História Minha Primavera - Primeira Lembrança

Por algum motivo, aquele estranho garoto que eu conhecia há pouco tempo, estava rindo de algo extremamente bobo que falei sem a intenção de ser engraçada. O mais surpreendente, era que sua risada era verdadeira e, apesar de muitos estarem olhando para nós por conta da sua risada alta, eu só conseguia enxergar você.

— Você é engraçada, Brina. — De repente você diz, me deixando desarmada.

As suas palavras não possuíam nem um pingo de falsidade, por isso senti uma enorme vontade de chorar, afinal foi a primeira vez que falaram isso para mim de forma sincera. Mesmo que estivéssemos sentados, minhas pernas estavam tremendo, mas esse tremor não se comparava ao terremoto de magnitude dez que estava acontecendo no meu coração.

— Claro que não! Você que é bobo demais, Lipe. — Foi tudo o que eu consegui dizer.

Aproveito que a nossa séria discussão de sim e não estava a todo vapor e tento organizar minhas emoções. Como alguém que acabo de conhecer tem tamanho poder sobre mim?, questiono em pensamento. Eu não havia dito nada demais e você não havia respondido nada demais e, ainda assim, aquela reação significou algo incrível para mim. Por que?, penso e encaro seus olhos. Ah! Porque foi a primeira vez que eu realmente me senti engraçada de verdade… porque foi a primeira vez que alguém riu desse jeito por minha causa.

— Brina? — Você me chama.

— Hmmmmm? — Respondo, ainda encarando seus olhos e sem notar que aquela nossa discussão havia sido interrompida por mim.

Os olhos dele parecem duas jabuticabinhas, penso. Eu nunca tinha comido jabuticaba, mas, por algum motivo, só por ser algo que remetia a você, parecia ser bom.

— Você está bem? — Você me pergunta, quebrando meu devaneio.

— AH, SIM! — Grito, mas me lembro da nossa discussão e corrijo: — Quer dizer, NÃO!

— Mas o quê? — Você diz e solta uma risada.

Ah, lá está! A risada por minha causa!, comemoro em pensamento. E antes que eu pudesse explicar que aquele não era uma forma de continuarmos nossa discussão, você coloca a mão na minha cabeça e diz gentilmente:

— Você é meia louca.

— Só um louco reconhece outro louco. — Rebati, bufando.

Começamos outra discussão. E, bem ali, naquele banco de escola meio velho, eu comecei, inconscientemente, a te amar.