História Miraculous: Secret Wars III - No Regrets

Adrien encarava o jardim de sua casa, com uma expressão pensativa. Marinette estava logo atrás dele. Já era quase o momento de executarem o plano da heroína, mas apesar da vontade de fazer o que precisava ser feito, ele não sabia ao certo como se sentia sobre isso.

Quando Gabriel Agreste afirmou, na outra linha do tempo, que Adrien tinha destruído sua família, o garoto achou um absurdo. Só que agora, parecia que a culpa dentro de si dava sentido a essa acusação.

— Chloé avisou que a polícia já isolou o perímetro ao redor da casa. Vou posicionar a equipe. – Marinette falou, chamando a atenção do namorado – Você vai ficar bem?

— Sim, eu vou. – forçou um sorriso. Apesar de tudo Emilie era a sua mãe e era bem provável que na pior das hipóteses, ela não o machucaria – É só que... Esse tempo todo, seja meu pai ou minha mãe, os dois estavam tentando unir a nossa família novamente. E eu me sinto um pouco mal por ser aquele que vai fazer o contrário.

— Adrien... – ela colocou sua mão sobre o ombro dele – Você não vai separar a sua família. Seus pais escolheram seguir o caminho que levava a isso, não você.

— Eu sei. Talvez eu só quisesse que isso não estivesse acontecendo logo com a minha família. – ele encarou a namorada, depois de dar um longo suspiro – Eu só queria ter uma família normal.

— Eles não são a sua única família. Eu... – Marinette sentiu uma repentina vontade de chorar ao lembrar das palavras de Alix sobre o seu possível destino. Mas ela não falaria nada para Adrien, não quando ele já carregava peso demais sobre si – Quero que você entenda algo antes de... Antes de tudo acontecer. Infelizmente, sabemos que nas duas linhas do tempo seus pais são vilões. Então você precisa se desprender da ideia de querer você e seus pais reunidos como uma família feliz, porque isso só vai fazer você se martirizar pelo resto da vida. Além do mais, você já tem uma família. Nós somos sua família também. Nino, Alya, Luka, Chloé... Eu. – disse a última parte com a voz baixa. – Independentemente do que acontecer hoje, eu quero que você se permita ser feliz.

Adrien sorriu, colocando sua mão sobre a mão da namorada. Tinha tanta sorte de ter alguém como Marinette em sua vida, pois caso contrário, temia se tornar como os seus pais. Ambos eram obcecados por uma vida ideal, que não existia.

— Obrigado, Marinette. O que seria de mim sem você? – as palavras dele tiveram um efeito contrário sobre a garota, pois ele desconhecia o possível destino dela. Antes que desabasse completamente, Marinette o abraçou com força.

—Você é uma boa pessoa, nunca precisou de mim para isso. Eu te amo, Adrien. – o loiro apenas se permitiu apreciar o calor dos braços da amada.

— Eu também te amo, Marinette.

***

Adrien desceu as escadas e foi até o escritório de sua mãe. Deu duas batidas na porta e então ouviu a voz de Emilie, autorizando sua entrada. O garoto entrou e fechou a porta atrás de si.

Hoje seria o dia em que tudo seria esclarecido. A verdade finalmente viria à tona.

— Agora não é uma boa hora, querido. Preciso terminar de preencher os relatórios semanais da empresa. – disse ela. – Mas diga, o que você quer?

— O que eu quero... É uma boa pergunta, mãe. – Emilie olhou na direção dele. A expressão em seu rosto era impassível, já estava cansado de lutar contra a realidade e finalmente a encararia hoje. Mas tomaria cuidado, precisava seguir o plano de Marinette para que as coisas dessem certo.

— Aconteceu alguma coisa? – Adrien sentou na cadeira em frente à mesa de Emilie, a fazendo estranhar o comportamento e, até mesmo, o tom de voz dele.

— O que aconteceu com o meu pai? – a pergunta deixou a mulher desconcertada. Ela e Adrien nunca falavam diretamente sobre o assunto. Como o comportamento do filho parecia estranho, Emilie se perguntou se não poderia contar ao menos uma parte da verdade, pois com certeza ele não estava preparado para saber de tudo. Ela abriu a boca para falar, porém pensou melhor. Era melhor não colocar nada a perder.

— Por que não me fala o que aconteceu com você? – ela perguntou, desviando do assunto – Você não me parece bem.

— A verdade é que eu não estou bem. – Emilie se inclinou para frente e colocou sua mão sobre a mão do filho. Seu coração apertou.

— Você está sentido alguma dor? Posso pedir para Nathalie...

— Chega, mãe! – o tom de voz de Adrien, não era de irritação ou de tristeza. Era mais voltado para decepção. – Chega de pedir coisas à Nathalie, porque ela está morrendo por sua causa. – a mulher engoliu em seco, se afastando – Você está arriscando a vida dela, pedindo que ela use o Miraculous do pavão.

— O que você... Como...

— Eu tentei negar de todas as formas quando descobri que você era Hawk Moth, porque eu sempre acreditei em você. Sempre achei que você era uma boa pessoa. Mas a verdade é que você não é. Apesar disso, ainda é a minha família. – Adrien ficou de pé e estendeu a mão para ela, com a palma virada para cima – Por isso eu estou te dando uma chance, entregue os Miraculous e podemos esquecer tudo isso. – ela pareceu pensar e houve um momento de silêncio, o qual Adrien teve esperanças de ser sua mãe considerando a possibilidade.

— Você não entende! – Emilie ficou de pé e bateu as duas mãos na mesa, fazendo o filho recuar. – Se você soubesse...

— Você quer trazer o meu pai de volta. – a mulher recuou ainda mais, surpresa. – A verdade é que nós não podemos fazer mais nada por ele, nós...

— Nooroo, dark wings rise! – e então ela se transformou, deixando Adrien em choque. Aquela não era a doce e amável Emilie de quem ele se lembrava. E por mais que o plano de Marinette considerasse essa possibilidade, mais uma vez ele queria negar a realidade.

— Mãe, você não precisa fazer isso. Até porque se eu não conseguir te impedir, alguém vai.

— Você? Me impedir? – ela riu irônica – E quem você pensa que é para tentar me impedir? – ele recobrou a postura e encarou Emilie com um olhar determinado.

— Eu sou o Chat Noir. – mais um momento de silêncio enquanto ela absorvia a informação. Adrien não sabia o que viria a seguir, mas estava preparado.

— Quer dizer que todo esse tempo você tinha um dos Miraculous mais poderosos e mesmo sabendo que eu queria eles, e o motivo pelo qual eu queria eles, você se recusou a entregá-lo pra mim? – questionou com um tom de voz baixo e sombrio – Além disso, você ajuda aquela garota, Ladybug, a me derrotar?

— Não é tão simples assim.

— Na verdade, é muito simples. Você é um traidor! – ela gritou – Me entregue o seu Miraculous agora, ou eu mesma vou pegar! – Adrien respirou fundo. Se tinham chegado a esse ponto, ele sabia que não teria mais volta.

— Eu nunca entregaria o Miraculous. Muito menos a você.

— Nathalie! Venha para o meu escritório imediatamente! – gritou e correu na direção do filho. Adrien não previu um ataque direto e em poucos segundos saiu voando pela janela do escritório, quebrando o vidro com o seu corpo e ultrapassando o muro da residência. Porém antes que caísse de vez no chão, uma brisa estranha envolveu Adrien e se materializou em uma pessoa.

— Kagami?

— Ryuko, na verdade. – disse ela, segurando o corpo do loiro e o colocando em segurança ao lado dos amigos.

— Obrigado, mas... Como...

— Obrigada, Ryuko. – Marinette se aproximou – Agora você precisa devolver seu Miraculous para o Mestre e ficar em algum lugar seguro.

— Foi uma honra ter ajudado, Ladybug. – ela deu um último sorriso para Adrien, acenou e saiu.

— O que aconteceu? Achei que não íamos usar os Miraculous!

— Correção, a equipe não vai. E, tecnicamente, ela não é da esquipe. Mas eu sabia que uma situação assim poderia acontecer, então como você me contou que nessa linha do tempo Kagami foi a Ryuko, pedi para ela ficar a postos. Apesar de tudo, ela quer o seu bem. – Marinette realmente pensava em tudo. O loiro sorriu.

Antes de qualquer coisa, um barulho chamou a atenção deles.

— Não acredito que fez isso comigo! – Adrien gritou para Hawk Moth, que tinha saído pelo imenso portão da mansão e estava parada em sua frente.

— Aliás, você está bem? – Marinette segurou o braço do namorado e sussurrou – Quando eu disse para atraí-la para fora de casa, não quis acreditar que as coisas ficariam tão extremas. – Hawk Moth sorriu.

— Deixa eu adivinhar, essa é a famosa Ladybug? – a garota não respondeu. Felizmente estavam sozinhos naquele perímetro e ninguém os ouviria. – E todos esses são os “heróis” da sua equipe? Devo admitir que esperava mais, mas estou curiosa... Por que ainda não se transformaram?

— Queríamos te dar uma vantagem. Nove contra um não é muito justo. – provocou Kim.

— Quem disse que sou apenas uma? – o chão pareceu tremer sobre os seus pés e logo um sentimonstro feito de pirulitos gigantes apareceu. Sobre o seu ombro estava Mayura, que caiu ao lado de Hawk Moth assim que chegaram perto. Em seguida, Emilie abriu o compartimento do cetro, tirando uma borboleta branca de lá e a transformando em cor púrpura. – Agora, qual de vocês gostaria de ser akumatizado?