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História Mirrors - KakaSaku - Perdoe-se


Escrita por: Ly-Portilla

Capítulo 15 - Perdoe-se


E agora está claro como esta promessa

Que estamos fazendo

Dois reflexos em um

Porque é como se você fosse o meu espelho


[…]

~ Sakura Haruno

Será que sou mesmo uma pessoa fraca? Eu aguentei tudo durante tantos anos, a cada vez que me olhava no espelho eu sentia que nunca melhorava, que essa sensação de solidão jamais se esvaía. Eu cresci por tanto tempo acreditando que tudo que sou era apenas resultado da criação que recebi, mas isso não pode ser verdade.

Embora eu saiba que não sou a pessoa mais perfeita do mundo, hoje eu tenho certeza que também não posso ser igual minha família. Aliás, eu nunca tive uma família de verdade.

Se perdesse tempo procurando nos sites na internet, família teria muitos significados, mas só hoje consigo entender que é aquilo que te serve de berço mas depois do teu crescimento não te apresenta a saída. É o meio termo entre a solidão e a companhia, é o único fio que nunca devia te soltar, — mesmo que você mesmo os corte — família nunca quis dizer laços de sangue. Família é o sinônimo de conforto e confusão, é o abrigo durante a tempestade e o destino enquanto vive a felicidade. É o que te apoia na sua queda e não te abandona na sua desgraça, família é amor.

E por mais que meu pai jure todos os dias que suas atitudes tenham sido por amor, eu sei que ele não sabe o real significado dessa palavra, portanto, seus atos nunca serão para o meu bem.

— Sente-se melhor? — Kakashi era minha família agora, e por incrível que pareça, ele tinha dom para esse papel.

— Sim… — naquele instante eu percebi coisas simples que devia ter observando há muito tempo: as pessoas não estão com você pelo que você é, mas pelo que você tem. De alguma forma eu encontrei, no meio de tanta gente assim, alguém que colocasse a importância de ser eu mesma como motivo para ficar. — Me desculpe por aquilo, eu não quis brigar…

— Você estava com raiva, Sakura. — ele deslizou os dedos por uma mecha de meu cabelo e a colocou atrás da minha orelha. — Quando perdemos a mansidão as coisas tendem a piorar, mas eu entendo que ele tenha tocado num assunto muito delicado. Não precisa se desculpar.

Eu devia me sentir melhor com aquelas palavras, mas algo dentro de mim impedia que mostrasse um sorriso de verdadeira felicidade.

— Acha que ele vai me perdoar? — Kakashi negou com a cabeça, parecia duvidar da minha pergunta.

— Esqueça-o, a pergunta que você deve fazer é a seguinte: eu vou me perdoar? — eu senti um aperto sobre o peito.

Eu iria me perdoar?

— E pelo que devo me perdoar? — o professor afastou-se um pouco, como se quisesse deixar claro que aquele assunto era sério, com sua mão direita ele segurou a minha esquerda e a colocou contra meu coração. Eu sentia cada batida como uma martelada.

— Eu também já senti isso, — ele sorriu, como se a dor não fosse tão cruel quanto era. — quando meu pai se foi, eu me culpei muito por não poder ter ajudado, anos mais tarde eu jurei que jamais deixaria com que alguém que amo fosse embora assim, por causa desse sentimento que está no seu coração agora.

Meus olhos se encheram de água, eu não sabia exatamente porquê, mas queria chorar, queria me entregar ao sentimento que consumia meu peito naquele instante.

— Você se tornou uma pessoa importante para mim, Sakura, e logo eu que sempre selecionei bem com quem me envolver me vi preso a única coisa que importava em você, seu coração. — não parecia difícil para ele dizer aquelas palavras, mas eu as ouvia como se algo tentasse me sufocar a cada instante, não por seus significados, mas por parecer que ele quisesse libertar meu coração daquela angústia e estar conseguindo. — Mas antes que eu faça algo por você, eu preciso saber, você se perdoa?

Eu devia me perdoar?

Eu devia me perdoar por ser tão fraca e inútil?

Eu devia me perdoar por me deixar chegar a esse estado por mera comodidade?

— Eu não sei se posso… — engasguei ali, cada palavra parecia dolorida demais para ser dita.

Kakashi me pegou em seu colo com cuidado e enquanto aquela onda de dor e angústia me envolvia ele se deslocava pelas escadas na direção do quarto. Me colocou sobre o chão frio e meus pese descalços deram choque em meu corpo me obrigando a acordar; espelhos se espalhavam pela porta do closet e refletiam meu triste estado solitária. Mas ele, diferente de mim, parecia completamente vivo e radiante.

— As pessoas não são como espelhos, Sakura. — ele se posicionou atrás do meu corpo e me fez refletir sobre sua fala. — Mas eu quero que um dia você olhe nesse espelho e veja o que eu vejo, como se fôssemos dois num único reflexo.

— Eu não chego aos seus pés… — ele levantou meu rosto fazendo-me encarar meu reflexo com mais precisão.

— Você é Sakura Haruno, uma mulher forte, decidida e brilhante, — sua fala fez-me sorrir, desta vez de felicidade. — uma amiga muito boa, uma boa pessoa. Você, pelo que é e será, jamais deveria se ver como menor que algo ou alguém, porque no fim das contas você é tudo, maior que qualquer comparação.

— E por que eu não consigo ver isso tudo em mim?

Pude ver um sorriso brotar em seu rosto através do espelho. — Porque está de olhos fechados. Você tem total certeza que é fraca e frágil, que nunca age corretamente e que não é uma boa filha, mas na realidade, senhorita Haruno, você está certa de uma coisa errada. — eu fechei e abri os olhos apenas para ter certeza de ainda estar viva. — Você se deixou levar pelos ideais do teu pai, mas por favor, deixe-me te mostrar uma coisa importante, — ele me virou para ele levemente e fez-me passar os braços por seu pescoço. — você não é o seu pai.

Meu corpo estremeceu, uma lágrima solitário despencou até o tapete abaixo de nossos pés e pela primeira vez eu pude sentir que estava realmente aliviada, convicta de não estar louca. Eu não era o meu pai, eu não precisava agir como ele queria, eu não precisava me comportar mal para chamar a atenção dele. Eu sou Sakura Haruno.

— Eu não beijei o seu pai, — o prateado sussurrou contra meu ouvido, esquecendo-se totalmente do pudor. — eu não fiz amor com o seu pai, eu fiz amor com você, eu te beijei, eu me apaixonei por essa mulher que você tem medo de expor ao mundo por achar que seu pai não vai aprovar.

Eu sorri em meio as lágrimas. Eu nunca mais iria precisar fingir ser alguém que não era, agora eu entendia isso.

— Agora por favor, olhe nesse espelho, se puder pegue meus olhos, mas veja-se como eu te vejo, complete a grande pessoa que você é! — busquei seus olhos ao sentir que sua voz estava sendo levada pelo choro, ele também não havia resistido as próprias palavras. — Nunca mais duvide da sua essência, mesmo que as outras pessoas não sigam o mesmo rumo.

— Eu te amo, Kakashi…

— Eu não vou te perder, Sakura, eu posso provar o quão maravilhosa você se tornou… — nos apertamos num abraço cheio de saudades e carinho. — eu não vou perder mais uma das pessoas que eu amo porque um dia o mundo resolveu magoá-las. Se te disserem que não serve, corra pra mim, eu vou provar a todos o quanto você é importante!



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