subitamente retira suas mãos, o que fez com que ele olhasse mais para ela. — Você não é a…

— Atenção turma. — Entonou com rigidez o professor, fazendo com que todos direcionassem a atenção para si.

A garota, nervosa, apressuradamente vai até sua mesa, que ficava um pouco longe de Taehyung.

— Parabéns a todos que foram bem nos testes, terão um brilhante futuro pela frente e espero que continuem assim. Já os que não foram tão bem, estou decepcionado. Principalmente você, senhor Kim Taehyung. – Olhou para ele e consequentemente, todos da turma também.

Taehyung clamava por um buraco onde pudesse enfiar a cabeça, de tanta vergonha. Mas apenas abaixou-se um pouco da cadeira, quase deitando na mesma e repousou a mão direita sobre a testa. Não suportava aqueles olhares de deboche, como se nunca tivessem tirado nota baixa, como se fossem superiores. Por ser popular, não era só amado como também odiado, e ele vai permanecer exatamente nessa turma que tanto detestava.

— Todavia, vocês que tiraram nota baixa, terão a oportunidade de aprenderem com os melhores da turma.

— Droga, onde está o Hoseok nessas horas… Não quero ficar com esses idiotas. — Sussurrou.

— Vou designar as duplas para que possam estudar e ir melhor nos exames futuros.

Porém, nem tudo ali estava perdido.

— Por favor que seja a Jennie, por favor que seja a Jennie… — Repetia consigo mesmo, com os dedos cruzados.

O professor passava de mesa em mesa com os papéis que informavam com quem iriam fazer par. Ele repetia a mesma frase até chegar sua vez. O educador finalmente havia lhe entregado o papel e com esperança, o abriu, mas para sua surpresa — talvez nem tanto assim — não era sua querida Jennie, o que fez seu sorriso desmanchar-se.

— O quê? Mas quem é Jisoo? — Olhou em sua volta, com as sobrancelhas arqueadas.

— Com licença. — A mesma voz meiga de anteriormente se fez presente. Ele olhou à sua direita e a viu, dessa vez com o olhar levantado, o que chamou um pouco sua atenção. — Acho que vou fazer dupla com você. — Deu um pequeno sorriso, o que foi necessário para que seu coração desmanchar-se de fofura.

(..)

Jimin P.O.V

Tinha acabado de fazer meu café, quer dizer, nosso café da manhã… Eu ainda estou me acostumando com o fato de que não estou mais morando sozinho, além do fato de minha gata ter se transformado em humana. Eu ainda vou descobrir como e o porquê disso.

Afinal, é um feitiço? Reencarnação? Maldição? Aquele homem da loja é o culpado? Ou não tem nada a ver?

Bom, eu só sei que vou ter de sair. Me ligaram da faculdade dizendo que eu precisava assinar alguns papéis e informar minhas notas. Claro que eu sei que fui mal. Por mim, não voltaria nunca mais, mas eu não faria isso, meus pais iam me odiar mais ainda se o fizesse.

Deixei a Lisa sentada assistindo Tv, enquanto fui me trocar no quarto e dessa vez, tranquei a porta. Não quero que aconteça um imprevisto de novo.

Peguei meu celular, carteira, pus um perfume e penteei o cabelo. Como o clima estava frio e pouco ensolarado, optei por uma roupa quente e confortável. Me dirigi até a porta e senti passos apressados vindo em minha direção.

— Aonde vai, oppa? — Indagou, abaixando-se para me ver melhor, enquanto eu calçava meus sapatos sentado no degrau do chão.

— Eu vou resolver algumas coisas.

— Deixe eu ir com você? — Sorriu, curvando-se mais ao ponto de ficar perto do meu rosto.

— Na… Não… — que raiva, por que eu gaguejei? — Você vai me atrapalhar. — Afastei-me alguns centímetros dela.

Na verdade não ia, mas e se me vissem com ela? O que poderiam pensar? Taehyung e Hoseok vão estar lá, e se perguntarem sobre ela, o que eu diria?

“Ah, então meus amigos… Lembra daquela gata que a gente brincou outro dia? Sabe, aquela lá que eu ganhei e ía dar de presente para Rosé? Pois é, então, a gata virou uma mulher e agora vive comigo e eu quase transei com ela, fiz comida, cuidei, ela me viu pelado, então, é super normal né?”. É, eu acho que não. E o Yoongi? Ai meu Deus eu esqueci completamente do meu melhor amigo uma hora ele vai me ligar e perguntar da mulher que viu atrás de mim.

Balancei a cabeça, confuso, e levantei rapidamente, assustando um pouco Lisa, que também elevou-se do chão.

— Oppa… — Disse carinhosa mas ao mesmo tempo tristonha.

Estava de costas para ela, e temia que se olhasse para a mesma, acabaria aceitando. Eu tenho certeza que ela está fazendo aquela careta de pidona que sempre me fazia ceder.

Ok, se eu deixasse ela sozinha poderia acontecer algo pior, poderia se machucar e até tacar fogo na casa.

— Eu não gosto de ficar sozinha, oppa… — Passou sua mãos na linha da minha cintura delicadamente, o que me fez ter um leve arrepio. — Eu gosto de ficar com você. — Ela aproxima-se cada mais perto de mim e suas mãos começaram a brincar nas minhas costas.

Mordi os lábios e então encarei-a. Ela estava com um certo olhar de tristeza, misturado com algo… Sensual? Ela está tentando me convencer dessa forma? Me seduzindo? Ela está realmente triste por eu não ter aceitado levar ela? Minha companhia é tão importante assim?

É, eu não tinha escolha.

— Aish, tudo bem. — Suspirei derrotado, vendo-a dar pequenos pulinhos de alegria e um sorriso mostrando os dentes.

Acabei dando um também de soslaio e virei-me, mas acabei me lembrando de algo.

— Ah, mas você não vai com essa roupa, está frio lá fora e você ainda está com pijama. Vai se trocar, eu espero.

— Tudo bem, oppa.  

Fiquei esperando em frente à porta por alguns minutos, até que ela aparece com um belo conjunto de roupas, quentes e confortáveis, de cores suaves e meigas. Combinava com ela, estava linda.

— Vamos.

…

Finalmente tinha chegado na universidade. Fiquei parado por um tempo, observando toda a extensão do lugar, e de como talvez tenha sido precipitado ao desistir de Direito. Quer dizer, eu desisti de tudo isso para poder seguir meu sonho como músico, mas e se não der certo? E se aquele tal de Jungkook realmente ter conseguido o que queria?

Eu ainda não entendia a forma como ele me tratou, se foi porque eu estava de certa forma, roubando seu lugar, ou, porque ele é um astro e acha que pode tratar as pessoas com desdém só porque são “inferiores” a ele.

Mas eu não posso deixar esses pensamentos ruins me dominarem e aumentarem meu medo e insegurança. Essas coisas demoram, e eu tenho que ter paciência.

— Oppa? Está tudo bem? — Lisa perguntou, preocupada, tirando-me de meus devaneios.

— Sim, é que… Isso me lembra algumas coisas, só isso.

Aliás, como eu vou explicar de onde Lisa saiu? Acho que é melhor ela ficar aqui fora, caso algum dos meus amigos apareçam.

— Lisa, você vai ficar aqui fora, huh? — Segurei em seus ombros e levei-a até um banco — Não fale com ninguém, não olhe para ninguém e se alguém mexer com você, — fiquei ereto em sua frente, olhando fixamente em seus olhos — fale para ele que ele tem o direito de permanecer calado e longe de você se não quiser ter o olho arrancado, huh? — Fiz uma cara séria. — Já volto — me virei e fui em direção à faculdade, olhando para ela uma última vez.

(..)

— Não, não… — disse Jisoo.

Taehyung e ela estavam na biblioteca lado a lado, estudando sobre alguns casos e leis. Já era a terceira vez que o Kim havia errado a mesma questão, mas ela não estava brava, pelo contrário, ela tem muita paciência, ainda mais se tratando de Taehyung.

— Essa matéria realmente é um pouco complicada, mas acredito que você se sairá bem.

— Eu não sei não… Sou péssimo nisso. – Bufou, jogando a caneta que segurava no livro, e pôs as mãos na cabeça, inconformado.

— Você pode… – disse timidamente. — Ser péssimo em aprender isso, mas eu sou boa em ensinar.

Eles se entreolharam. Parece que há uma certa conexão entre os dois, algo a mais em seus olhares, ou talvez, só no olhar de Jisoo, já que a mesma sempre teve uma paixão platônica por ele, mas Tae nunca havia ao menos notado sua presença, até hoje.

Até que uma voz chama a atenção dele. Era Jennie, perguntando a um garoto onde ficavam alguns livros específicos de que precisava. Poderia apostar que estava babando nesse exato momento como o garoto que estava na frente dela, fazendo-o lembrar o que tanto seu amigo lhe dissera, recuperando-se de seus pensamentos.

Sem pensar duas vezes, levanta da cadeira, assustando Jisoo pelo ato repentino e apressadamente vai até eles.

— Eu posso ajudá-la? — Disse, alegremente com um sorriso.

Jennie olha-o da cabeça aos pés e dá um pequeno sorriso também.

— Claro.

E esquecera completamente da existência de Jisoo, que olhava para tudo descontente. Então ela ajeita o óculos, guarda os livros e põe em sua bolsa, saindo em seguida para fora do campus.

Passou por todos, mas ninguém olhava para ela. Nunca fora muito de fazer amizades, então gastava seu tempo lendo livros e mergulhando naquele universo de informações. Já havia tentado fazer amizades, mas depois de um tempo, percebeu que as pessoas que se diziam suas amigas na verdade ficavam com ela por puro interesse. E você se pergunta: Que interesse? Bom, Jisoo é realmente muito inteligente, e isso era uma das únicas coisas que não sentia vergonha em si mesma.

Não se achava tão bonita, muito menos atraente. Já havia se conformado pelo fato de que Tae nunca olharia para ela, mas após seu professor ter designado fazer dupla com ele, seu coração palpitou e naquele momento se fez presente alguma esperança de que, algum dia, aqueles olhos escuros a olhassem com amor, carinho, aquele sorriso quadrado que sempre via nele, sorrir ao vê-la, e aquela boca… Finalmente selar a sua, em um beijo de amor…

Ok, talvez ela esteja vendo muito filme romântico e uma esperança havia brotado e criado raízes em sua cabeça. Mas era o que seu coração desejava, por mais que sua cabeça dissesse para parar de ser trouxa.

Balançou a cabeça, desfazendo-se de pensamentos com o Kim e, quando percebeu, havia deixado a mochila meio aberta e os poucos segundos em que pensara naquele homem, foram suficiente para que alguns pertences seus caírem ao chão. Bufou, como se tudo já não fosse suficiente. Abaixou-se e começou a pegar as coisas que caíra. De repente, uma jovem loira e esbelta, aparece para ajudá-la. Ela olhou para a moça e disse-lhe:

— Obrigada. — Forçou um sorriso.

Mas a mulher não disse nada, apenas sorriu de volta e ajudou-a. Por fim, sentou em um banco, olhando para a faculdade, como se esperasse alguém.

Jisoo senta ao seu lado, suspirando pesadamente, o que despertou o interesse da loira.

“Não fale com ninguém, não olhe para ninguém e se alguém mexer com você, fale para ele que ele tem o direito de permanecer calado e longe de você se não quiser ter o olho arrancado, huh?”

— Você está bem? — Perguntou, com um tom de preocupação.

Deixando completamente de lado o que seu oppa lhe dissera.

— Sim, eu só… estou cansada. — Respondeu Jisoo, se aconchegando no banco e olhando para o céu.

— Parece que todo mundo deste lugar é assim… — Desabafou, de um jeito engraçado, como uma criança.

Jisoo encarou-a e então perguntou:

— Como se chama?

— Lisa.

— Jisoo.

As duas sorriem enquanto se cumprimentam.

— Você é coreana? — Indagou com curiosidade, pois Lisa, ao seu ver, não tinha traços coreanos e possuía um certo sotaque.

— Eu.. — pensou por um momento. — Eu não sei…

— Tudo bem, eu que fui intrometida. — Voltou seu rosto para frente. Logo, Lisa faz o mesmo.

Até que algo lhe chama atenção. Taehyung estava todo sorridente com Jennie, conversando lado a lado, os dois pareciam estar se divertindo, passaram por elas como se nada mais importasse. Jisoo olhava aquilo atentamente, era inevitável ignorar algo que estava bem à sua frente. E Lisa a encarava, como se decifrasse o que estava passando.

— Você gosta dele. – Disse.

— O quê? Eu não! — Começou a rir.

E depois, um silêncio se instala por alguns segundos. Até que Jisoo para de sorrir e entreolham-se.

— Está tão na cara assim? — Morde os lábios, esperando uma resposta.

Lisa assente, ouvindo Jisoo suspirar em seguida.

— Ele deve ter chamado ela para sair.

Depois de alguns segundos, Jisoo olha rapidamente para Lisa e se arrepende do que tinha falado, fazendo uma careta.

— Ai, me desculpa, eu nem te conheço e já estou falando dos meus problemas. — Bufou.

Lisa faz uma careta triste e acaricia os ombros da morena, rapidamente a mesma se vira, surpresa. Ninguém nunca tinha se preocupado tanto assim, nenhum de seus amigos, colegas. Claro que, seus pais se preocupavam com ela, e sua mãe a ama, mas Jisoo precisava de amigos, com quem possa contar para qualquer coisa, rir de coisas banais, sair de vez em quando, ter algum ombro amigo para chorar, para confessar sua paixões e momentos íntimos que já tivera. Alguém que não fosse… Da família.

— Você disse que não me conhece. Quer conhecer? — Sorriu.

Mas que poderia se tornar, ao decorrer do tempo.

Enfim, elas acabaram sorrindo uma para outra. Até que um homem loiro, portador de tamanha beleza, aparece.

— Oppa! — Lisa saltou do banco, indo feliz em direção a ele, que sorriu envergonhado, acenando para a morena.

— Eu não falei para não falar com ninguém? — Disse disfarçadamente, enquanto dava bronca forçando um sorriso.

— Oh, Jimin-ssi! Quanto tempo! — Disse a morena, se levantando para reverenciá-lo, e ele faz o mesmo.

— Jisoo-noona, fico feliz em te ver. — Sorriu.

Lisa faz um bico, chateada.

— Ah, entreguei suas provas ao Taehyung. Quando você vai voltar?

Jimin põe as mãos no bolso do casaco e diz:

— Ah, eu não pretendo voltar. Vim apenas para assinar alguns papéis e trancar a matrícula. Eu vejo isso com o Tae depois.

— Ah.. Que pena, vou sentir sua falta lá. — Dizia com um tom tristonho.

Lisa aparece ao lado de Jimin, envolvendo suas mãos no braço dele.

— Vejo que vocês se conhecem, que legal. — Sorriu.

— É, ela é uma… – olhou-a. — Amiga minha.

— Hmm… – a garota sorri. — Fico feliz que tenha feito uma amiga. A propósito, você é uma ótima pessoa, Lisa, adoraria te conhecer. Espero vê-los de novo.

A loira sorri, envergonhada.

— Bom, tenho que ir. — Disse Jisoo.

— Tchau! — Disseram em uníssono, e Lisa acena alegremente.

Então ela se afasta, o suficiente para que Lisa se permitisse perguntar:

— Eu gostei muito dela, oppa, é sua amiga?

— É sim.

— Por que chamou ela de noona? – Indagou curiosa.

— Ela é mais velha que eu, então tenho que chamá-la de noona, por respeito.

— E eu tenho que chamar de quê? — Perguntou, olhando para ele.

— Unnie, você parece ser mais nova que ela.

— Jisoo-unnie… Que legal, gostei!

Jimin sorri, pela forma que ela disse e de como é. Já tinha até esquecido de que a mesma havia desobedecido o que lhe foi dito, mas decidiu não implicar com isso, pelo menos ainda, já que não houve nenhuma confusão e se tratava de sua amiga.

A alegria que transmite, a positividade, o jeito… Tudo nela admirava, de certa forma. Ele só não entendia o porquê de tudo isso.

Caminharam por alguns minutos, enquanto Lisa perguntava sobre várias coisas que via à sua volta, e Park respondia com muita paciência. Até que chegam em uma praça muito bonita, várias crianças brincavam, enquanto os pais ficavam sentados em um banco observando-os. O tempo parecia que estava esquentando, enquanto o vento batia nas árvores arrastando sua folhas esverdeadas. Várias pessoas sorrindo, alguns casais de mãos dadas e outros se beijando, e Lisa olhava aquilo atentamente.

— Oppa, por que eles estão fazendo isso e nós não? — Indagou Lisa, apontando para os casais.

Aquela pergunta o pegou de surpresa. Até que ele se tocou que o que estavam fazendo parecia um… Encontro. Automaticamente corou, e pigarreou, desconfortável com a pergunta.

— Vamos logo. — Apertou os passos, deixando Lisa para trás, que logo correu até ele.

Andaram mais um pouco, até que chegam em uma barraca de sorvete, que estava lotada por sinal.

— Oppa, eu também quero! — Fez uma careta pidona, com aquele olhar brilhante, que sempre mexia com ele.

— Não, melhor não.

Mas ele até que estava querendo saborear um sorvete, o problema é que também tinha casais perto daquela barraca, e ele sentia-se envergonhado por estar lá. Como se nunca tivesse namorado, nunca tivesse enfrentado uma fila ou andar em público com a pessoa que gosta. Mas Jimin não estava certo dos seus sentimentos e sabia que Lisa não parecia real, afinal, dias atrás ela era um animal. Park ainda estava um pouco assustado com a mudança repentina em sua vida.

Lisa o olhou triste e ficou com a cabeça baixa.

Enquanto passavam cada vez mais longe da barraca, Jimin repensava, repensava… Ele odiava ver ela triste, um simples desejo dela naquele momento era apenas um sorvete, nada demais. Ele não precisava assumir nenhuma responsabilidade ou nada muito sério, era só um sorvete, um simples sorvete.

Não é como se… elle fosse se apaixonar por ela.

— Tudo bem, eu compro um sorvete, huh?

Ela sorriu, dessa vez mostrando todos os seus dentes, e o puxou pela mão até a tal barraca. Ele sentiu sua quente mão apertar a sua, e consequentemente sorriu, sem ao menos perceber.

— Dois sorvetes de… — disse ao atendente, que recebeu-lhe com um sorriso, mas ainda não sabia o que Lisa gostava. — Ah, que sabor você vai querer? — Encarei-a.

— Hmm… eu quero um rosa! — Sorriu.

Riu nasalado.

— Dois sorvetes de morango.

— Pode deixar. — Disse o funcionário, sorridente.

Esperamos ao lado da fila, que se formou novamente.

— Oppa, você também gosta de rosa?

Jimin riu.

— É sorvete de morango, mas sim, eu gosto de rosa, por que não gostaria?

— Ah, não sei… Eu nunca comi sorvete, pelo menos, que eu me lembre.

— Como assim, que você se lembre? — Arqueou as sobrancelhas, interessado.

— Eu não sei, eu só… – fitou o chão. — Eu não sei…

Jimin ia acariciar suas costas, até que alguém lhe chama.

— Senhor — era o atendente, com os dois sorvetes na mão, Jimin logo vai em direção a ele. — Aqui está, dois sorvetes de morango para você e sua namorada.

— Ela não é… – os dois se entreolharam. — Obrigado. – Sorriu, um pouco sem graça.

Deu o sorvete a ela e então foram a uma mesa branca arredondada, que era onde os clientes da barraca de sorvetes sentavam. Lisa sentou na sua frente e então, deu a primeira mordida, quando saboreou… Sua consciência foi para o além, quando sentiu aquela explosão de sabor gélido e com pedaços de morango, tudo tão doce e congelante, que a fez ir para o céu e voltar, de tão bom que aquilo era.

— Vai com calma, senão seu cérebro congela.

Jimin olhava aquilo com um sorriso, ela estava tão engraçada, era sua primeira experiência comendo sorvete. Ela estava tão concentrada naquilo, que acabou lambuzando-se toda. Sua boca estava rosa, e Jimin riu da cena que estava vendo.

— O que foi? – Perguntou.

— Você está… – gesticulou as mãos, simulando que estava limpando a boca, mas Lisa ainda não havia entendido o que ele queria dizer. — Deixa que eu… – olhou para a mesa, mas não havia guardanapos.

Então elevou-se um pouco da cadeira e se inclinou para frente, ficando a poucos centímetros de seu rosto. Levou seu polegar até onde estava sujo, e lentamente limpou a boca de Lisa, enquanto a mesma olhava-o atentamente a cada movimento, com seus olhos brilhantes de que ele tanto apreciava. Limpando a última gota de sorvete, fitou-a e por um breve momento, olhou para seus lábios.

Mas ele não podia, não podia beijá-la, parecia incerto. Então, apenas voltou ao seu lugar após ter limpado sua boca.

— Pronto, não está mais sujo. – Deu um pequeno sorriso.

Uma imagem de um garoto, pele branca e cabelo escuro, usava algum tipo de terno e gravata, com o tom de roupa iguais aos seus. Seu rosto não estava muito claro, estava borrado.

Ele limpava seu rosto, enquanto a garota olhava tudo muito surpresa. Cada vez mais chegava mais perto, enquanto intercalava olhares entre sua boca e seus olhos. Ele limpou o canto de seus lábios com o polegar, e encarou-a. Chegou mais perto de seu rosto, até que...

— Não, eu… — se afastou, levantando-se da cadeira. — Desculpa.

A garota pegou sua mochila, levantou e foi embora.

— Lisa! — O garoto foi até ela e pegou em seu braço, fazendo com que se encarassem. — Me deixa te dizer o que eu sinto, por favor.

Ela assentiu, e então o moreno retirou sua mão de seu braço e olhou-a com ternura.

— Lisa, eu…

— Lisa!

Jimin estava agachado do seu lado, com uma de suas mãos em seu ombro chacoalhando-a, e a outra em seu rosto.

— Lisa, fale comigo! — Elevou a voz, preocupado.

Sua vista voltou aos poucos, enquanto sentia Jimin sacudí-la, recobra a consciência e então olha em seus olhos.

— Aish… ainda bem… — levou sua outra mão em seu rosto, acariciando. — Você está bem? O que aconteceu?

Os olhos do Park emitem evidentemente preocupação com Lisa, enquanto a mesma, confusa, olha para os lados e arqueia as sobrancelhas.

— Eu… eu acho que…

— O quê? O quê? — Continuava olhando para ela, esperando ansiosamente uma resposta.

Segundos se passaram, e Park percebe seus olhos se incharem aos poucos, até que o acúmulo de água periférica no seu globo ocular, finalmente havia caído sobre seu rosto. Fora a primeira vez em que ele via Lisa chorar, e também, a primeira vez em que seu coração se entristecia com isso. Ele odiou vê-la chorar.

— Eu me lembrei… eu… — olhou para ele. — Eu me lembrei, oppa.

(..)