1. Spirit Fanfics >
  2. Miraculous: Dragons >
  3. Capítulo VI

História Miraculous: Dragons - Capítulo VI


Escrita por: SKChoo

Notas do Autor


Gente... Não é possivel que se passou 2 anos desde o ultimo capitulo. Como assim?
Eu estou completamente convencide que perco noção do tempo e peço imensa desculpa.
VOU TENTAR atualizar mais rápido.

Espero que gostem.

Capítulo 7 - Capítulo VI


Eu me lembrava perfeitamente daquela rua, como se ainda ontem tivesse passado por ali. Eu o fizera, tantas vezes no passado. Foi ali, que eu cresci junto dos meus pais biológicos. A pequena rua nas extremidades de Levadieu, um pouco longe do centro. Jamais imaginei voltar aqui, não depois de tudo o que aconteceu.

Depois da destruição da vila, ela nunca foi reconstruída. Não havia necessidade já que não havia outros sobreviventes além de uma criança que seria adotada por alguma família que já tinha uma vida. Não seria justo para essas pessoas terem de se mudar só para o conforto de uma criança tão pequena que esqueceria daquele lugar com o tempo.

Mas eu nunca esqueci. Nem mesmo por um segundo.

Olho ao redor, observando as casas daqueles que foram os meus vizinhos, estranhamente silenciosas. Eu ainda me lembro perfeitamente que esta rua sempre tinha sido viva e barulhenta, com as crianças brincando umas com as outras e os vizinhos contando uns aos outros as mais recentes fofocas. Mas hoje, estava vazia, como se tivesse sido abandonada.

Eu começo a caminhar, lentamente, em direção à rua principal que me levaria diretamente ao centro da vila. Como eu consigo pensar por mim mesma e me mover à vontade, não é uma memória. Possivelmente, mais uma vez, eu estava a sonhar com o passado. Ainda ontem, eu sonhei com o futuro e agora, estava no passado. Meus misteriosos poderes realmente pareciam gostar de brincar comigo, aparecendo do nada.

- Vamos logo, está na hora do festival. – Vozes familiares me despertam dos meus pensamentos. Eu nem sequer tinha reparado que tinha alcançado a rua principal, perdida insultando os meus poderes. Observo ao redor e vejo Madame Richard com seu filho caminhando com pressa em minha direção. Não tenho tempo para tentar evitar o impacto, mas os dois me atravessam como se eu fosse um fantasma. Bom, de certa forma, eu começo a pensar que sou. – É quase meio-dia. Eu avisei que devíamos ter saído mais cedo.

Madame Richard era um dos membros governadores de Levadieu. Uma senhora gentil, que adorava distribuir doces pelas crianças da sua vila. Seu filho era o jovem mais cobiçado pelas mulheres solteiras. Pena que ele nunca encontrou uma noiva, até morrer esmagado pelos escombros da própria casa.

Eu agora entendo porquê que as ruas estavam tão silenciosas. Era o Festival do Solstício de Verão. Toda a gente se reunia no centro da vila, ao redor de uma fogueira, para comemorar o dia mais longo do ano. Segundo as lendas, era o dia onde a própria vida viajava com o vento carregando a bênção do Grande Dragão Vermelho da Criação.

Mas este evento fora especial. Porque foi o último que Levadieu tentou comemorar, antes de ser devastada.

Para ser honesta eu não me lembro muito bem do dia. As memórias eram confusas e desfocadas, mesmo que eu me lembrasse dos dias anteriores com perfeição. Como se a minha mente não quisesse se recordar daquele dia com precisão. Eu só me lembro de acordar, ter um pequeno-almoço cheio de alegria e risadas e então… Chamas e aqueles misteriosos olhos verdes.

Pela primeira vez desde que a visão começou, eu hesito, a dor no peito só aumenta e meus olhos se enchem de lágrimas. Eu realmente não tinha vontade de ver com os meus próprios olhos, mais uma vez, a destruição da minha vila natal. Mesmo que eu não me lembrasse e só tivesse despertado durante o ataque, eu não queria rever toda a destruição. Uma vez já tinha sido o suficiente.

Mas ao mesmo tempo, eu queria descobrir o porquê. Teria de haver uma razão, certo? Aquele maldito dragão não era tão maldito assim. Certo?

Com passos trémulos, eu me obrigo a continuar, em direção ao centro. Em direção ao coração das festividades. Em direção à origem dos meus pesadelos. O medo crescia com cada passo, mas eu obrigo as pernas a continuar. Eu me obrigo a continuar mesmo querendo correr na direção contrária e nunca olhar para trás.

Eu paro, quando vejo a ligeira curva. Depois da curva, eu veria a enorme fogueira e as pessoas dançando ao redor da mesma. Já posso até ouvir a música e as risadas. Rezas antigas, que tinham sido mantidas por gerações, eram carregadas pelo vento. Poderia ver a minha família? O meu pai e minha mãe que me tinham criado com tanto amor. Eu amo Sabine e Tom, mas…

Eu tinha saudades. Muitas. Eu realmente queria ver tudo, apenas mais uma vez, antes que aquele Dragão…

Eu não vejo a fogueira, nem as pessoas, quando faço a curva. Na verdade, eu não vejo mais nada. Eu apenas vejo… Escuridão. Um manto negro me rodeia, como se envolvesse toda a vila e afastasse o som. De certa forma, eu sentia que já não estava em Levadieu. Para ser honesta, eu sinto que já não estou em lado nenhum. O vazio preenche tudo, junto da escuridão.

Olho ao redor, vendo apenas mais escuridão. Onde…? Num impulso, olho para mim mesma e noto que ainda posso ver o meu próprio corpo. Se eu estivesse na escuridão total, eu não conseguiria ver nada. Ou seja, eu estava brilhando de leve. Não o suficiente para iluminar o lugar, mas o suficiente para não ser devorada pelas sombras e desaparecer. Melhor que nada.

Uma risada ecoa nas minhas costas, fazendo calafrios percorrerem a minha espinha. Uma risada que eu posso jurar que já ouvi antes. Sinto que algo vem em minha direção, fazendo o local estremecer com cada passo. Algo grande. Muito grande.

Pronto… Era agora que eu morreria. Num sonho. Tinha sobrevivido ontem só para encontrar o meu fim, aqui. Que vida.

Eu me viro, lentamente. Tentando me manter forte, mesmo que o meu coração batesse tão rápido que eu tinha a certeza de que a criatura que se aproximava podia ouvir. Mas mesmo assim, eu enfrentaria a morte de frente. Eu podia morrer, mas ao menos faria os meus pais orgulhosos por eu ter morrido lutando. E com isso em mente, eu termino a volta, dando de cara com mais escuridão.

O quê? Estaria eu a imaginar tudo?

A resposta veio em forma de ar quente que percorre o meu corpo me fazendo estremecer mais uma vez. Não, eu não tinha imaginado. Genial.

- Já faz muito tempo que alguém tentou falar telepaticamente comigo. – Uma voz grossa ressoa na escuridão. Para meu horror, vejo duas fileiras de dentes brancos aparecer num sorriso macabro. Enormes dentes. Eu realmente não queria ver o quão grande era a criatura que estes dentes pertenciam. A morte não será indolor.  – E faz muitos mais ainda que alguém conseguiu. Olá.

E a última coisa vejo antes de tudo ficar escuro, são os olhos verdes elétricos daquela criatura enorme.

(…)

Abro os olhos, encarando o teto. Ou o que eu acho que era o teto. Ainda deve ser de noite, já que tudo permanecia escuro. Muito escuro. Solto uma risada baixa, uma risada de desespero. Eu realmente tinha acabado de sonhar com o que eu acho que sonhei? Queridos poderes, vocês estão brincando comigo?

Suspiro, aliviada de ter acordado. Viverei por mais um dia. Me sento, estranhando não sentir o final da cama e encontrando mais escuridão. Ok… Ainda podia ser noite, mas o meu quarto tinha sempre sido tão escuro assim? Onde estava a lua para iluminar as silhuetas?

- Acordaste, bela adormecida? – A voz que eu tinha ouvido mais cedo volta, ao mesmo tempo que olhos verdes surgem à minha frente. A criatura parecia estar deitada, pela forma que seus olhos permaneciam mais baixos que antes. Eu não podia dizer ao certo, já que eu não consigo ver o resto do corpo, mas algo me diz que eu estava certa. E algo me diz que eu vou ter um ataque cardíaco em breve.

- Você… - Tento falar, mas o tremor não me deixa. O que estava a acontecer? Porquê que eu estou ali na frente… Eu juro que quando acordar, eu vou me livrar destes malditos poderes.

- Eu…? – A criatura pergunta calmamente, me desafiando a continuar. Ao menos eu interpretei dessa forma.  – Vamos lá, Marinette Dupain-Cheng… Quem sou eu?

- Como é que você sabe o meu nome?  - A dúvida saiu mais rápido do que eu pude conter. Nem mesmo o medo que se agarrou a cada uma das minhas células pode impedir a questão, como se fosse mais forte. Eu podia estar a morrer de medo, mas a curiosidade é mais forte. Eu admito.

- Diz o meu nome e eu responderei a essa pergunta. – O ser fala, depois de uma risada baixa. Parecia que ele estava se divertindo me desafiando. Me empurrando para os limites e além. Eu o odeio ainda mais.

Eu paro, em silêncio, não sabendo como continuar. Eu sabia o que estava na minha frente. A minha alma gritava o nome dele, assim como a escuridão o venerava. Eu apenas não entendia como ou o porquê de eu estar ali. Já não tinha sofrido o bastante durante a minha curta vida? Ainda ontem eu…

Como se tivesse esperando, o ser volta a fechar os olhos, permanecendo em silêncio. De certa forma, eu sabia que nenhum dos dois iria a lado nenhum até eu o dizer.

- Você… - Eu tento, lutando contra o tremor que faz a minha voz fraquejar. Eu posso até ser corajosa nos meus pensamentos, mas eu não consigo. Eu quero chorar e implorar por perdão e piedade. E tudo piora quando olhos verdes voltam a aparecer, focando em mim. Eu tinha toda a sua atenção cravada em mim, lendo a minha alma. – Você é… - A criatura espera, não me apressando, mas também não me deixando escapar. Um ser paciente, mas impiedoso. Respiro fundo e só solto tudo de uma vez, para poder ser livre. – O Grande Dragão Negro da Escuridão.

CONSEGUI. Mesmo que estivesse quase chorando. A criatura, ou melhor o Dragão, ri mais uma vez. Baixo, lento e sombrio. Ele realmente estava a ter algum tipo de prazer sádico em me torturar daquela forma. Porquê eu?

- Sim… Esse é o título que me chamam. Prazer em te conhecer. – O prazer era todo dele e o sorriso que ele deu mostrava que ele sabia disso, de certa forma. – E eu sei o teu nome porque eu leio as notícias, Marinette. Eu e tu somos amigos há algum tempo.

- Nós não somos amigos. – Eu mordo os lábios quando me apercebo do que acabei de dizer. Meu Grande Dragão Vermelho, eu sou muito estúpida. Eu só quero sair daqui viva e mesmo assim, só me enterro ainda mais. Se a morte vier, eu mereci. Adeus, Alya. Você foi a melhor amiga que eu já tive…

Mas para mim surpresa, ele apenas ri, como se tivesse achado graça à minha observação. Seria esse um sinal de que ele não tinha nenhuma intenção de me magoar? Eu espero que sim. Ainda sou nova e ainda tenho muitas coisas para fazer.

- Ainda estás brava por Levadieu? – Ele demanda, espetando a faca na ferida. Ele não parecia nem um pouco arrependido do que tinha feito. Bom… Eu não posso esperar que o Dragão Mau das lendas se arrependesse de algo tão “insignificante” para ele. Podia?

- Ainda? Era a minha casa. – Resmungo, esquecendo um pouco o perigo. Eu sei que devia estar encolhida de medo, sem conseguir me mover, mas eu me sentia misteriosamente à vontade. Como se tudo estivesse bem e que nós realmente fossemos amigos de longa data.

- Falar contigo é muito melhor quando não estás encolhida de medo. Ou quando desmaias. – Ele observa, como se estivesse pensando na mesma coisa que eu. Seus olhos me observam, calmamente. – Eu lamento por Levadieu, mas fora necessário.

Ele revela, me fazendo arregalar os olhos com surpresa. Ele parecia genuinamente arrependido, mesmo que antes não demonstrasse, mas ao mesmo tempo ele não parecia estar. Como se a razão pela qual ele o fez, realmente tinha sido importante. Como se ele não tivesse tido escolha.

- Como assim? – Tento fazer com que ele me diga a razão. Qual seria a razão pela qual ele destruiria uma vila inteira? E porquê que me tinha deixado viva? – E porquê que eu não…

- Se quiseres saber, terás de continuar a vir me visitar. – Ele me corta. Um tremor percorre o espaço, quando um grande baque ressoa. Se eu tivesse que adivinhar, ele tinha acabado de bater a cauda no chão. Mas como seu corpo estava escondido na escuridão, eu não podia dizer com certeza.

- Te visitar? – Como assim? Ele não tinha dito algo assim mais cedo, quando eu tinha chegado aqui? Algo como… telepatia?

- Não sei se notaste, mas nós estamos dentro da minha mente. Um lugar acolhedor, não achas? – Ele solta uma risada pelo nariz, me fazendo estremecer com o ar quente. Acolhedor? Pelo menos o Rei Negro sabia ironia. – Eu estava dormindo quando do nada fui invadido por uma luzinha vermelha. Fiquei curioso e te deixei entrar. Só não imaginava que era a minha pequena amiga.

- Nós não somos amigos. – O corto o fazendo sorrir, sarcasticamente. Sim, eu tinha esquecido o perigo completamente e ele sabia disso. – E se eu disser não?

- Nesse caso, boa sorte em tentar sair daqui. – Mal ele acaba de falar, a escuridão se torna mais ameaçadora. Como se tivesse se tornado mais espessa. Mais viva. Uma prisão invisível. – Vamos… Tenho a certeza que nos daremos bem.

- Eu não sei como eu o fiz. Não sei se o poderei fazer de novo. – Eu explico, aceitando que não tinha muita escolha. Ou eu cedia ao que ele queria, ou passava a morar dentro dele, eternamente.

- Simples. Fazes o que fizeste antes. Pensa em mim com força. – Quando é que eu tinha… Ah… Quando vi Levadieu… Acho que o meu ódio pode ser interpretado como uma forma de pensar em alguém com força. – Agora que estamos de acordo e já que aceitaste tudo de livre e espontânea vontade… - Ele realmente sabia brincar com uma pessoa. Eu realmente o odeio. – Responderei a uma das tuas perguntas. Tudo o que queiras saber.

Que generoso.

- Porquê que…

- Tudo menos Levadieu. Muito cedo. Muito chato. Muito desinteressante. – Então isso deixa de ser tudo, senhor Deus da Destruição. Mas é melhor não o contrariar quando ele parecia estar de bom humor. Eu realmente quero viver mais um dia. Mas isso não significa que eu o odeie menos.

- Quão grande você é? – Silêncio. O Dragão pisca uma, duas, três vezes. Ele parecia surpreso e sem saber exatamente como responder. Acredito que ele não esperava esta pergunta. Poucos segundos depois, o Dragão cai na risada.

- De todas as perguntas… - Ele comenta enquanto continua a rir. – Oh… Isso será divertido. Muito. Tudo bem, eu satisfarei a tua curiosidade, Marinette Dupain-Cheng.

Luz surge do nada, me cegando por alguns segundos. Se ele podia iluminar aquele lugar, porque não tinha feito mais cedo? Não era agradável falar com algo cujo só consegues ver os olhos e os dentes afiados. Abro os olhos, me habituando à claridade repentina, e se eu já não tivesse sentada, eu teria caído.

O Grande Dragão Negro da Destruição, o Rei Negro, é o maior Dragão que eu já vi ou verei na vida. Muito maior que tudo o que posso imaginar. E da posição em que estou, não consigo ver todo o seu tamanho. Eu finalmente entendi. Ele não é chamado de Grande Dragão por ser importante. Ele é chamado assim porque é a maior coisa que alguma vez verei. Só posso supor que o Rei Vermelho seja tão grande quanto.

E não importa o quanto eu o odeie e que tenha medo dele… Ele é simplesmente a criatura mais magnifica que existe. As escamas pretas fortes e brilhantes. Os músculos fortes, preparados para todo o tipo de batalha. As asas enormes, fortes e deslumbrantes.

Se eu pudesse ser um Dragão, eu queria ter pelo menos metade da beleza dele.

- Até à próxima, Marinette. – Ele se despede, batendo as asas e criando uma corrente de ar tão forte que me empurra para fora da mente dele. De volta ao mundo real.

(…)

Abro os olhos, inspirando com força. O sol bate diretamente nos meus olhos, me fazendo piscar e gemer. O que é que tinha acabado de acontecer? Tinha sido um sonho, certo? Sim. Sim eu imaginei tudo. Afinal, uma simples mestiça não tinha acabado de se tornar companheira telepática do Rei Negro, certo? Certo. Claro que tinha sido apenas um sonho. Poderes idiotas.

“Eu fiquei surpresa que ele te deixou entrar. Ele costuma ser bastante antissocial.”

Olho para a fonte da voz, vendo Tikki em cima do armário onde ela outrora estivera selada. Ela parecia à vontade, me encarando, como se tivesse à espera que eu despertasse. Ontem eu finalmente tinha aceitado os brincos e depois disso, eu tinha caído no sono, como se finalmente estivesse aliviada.

Espera aí…

- O QUÊ? - O meu berro deve ter ecoado por toda a escola ao mesmo tempo que eu me ergo da cama e corro até à Tikki. Esta suspira e balança a cabeça como se quisesse afastar o eco da minha voz. – Como assim ele me deixou entrar? Não foi um sonho?

“Marinette… Precisas aprender a ser menos escandalosa.” – O pequeno dragão me critica, se espreguiçando. – “Claro que não foi um sonho. Se fosse, eu teria de questionar a tua sanidade.” – De certa forma, eu sabia que ela estava brincando com a situação. Eu a observo, sem saber o que dizer. Eu tinha acabado de sonhar com o Rei Negro, a criatura que destruiu a minha infância. E agora, eu tinha falado com ele. Eu tinha… Contactado o Rei Negro.

Os gritos de Adrien, Tikki e Alya, chamando o meu nome, é a última coisa que ouço antes de tudo ficar escuro.

(…)

Meus dedos apertam o seu pescoço, impedindo que ela respirasse. As suas escamas laranjas, da sua transformação completa, cedendo à pressão da minha força. Seus olhos verdes-claros me olham, suplicando que eu a soltasse. O desespero e as lágrimas apenas alimentando o sentimento sádico que me comandava. Ela queria que eu parasse. Eu não o faria.

- Marinette. – Ouço a voz de Alya me chamar ao longe, mas ignoro, apertando a garota de longos cabelos castanhos contra a parede, esmagando as suas asas. Ela chora ainda mais, quando as minhas garras finalmente rompem a última camada das suas escamas e fazendo sangue escorrer. Isso me encheu ainda mais de prazer.

- Não disseste que acabarias comigo? – Eu a provoquei, zombando dela e da sua força insignificante. – Tu não passas de um lixo inútil e miserável.

Falo a afastando da parede e a empurrando para longe. Tal movimento que rasgou ainda mais os seus ferimentos no pescoço e a fez cair no chão como o pedaço de merda que ela era. Rio devagar, zombando ainda mais do seu estado, antes de levar as minhas garras à boca e lamber o sangue.

- Marinette para. Eu estou bem. – Alya tenta se aproximar, mas eu bato com a minha cauda no chão, a parando. Eu não quero ser interrompida.

- Até mesmo o teu sangue é repugnante, Lila. – Eu continuo, ignorando a minha melhor amiga e começando a caminhar em direção da morena. Lila Rossi tosse enquanto tenta se levantar do lugar onde eu a lancei. Ela leva uma das suas mãos ao pescoço, tentando conter o sangue que flui, enquanto se apoia na outra. Ela me encara com medo, como se tivesse finalmente percebido que me provocar não tinha sido uma boa ideia. – Para a próxima, eu recomendo que te metas com alguém do teu insignificante tamanho. Tenho a certeza que as formigas irão amar…

Sou interrompida quando Adrien se coloca entre nós, me impedindo de continuar o meu caminho. Ele cruza os braços, mas permanece totalmente relaxado, como se eu não fosse uma ameaça. As minhas asas tremem, quando o sentimento de o provar errado percorre o meu ser. Eu queria que ele me temesse. Segurando essa vontade, eu paro o meu caminho e o encaro.

- Ótimo. Consegues reconhecer as pessoas. Estás mais sã do que eu estava à espera. – Seus olhos brilham, deixando a parte verde dominar, enquanto a pupila se fecha em fenda. Como se ele soubesse da minha vontade e estivesse preparado para o desafio.

- Vamos, Adrien. Tu sabes que eu não sou a má da fita. – Eu falo, abrindo um sorriso sarcástico, nem um pouco arrependida do facto que eu quase arranquei a cabeça de uma das minhas colegas. Bom… Nunca é tarde demais. Eu só preciso tirar o loiro do meu caminho.

- É um pouco difícil de acreditar nisso com tudo o que aconteceu, Marinette. – Ele responde, negando com a cabeça. Ele observa a morena atrás dele, aos seus pés, antes de voltar os seus olhos novamente para mim. Me observando. Garantindo que eu ficava afastada.

- Ela mereceu. – Eu ronrono, rindo novamente. A minha risada soando demasiado macabra, demonstrando que eu não sentia nenhum arrependimento e que se ele não tivesse interferido, eu teria acabado com ela.

Desta vez, Adrien não responde. Ele continua me observando, como se tivesse considerando o que fazer a seguir. De repente, tudo congela. Como se tudo fosse um filme e alguém tivesse colocado em pausa. Meu corpo brilha em vermelho, me permitindo mover novamente. Olho ao redor, vendo rachaduras surgirem de todos os lados, partindo o cenário.

- Adrien… - Eu o chamo, voltando a olhar para ele, seus olhos me encaram, perdidos e de certa forma, tristes. – Não faças isso. Mudar o futuro apenas piorará as coisas. Haverá consequências.

- Tudo bem… Eu as pagarei. – Ele sorri, tentando me confortar. Mas em vez disso, apenas enche o meu coração de dor.

- Adrien… Não podes me proteger para sempre. – Lágrimas escorrem dos meus olhos quando me aproximo dele. Ele me encara, seu sorriso se fechando, mas antes que eu pudesse o alcançar, o mundo se quebra em milhares de pedaços.

(…)

Mais uma vez, abro os meus olhos, incomodada com a luz que estava a ser enfiada diretamente nos meus olhos. Desta vez, literalmente.

- Oh… Ela acordou. – Ouço uma voz feminina dizer quando a luz desaparece. Pisco alguma vez para me adaptar, vendo que estou de volta à enfermaria. A enfermeira, que eu não me lembro do nome, guarda a lanterna no bolso. Eu me ergo da cama, confusa de como vim parar aqui. – Tu desmaiaste esta manhã e bateste com a cabeça. A tua companheira de quarto achou melhor te trazer aqui. – Ela explica vendo a minha confusão. Eu agradeço acenando.

“Francamente, Marinette. Que susto.”

A Dragonesa Kwami aparece do nada à minha frente. Seus olhos azuis me julgando como se a culpa fosse minha. Eu sei que para ela é completamente normal e que o Rei Negro é alguém que ela deve respeitar e venerar, mas ela não pode esperar o mesmo de mim. Ele destruiu tudo que eu amava e ainda amo. Eu não estou ok tendo de falar com ele.

- Obrigada, doutora. – Agradeço a enfermeira, ignorando o mini dragão que bufa e se deita nos meus ombros.

- De nada, Mademoiselle. A senhorita está livre para ir.

Eu aceno, agradecendo mais uma vez antes de me levantar da cama. Rapidamente, eu saio daquele lugar que me recordava do que tinha acontecido ontem. Certo… As minhas mãos já não estavam limpas… A minha vida nunca voltaria ao normal… Certo?

"Apenas se não quiseres que ela volte, Marinette."

Eu encaro Tikki que me enchia de conselhos e sugestões. Seus olhos me encaram de volta cheios de sabedoria e conhecimento, como se ela tivesse uma solução para tudo. Se ela era a Dragonesa Kwami da Criação, ela devia ser tão velha como o Rei Vermelho. Então sim, ela devia ter o conhecimento para tudo.

“Hey! Eu não sou assim tão velha!”

Tikki reclama nos meus ombros, me fazendo rir de leve. Ela bufa, claramente não achando graça ao facto de estarmos a falar da sua idade. Continuamos a falar calmamente enquanto eu caminho pelos corredores, indo em direção ao refeitório. Todos os alunos estavam nas aulas, então eu poderia ir comer qualquer coisa sem os olhares me julgando.

Certo… Eu não queria ver os olhares. Eu não queria ver o que eu era… Um monstro.

“Marinette…”

O Dragão não consegue terminar a sua frase porque logo chegámos ao meu destino e paramos. Adrien está sentado numa mesa com Mestre Fu, falando de algo enquanto bebericam as suas bebidas. A mesa está cheia de comida, como se fosse alimentar um grande grupo de pessoas. Ambos me encaram quando eu chego e algo me diz que ambos estavam à minha espera. Tal sentimento é confirmado quando Adrien me faz sinal para me sentar com eles. Obedeço, sem saber o que fazer.

Plagg logo começa a aborrecer Tikki, a chamando de nomes fofos o que claramente a enervou que o começou a perseguir. Wayzz logo se junta a eles, como se fosse a brincadeira mais divertida no mundo. Eu encaro os dois em silêncio… A pressão era tanta que ninguém se atrevia até em respirar fortemente. Adrien me serve com um pequeno-almoço carregado e logo eu percebi que a comida toda era para mim. O exagero…

- Bom dia, Marinette. Como te sentes? – Mestre Fu é o primeiro a quebrar o silêncio, me encarando com preocupação. Seus olhos não tinham nenhum julgamento ou critica, apenas compreensão. Se toda a gente pudesse me olhar assim… Eu apenas aceno de leve, sem puder responder verbalmente. De certeza, que a minha voz falharia. – Eu entendo que os eventos de ontem te chocaram e… magoaram bastante. Por isso é que eu… Nós achámos melhor ter uma conversa contigo.

Mestre Fu encara Adrien que apenas assente antes de me encarar e sorrir tristemente. Como o Dragão Supremo Verde não há nenhum julgamento em seus olhos, apenas preocupação. Eu não vejo nem sequer pena em sua expressão como se ele fosse incapaz de insultar dessa forma.

- Eu sei o que estás a pensar, Marinette… - O loiro começa calmamente, enquanto me incentiva a comer. Eu ainda não tinha tocado no prato. – E nós queremos dizer que tu não fizeste nada de errado.

O encaro com uma expressão confusa e um pouco chateada. Como assim eu não tinha feito nada? Eu matei alguém! Eu o tornei num monte de cinzas… Ele interrompe os meus pensamentos ao erguer a mão, como se ainda não tivesse terminado de falar.

- O Dragão de ontem era Iss, um Dragão Puro-Sangue do Gelo. – Arregalo os olhos com a informação. Um Puro-Sangue? 100% Dragão? Espera um segundo… Eu tinha estorricado um Dragão completo? – E ele é… Ou melhor era parte de um grupo terrorista criado pelo Papillon. – Papillon? Esse nome era familiar. O homem não tinha dito algo como…

“Papillon manda os seus cumprimentos.”

Arregalo ainda mais os olhos e Adrien assente como se confirmasse os meus pensamentos antes de continuar.

- Quando foste salva de Levadieu, eu revindiquei guarda sobre ti. Uma guarda que eu não revoquei até hoje. E depois do que aconteceu, não pretendo revocar. – O encarei sem entender. O que significava revocar guarda?

- De uma forma simples de entender, tu és uma das posses de Adrien. – Mestre Fu o interrompe para puder explicar, percebendo que eu não tinha compreendido. – Não de uma forma negativa, ele não tem nenhum controle sobre ti ou o que fazes, mas até chegares à idade adulta tu estás sobre a guarda dele. Dragão fazem isso quando não querem outros Dragões se metendo onde não são chamados.

- Dragões são criaturas muito curiosas. – O loiro assente, agradecendo ao Mestre Fu. – Eu não queria que eles te perseguissem todos os dias, curiosos. – Ele dá de ombros. – Obviamente isso vem com um monte de regras e a pena para muita delas é a morte.

Eu prendo a minha respiração, finalmente percebendo onde ele que chegar. Dragão são criaturas práticas. Ninguém se importa com o que faz o quê, desde que esteja feito. E quanto mais cedo melhor, pois eles não tinham tempo a perder. Ninguém me julgaria porque eu matei um Dragão, porque ele iria morrer de qualquer forma depois de ele ter quebrado as regras quando ele colocou as mãos em mim.

- Exato. – Adrien confirma os meus pensamentos. – Ele iria morrer de qualquer forma. Mas isso não é a razão pela qual ninguém te pode julgar, Mari. – Eu o encaro. – O que ele tentou fazer… É imperdoável. Tu só te tentaste defender.

Eu me encolho de medo, me lembrando do que ele tinha tentando me fazer comigo. Eu conseguia sentir a sensação fantasma das mãos de Iss percorrendo o meu corpo. Eu sinto nojo, o que me causou tomar quase dez banhos no dia anterior. Esfregando a pele até ela ficar vermelha e sangrar. Alya teve que literalmente de me arrastar para fora do chuveiro.

A sensação desaparece quando eu sinto um calor na minha mão. Mestre Fu a agarrava com as suas frágeis mãos. Eu esperei uma sensação de repulsa que me assombrava desde ontem, uma sensação que surgiu quando Nino tentou me abraçar. Mas nada vem. Tudo o que sinto é o calor e a compreensão.

- Nós estamos aqui por ti, Marinette. Nós muito estamos orgulhosos. – Eu deixo as palavras percorrerem o meu ser, enchendo os meus olhos de lágrimas.

(…)

Mesmo assim, desde que me trouxeram para o quarto, eu não sai da cama.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...