História Minha Melhor Amiga - Início

-Alô?

-Amiga? Eu preciso de você!- Disse eu em meio a soluços e lágrimas.

-O que aconteceu? Quer vir aqui em casa?- Ela disse em um tom preocupado.

-Quero sim... Eu posso dormir ai com você hoje? Por favor.

-Claro que pode, vou falar pra Ari dormir em casa hje, a noite vai ser toda nossa- Disse com um ar de riso, tentando me animar.

-Obrigada amiga, eu chego já por ai- Disse enquanto secava as lágrimas, o que era inútil, pois elas caiam com uma velocidade maior do que a que eu conseguia secá-las.

-Tô te esperando, beijos!!

-Beijos!- Desliguei, peguei minha mochila com algumas mudas de roupas, meu capacete e as chaves da moto e saí. Eu não deveria pilotar nesse estado, mas prometi a mim mesma que seria cuidadosa e não correria muito, logo cheguei ao condomínio de Camila, não era mito distante.

Toquei o interfone e ela logo abriu o portão para que eu pudesse entrar, subi as escadas correndo, e bati a sua porta, logo a escutei gritar- Está aberta, entra!- E assim eu fiz. Ela estava sentada no sofá com um pote de nuttela nas mãos, me olhou dos pés a cabeça como que para ver se não me faltava nenhum pedaço e abriu os braços fazendo sinal para que eu a abraçasse. Joguei minha mochila no chão e literalmente me joguei em cima dela no sofá, a abracei forte e não contive as lágrimas, literalmente desabei, ela só retribuiu o meu abraço e esperou que eu parasse de soluçar para lhe contar o que havia acontecido.

Eu já estava mais calma, continuávamos abraçadas, ela fazia um carinho gostoso nos cabelos, acho que ficamos assim alguns minutos, até que ela nos separou do abraço e me olhou nos olhos com um ar de interrogação, eu sabia que ela queria saber o motivo de tanto choro. Sequei algumas lagrimas, sentei ao seu lado no sofá e a olhei de volta.

-Desculpa chegar assim do nada e acabar com seus planos românticos- Disse meio sem jeito, pois sabia que ela planejava passar o fim de semana com Ariana, sua namorada, aproveitando que seus pais não estariam em casa por dois dias.- Ariana deve estar querendo me matar.

-Não se preocupa com isso, ela entende, você está precisando de mim, agora me conte quem te fez ficar assim que eu vou agora acabar com a raça dessa criatura!- Disse em um tom de brincadeira, porém eu sabia que se ela tivesse oportunidade, faria o que disse mesmo.

-Nós terminamos amiga!- Essa frase foi o bastante para que eu voltasse a chorar novamente, ela apenas me olhava atenta, esperando que eu continuasse a falar.

-Terminaram por qual motivo?- Disse ainda atenta a mim.

-Eu peguei ela com aquela puta da Selena!- Cuspi essas palavras e cai no choro novamente, ela me abraçou, um abraço apertado, como se quisesse me proteger, mas eu podia sentir que ela estava com ódio, logo ela separou nosso abraço e falou.

-Me conte tudo como foi, eu quero saber de tudo, e depois eu vou na casa dessa puta, e acabar com ela, quem ela pensa que é pra te magoar assim?- Disse serrando os dentes.

-Não vai fazer nada, deixa disso, apesar de tudo eu ainda amo ela!

-Me conta Laur, só me conta como aconteceu logo!- Disse impaciente, seus olhos fixos em mim.

-Ontem ela me ligou e disse que ia ao cinema com a irmã dela, eu disse tudo bem, não vi nada demais, ai avisei a ela que ia pra casa da minha irmã também. Quando cheguei na casa da minha irmã, ela quis ir ao cinema, insistiu e acabamos indo.- Sequei algumas lágrimas e continuei.- Quando entramos na sala do cinema já atrasadas por sinal, a sala estava quase vazia, tinham poucas pessoas, nós sentamos na última fileira, assim que entramos reparei que havia um casal quatro fileiras abaixo da nossa, minha irmã até comentou durante o filme, por que as duas estavam de beijinho o tempo todo, mas eu nem liguei, nem olhei muito.

-E eram as duas putas? Lauren, eu vou matar a Keana, eu juro, ela e a tal de Selena.- Disse com o punho cerrado.

-Eu só pude ver que eram as duas quando as luzes se acenderam e elas levantaram pra sair, elas nem me viram, eu fiquei sem ação, queria morrer na hora, minha irmã percebeu, mas eu disse que estava com enxaqueca e que queria ir pra casa, assim fizemos. Quando estávamos no estacionamento, colocando o capacete, vejo as duas saírem juntas, rindo à toa, subi na moto com minha irmã e passei próximo as duas na maior velocidade, ela me reconheceu, eu vi pelo retrovisor a cara dela de surpresa, mas eu fui embora, nem dei chance pra ela falar.

-Vem cá!- Ela disse me abraçando mais uma vez com tanta força que quase sufoquei- Vou cuidar de você, esse fim de semana você é minha, e depois eu cuido dessas duas, ninguém machuca assim minha irmã, de jeito nenhum. Te amo, tudo vai ficar bem.- Me deu um beijo na testa e fez sinal para que eu me deitasse ao seu lado no sofá, assim fizemos, e passamos o resto da tarde desse jeito. Era sempre bom estar com Camila, ela me fazia muito bem.

-Amiga, amiga acorda..- Disse enquanto fazia um carinho em seu cabelo, acabamos adormecendo no meio do filme, mas eu estava com fome, Camila apenas resmungava, preguiçosa.

-Acorda meu amorzinho, por favor, eu tô com fome, você não tem fome não?

-Ai Laur, eu juro, se você não estivesse mal e eu não tivesse me encarregado de cuidar de você, te derrubaria desse sofá e diria pra você se virar- Camila um doce, como sempre.- Mas, só por que eu te amo, vou fazer alguma coisa pra gente, bestona.- Disse coçando os olhos e em seguida levantando-se e indo até o banheiro.

- Eu sei que você me ama...- Gritei enquanto ela entrava no banheiro. Não demorou muito e ela gritou pedindo para que eu pegasse a toalha, resmunguei um pouco, mas peguei e levei ate ao banheiro, empurrei a porta quase certa de que ela estava fechada, mas não estava, Camila estava tirando o sutiã, tomou um susto, derrubou o shampoo que estava na pia.

-Laaaaaaaaauren... Sai, você não pode me ver nua.- Ela disse me empurrando, eu cai na gargalhada, nós não tínhamos o hábito de ver a outra nua, tínhamos muita intimidade, mas ela era envergonhada, e eu também. Ela é minha amiga, praticamente irmã, mas não pude deixar de olhar seu corpo, ela havia emagrecido, estava frequentando academia há algum tempo, não dava pra negar que ela era gostosa.

- Que besteira amigs, toma aqui sua toalha, e da próxima vez tranque a porta viu, bonitona?- Disse em meio a um sorriso largo e fechei a porta atrás de mim, mas logo voltei a abri-la novamente, assustando Camila.

- Puta que pari. – Ela disse com cara de raiva, mas estava coberta pela toalha.

-Só pra constar, tá gostosa hein, na balada eu te dava uns pega..- Disse isso e tranquei a porta antes que ela me atirasse o frasco de shampoo na cara.

Voltei pro sofá, e coloquei em um canal qualquer, nem prestava atenção na Tv, meu cel tocou e pude ver que era Keana, eu não queria atender, de jeito nenhum, mas já tinham 20 ligações perdidas, e ela continuava insistindo, então atendi.

-Oi.- Disse seca.

-Porque não me atendeu? Faz horas que te ligo, onde você está, eu tô aqui na sua casa, precisamos conversar.

-Eu não te devo satisfações, depois do que vi hoje eu não quero nem olhar na sua cara, e faça o favor de sair da minha casa, e não me ligue mais.

-Você viu o que? A gente tem que conversar, eu sei que menti que ia sair com minha irmã, mas foi só pra você não ficar chateada amor, vem pra casa, vamos conversar.

-Amor? Você é retardada e acha que eu também sou não é? Eu estava naquela sala de cinema e vi você e sua amiguinha de carícias o filme todo Keana, vai se fuder, eu não quero mais olhar na sua cara...

-Lauren, calma, me escuta...- Nesse momento senti Camila se aproximar rapidamente e tomar o celular de minhas mãos.

-Keana?

-Camila, passa pra minha namorada, por favor, eu preciso falar com ela.- Eu pude ouvir Keana falar, pois o volume estava alto.

-Namorada, que namorada? Que eu saiba a minha amiga aqui é solteira, e você é uma filha da puta, se eu encontrar com você na rua Keana, eu vou quebrar você no meio, nunca mais chegue perto da minha irmã, tá me ouvindo?- Camila agora já falava alterada.

-Vai tomar no cu Camila..- Ouvi Keana falar antes que Camila desligasse o cel em sua cara. Em seguida ela tirou a bateria do meu celular e jogou no sofá.

Eu estava muito triste, magoada, doía muito, mas o meu choro no momento era de raiva. Camila se aproximou, me abraçou e plantou um beijo na curva do meu pescoço, o que me fez arrepiar, eu me encaixei na curva do seu pescoço sentindo seu cheiro, ela sempre cheirava bem, e acabara de sair do banho. Ela soltou nosso abraço.

-Vai tomar um banho, eu vou fazer alguma coisa pra gente comer, e depois nós vamos sair, vamos nos divertir um pouquinho.- Secou algumas lágrimas em meu rosto e foi para a cozinha. Peguei minhas coisas e tomei um banho rápido, assim como Camila, eu vesti um short jeans e uma camiseta velha. Quando cheguei a cozinha, ela já estava terminando a nossa janta, já passavam das sete da noite, eu estava azul. Me aproximei e a abracei por trás, ela tomou um pequeno susto e em seguida sorriu quando percebeu que era eu.

-Nossa, você está prendada demais moça..- Falei em um tom irônico, Camila era péssima na cozinha, ela tinha feito misto quente com suco de graviola com leite e uma salada de frutas.

-Deixa de gracinha e me ajuda a levar pra sala, vamos comer assistindo Orange is de the new black, bestona.- Soltei de sua cintura e ajudei a levar tudo pra sala, comemos enquanto assistíamos, e pra melhorar o meu dia, era o episódio em que a Pussey morria que droga eu já estava aos prantos.

-Não tinha uma coisinha mais feliz pra assistir não?- Disse secando as lágrimas e tentando parecer divertida.

-Desculpa amigs, eu não sabia que ela morria nesse episódio.- Pelo nariz vermelho, pude ver que ela chorou também.- Mas, agora é hora de ficar gostosa meu amor, vamos badalar.- Falou sorrindo e me dando um beijo na bochecha, sorri junto.

Demoramos uma hora e meia para ficarmos prontas, Camila vestia uma calça jeans colada, uma blusa branca com alguns detalhes em preto que caía lindamente sob seus ombros, nos pés um salto preto um tanto discreto. Eu vestia uma saia preta curta e colada ao corpo, e um cropede branco que deixava a mostra parte de minha barriga. Assim que terminei de me maquiar, reparei que Camila estava me observando com um sorriso um tanto malicioso, não estranhei, éramos assim mesmo, meio que nos provocávamos o tempo todo, mas sempre nos respeitamos. 

-E aí, tô gostosa? Dá pra me levar pra balada?- Falei com um sorriso largo e desfilando em sua frente, enquanto sentia seus olhos descerem pelo meu corpo.

-Eu levava você pra balada, te dava uns pega, e ainda saia de mãos dadas contigo, sua linda!- Falou rindo e vindo até a mim.- Vamos tirar uma foto, Keana vai ver o que está perdendo.- Falou me levando até ao espelho maior qe tinha em seu quarto.

Fizemos várias selfies, por fim, ela me abraçou por trás e pediu para que eu tirasse a foto, em seguida sussurrou em meu ouvido, me fazendo arrepiar novamente, droga, essa vadia sabia que eu era sensível com o pescoço, fazia essas coisas de propósito.

-Vamos tira “A Foto” agora meu amorzinho, Keana vai se roer.- Falou rindo, em seguida plantou um beijo em minha bochecha e eu tirei a foto. Ela pegou o celular, olhou e disse.

-Perfeita, vou postar agora.- Falou com um sorriso largo.

-Amigs, deixa de treta.- Falei rindo também.

Chamamos o táxi e saímos, ela ainda não havia me dito para onde íamos, mas quando o táxi parou, percebi onde estávamos, era um barzinho muito charmoso de frente pra praia, e era dia de música ao vivo, ela sabia que eu adorava música de barzinho. Pagamos a corrida e descemos, ela fez questão se segurar minha mão, nós costumávamos andar assim algumas vezes.

Hoje eu quero encher a cara, cê vai ter que me cuidar amigs...- Sorri sapeca enquanto o garçom deixava uma cerveja e uma caipirinha na mesa.

-Pode beber, hoje eu deixo, mas só hoje viu?- Ela sorriu e tomou um gole da sua cerveja, fiz o mesmo com minha caipirinha. Foi a noite toda assim, eu perdi as contas de quantas caipirinhas tomei, mas não estava bêbada ainda, só estava alegre, Camila não bebeu tanto, ela era mais forte que eu para bebida, só estava um pouquinho alegre também. Reparamos que faltavam cinco minutos para meia noite e o bar logo fecharia, pedimos a conta e saímos.

-E ai, vamos chamar um táxi pra casa?- Falei enquanto andávamos pela orla.

-Vamos pegar um táxi sim, mas ninguém aqui vai pra casa meu amor, só chegamos em casa depois que o sol raiar.- Falou isso e me puxou em direção ao táxi que estava parando próximo a calçada, ela já havia chamado um, eu não fazia ideia de onde iríamos. Descemos do táxi e eu já sabia onde estávamos, uma boate gay onde ela havia me levado uma vez em seu aniversário.

-Meu Deus, Keana vai surtar...- Nem me deixou terminar a frase, segurou minha mão e praticamente me puxou para dentro.