História Minha Melhor Amiga - Noite Sem Sono

 Michael observou enquanto o carro de Brooke atravessava o portão, ela dirigia tão rápido ao ponto do funcionário quase não conseguir abri-lo a tempo evitando por pouco um acidente. Ficou parado observando o carro desaparecer numa curva e portão ser fechado sabia que tinha acabado apesar de tudo sentia-se aliviado, pois já não conseguia mais se sentir bem ao lado de Brooke. Não era a primeira vez que uma mulher deixava sua vida, mas aquilo não se comparava a dor de quando Jennifer o deixou por isto não estava desesperado para consegui-la de volta. Mordeu os lábios contendo a angustia por vê-la partir aquilo estava sendo mais difícil do que podia imaginar, afinal estava vendo todos os seus planos de um futuro ao lado dela desmoronar. Não pode deixar de se sentir mal afinal gostava da Brooke e não queria magoa-la, mas não podia fazer o que ela tinha pedido nunca pediria para Jennifer ir embora depois de tudo o que fez. Voltou para dentro de casa onde na sala Jennifer estava de joelhos sobre o carpete junto a Phillip, o acompanhava na brincadeira com seus bonequinhos se levantou se aproximando ao vê-lo.

 -Como foi com Brooke? –Jennifer perguntou em voz baixa.

 -Nós terminamos. –Michael respondeu um pouco sem jeito era estranho falar com ela sobre isto.

 -Michael me desculpe eu não queria causar problemas. –Pediu envergonhada sabia que tinham brigado por causa do que ela viu.

 -Não foi culpa sua. –Afirmou tocando em seu ombro acalmando-a.

 -Se você quiser eu posso voltar para minha casa não vou ficar chateada se me pedir isto.

 -Jenni nem pense numa coisa dessas esta casa é sua e você pode ficar aqui o quanto quiser.

 -Obrigada. Enquanto a Brooke?

 -As coisas já não estavam bem entre a gente a um bom tempo foi melhor assim.

 -Esta bem.

 Durante o jantar Michael se sentou na cabeceira da mesa com Phillip a sua direita e Jennifer a sua esquerda, aquela era a mesma forma que costumavam sentar quando ainda estavam juntos. Pareciam ter voltado no tempo para a época em que sua família era completa e eles estavam felizes, tudo parecia tão perfeito que chegava a ser constrangedor tanto que mal conseguiam se encarar. Eles conversaram pouco durante a refeição não tinham muito assunto depois de terem passado um dia inteiro juntos, ate mesmo Phillip estava quieto devido ao cansaço depois da mudança. Sem jeito Jennifer tentava manter o olhar em seu prato, mas não pode evitar lançar olhares furtivos para Michael ao seu lado que às vezes olhava em sua direção fazendo-a abaixar o rosto sem jeito. Michael não pode deixar de sorrir diante daquela timidez repentina, Jennifer parecia tão meiga que sentia vontade de coloca-la no colo. Não puderam deixar de notar a expressão dos empregados enquanto serviam no fundo, eles pareciam estar lhes dando os parabéns em silencio sua reconciliação parecia mais do que certa.

 Depois do jantar eles ainda conversaram por alguns minutos na sala de estar, Jennifer estava muito quieta tanto que eles mal trocaram duas palavras a noite inteira parecia envergonhada. A certa altura ela pediu licença e se subiu para o quarto pouco depois Phillip também demonstrou cansaço, Michael o levou para o quarto depois de ajuda-lo a se arrumar o colocou para dormir. Ao seguir pelo corredor passou pelo quarto de Jennifer parou em frente à porta pensou em bater, mas achou melhor não incomoda-la seguiu em frente pensando que ela deveria estar dormindo. Michael voltou para a suíte principal e também se preparou para dormir, após um banho rápido se sentou na cama pensando sobre o tinha acontecido àquela tarde. Quase havia beijado Jennifer sabia que teria acontecido se Brooke não tivesse aparecido, mas no fundo sentia que tinha sido melhor assim pelo menos não tinham nada do que se arrepender.

 Por mais que quisesse estar com Jennifer não tinha certeza de que ela sentia o mesmo por ele, afinal Jennifer não havia lhe dado nenhum sinal de que queria algo mais ou feito qualquer insinuação. Ela o tratava como a um irmão mais novo e isto o deixava cada vez mais frustrado, mas também não queria pressiona-la afinal a situação dos dois já era complicada Jennifer parecia envergonhada. Afinal ela já havia dito que não queria ficar com um homem comprometido, mas agora ele estava livre e ate onde sabia Jennifer também estava nada os impedia de ficarem juntos. Perguntou-se se ela não estaria arrependida do que tinham feito apesar de não ter acontecido nada, ele mesmo sentia-se confuso quanto ao que aqueles momentos significavam. Tentando não pensar no que estava acontecendo pegou um livro para ler, mas a s palavras se embaralhavam em sua mente então colocou ao lado da cama quando ouviu baterem na porta. 

 -Quem é? –Michael perguntou.

 -Com licença. –Jennifer disse ao abrir a porta. –Posso entrar?

 -Claro. –Disse se sentando na cama. –Sente-se. –Pediu lhe indicando um lugar no colchão.

 -Só vim ver como você estava. –Falou se sentando ao seu lado.

 -Estou bem obrigado por se preocupar.

 Receber aquela visita de antes dormir tinha sido uma boa surpresa ao ponto de lhe devolver o animo, especialmente por ela esta preocupada com o seu bem estar cuidando dele. Não podia deixar de observa-la estava usando um pijama de verão simples com estampa de florzinha, não chegava nem perto da sensualidade das lingeries que Jennifer usava quando estavam juntos. Sua aparência era simples sem ser desleixada estava claro que ela queria ficar a vontade, não havia se preocupado em ficar bonita ou em estar atraente para agrada-lo pela primeira vez na vida. Ela estava muito diferente do que estava acostumado continuava sendo a mulher elegante e sensual que ele conheceu, só que agora sua sensualidade havia se tornado uma coisa discreta quase inocente. Perguntou-se que havia acontecido nunca a tinha visto daquele jeito era tão diferente da garota que conheceu, tanto que mal conseguia reconhece-la talvez fosse seu jeito de ver o mundo que tivesse mudado. Jennifer se importava com ele Michael podia sentir que ela estava sendo sincera, ninguém mais desde a sua própria mãe demonstrou este tipo de carinho completamente desinteressado por ele. Não havia palavras para descrever como aquilo o deixava feliz, lhe fazia bem sentir o amor dela mesmo que não fosse aquele que desejava realmente aminado por vê-la ali ao seu lado.

 -Michael. –Jennifer chamou estranhando seu silencio.

 -Desculpe. O que disse?

 -Perguntei em que você esta pensando.

 -Estive pensando em tudo o que a gente viveu aqui.

 -É mesmo estas paredes estão cheias de lembranças. –Afirmou olhando em volta.

 -Nem todas são boas. –Disse olhando para baixo.

 -Não precisa ficar assim nós ate fomos felizes juntos.

 -Às vezes acho que eu fui feliz sozinho. –Disse abaixando o rosto.

 -Michael nós dois sabemos que isto não é verdade você me fez feliz.

 -Tanto que pediu o divorcio. –Falou contendo uma lagrima. –Desculpe-me eu sei que você teve bons motivos para isto sinto muito.

 Jennifer não resistiu ao impulso de segurar sua mão para consola-lo sua única vontade era fazer melhorar, seu coração doía ao vê-lo assim tão triste sentindo-se como se fosse o único culpado. Sentiu sua garganta apertar ao se dar conta de o quanto sua partida o havia magoado, mas não teve escolha os dois estavam se destruindo a cada briga a cada palavra cruel que lançavam um ao outro. Apesar de tudo o que haviam feito um para outro nunca tinha deixado de gostar de Michael, já havia superado seu egoísmo mesmo eles não estando mais juntos Jennifer queria vê-lo feliz. Nenhum homem com que tinha saído havia conseguido fazer com que ela o esquecesse de Michael, ele já fazia parte dela estava em sua alma estava marcado como uma tatuagem. Não suportava vê-lo triste principalmente agora que eles estavam se reaproximando, já haviam superado tanta coisa não fazia sentido ficarem remoendo o passado ou se culpando pelo que aconteceu. Não sabia ao certo o que dizer para melhorar as coisas afinal eles estavam separados agora, acariciou seus dedos com carinho apenas para lembra-lo de que estava lá e que continuaria com ele.

 -Ah Michael também não precisa falar assim você sempre me deu tudo o que eu quis.

 -Mesmo o que você mais queria. Nunca lhe dei seu lugar de direito na minha vida. –Disse segurando sua mão. –Sinto muito por isto.

 -Não foi só sua culpa. –Afirmou abaixando os olhos. –É difícil apresentar para o outro alguém que não tem nada de bom para ser mostrado.

 -Jenni você é uma mulher bonita, inteligente e gentil a qual qualquer homem ficaria orgulhoso de ter ao seu lado. –Disse afastando uma mecha de seu cabelo. –Não poderia querer nada melhor.

 Ao ouvir isto Jennifer ergueu a cabeça encarando-o com uma expressão confusa no olhar, mas logo ela virou o rosto com vergonha pôs à mão na frente da boca contendo uma risada divertida. Jennifer ficou um pouco confusa tinha sido pega de surpresa com aquela declaração, tanto que achou que ele estava brincando por isto não pode deixar de rir ao ouvir isto. Nunca imaginou que um dia Michael a veria como uma mulher da qual um homem pudesse se orgulhar, mas assim que percebeu que aquilo não era brincadeira ficou seria. Será que Michael estava lhe dando uma indireta? Não seria algo absurdo ele ainda estar interessado afinal os dois não costumavam ter problemas naquela área, pelo contrario mesmo nas suas piores crises eles abriram mão de se divertirem juntos. Esta era uma das razões para terem se evitado durante o divorcio no conseguiam dividir o mesmo espaço sem se tocar, tanto quase tinham ficado juntos aquela noite no Havaí. Sentiu seu coração disparar e a boca seca ao se lembrar daquela noite, mas logo afastou aqueles pensamentos de sua mente não podia ficar se perdendo em meio a fantasias não agora.

 -Desculpa o que disse? –Jennifer perguntou tentando confirmar.

 -Que não poderia querer alguém melhor do que você.

 Michael se deu conta de quanto aquilo havia soado romântico quase como uma cantada, Jennifer o encarava sem jeito notou que a havia deixado constrangido apesar de não ser esta a sua intenção. Mesmo assim não se desculpou não estava arrependido do que disse aquelas palavras saíram de maneira natural, pois acreditava não apenas em beleza, mas também em suas outras qualidades que havia descoberto. Jennifer era realmente tudo aquilo e mais se perguntou como não havia percebido isto antes, perguntou-se como não havia notado tudo aquilo antes mesmo vivendo ao seu lado por tanto tempo. Deu-se conta de que ainda a amava e o quanto havia errado ao não cuidar do que tinha, sentiu-se o mais idiotada dos homens por ter tido Jennifer e deixado que ela escapasse por entre seus dedos. Olhou para Jennifer se perguntando oque será que ela estava pensando dele, mas sua expressão não denunciava além de uma leve surpresa tal como a sua ao se dar conta de que sentia aquilo por ela. Na verdade a única coisa que ela deixava transparecer em seu olhar era uma tristeza tímida, como se uma pequena sombra estivesse tentando se esconder nos fundos de seus olhos.

 -Agora talvez. –Jennifer disse tentando controlar o tom voz. –Mas antes eu não era mais do que uma perua arrogante que vivia para gastar com o cartão de credito do marido.

 -Eu nunca me incomodei por você gostar de fazer compras afinal não sou pão duro. –Disse tocando seu queixo. –No fundo foi culpa minha você ter ficado daquele jeito, acabei te deixando mal acostumada.

 -O problema não é este quando nos casamos eu me acomodei na posição de esposa protegida e sustentada. –Confessou encarando-o. –Era tão fácil depender de você e não ter que tomar conta de mim mesma.

 -Era minha obrigação cuidar de você e do Phil. Sempre tive orgulho de dar para vocês tudo o que não tive quando criança, pois esta é minha obrigação e eu nunca me eximir dela.

 -Eu deveria ter te ajudado.

 -Dinheiro nunca foi problema para que você precisasse trabalhar fora. E você sempre me ajudou cuidando da casa, do Phil e de mim. O que mais eu poderia querer?

 -Não importa quanto o marido ganhe isto não pode ser uma desculpa para uma mulher se acomodar. Eu deveria ter feito algo por mim mesma.

 -Você tentou, mas eu não deixei.  

 -Isto não é verdade eu queria fazer parte de seu mundo, mas não queria entrar nele por conta própria queria que você me levasse para dentro sem que precisasse fazer nada para merecer.

 -Você era minha esposa eu tinha a obrigação de apresenta-la para as pessoas de meu meio, ao invés de te manter escondida dentro de casa como se fosse uma amante. Sinto muito.

 -Eu me aproveitei de você Michael.

 -Isto não é verdade.

 -É sim eu mesma não me dei conta no começo parecia ser uma coisa normal, como se fosse certo você me sustentar e cuidar de tudo sozinho.

 -Você estava se comportando como uma mulher casada.

 -Não. Eu estava agindo como uma parasita.

 -Por que esta me dizendo isto?

 -Por que estou arrependida e queria dizer que sinto muito.

 -Não precisa se desculpar. Quem me dera que todas as pessoas que já se aproveitaram de mim fossem como você. –Afirmou acariciando seu pescoço. –Minha vida teria sido muito melhor.

 -Bem já esta tarde. –Falou se levantando rápido. –Boa noite eu vou estar aqui do lado se precisar de alguma coisa.

 -Esta bem boa noite. –Respondeu um pouco sem jeito.

 Jennifer se levantou e saiu rapidamente do quarto acenou para ele antes de fechar a porta, ela parecia estar com medo do que poderia acontecer se ficasse mais um minuto sozinha com Michael. Assim que ela saiu o quarto ficou no mais absoluto silencio Michael ficou sentado na cama sozinho com seus pensamentos, tentando processar em sua cabeça sobre tudo o que tinham conversado. Ficou pensando no que havia conversado com Jennifer estava surpreso por ela se sentir culpada por depender dele, pois de todos os problemas que podiam ter dinheiro parecia ser o ultimo deles. Nunca havia pensado que a mulher poderia sentir a necessidade de ter uma carreira ou ajudar o homem nas despesas do lar, aquilo era completamente diferente do que via em sua família. Não que ele desprezasse o trabalho feminino pelo contrario, Michael conhecia diversas profissionais competentes cujo trabalho ele admirava então deveria não ser tão difícil entende-la. Parecia certo que ele tomasse conta de toda a parte financeira da casa afinal este era o trabalho do homem, mas neste caso seria errado ele tomar conta do Phil algo que sempre amou fazer desde que ele nasceu. Talvez ele estivesse apenas se apegando demais aos valores de seus pais sem questionar se eles serviam ou não para sua vida, neste caso seria uma boa ideia rever alguns conceitos que regiam sua vida.

 Depois de algum tempo pensando resolveu se deitar para dormir, mas não conseguiu pegar no sono sua mente estava inquieta as palavras de Jennifer estavam dando voltas em sua cabeça. Inquieto ele mudava de posição e ajeitava seu travesseiro em busca de uma posição confortável tentando relaxar, mas por maior que ele estivesse se esforçando não estava conseguindo dormir. Perguntou-se como Jennifer estaria no quarto ao lado provavelmente ela já estaria dormindo tranquilamente, sabia que ela não tinha problemas para dormir apesar de seu sono leve. Podia imagina-la se aconchegando na cama deitada de bruços abraçando um travesseiro como sempre fazia para compensar sua ausência quando ele não dormia em casa. Ainda se lembrava das vezes em que chegava em casa de madrugada por mais que se esforçasse para não acorda-la, bastava se deitar na cama para que ela largasse o travesseiro e abraçasse sem nem abrir os olhos. Não era apenas as palavras que estavam lhe tirando a paz, sua presença também o atormentava saber que ela estava a poucos metros de distancia e não poder toca-la era uma tortura.

 No quarto ao lado Jennifer também não conseguia dormir ainda sentia os dedos dele em seu rosto, tinha bastado aquele pequeno toque para fazê-la perder seu autocontrole e a paz de espirito. Permanecia deitada na cama encarando o teto enquanto lutava para conter a pulsação acelerada em seu coração, mas este insistia em martelar por causa da emoção provocada pelo toque de Michael. Estava refletindo sobre o que tinha acabado de conversar com Michael tinha despejado tudo sobre ele, mas não estava arrependida afinal pela primeira vez assumiu sua culpa na separação. Não sabia ao certo por que tinha lhe dito tudo aquilo talvez fosse apenas à necessidade de desabafar, só tinha certeza que de precisava falar como se sentia e que não o culpava pelo que aconteceu. Sua mente estava um turbilhão de ideias e desejos misturados a mil duvidas sobre sua vida, sentia-se num carrossel dando voltas parando sempre no mesmo lugar sempre retornando para Michael. Começou a se dar conta de que nunca mais conseguiria ver Michael apenas como um amigo, mas sabia que era exatamente daquela amizade que os dois necessitavam no momento.

 Exausta após uma guerra entre a razão e a emoção fechou os olhos num esforço para cair no sono, mas sua mente se recusava a se acalmar as imagens daquele dia passavam diante de seus olhos. Abraçou o travesseiro na tentativa de diminuir a sensação de carência que a ausência de Michael lhe causava, mas este não tinha o calor de seu peito nem a batida de seu coração junto ao ouvido. Irritada atirou o travesseiro para fora cama cobriu o rosto com as mãos seria capaz de gritar de frustação, tudo que queria era dormir um pouco para assim parar de pensar nele por um momento. No fundo sabia que não iria adiantar acabaria se encontrando com Michael em seus sonhos, mudou de posição mais uma vez tentando encontrar algum conforto para seus nervos tensos. Levou a mão ate o rosto tocando no mesmo local que ele havia acariciado percorreu a região com os dedos se lembrando de como era a sensação de sentir o toque de Michael sobre sua pele. Apertou os olhos pensando em como era difícil convier com Michael sem poder toca-lo nem ser tocada por ele, perguntou-se quanto tempo mais iria aguentar aquele martírio antes de enlouquecer.