All About You – Hilary Duff
-Alex? – ouvi Luke me chamando e deu um beijo na minha bochecha. Resmunguei com ele e me virei. –É sério. Assim não é o melhor jeito de dormir. – ele disse e eu abri os olhos. Eu estava no meu quarto, rodeada por meus livros e acabei adormecendo enquanto estudava.
-Chegou faz muito tempo? – perguntei ainda meio zonza, sentindo uma leve dor de cabeça.
-Mais ou menos. Vim conversar com o Zack e a gente se animou, jogamos videogame, mas a Mia chegou e eles estão grudados lá na sala. Aí eu resolvi ver se você já tinha terminado de estudar. – ele explicou.
-Pra você ver como eu tenho aulas interessantes, acabei dormindo. – brinquei e Luke sorriu. – Aconteceu alguma coisa?
-Nada demais. Só estava pensando que eu devo estar sonhando por ter tanta coisa boa acontecendo ao mesmo tempo. Principalmente o fato de você ficar aqui, comigo. – Luke disse sentando na cama.
-Então estou tendo o mesmo sonho e não quero acordar nunca. – disse fazendo Luke sorrir. – Mas saiba que tudo o que tem a ver com a banda é mérito exclusivo do trabalho de vocês. – falei e lhe dei um selinho. – E sobre a minha permanência, podemos dividir a culpa, porque sem você, eu não teria conseguido. – passei a mão por seu rosto, fazendo-lhe carinho e ele fechou os olhos.
-Eu te amo, e muito, Alex. – ele disse sussurrando, como se quisesse que só eu escutasse.
-Eu também, Luke. Você não sabe o quanto. Mesmo que eu voltasse pro Brasil, eu nunca mais seria a mesma depois de você ter entrado na minha vida. – falei e quando abriu os olhos, Luke parecia quase angustiado.
-Acha que eu estou sendo egoísta por te fazer ficar aqui, longe da sua família? Já falou com eles? – Luke perguntou. Afastei os livros para ele poder se sentar direito e eu me sentei entre suas pernas.
-Luke, você não me obrigou a nada, estou fazendo isso porque estar aqui me faz feliz. Você me faz feliz. – disse e Luke me abraçou, apoiando o queixo em meu ombro. – E sim, já conversei com meus pais. Quando eu comecei a falar, eles não queriam escutar, mas depois que consegui fazer com que eles me ouvissem, expliquei tudo o que estava acontecendo, o quanto isso é importante pra mim e eles aceitaram.
-Você contou pra eles sobre a gente?
-Lógico! Mas é claro que não contei os detalhes mais sórdidos – falei e nós dois rimos. – E querem te conhecer. Fizeram-me prometer que eu te levaria pra lá no verão. O que não ficou muito claro era se era o verão daqui ou do Brasil, mas depois eu vejo isso.
-Por mim tudo bem. – ele disse intercalando selinhos. – Ah! Quase esqueci. Fiz macarrão pra gente. – Luke falou me inclinando delicadamente para levantar.
-Podemos comer aqui no quarto? Eu ainda tenho que ler algumas coisas. – perguntei fazendo bico. Luke revirou os olhos.
-Contanto que você não caia de cara no prato de sono, tudo certo. Vou fazer os pratos. Já volto. – ele disse e piscou levantando da cama e se retirou do quarto.
Peguei o livro que estava lendo antes de pegar no sono e mal terminei de ler o final da página, ouvi o barulho de algo quebrando e em seguida um gemido de dor.
Passei correndo pela sala e vi que Zack e Mia estavam dormindo abraçados. Nem se mexeram diante do ruído vindo da cozinha. Cheguei ao cômodo e Luke me mandou parar antes que eu entrasse. Tinham pedacinhos de vidro por todo o chão da cozinha e um Luke com o pé sangrando. Também haviam dois pratos de macarrão com molho no balcão. Ele devia estar pegando os copos.
-Calma, Luke. Eu tô acostumada com isso. Senta ali que eu vou limpar e já vejo se você se machucou muito. – disse tranquila e Luke fez o que eu pedi.
Rapidamente juntos todos os cacos de vidro com as mãos, varri os menores e coloquei tudo no lixo. Ao constatar que não havia mais nenhum fragmento visível, me virei para Luke para analisar a gravidade do acidente.
No peito do pé dele havia um corte não muito profundo, mas tinham algumas lasquinhas de vidro no machucado.
-Luke, isso pode doer um pouco, mas você não pode mexer o pé. – falei calma e recebi sua confirmação.
Me aproveitei de minhas unhas e fui tirando com cuidado os resquícios de vidro presentes. Quando retirei um pedaço maiorzinho, vi meu namorado morder o lábio. Olhei pra ele tentando acalmá-lo e me apressei para terminar logo. Fiz um curativo na área machucada e Luke suspirou aliviado.
-Obrigado, minha chatinha. – ele disse beijando minha bochecha.
-Não foi nada. – sorri. – Eu levo os pratos e você os copos, pra não forçar muito seu pé hoje. – disse e Luke assentiu.
Ao entrar no quarto, Luke se sentou no espaço que eu havia aberto pra ele, perto da cabeceira e eu fiquei no final da cama, com vários livros entre nós. Ele zombou de alguns títulos e ficou fazendo graça com a comida para me distrair. Quando passei a ignorá-lo para prestar atenção no que estava lendo, Luke terminou de comer ainda fazendo piadinhas. Me concentrar estava se tornando uma missão impossível, já que eu não parava de rir do namorado palhaço que eu tenho.
Finalmente ele parou de brincar, tirou uns papeis do bolso e se concentrou no que havia escrito ali. Menos de cinco segundos depois, começou a procurar uma caneta nas minhas coisas e assim que achou, escreveu um pouco. Provavelmente era uma música. Ele só assumia essa postura quando alguma ideia do tipo passava por sua cabeça. Aproveitei esse momento de concentração dele para me focar no assunto do livro, embora ainda fosse difícil, já que ele me lançava olhares significativos enquanto escrevia, sorria e voltava sua atenção para o papel.
Um tempo depois, eu já estava pendente de sono novamente, mas tinha terminado o livro que prometi a mim mesma que terminaria hoje. Quando levantei a cabeça, vi que Luke já tinha adormecido. A caneta que havia usado estava na orelha e a cabeça jogada pra trás. Desse jeito ele ia ter um belo torcicolo. Tadinho. Ele ficou me esperando terminar, mas não aguentou. Fui tomada por um sentimento de culpa, principalmente por não estar passando muito tempo com ele ultimamente.
Guardei a caneta e antes de colocar os papeis na cômoda, dei uma espiada na letra. A folha estava escrita até a metade e as últimas palavras estavam “descendo o morro”, como indicação do cansaço de seu escritor. O título era Disconnected, o que me fez lembrar o dia em que Luke me levou a conhecer seu esconderijo. Parando pra prestar atenção, escrito mesmo só tinha o refrão e várias frases desconexas em volta, talvez como uma tentativa de escrever o resto da música. Resolvi parar de fuçar, colocando as coisas dele em cima da cômoda. Retirei todos os meus livros e cadernos da cama.
Puxei Luke pelas pernas até ele estar deitado e com muita dificuldade tirei suas roupas até ele estar apenas de boxers. Ninguém merece o desconforto de dormir de jeans. Agradeci mentalmente o fato de Luke ter o sono pesado, se não ele estaria fazendo alguma piada infame sobre o fato de eu estar despindo-o enquanto dorme. Muito bobo. Coloquei meu pijama e deitei na cama, puxando o edredom para nos cobrir.
Como sempre faço quando ele dorme primeiro, dei um beijo em sua bochecha e me virei. Pouquíssimo tempo depois, o senti me abraçar, fazendo-nos ficar de conchinha. Nada melhor do que adormecer inebriada pelo perfume de Luke.
(...)
Parecia que eu tinha acabado de pegar no sono, quando ouvi gritos, portas batendo e meu nome sendo chamado. Somente duas palavras vinham à minha mente: que droga.
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