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História Miraculous season 2- Amor à prova - Triste canção


Escrita por: CrisAgreste

Notas do Autor


Boa tarde pessoas lindas! Segue mais um cap feito com muito carinho pra vcs! Boa leitura!

Capítulo 17 - Triste canção


Fanfic / Fanfiction Miraculous season 2- Amor à prova - Triste canção

“Sem você me sinto quebrado
Como se fosse a metade de um todo
Sem você não tenho nenhuma mão para segurar
Sem você me sinto rasgado
Como um barco de velas na tempestade
Sem você sou apenas uma música triste”
Trecho Sad Song – Música triste (We the Kings ft. Elena Coats)

 

 

Após uma noite mal dormida, Adrien dispensou o café da manhã e desceu até a câmara subterrânea para ver sua mãe. Ele costumava visita-la todos os dias e ficava a seu lado por pelo menos uma hora. Conversava como se ela pudesse lhe ouvir. Dia após dia, contava tudo que havia acontecido na sua vida naqueles últimos anos de separação. Dentro de seu coração era como se ela o escutasse e compreendesse. As vezes até Plagg lhe falava, explanando sobre as peripécias de Adrien como Chat Noir. Todavia, naquela manhã, Adrien apenas olhava pra ela sem nada dizer. Ostentando profundas olheiras e com o rosto quase tão pálido quanto o da mãe, Adrien estava imerso em seus próprios pensamentos.
Quando estava com Amélie, seu desejo de obter o poder absoluto aumentava. Tudo que podia pensar era em vê-la acordando, os olhos, tão semelhantes aos seus, se abrindo de novo para a vida, ouvir-lhe a voz amorosa novamente. Queria abraça-la, beijá-la, conversar com ela por horas e horas seguidas e rir junto com ela outra vez. Naqueles momentos, enquanto a contemplava e desejava viver tudo aquilo de novo, Adrien conseguia entender um pouco porque o pai estava tão obcecado em conseguir os miraculous da criação e da destruição. A mesma urgência estremecia o coração do garoto ao imaginar que talvez não houvesse tempo para salvá-la. A cada dia parecia que a vida dela se esvaía bem diante dos seus olhos. Ele podia sentir, sua mãe estava morrendo. E em seu coração Adrien se debatia entre a impotência, a mágoa e a dor.

- Mãe, eu quero tanto te salvar..., Mas já não sei se sou capaz. – Suas palavras sussurradas ecoaram no silêncio. As lembranças da noite anterior ainda frescas na sua memória - O preço está sendo tão alto que não sei se posso suportar. Não sei como ele conseguiu mãe. Como meu pai conseguiu causar tanto mal, sem se importar com as pessoas... Creio que a senhora não aprovaria, mesmo sendo para te salvar. E por mais egoísta que possa parecer, para mim a pior coisa que ele fez foi me separar da Marinette. Talvez eu a perca para sempre...Talvez perca vocês duas. – Aquela possibilidade assombrava Adrien. Ele havia enveredado por um caminho que talvez lhe tirasse as pessoas mais importantes na vida.

- Sabe, ela se parece com você. – Continuou com um sorriso saudoso nos lábios - A Marinette. Não fisicamente, claro, mas por dentro. Tenho certeza que você gostaria de conhece-la. Ela também é linda como você e tão forte, inteligente, corajosa e de coração bondoso. Nós nos amávamos tanto mãe, mas agora tudo está tão confuso e eu nem ao menos sei se conseguirei recuperá-la algum dia.

Adrien fitou por mais uma vez o rosto impassível da mãe e levantou-se para sair

- Agora eu preciso ir. Permaneça forte mãe, continue lutando pela vida. Eu vou encontrar alguma maneira de traze-la de volta.   

***

Enquanto isso na casa dos Dupain Cheng, Marinette desceu as escadas e parou na porta da cozinha para se despedir da mãe. O olhar perspicaz de Sabine avaliou a filha de cima a baixo e não gostou do que viu.

- Mãe, já vou!

- Nem pensar mocinha! Você não vai sair sem tomar o café de novo.

Marinette revirou os olhos

- Mas mãe... – Sabine a interrompeu com um olhar severo e uma mão espalmada.

- Não quero discussões Marinette. Sente-se e tome seu café da manhã. Afinal, por algum milagre você levantou cedo hoje e a escola é bem aqui ao lado. Não precisa perder mais peso do que já perdeu.

A garota entrou na cozinha cabisbaixa, sentou-se à mesa e murmurou

- Sim senhora

Sabine continuou a observá-la enquanto lhe entregava uma xícara de chá e servia croissants num prato. Era visível o quanto Marinette estava sofrendo. O semblante outrora tão alegre, agora estava apático e parecia sempre haver marcas de lágrimas nas faces.

- Como você está? – perguntou suavemente sentando-se na cadeira em frente a dela.

- Estou bem mãe – foi a resposta embargada de Marinette

- Me diga qualquer coisa filha, menos que está bem, porque eu posso ver no seu rosto que não está. Já faz dias que você não come direito e pelo visto não tem dormido também, já que vem perdendo a hora de levantar quase todos os dias.

Marinette colocou na boca um pedacinho do croissant, mas achou difícil engolir

- Eu realmente não tenho dormido muito bem mãe. Mas é só uma fase, vai passar.

- Porque você não pode me dizer o que houve entre você e o Adrien? Mal pude acreditar quando a vi correndo e chorando desesperada pela casa algumas noites atrás. Ainda mais porque não sabíamos que o Adrien estava aqui.

- Mãe eu já disse que ele entrou pelos fundos para não incomodar vocês. Ele precisava conversar e não podia esperar até nos encontrarmos na escola.

- Vocês jovens pensam que tudo é urgente e que nada pode esperar. Porém eu nunca tinha visto esse comportamento no Adrien, aliás, eu o acho bem maduro para a idade. O que poderia ser tão urgente? E porque essa conversa levou ao fim do namoro de vocês filha?

Marinette perdeu o mínimo de apetite que ainda tinha. Não gostava de esconder as coisas de sua mãe. Já guardava segredos suficientes, mas não havia como compartilhar aquele, porque uma coisa levaria a outra. Por isso Marinette vinha evitando aquela conversa com Sabine. Tomou um gole de chá da sua xícara na tentativa de ganhar tempo e pensar numa resposta. Mas não havia nenhuma que fosse satisfatória.

- Não posso contar mamãe. Desculpe

Sabine notou a palidez tomar conta do rosto da filha. Franziu o cenho ao passar por sua mente uma possibilidade bem desagradável.

- Marinette, por acaso o Adrien foi desrespeitoso com você?

A garota fitou a mãe com olhar confuso

- Desrespeitoso?

- Sim Marinettte, ele... forçou a barra, como vocês dizem?

O rosto pálido da garota ficou rubro quando Marinette entendeu o que a mãe estava insinuando

- Forçou a... Não! Mãe, claro que não! Adrien jamais faria isso. – A garota suspirou e voltou a olhar o rosto impassível da mãe – Nossa, é constrangedor falar dessas coisas com a senhora sabia?

- Não vejo porque. Aposto que fala disso com a Alya. Porque não ficaria à vontade em falar comigo?

- Por razões óbvias?

- Não existem razões para não se abrir comigo Marinette. Sou sua mãe, a pessoa que mais quer o seu bem nesse mundo.

- Eu sei mãe. Sabe que eu confio na senhora e se houvesse acontecido algo do tipo que acabou de insinuar, eu mesma teria colocado o Adrien para fora desta casa e terminado o namoro. Não precisa se preocupar, não se trata disso.

- Bom, estou trabalhando em várias teorias na minha cabeça para conseguir entender porque um casal que parecia viver um conto de fadas simplesmente termina essa relação sem motivos aparentes. É no mínimo muito estranho, ainda mais porque estou vendo o que o fim desse namoro está fazendo com você.

- Eu sei, é complicado mãe. Olha só posso dizer que nós nos separamos por uma divergência de pensamentos, não queremos as mesmas coisas, estamos caminhando em direções opostas agora. Só posso dizer isso, por favor não me pressione mamãe.

Sabine não se deixou enganar nem por um instante. O termo “mamãe” havia sido pronunciado propositalmente para quebrantar o coração da mais velha a fim de cessar as perguntas. Ela sabia perfeitamente porque já havia usado daquela artimanha também. Sorriu para a filha com carinho e tomou-lhe a mão por cima da mesa.

- Está bem. Ainda acho que é um motivo no mínimo fraco para o término do namoro de vocês, mas vou respeitar seus segredos. Só quero que saiba que pode confiar em mim filha. E pode se abrir quando quiser.

- Eu sei disso mãe. Você e o papai são maravilhosos. Eu amo vocês.

Os olhos de Sabine se encheram de lágrimas. Era doloroso ver uma parte de si ter que enfrentar os problemas da vida e sofrer com eles.

- E nós amamos você. Não suportamos vê-la sofrer Marinette. E sabe o que mais? Também amamos o Adrien e temos certeza de que ele está sofrendo. Sentimos muito por isso.

- Eu também mãe. Mais do que ninguém

***

 

Os boatos corriam soltos pelo Françoise Dupont. Adrien Agreste e Marinette Dupain Cheng haviam terminado o namoro. Marinette já esperava por todo aquele alvoroço. Após aqueles poucos dias de separação a frieza entre o casal era notável. Além disso ele já estava comparecendo aos compromissos de trabalho sem ela, portanto era apenas uma questão de tempo até que chegassem aquela conclusão. A notícia de Adrien novamente solteiro era como música aos ouvidos das garotas, fossem as modelos das agências, as fãs ou até mesmo as colegas de escola. Adrien era o sonho de todas elas. Enquanto caminhava pelos corredores, Marinette percebeu o burburinho a seu redor. As pessoas não tinham a menor discrição, chegavam até mesmo a aponta-la e soltavam risinhos afetados, pelo amor de Deus! Já no pátio, ela viu uma roda de gente, a maioria garotas. E claro, no centro da roda estava ninguém menos que seu ex-namorado. Os cabelos dourados eram inconfundíveis. Marinette bufou e desviou o olhar, não precisava ficar vendo aquilo. Foi direto para a sala de aula onde encontrou Alya e Nino.

- Bom dia – cumprimentou de modo seco sentando em seu lugar

- Bom dia Mari – Alya reparou na expressão contrariada da amiga e com base no que ela mesma havia presenciado quando chegara na escola, precisou apenas deduzir o resto – Sinto muito amiga. Essas garotas parecem uns abutres!

- Está tudo bem Alya. Não me interessa, ele é livre agora.

- Ele não é livre coisíssima nenhuma Marinette! Apesar de tudo que aconteceu, eu sei que vocês ainda se amam, está na cara de ambos. Os dois estão sofrendo com essa separação estúpida isso sim!

- Concordo com a Alya em gênero, número e grau, Mari. – Nino afirmou - O Adrien só precisa de um tempo para cair na real e compreender que vocês juntos podem resolver as coisas de outra maneira, sem precisar que ninguém se sacrifique.

Marinette meneou a cabeça em negativa.

- Vocês acreditam mais na gente do que nós mesmos. Além disso, eu olhei rápido, mas o Adrien não parecia estar sofrendo nem um pouquinho Nino.

- Mari, não se deixe enganar, você sabe que ele vem jogando esse jogo há anos. Ele só está sendo gentil com essas garotas, assim como trata a multidão de fãs malucas dele. Nenhuma delas é realmente importante.

- É eu sei. A Kagami é que é. – respondeu irônica e recebeu olhares fulminantes de Nino e Alya.

Nesse momento Adrien entrou na sala e Chloe surgiu logo atrás dele. Passou por ele como um furacão e dando-lhe uma encarada, soltou

- Idiota!

Adrien parou em frente sua carteira e fitou a loira incrédulo

- Ei qual é Chloe, tá maluca?

A garota não se fez de desentendida e disparou

- Não tanto quanto aquelas sebosas lá embaixo

- Chloe... – Alya balançou a cabeça negativamente em alerta. Marinette escondeu-se atrás do tablet. Queria cavar um buraco bem fundo e se jogar nele. O que a Chloe pensava estar fazendo? Caramba!

Enquanto isso a loira com o rosto vermelho de raiva, ignorou os sinais de alerta da ruiva e prosseguiu

- Eu vou dizer tudo que está engasgado aqui. -  apontou para a própria garganta em um gesto dramático - Você é um imbecil Agreste, além de um asno, repugnante...

- Chloe! O que está acontecendo aqui? – Era a senhorita Bustier que havia acabado de entrar na sala.

Marinette afundou-se ainda mais na cadeira. Alya abraçou Chloe pelos ombros e apertou até que ouviu um gemido baixo de protesto. Sorriu para a Srta. Bustier

- Não é nada professora, foi só uma discussão por causa da festa do fim de ano. Será que posso levar a Chloe para tomar uma água? Ela está muito nervosa

A professora assentiu com um suspiro

- Tudo bem Alya. Chloe, é melhor se acalmar, ou vou manda-la para a diretoria. – As amigas saíram e um pesado silêncio caiu sobre o restante da turma. A Srta. Bustier dirigiu-se a Adrien que ainda estava parado diante da carteira com o olhar perdido – Adrien, sente-se no seu lugar. Nossa, vocês estão cada dia mais exaltados com essa festa. É melhor que se controlem! – o silêncio permaneceu. Marinette queria morrer. Sabia que todos entenderam o porque Chloe havia ficado tão exaltada. Não queria que ninguém a defendesse, muito menos que sentissem pena dela. Céus, só queria que aquele dia terminasse. A professora olhou diretamente para ela e como se pudesse ler seus pensamentos, dirigiu-se à lousa.

- Tudo bem. Vamos iniciar nossa aula.

***

- Chloe você não deveria ter feito aquilo! Só piorou as coisas

Estavam no intervalo e as três amigas conversavam em um local afastado dos demais.

- Peço desculpas Mari, mas quando cheguei e vi aquele monte de... de...

- Abutres segundo eu e sebosas segundo você – Alya socorreu

- Sim! Exato! Aquele monte de abutres em cima do Adrien e ele com aquele sorriso idiota estampado na cara, me deu muita raiva. Porque eu vi você chorar e sofrer por ele. Estou vendo na sua cara que não tem dormido direito. Ontem mesmo estávamos lutando contra um vilão que poderia ter machucado muita gente e ele estava lá, mas não fez nada, nada!

- Calma Chloe. Precisa controlar esse seu gênio querida. – Alya não resistiu e soltou uma breve risada - Você o chamou de asno, a cara que ele fez foi impagável!

- Pelo amor de Deus Alya! Quer por favor não incentivá-la? – Marinette suplicou

- Foi mal Mari, mas não posso negar que nossa amiga loirinha falou um bocado de coisas que eu mesmo queria ter dito. Quem diria hein Chloe? Você dando uma sova no Adrien em defesa da Mari. Eu vivi para ver isso!

Antes que a loira pudesse revidar, Marinette levantou as mãos para as duas pedindo silêncio. Virou-se para Chloe com o olhar sério

- Eu sei que está brava com o Adrien e Deus sabe que tem motivos para isso, eu também estou. Mas não preciso que entre na minha frente para me defender. Eu não quero isso. Vocês são minhas amigas, mas meu problema com o Adrien é apenas entre mim e ele. Não acho que todos vocês deviam acabar com a amizade, é injusto.

Alya se pronunciou

- Me desculpa amiga, mas é um tanto difícil perdoar nosso amigo loiro se ele continua fazendo papel de idiota e magoando você.

- Ele nem sequer está desmentindo o término do namoro!

- Eu também não estou desmentindo Chloe. Porque é verdade.

- Mas não pode ser, vocês se amam, pelo amor de Deus. Deve haver uma maneira de resolverem isso!

Alya fitou Marinette com um meio sorriso

- Viu? Mais uma que torce por Adrinette.

- Adri... o que?

- Olha meninas, sei que vocês querem acreditar que existe uma solução, mas não existe. Não posso dar o que ele quer. Ele não pode aceitar minha decisão. Acabou. O que tínhamos acabou. Ele parece estar seguindo em frente não é?

- Olha só porque ele inventou de ir tomar um café com aquela Kagami e agora se rodeou de... como é mesmo? Ah sim, sebosas! Não quer dizer que o amor acabou Mari. Você pode realmente olhar pra mim e dizer que não ama mais o Adrien? – Diante do silêncio de Marinette, Alya tomou a palavra - Além disso, concordo com o Nino, essas garotas não significam nada. Apesar de estarmos bravas com o Adrien, sabemos que ele não é nenhum canalha.

- Eu já não conheço mais o Adrien. – Marinette suspirou e seus olhos marejaram - Mas isso tudo não importa. Como eu disse, ele está seguindo em frente. Talvez eu deva fazer o mesmo. E vocês também. Não se preocupem comigo.

Alya e Chole abraçaram a amiga pelos ombros

- Não vamos deixar você encarar tudo isso sozinha. E faremos o que for possível para ajudar. Mesmo que seja falar umas poucas e boas para o Adrien. Afinal, é para o bem dele também. Ele não vive sem você Marinette, não percebe isso?

Marinette apenas meneou a cabeça e deu de ombros. Ela não ousava especular o que Adrien estaria sentindo por ela agora.

- Ei, alguém viu para onde foi o Nino? – Alya olhou ao redor em busca do namorado

- No mínimo está de papinho com o melhor amigo – Chloe ironizou

- Aquele traidor! – Alya exclamou e Marinette revirou os olhos. Será que ninguém a escutava? Não precisavam escolher um lado. Alya continuou falando quase que para si mesma – Mas isso não é ruim, pensando bem é ótimo! Vou arrancar do Nino cada palavra dessa conversa!

 Sem saber os planos que a namorada tinha em mente, Nino tentava remediar o clima tenso deixado pelo escândalo da Chloe

- Cara, você e a Marinette são o assunto dessa escola hoje.

- Nem me fale Nino. Já estou de saco cheio de tanta especulação

- E essa mulherada que não desgruda bro? Se atiram sobre você como moscas! Não que isso seja tão ruim assim, mas... – o moreno quis fazer piada, mas Adrien o fitou de cara amarrada

- É sério Nino? Na atual situação que me encontro não tenho cabeça pra nada disso. Existem coisas muito mais importantes para pensar. Por falar nisso, a respeito de ontem... – Ele parou quando o amigo espalmou a mão frente a seu rosto

- Olha cara, vamos fazer o seguinte. É melhor não tocarmos no assunto heróis e vilões se quisermos manter nossa amizade. Eu tenho minha opinião a respeito e ela não é nada favorável a você, mas entendo os seus motivos. O fato é que me recuso a escolher um lado no âmbito pessoal. Então enquanto tudo isso não se resolve, vamos manter nossa amizade e quando tivermos que nos enfrentar... que vença o melhor, ou seja, eu.

Adrien riu, mas ficou grato pela atitude imparcial do amigo

- Obrigado parceiro. Queria que as garotas também pensassem assim.

- Fala isso por causa do que a Chloe falou né? Olha cara, mulher pensa diferente, são mais emotivas. Além disso elas se apoiam e tem estado ao lado da Mari em todo o tempo. Tirando a parte mais complicada do problema, ou seja, seu pai ser o inimigo, poder absoluto e tal, você pisou na bola quando saiu com a Kagami e agora essa roda de garotas... A coisa tá meio feia pro teu lado, mano.

- Espera um pouco Nino. Não vem me dizer que a Marinette ficou incomodada porque sai para tomar um café com a Kagami.

- A Marinette eu não vi, mas imagino que tenha ficado chateada. Vocês tinham acabado de terminar, velho. Agora a Alya queria matar você cara, ficou uma fera. Elas são muito unidas e gostam da Marinette, todos gostamos. É difícil ver ela sofrer

Adrien sentiu-se culpado mais uma vez. Mas, droga, ele também estava sofrendo

- Eu não tenho nada com a Kagami, Nino. Só saímos porque eu precisava conversar com alguém.

- Imaginei isso mano, mas como eu disse, mulher pensa diferente.

- O que eu sinto pela Marinette não é algo que simplesmente pode ser substituído. Sou louco por ela e não desisti da gente, pelo menos não ainda.

- Eu sei cara. Não se preocupe as coisas vão se resolver.

- Preciso continuar acreditando nisso Nino. – Suspirou - Tenho saudades quando minha única preocupação era a tirania do meu pai e minhas aulas de mandarim e piano.

- Por falar nisso, você vem no encontro da banda hoje?

- Hoje? Eu não sabia que ia ter ensaio. Na verdade nem sei se ainda serei aceito caso queira participar.

- Claro que sim, mano. Você faz parte da turma e ainda é nosso amigo. Vamos nos encontrar no estúdio aqui da escola às quatro, não se atrase.

- Está bem. Vou ver o que posso fazer.

*** 

Marinette ouviu o som familiar dos instrumentos quando se aproximou do estúdio naquela tarde. A maioria do pessoal já estava lá organizando o som e afinando os instrumentos. Cumprimentou à todos e foi se sentar num canto mais afastado a fim de poder observar a movimentação. Lembrou-se de quando esteve ali com Adrien pela primeira vez. Precisavam ensaiar para uma apresentação no Le Grand Paris. Naquela época ainda sequer sabiam de suas identidades secretas e tampouco que amavam um ao outro em segredo. Marinette estava tão triste e confusa, mas ao vê-lo sentado no piano tentando acompanhar a melodia da música que ela cantava, todo seu mundo se transformou e pareceu se encaixar. Eles haviam criado uma canção naquele dia. A letra que ela sonhara se uniu a melodia que ele extraíra de seu interior e “In the rain” nasceu ali, criando uma conexão ainda maior entre eles. Como sentia falta dele, pensou, voltando ao presente. Se ele estivesse ali com certeza estaria cercado pelos amigos que pediriam sua opinião e ajuda para quase tudo. Ele lideraria o ensaio. Adrien sempre fora uma presença marcante, que todos gostavam de ter por perto. Ele se divertiria imensamente e escolheriam as músicas juntos. Mas agora ela teria que fazer isso com outra pessoa.

- Sou capaz de dar duas moedas pelos seus pensamentos dessa vez!

Ela sorriu de forma espontânea ao levantar a vista e deparar-se com Luka de pé bem na sua frente

- Continue tentando Coufainne

Ele riu e sentou-se no banco ao lado dela

- Juleika pediu para pegar o repertório com você.

Marinette olhou para o celular onde havia feito as anotações. Depois de escolher algumas músicas com Adrien e ter acrescentado outras no primeiro ensaio da banda, ela não havia mais escolhido nenhuma.

- Estou tendo um pouco de dificuldade na verdade

- E eu posso ajudar? – Luka ofereceu esticando a mão para pegar o celular de Marinette. A garota hesitou por um momento, mas acabou entregando-lhe o aparelho.

- Está bem, dá uma olhada

Ele analisou as músicas com atenção

- Está ficando muito bom. Faltam algumas mais lentas, não é?

- Sim. Justamente com essas estou tendo dificuldades

- Hum... Isso quer dizer que não é uma garota romântica?

- Eu sou sim! – ela riu, porém logo seu olhar vagou pelo estúdio buscando alguém que não estava ali – Mas não tenho tido muita oportunidade de ser romântica ultimamente.

- Sei... – Luka fitou o rosto expressivo e os olhos azuis que vagavam pela sala - Que tal Thousand Years? – Ele começou a tocar a introdução da música ainda com o olhar preso em Marinette e o que viu em seguida o fez se arrepender daquela escolha. Imediatamente a expressão da garota mudou de uma leve melancolia para uma tristeza profunda. Com certeza aquela canção a marcara de alguma maneira. O que Luka não sabia era que naquele momento a mente de Marinette a levou para um outro lugar, em outro tempo. Mais precisamente o baile no hotel Le Grand Paris. A primeira dança com Adrien, um beijo, palavras sussurradas, um amor tão doce e fresco, inocente. Parecia que havia sido em outra vida e não há dois anos. Ela engoliu seco e sem pensar pôs a mão nas cordas da guitarra, impedindo que Luka continuasse

- Não! Eu não quero essa... – Diante do olhar indagador de Luka, ela pigarreou sem graça e vagarosamente tirou a mão das cordas da guitarra – Eu... acho que ela está muito batida – Levantou os olhos e cravou no rosto do amigo - Além disso ninguém pode amar por mil anos, não é?

Luka havia feito o “dever de casa”. Mesmo sem compreender porque a linda jovem de marias-chiquinhas havia mexido tanto com ele, tinha cercado sua irmã numa tarde e a feito contar tudo sobre Marinette. E mesmo a contragosto Juleika havia lhe dito o suficiente para que ele tirasse algumas conclusões. Sabia que Marinette estava namorando o rico e famoso modelo Adrien Agreste e subitamente haviam terminado. Apenas os amigos íntimos de ambos pareciam conhecer o real motivo do fim do relacionamento. Porém Juleika havia lhe dito que achava muito estranho porque eles haviam demorado muito para finalmente assumirem que se amavam e após dois anos de relacionamento terminarem de forma tão abrupta. Juleika também lhe contara que Marinette ficou muito mal com o fim do namoro porque era muito apaixonada pelo modelo. Luka podia ver isso na face de Marinette naquele momento. Ela estava sofrendo. Sua reveladora expressão demonstrava o quanto. Luka teve dificuldades em assimilar o intenso instinto de proteção que se apoderou dele. Queria tomar Marinette nos braços e leva-la para algum lugar isolado onde ela pudesse liberar toda aquela dor que estava no fundo dos olhos. Pigarreou e tentou se concentrar numa resposta para a pergunta que ela havia feito.

- Hã... eu não saberia dizer. Nunca me apaixonei e nem vivi por mil anos. Mas quero acreditar que quando acontecer ele possa durar tanto quanto durar meu folego de vida.

- Espero que não tenha que descobrir. – Quando ela percebeu que suas palavras poderiam ser mal interpretadas, tentou consertar - Quero dizer... é claro que espero que você se apaixone algum dia... hã... mas espero que não precise descobrir se ele vai durar, porque você terá certeza que ele vai durar não é? – ela se atrapalhou com as palavras e enrubesceu – Desculpe. Eu não sei o que estou falando.

Ele riu e puxou delicadamente uma de suas maria chiquinhas

- Você é uma figura Marinette. Espero que meu primeiro amor seja por alguém assim tão especial como você.

Ela ficou ainda mais vermelha

- O que...? – Antes que ela se recuperasse do constrangimento e pudesse assimilar aquela última declaração dele, alguém gritou

- Ei Luka, Mari, vamos começar!

 

A música era um presente para Marinette. Ela podia fluir em uma canção deixando-se levar por ela e esquecer seus problemas, suas dúvidas e dilemas ou simplesmente se entregar de tal maneira à fazer da canção uma válvula de escape para esvaziá-la das fortes emoções que a acometiam. E foi exatamente isso que ela fez enquanto solava Sad Song, sem notar que seus profundos sentimentos vinham à tona e sublimavam sua maneira de cantar, fazendo com que todos que a ouviam, em especial Luka Coufainne, ficassem encantados.
Na primeira vez que Luka ouvira Marinette, ele avaliou tecnicamente a voz da garota e achou que era muito boa, limpa e afinada. Uma voz que parecia ser suave, mas que também se mostrara forte e potente dependendo da canção. Ele achou muito promissor na ocasião. Mas agora estava perplexo com toda a performance da garota. Não havia reparado na intensidade que ela deixava transparecer e tampouco na forma como ela parecia colocar o próprio coração na voz. E mais uma vez ele especulou porque Marinette tinha aquele efeito tão avassalador sobre ele. Estava bastante impressionado com ela, o que o fez tocar a guitarra de uma maneira que nunca havia tocado, como se ele tentasse alcança-la de alguma forma e compartilhar a intensidade daquelas emoções em meio à música.
O ensaio foi um grande espetáculo. O pessoal ficou animado e cheio de expectativas para o próximo encontro. A banda estava se solidificando, estavam criando uma afinidade incrível. Mas havia apenas um problema. Eles ainda não tinham um tecladista. Ninguém tinha coragem de perguntar, mas todos sabiam que Adrien e Marinette haviam terminado o namoro e que provavelmente Adrien não iria mais participar da banda.

- Deveríamos esperar mais alguns dias. O Adrien faz parte disso. – Nino pontuou, mas Alya o fez calar com uma cotovelada e um olhar mortal.

Todos se despediram e Marinette estava pronta para sair quando Luka a chamou

- Ei Marinette, posso falar com você um minuto?

- Claro – ela aquiesceu e Luka a tomou pela mão. Voltaram a sentar-se no banco no fundo do estúdio onde estiveram mais cedo. Luka continuou segurando a mão de Marinette enquanto falava

- Eu nunca vi ninguém cantar como você. Não é apenas uma voz maravilhosa, é mais do que isso. Dizer que fiquei emocionado seria pouco, “fiquei estarrecido” acho que define melhor como me senti. – Ele fez uma pausa, um pouco sem jeito – Eu... Queria fazer um dueto com você. Uma música que está na minha cabeça há alguns dias... Você topa?

Marinette ficou um pouco surpresa com aquele pedido inesperado de seu mais novo amigo.

- Nossa Luka, me sinto lisonjeada, você toca muito bem também e... claro, podemos fazer um dueto, porque não?

Ele não escondeu sua alegria diante da aquiescência dela. Estava empolgado

- Ótimo. Olha só essa melodia, é mais ou menos assim...

Ele começou a tocar algo suave e Marinette fechou os olhos. Ela tinha sido sincera ao falar que ele tocava muito bem. Era notável o talento dele. Luka dedilhava as cordas da guitarra de onde arrancava poesia em forma de música. Encantada com a melodia nunca ouvida antes, ela abriu os olhos e passou a observá-lo melhor. Luka tinha uma beleza exótica e muito peculiar. Os olhos eram como dois lagos de águas claras e tinham muita intensidade deixando aquele rosto com um aspecto impressionante, um rosto de anjo, foi o que pensou quando o conheceu. Desviou o olhar para as mãos que tocavam o instrumento. Mãos de dedos longos e firmes, muito habilidosas. Sua análise minuciosa foi interrompida quando a voz profunda se fez ouvir, levando-a a um pequeno sobressalto

- Terra chamando Marinette!

- Oh!... Desculpe, eu estava – Não podia dizer que estava admirando-o, pelo amor de Deus! Sentiu as faces quentes na mesma hora – Estava... viajando na canção, ela é linda!

Ele sorriu

- Obrigado. Ainda não é bem uma canção, estou trabalhando na letra sabe...

- Pois eu já gostei, mesmo que ainda só tenha a melodia. Falta muito para acabar a letra?

Ele se atrapalhou um pouco para responder, o que não passou despercebido à Marinette

- Bem... a minha fonte de inspiração estava um pouco... distante. Mas sinto que agora ela está mais perto do que nunca e logo conseguirei terminar a letra.

- É uma história de amor?

Ele ficou sério de repente

- Talvez

Ela engoliu seco diante da intensidade do olhar de Luka. Ele tinha um temperamento calmo e sereno, mas podia mostrar-se muito eloquente quando queria.

- Olha só, um romântico hein? – Ela brincou para quebrar o clima de seriedade

Luka sorriu minimamente e tomando uma de suas mãos levou-a aos lábios

- Vai mesmo cantá-la comigo? – Perguntou em um tom baixo e rouco

- Cla...claro! Vai ser ótimo.

- Você é extraordinária Marinette – Soltando-lhe a mão, ele tocou seu rosto com a ponta dos dedos. Um toque leve, mas que fez com que o pulso da garota se acelerasse – Será uma honra e um prazer fazer uma dupla com você.

- Eu... hã – Era difícil articular palavras coerentes, mas ela tentou. Porém, nesse preciso momento a porta do estúdio se abriu e Adrien entrou.

O modelo estacou assim que passou pela porta e notou o casal assentado no fundo do estúdio. Uma fúria cega o tomou ao vislumbrar um tipo desconhecido tocando o rosto de Marinette numa carícia bastante íntima para o seu gosto. Adrien precisou usar todo seu controle para não fazer algo que poderia vir a se arrepender depois. Com a voz dissimuladamente agradável dirigiu-se a dupla.

- Desculpe. Interrompo?

Marinette o fitou de olhos arregalados. O que ele estava fazendo ali? Notando a falta de reação da garota, Luka tomou o controle da situação

- Você não interrompeu. Estávamos apenas ouvindo minha nova canção e eu consegui que essa linda moça me desse a honra de cantar comigo. – Ele sorriu muito satisfeito, mas ao notar a palidez de Marinette, voltou-se para o loiro a sua frente – Você é...? Desculpe acho que não fomos apresentados.

Marinette se recuperou do choque inicial e fez as devidas apresentações antes que Adrien tivesse chance de responder

- Adrien, este é Luka Coufainne, ele é o irmão da Juleika e nosso guitarrista. Luka este é Adrien Agreste.

- Ah... – O tom de voz do guitarrista esfriou alguns graus – É um prazer conhece-lo Agreste

- Digo o mesmo – Mas não havia nenhum prazer naquele cumprimento

- Chegou atrasado para o ensaio – Luka alfinetou

- Fiquei sabendo do ensaio por acaso. Parece que esqueceram de me avisar, por isso não consegui cancelar meu compromisso, mas achei que daria tempo de pegar o finalzinho. Me enganei

- Sim, você se enganou. – Luka concordou com uma nota de duplo sentido que não passou despercebida à Adrien.

- Mas não tem problema, Marinette está aqui e eu preciso mesmo falar com ela. Podemos Mari?

Luka arqueou uma sobrancelha. Percebeu que estava sendo dispensado de uma forma não muito sutil pelo modelo. Queria ficar ali ao lado de Marinette e mandar Adrien Agreste plantar batatas, mas ao ver a mestiça assentir, entendeu que seria melhor uma saída estratégica naquele momento.

- Claro, Mari, eu preciso ir. Nos falamos depois. – Como uma última afronta, Luka mais uma vez levou a mão de Marinette aos lábios – Vamos combinar nosso ensaio para o dueto ok?

Ela apenas concordou com a cabeça. Sua mente ainda estava em frangalhos por se encontrar com o ex namorado sem prévio conhecimento. Luka passou por Adrien e o fitou brevemente com um aviso no olhar.

- Até logo, Agreste.

Adrien o ignorou e voltou sua atenção para Marinette. Ela o encarou com aqueles magníficos olhos azuis como céu de verão, as faces levemente coradas, os lábios umedecidos. Encantadora. Só um homem morto não repararia na beleza de Marinette e só um idiota deixaria de aproveitar qualquer oportunidade de ficar com ela. Adrien não era idiota e parecia que Luka Coufainne também não.  

- Mari? – Adrien perguntou sarcástico, referindo-se ao tratamento dado por Luka

- Todos me chamam assim Adrien – ela respondeu levantando-se da cadeira a fim de ficar no mesmo nível do loiro, ou quase, já que ele era bem mais alto. Mas de alguma forma precisava retomar o controle da situação.

- Os amigos mais íntimos, você quer dizer

- Luka é meu amigo agora – ela respondeu cruzando os braços

- Sério? Pois parecia mais do que isso de onde eu estava – O tom irônico de Adrien a enfureceu. Ela se agarrou a raiva para sufocar a dor

- Não seja ridículo Adrien, ele estava apenas tocando pra mim

- Pelo que pude ver ele estava tocando em você. – Agora era Adrien que havia deixado transparecer a raiva e o ciúme no tom de voz - Tenho que admitir, você foi bem rápida Marinette.

Ela entendeu o que ele quis insinuar e os olhos azuis inflamaram com algo além da raiva

- Adrien, por favor, não faça isso.

Ele fez um esforço sobre humano para controlar a fúria e o ciúme porque viu que a magoara com aquela acusação.

- Está bem, desculpe. Mas não posso dizer que gostei de ver aquele cara tocando você Marinette. – Ele admitiu correndo as mãos pelas madeixas. Um gesto que Marinette reconhecia. Adrien fazia aquilo quando estava nervoso. Uma angústia atingiu seu próprio coração

- Ele tocou meu rosto de modo gentil Adrien, grato por eu ter aceitado cantar a composição dele, e fim. A propósito, o que você faz aqui? Quem lhe avisou sobre o ensaio?

- O Nino me chamou, já que ninguém mais se deu ao trabalho. Afinal, ainda sou o tecladista, não é?

- Mas você... Quer dizer, nós pensamos que...

- Que eu não viria mais? Que tinha abandonado a banda?

Considerando que ele havia abandonado todo o resto, inclusive ela mesma, era razoável que pensassem assim, Marinette pensou com ironia.

- Pensamos que você não iria querer continuar por causa de... tudo que aconteceu.

Ela não precisava dizer o que estava pensando. Adrien já tinha lido nas entrelinhas.

- Realmente pensei em não continuar, porém, mudei de idéia – E vê-la com Luka Coufainne havia confirmado mais ainda sua decisão, mas não precisava dizer isso à ela – É o meu último ano também. Quero manter pelo menos algumas coisas normais na minha vida e tocar com vocês na festa de despedida é uma delas. Diga a todos que eu estarei nos próximos ensaios. Permanecerei na banda.

- Mas... – Ele achou graça da cara de espanto que ela fez

- O que Mari? Pensou que estaria livre de mim assim tão fácil?

- Não é isso – ela disse assumindo o controle de suas emoções novamente – Fiquei apenas surpresa. Mas se é tão importante para você participar disso Adrien, faça como quiser. – Ela se virou para sair do estúdio. Não suportava mais ficar ali com ele, em meio a tantas lembranças. Seu peito doía toda vez que olhava pra ele.

- Espere, preciso falar com você. – Adrien a segurou pelo braço. O toque dele pareceu queimar sua pele.

- Seja rápido, já fiquei muito tempo aqui, meus pais devem estar preocupados

- Está bem. – Ele soltou o braço dela devagar - Olha sobre ontem, eu... consegui apenas levar o XY para um local seguro e afastar o maior número de pessoas possível. Mas não podia lutar contra o akuma.

- Não precisa explicar Adrien. Você já havia dito de que lado estaria

- É, mas não estive em lado nenhum ontem Mari. Era para eu ter lutado contra vocês, facilitado o trabalho do akuma

- É porque não o fez?

- Não consegui... Simplesmente não fui capaz. Não pude suportar ver aquelas pessoas com o vírus, passando mal, eu simplesmente me senti horrível.

Ela assentiu. Podia imaginar o quão difícil havia sido pra ele, como herói. Sentiu-se aliviada, pois aquilo indicava que ele ainda era o Adrien que ela conhecia.

- Acredito em você. Você é bom Adrien, nunca dará certo como vilão, nem se realmente quisesse.

- Não quero ser um vilão, você sabe por que estou agindo assim

- Eu sei. E fico revoltada com seu pai por te colocar nessa posição.

Adrien sentiu conforto nas palavras de Marinette. Ela ainda acreditava nele.

- Também não consegui por que... Você sabe Mari, eu adoro lutar a seu lado, mas não seria capaz de lutar contra você.

Os olhos dela ficaram marejados. Era tão injusto eles serem separados daquela maneira pelo destino.

- Chegará o momento em que não será possível evitar esse confronto Adrien. Como seu pai reagiu ao seu comportamento de ontem?

- Muito mal, ficou furioso. Resta pouco tempo para minha mãe. Ele está desesperado.

- Sinto muito Adrien, de verdade.

Em poucas passadas ele chegou até ela e tomou-lhe as mãos nas suas

- Mari, você pode acabar com todo esse sofrimento. Você mesma poderia usar o poder absoluto. A essa altura meu pai aceitaria qualquer coisa...

Ela meneou a cabeça negando, seu coração se partindo mais uma vez

- Não posso Adrien, já tivemos essa conversa. Você não sabe o que pode acontecer

- Exatamente Mari e nem você sabe, mas existe uma chance de salvar minha mãe...

Ela queria lhe contar sobre o risco que ele e o pai correriam, mas aquilo só pioraria as coisas. Preferiu guardar a informação para si.

- É impossível Adrien, não posso.

Ele soltou as mãos dela. A mágoa voltou a tomar as feições de Adrien e sua voz assumiu um tom frio

- Está bem, não vou mais insistir.

Ela queria tocá-lo, queria abraça-lo e dizer que tudo ficaria bem. Ela queria remover aquela expressão sofrida da face do loiro. Era óbvio que ele não estava melhor do que ela. As enormes olheiras e a palidez em seu rosto demonstravam isso.

- Adrien, só quero que saiba que apesar de negar o uso do poder absoluto, não estou de braços cruzados. Eu e o mestre temos feito pesquisas...

- Ah, claro, o mestre Fu, que agora está em local incerto e não conhecido, por mim pelo menos.

Marinette assentiu

- Eu o aconselhei a se mudar novamente.

- Por minha causa

- Por causa do Hawk Moth. Como você mesmo acabou de dizer, seu pai está desesperado e você está com ele. Não sabíamos até que ponto você poderia manter o segredo.

- Entendo. Eu já havia imaginado quando fui até a antiga casa dele e não encontrei ninguém.

- Sinto muito. Foi preciso.

- Ok – Foi a resposta sucinta dele.

- Adrien, eu preciso ir – virou-se para sair, mas ao tocar na maçaneta da porta ouviu a voz dele

- Ah Marinette, diga a seu novo amiguinho para manter uma distância segura.

Ela voltou-se para encará-lo

- Não sou sua garota de recados Adrien. Se quer o Luka longe de você, seja lá qual for o motivo idiota que você tenha, diga a ele você mesmo...

Em duas passadas ele a alcançou e segurou-lhe o braço trazendo-a para mais perto do seu corpo, olhos nos olhos, as bocas quase se tocando.

- Não meu amor, não é para ficar longe de mim. Quero que ele fique longe de você.

Marinette sentiu o hálito de menta nos lábios dele. Uma miríade de sensações lhe invadiu o âmago. Sufocou tudo isso com pura indignação.

- Você só pode estar de brincadeira Adrien. É muita audácia! Você não é meu dono, se liga. Não temos mais nada, nada! – ela puxou o braço com um safanão e abriu a porta com força, saindo a passos largos e pisando duro. Adrien ficou tentado a ir atrás dela e puxá-la de volta direto para seus braços e beijá-la até a exaustão, a fim de provar que tinham sim, muita coisa ainda entre eles, mas se conteve. Precisava de uma estratégia.
Sozinho no estúdio ele suspirou. Plagg saiu do seu bolso naquele momento. Cruzando os bracinhos ele encarou seu portador

- Parece que você já tem concorrência meu camarada.

Adrien o fitou com cara de poucos amigos. Sabia que o gatinho aproveitava a situação para lhe provocar

- Você acha é? Pois eu não dou a mínima porque esse Luka não vai ter a menor chance com a Marinette. Eu vou me encarregar disso

- E vai fazer o que? Sequestra-la e mantê-la em cativeiro?

- Não é má ideia – Riu quando viu a cara de espanto do kuami – Fala sério Plagg, isso seria uma atitude medieval. Não preciso fazer isso. A Marinette ainda é apaixonada por mim assim como eu sou por ela. Quando estamos juntos saem até faíscas, não percebeu?

- Mas é claro que percebi. Era tanta faísca que em alguns momentos pensei que ela fosse fulminar você aqui mesmo.

- A raiva esconde um sentimento muito mais profundo Plagg. Ela não é indiferente à mim. E eu não vou deixa-la me esquecer.

- Boa sorte com isso. Pena que o kuami que sobrou para você foi o da má sorte. - Ele riu da própria piada.

Adrien o ignorou e começou a dedilhar notas no teclado. A última música do ensaio havia sido Sad Song, conforme constava na lista afixada no instrumento. Adrien começou a tocá-la distraidamente enquanto seus pensamentos buscavam por Marinette.

Você é a melodia perfeita, a única harmonia que eu quero ouvir. Você é a minha parte favorita de mim. Com você a meu lado eu não tenho nada a temer.

Se ela achava que seria fácil livrar-se dele e correr para os braços de outro, estava enganada. Luka Coufainne não ficaria em seu caminho. Adrien não perderia Marinette. Talvez tivesse que tomar medidas drásticas e fazer algumas visitas noturnas, pensou enquanto tocava o último verso da canção, exatamente como já havia feito certa vez.


Notas Finais


Quero agradecer pelos comentários, pelos novos favoritos e pelos fantasminhas camaradas também! Me contem aí o que estão achando e suas teorias porque eu adoooroooo! Alguém aí já viu os dois últimos episódios da 3 temp? Caramba, quase morri kkkkk! Bjokas e até o próximo!


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