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História Miss Nothing. - Always.


Escrita por: PequenaDoLuke

Notas do Autor


Eu ainda não aceitei que ninguém lê mais a minha fanfic, divulguei ela pra um monte de gente hoje, espero que dê tudo certo <3

Capítulo 18 - Always.


Fanfic / Fanfiction Miss Nothing. - Always.

 

Luke On...

Quando acordo, não sei onde estou, e nem consigo me lembrar do que aconteceu. Olho ao meu redor, e vejo que aparentemente, estava em um hospital. Tento me mexer, mas meu corpo todo doía, e volto a ficar imóvel. Havia um enorme curativo na lateral da minha barriga, na cintura, alguns tubos ligados a mim, incluindo um para me ajudar a respirar, e eu sentia dor no meu corpo todo.

Então, fecho os olhos com força. As lembranças do sequestro vêm à tona, e me lembro de todas as torturas, surras, afogamento, aranhas, e o tiro no momento em que vi Taylor. Me lembro que a dor era angustiante, mas acredito que teria sido muito pior se ela não estivesse lá, ouvir a voz dela e poder expressar um pouco do que sinto por ela com palavras, foi o suficiente para me manter vivo.

Olho ao redor da sala novamente, esperando que talvez pudesse encontrá-la, mas ela não estava ali, onde ela estaria? Me pergunto se eu estava em um hospital normal, ou se estava na Máfia. Não importava muito, contando que estivesse perto dela.

  - Olá, finalmente acordou – a porta se abre, revelando uma enfermeira.

  - Oi – digo, dando uma tossida.

Minha garganta estava muito seca, e só percebi naquele momento. A enfermeira se aproxima, levando um copo de água até minha boca.

  - Seus pais estão loucos para verem você, não saíram daqui desde chegou – a mulher diz.

Ela era loira, tinha cabelos curtos, era baixinha e devia ter seus 50 anos. Ela verificava alguns dos tubos ligados a mim.

  - O que fizeram comigo? - Pergunto, olhando o curativo enorme.

  - Você levou um tiro, querido – ela olha em meus olhos, ela tinha lindos olhos castanhos amigáveis. - Encontramos veneno de aranha Armadeira em seu sangue, vestígios de afogamento em seus pulmões, uma costela quebrada – sinto quando ela toca meu cabelo. - Você não estava nada bem, por sorte, te trouxeram a tempo, retiramos a bala, realizamos a cirurgia e demos um jeito nos seus pulmões.

   - Quem me trouxe? - Estranho.

Como ela havia citado meus pais anteriormente, suspeitava que não estava na Máfia, e que provavelmente, infelizmente, Taylor não estava por perto.

  - Fo um cara, disse que te encontrou na rua. Sinto muito, parece que a polícia ainda não conseguiu capturar as pessoas que te sequestraram, não há pistas – ela me lançou um olhar de quem sentia muito.

 Franzo as sobrancelhas.

  - Há quanto tempo estou aqui? - Consigo me sentar um pouco, quando ela arruma meu travesseiro.

  - Três dias, querido, seus pulmões já estão bons – ela sorri para mim.

  - O que aconteceu durante esses dias?

  - Você pegou uma infecção quando tomou o tiro, acreditamos que foi porque o lugar que você foi baleado era muito sujo, e o ferimento pode ter entrado em contato com alguma bactéria, que se misturou com o veneno da aranha que ainda tinha em seu corpo. Por isso, foi ainda mais difícil de realizar os procedimentos. - A enfermeira tinha um olhar tão otimista. - Nesse período, houve alguns momentos em que você acordou, acredito que não deva se lembrar de nada já que foram muito repentinos, o veneno e a infecção quase se espalharam, mas como eu disse, você está bem e logo vai poder voltar para casa.

  - Logo quando? - Pergunto, tentando não ser rude.

  - Em uns dois dias, hum? - Ela sorri novamente. - Vou chamar seus pais, eles estão loucos para vê-lo.

Então ela sai do quarto, e eu fico lá, preso com meus pensamentos. Quem teria me trazido até ali? Por que Taylor não estava ali? Como eu faria para falar com ela, preso nesse lugar? O foi que inventaram para os meus pais? Seja lá o que fosse, eu precisava dar um jeito de alimentar a história.

A porta se abre e vejo meus pais entrarem correndo no quarto. Minha mãe tinha o rosto inchado, que aparentava ter chorado muito, e meu pai estava com a barba grande, coisa que nunca acontecia.

  - Ai, filho! Finalmente você acordou – minha mãe se aproxima de mim, me abraçando.

  - Oi mãe, senti saudades – consigo levantar um pouco meu braço, para abraça-la de volta.

O cheiro dela levou Taylor para longe de meus pensamentos, eu senti muita a falta da minha mãe.

  - Eu senti tanto medo, querido – ela se afasta, e vejo lágrimas em seus olhos.

  - Eu também, mãe, tanto medo que só de lembrar – sinto um arrepio passando por meu corpo.

  - Hey, filho – meu pai se aproxima, me abraçando também.

  - Tudo bem, pai? - Olho nos olhos dele, me lembrando da última vez em que os vi.

Eu não me arrependia de nada que disse naquela noite, mas não sabia se Taylor havia me abandonado ali, ou o que aconteceria nos próximos dias. Então, decido dar uma folga para meus pais, levando em conta o susto que acabei de dar.

  - Claro, filho – ele dá um sorrisinho.

  - Como foi lá, Luke? Como os homens eram? - Minha mãe pergunta, se sentando em uma cadeira ao lado da cama.

No quarto também havia um sofá, e me pergunto se meus pais chegaram a dormir ali, durante os três dias.

  - Foi horrível, fizeram todas as piores coisas comigo – fecho os olhos com força, só de lembrar.

  - O homem que te trouxe disse que te encontrou em uma vala, disse que viu quando dois homens jogaram você lá, e então te trouxe para cá o mais rápido possível - ela me informa.

  - Eu não me lembro disso – eu realmente não me lembrava de como tinha chegado ali, mas sabia que não havia acontecido nada daquilo. - O homem disse mais alguma coisa?

  - Não, filho, esperávamos que a partir daí você pudesse nos contar mais – ela segura minha mão.

Meu pai toca meu ombro, me incentivando a falar.

  - Eu tinha ido a uma festa com o Michael, e acabei me perdendo no lugar, saí em um beco vazio, e três caras me sequestraram, não sei o porquê, e nem o motivo de tanta tortura – dou um suspiro, já sentindo meu corpo cansado.

  - O que mais se lembra? - Meu pai pergunta.

Eu precisava pensar na história completa.

  - Quando tiraram minha venda, eu estava em uma casa, que deviam ter mais uns outros três homens, e uma mulher.

  - Não se lembra de como eles eram? - Ele me interrompe.

  - Não, usavam capuz o tempo todo – dou uma tossida e minha mãe me dá um pouco de água.

  - Continue – ela faz um sinal com a mão.

  - Eles me deixaram preso em um quarto, e era muito frio, me espancaram, depois me afogaram, deixaram aranhas passar em cima de mim e me deram um tiro, quando tentei fugir – tento manter algumas verdades, me sentindo um pouco mais leve quando termino o relatório, por mais estranho que parecesse.

  - Ai, meu filhinho! - Minha mãe exclama, me abraçando novamente.

  - Mãe? - Chamo-a, a afastando de mim. - Pode me dizer exatamente o que aconteceu comigo durante esses dias desacordado? 

Pergunto, já que a explicação da enfermeira foi muito breve.

  - Ai filho, você pegou uma infecção horrível, ficou acordando e falando coisas sem sentido, e logo em seguida, apagava de novo – ela passa a mão pelo meu cabelo, fazendo carinho. - Foi a pior coisa do mundo, ver você daquele jeito, Luke.

  - Como assim acordando? - Franzo as sobrancelhas.

  - Você estava dormindo, e de repente você abria os olhos ou se sentava muito rápido, então voltava a cair no sono de novo. O médico disse que a infecção e o veneno se espalharam um pouco, fazendo com que seu corpo não funcionasse da maneira como deveria – escuto o suspiro dela, e vejo seu olhar triste. 

  - Eu estou bem, mãe, estou aqui - abraço ela novamente.

Olhando por cima do ombro de minha mãe, meu pai me olhava com uma cara nenhum pouco boa, mas eu realmente não queria pensar sobre isso agora.

[...]

Depois de um tempo, meus pais saem do quarto e um médico entra. Ele diz as coisas parecidas com o que a enfermeira tinha dito antes, só que com uma linguagem mais difícil. Aparentemente, teria mesmo que passar mais dois dias ali, para o bem da minha recuperação, o que tinha ferrado com tudo foi o veneno misturado com a infecção, eu era mesmo a merda de um sortudo.

Meus pais disseram que meus amigos vieram todos os dias, e que logo eles viriam me visitar, naquele mesmo dia. Volto a pensar em Taylor, ela não podia aparecer, quase ninguém conhecia o rosto dela, mas meus pais eram uns dos poucos que sabiam, mesmo que eu ainda não soubesse o porquê.

Será que ela mandaria alguém, para falar comigo? Será que ela daria um jeito em tudo? Eu não tinha celular para falar com ela, não tinha como me comunicar, e ficar preso aqui por mais dias, vai ser mais um inferno. Mas eu sabia que ela daria um jeito de me ver, eu a conhecia, e ela nunca me largaria ali assim.

Taylor On...

Largar Luke foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. Eu sentia como se meu coração pesasse mais do que chumbo, dentro do meu peito.

Sabia que minha felicidade por ter Luke por perto não duraria muito tempo, já previa que coisas ruins aconteceriam com ele, ou que eu fosse fazer algo ruim, e ele não me perdoaria. Na verdade eu fiz, dormi com Dylan um dia antes de masturbar Luke, e acredito que ele me odiaria por isso também. Claro que eu não iria deixá-lo saber, o plano era esse, já que eu nunca mais o veria, isso nem chegaria perto de acontecer.

Eu estava deitada na minha cama, em casa. Escutava Kaya na cozinha, ela ouvia uma música um pouco alta, e eu conseguia ouvir o barulho das panelas. Eu não levantava já havia algum tempo, dois dias talvez? Não sei, acho que talvez eu tenha parado de prestar atenção nas horas, depois que mandei Moose levar Luke para aquele hospital, provavelmente porque sabia que essa seria a última coisa que eu faria por ele, e era a melhor coisa que eu poderia fazer.

O meu quarto estava escuro, e eu estava com vontade de ir ao banheiro, mas só de pensar que teria que me levantar e caminhar para fazer isso, meu corpo todo travava. Eu tentava dormir, mas não conseguia, o som do tiro sendo disparado, e Luke caindo na minha frente, não saía da minha cabeça.

Em um primeiro momento (acho que no primeiro dia), meu celular tocava o tempo todo, e era sempre Dylan ligando. Eu atendi na segunda vez que ele ligou, e disse para ele que Justin podia ir se foder, podia até vir me matar se quisesse, porque eu já não me importava. Dylan ficou em choque quando me ouviu dizer isso, e disse que eu não tinha permissão de sair da Máfia. Eu disse que não estava pedindo para sair, estava pedindo para morrer. Ele gritou comigo, e eu fiz ele prometer que se algo acontecesse comigo, Kaya ficaria segura, porque eu podia não me importar muito comigo, mas prometi cuidar de Kay pelo resto da vida.

Tá legal, eu sei que talvez eu esteja como uma adolescente de 17 anos que acabou de perder o namorado, mas vai por mim, nenhuma dessas adolescentes já viu o que eu vi, e nem fizeram o que eu fiz.

Já tirei tantas vidas, tantas que nem sou capaz de contar, e só amei Kaya a minha vida toda. Eu não amava Luke, seria tolice afirmar isso depois de tão pouco tempo, mas sabia que amava coisas nele. Amava como ele era inocente, e puro. Amava o jeito como ele olhava para mim, como se eu fosse a única coisa no mundo. Coisas essas, que nunca vou poder dizer a ele.

Eu sempre soube que era uma pessoa ruim, a bad girl da cidade, a garota malvada do orfanato, a influenciada no reformatório e a rebelde na prisão. Eu odiava me sentir assim, odiava saber que eu era a porra de uma assassina, e ao mesmo tempo gostava de matar, me saciava, me deixava viva. Quando eu matava, sentia coisas diferentes dentro de mim, coisas que gostava.

Até que Luke apareceu, com aquele sorrisinho de merda, e aqueles olhos vibrantes. Quando eu conversei com ele naquela festa, pela primeira vez, eu senti que ele não temia a mim como todos pareciam temer, senti algo diferente nele, talvez sua inocência, ou seu carisma. Até que isso foi tirado dele, eu fui a culpada por ele quase perder a vida, e eu nunca poderia perdoar a mim mesma por ter feito algo assim com alguém que fazia eu me sentir tão bem. Eu gostava de matar, mas odiava ver gente inocente sofrendo, e tudo que fiz foi levar sofrimento para Luke.

  - Tay? - Escuto a voz de Kaya, quando ela entra no quarto.

Ela vestia uma calça de flanela e uma regata. Trazia uma bandeja consigo, em uma das mãos, e com um pequeno apoio da outra, que ainda estava com a tipoia.  

  - Oi – resmungo, abrindo os olhos, sem me mexer.

  - Trouxe para você - ela indica a bandeja, se sentando na cama.

  - Não estou com fome – viro para o outro lado.

Escuto quando ela se levanta, e vejo quando ela vai até as cortinas pretas da minha enorme janela, abrindo-as.

  - Fecha essa porra – falo alto, cobrindo minha cabeça com as cobertas.

  - Taylor, você precisa comer, precisa levantar dessa cama – Kay se senta ao meu lado novamente, descobrindo minha cabeça.

  - Não, estou aqui só esperando – fecho os olhos com força.

  - Esperando o que?

  - Esperando que Justin venha me matar – engulo em seco, já esperando a reação dela.

  - Taylor Michel Momsen! - Ela grita, se levantando. Abro os olhos. - Você não vai morrer, a gente tem uma sala cheia de armas aqui, Justin não iria durar um minuto com você dentro dessa casa.

  - Mas eu não quero lutar – dou de ombros, a vendo dar a volta na cama e parando na minha frente.

  - E eu perguntei o que você quer, porra? - Ela se senta, passando a mão pelos meus cabelos sujos. - Eu sei que se sente culpada, Taylor, mas não pode deixar essa culpa te consumir.

Eu viro de barriga para cima, e passo as mãos pelo meu rosto, cuja pele estava oleosa.

  - A culpa é o pior sentimento que já senti na vida, Kay. É horrível saber que por sua causa, uma pessoa boa poderia não ter mais sua vida, ou ainda, que causou um trauma tão horrível em alguém que ela nunca mais vai se recuperar – tiro as mãos, encarando o teto.

Senti meu peito afundar, por dizer isso em voz alta.

  - Eu imagino, quando eu levei o tiro, foi ele quem te deixou mais tranquila, mesmo que não tivesse sido culpa sua – ela faz carinho nos meus cabelos novamente.

  - Mas dessa vez a culpa foi toda, totalmente minha – suspiro, olhando nos olhos verdes brilhantes dela.

  - Aposto que o Luke não pensa da mesma forma – ela ergue uma sobrancelha para mim.

  - Não ligo para o que ele pensa, eu nunca tinha machucado ninguém inocente antes, e nem sido a culpada por nada do tipo. Esse sentimento é tão... estranho – franzo as sobrancelhas.

  - Está tudo bem, Taylor, vai passar – a voz da minha melhor amiga era calma, e quando ela me abraça, quase começo a chora no mesmo instante.

  - Acho que me deu até um pouco de fome – dou um pequeno sorriso quando ela me afasta.

Era mentira, eu não sentia nada, mas sabia que se comesse um pouco, ela ficaria feliz.

  - Alcance esse macarrão aí - indico a bandeja, com o prato.

Kayo faz, e eu vejo as coisinhas verdes que ela sempre coloca nas coisas. Odiava aquilo, mas hoje iria ficar quieta quanto a isso.

  - Quer ter notícias dele? - Ela pergunta, enquanto eu comia.

Paro na mesma hora.

  - Não - respondo baixo, e coloco meu prato de volta na bandeja.

  - Tay, ele vai querer saber porque você sumiu, sabe que ele pode ir pra todo lugar tentando achar você - seu tom de voz era de súplica.

Sei que deixá-lo desse jeito, partiria o coração dele, mas não posso deixar de concordar, que Luke provavelmente fará de tudo para me encontrar, quando sair do hospital, e isso pode ser perigoso.

  - Ele acordou hoje – ela diz, sem esperar uma resposta minha.

  - Kaya! - Grito, respirando fundo.

  - Moose me contou, disse que ele está bem.

  - Por que ele demorou tanto para acordar? - Olho nos olhos dela, novamente.

  - Alguma coisa com infecção, e o veneno da aranha que picou ele. Parece que ficou desacordado por três dias – Kay parece meio confusa ao responder.

  - Eu estou aqui há três dias? - Olho para a janela, agora já acostumada com a claridade.

Como eu não tinha visto a luz do dia, e nem olhava o relógio, não tinha ideia do tempo.

  - É, você não saiu desse quarto pra nada, Taylor – ela leva a mão boa até minha testa.

  - Eu prefiro sufocar em minhas más decisões, do que carregá-las para a minha sepultura – rebato, olhando para o teto.

  - Mas não pode continuar assim, sabe que precisa fazer algo – ela suspira.

  - Quero que faça uma coisa para mim - peço.

Sabia que seria melhor para Luke, se ele soubesse algo de mim, antes de eu ir embora totalmente. Acho que eu provavelmente também precisasse que ele soubesse que está na minha cabeça, sempre, sempre.

Luke On...

Era de tarde, e eu já estava inquieto na cama do hospital. Minha mãe havia dito que meus amigos estavam vindo, e claro que fiquei feliz por isso, mas sabia que a pessoa que eu mais queria ali, eu não podia ter.

Taylor estava em minha cabeça, como sempre. Era como se ela tivesse comprado todos os meus pensamentos, só para ela. Me lembro das palavras que me disse, no dia em que achou que eu iria morrer:Eu não entendo porque você me desdobra quando olha nos meus olhos. Você é perfeição, minha única direção.” Ela chorava, enquanto achava que a vida se esvaia pelo meu corpo.

Sinto uma lágrima escorrer involuntariamente pelo meu rosto, ao me lembrar das palavras dela. Será que eram verdadeiras? Eu disse coisas que eu sentia, de uma forma que eu nem sei como consegui dizer naquele momento, mas sabia que ela tinha entendido, esperava que ela entendesse, que eu a amava.

Nunca tive muitas experiências com o amor, mas sabia que a amava, não pelo fato de saber o que é, mas sim porque não há outro nome para isso. Eu amava o jeito que ela olhava para mim, e amava olhar para ela. Era incrível como sentia que minha vida não fazia total sentido, até ela aparecer

A porta do meu quarto se abre, me tirando de meus pensamentos. A primeira coisa que escuto, é a voz de Kate invadindo o quarto.

  - Caramba! Você está horrível - ela diz, morrendo de rir.

  - Kate! - Emma dá um cutucão nela.

Eu dou uma risada baixa, que logo se transforma em um tossido baixo.

  - Desculpa cara, mas ela tem razão - Calum ri as minhas custas.

  - Nunca mais dê esse susto na gente! - Michael exclama, me dando um soquinho no ombro.

  - Ficamos muito preocupados, eu sinto muito – Ashton me dá um olhar solidário.

  - Pelo menos alguém de vocês tinha que oferecer palavras bonitas, não é? - Olho para os outros, dando risada.

Sinto minhas costelas doerem um pouco, mas eu ignoro.

  - Como você está, Luke? - Emma pergunta, com um sorriso de canto.

  - Um caco, como nossa querida amiga, Kate, já deixou bem claro – olho para ela, com as sobrancelhas levantadas.

  - Foi mal aí, amiguinho, mas eu não vou ser boazinha com você só por estar nesse estado – ela dá um sorriso, como se estivesse orgulhosa de si mesma.

Dou risada mais uma vez, essa menina era doida, mas era uma das pessoas que eu mais gostava no mundo.

  - A gente está se sentindo meio culpado, cara – Michael começa.

  - Por quê? - estranho.

  - Nós convencemos você a ir naquela boate, se não estivesse lá, nada disso teria acontecido – Calum me olha, triste.

  - Não foi culpa de vocês, nunca teriam como imaginar que algo assim aconteceria – tento lançar um olhar reconfortante para ele.

  - Ficamos preocupados demais, quando as 24 horas passaram, achei que todos nós fossemos ter um ataque, juro – Ashton diz, fazendo todos rirem.

  - Verdade, Luke, o Ash não tirava o olho do telefone, e nem dormiu a noite – Emma coloca a mão no ombro do namorado, dando um pequeno sorriso para ele.

  - Nós ficamos todos juntos, durante o tempo todo, esperando que você aparecesse logo – Michael me informa.

  - Sinto muito gente, não queria ter preocupado ninguém - lembranças do dia passado lá me assombram, e tento ignorá-las.

  - Ficamos aqui no hospital também, desde que você chegou – Calum dá um sorriso de lado.

  - Está bem, está bem, agora conta tudo que aconteceu lá! - Kate exclama, trazendo a animação que precisávamos.

Conto tudo que aconteceu, da mesma forma que contei aos meus pais. A história inventada até que fazia sentido, e eu esperava que se precisasse contar a polícia, eles também engolissem tudo aquilo. Queria que Taylor estivesse aqui para me ajudar com as desculpas perfeitas, ela com certeza deve ser boa nisso.

Depois de um tempo, meus amigos tiveram que sair, parece que o horário de visitas estava acabando e tinha mais uma pessoa querendo me ver. Eu não sabia quem era, mas algo me dizia que podia ser Ashley, já que afirmaram que era colega da faculdade. Eu não havia conseguido falar com ela na noite do sequestro, e precisava saber como meu pai sabia sobre eu ter me encontrado com Taylor, na noite em que briguei com ele e minha mãe. Por sorte, eu e meus pais não falamos sobre esse assunto também, mas eu sabia que meu pai não esqueceria isso tão fácil assim.

Quando a porta se abre novamente, eu juro que esperava cabelos loiros, se não fosse de Ashley, de Taylor (por mais maluco que pareça). Por isso, quando vejo cabelos pretos e olhos verdes adentrarem a sala, eu nem podia acreditar em quem era.

  - Olá, Luke – Kaya sorria para mim.

  - Kaya? - Franzo as sobrancelhas.

  - Taylor me mandou – ela explica.

Por um segundo, tinha sentido meu coração parar, com o pensamento de que talvez algo pudesse ter acontecido depois que apaguei no prédio da JBC.

  - Ela não pode mesmo aparecer? - Pergunto, esperançoso.

  - Infelizmente não, o seu pai conhece ela, e ela não quer que aconteça nada que deixe o relacionamento de vocês instável - a vejo desviar o olhar, tocando a tipoia no braço.

  - Como assim? - Fico ainda mais confuso.

  - Vou dizer de uma vez, Luke – ela respira fundo, jogando o ar com força. - Você não vai mais vê-la, nunca mais, Taylor decidiu que vai sair da sua vida, por completo.

Naquele momento, sinto como se aquela cama não conseguisse mais aguentar meu peso, como se eu tivesse acabado de sofrer uma queda, e meu corpo atingiu em cheio o chão, duro e frio.

  - Luke? Luke? - Escuto a voz de Kaya me chamando, talvez eu tenha ficado chocado demais.

  - Oi – olho nos olhos verdes dela.

  - Está tudo bem? - Ela toca meu ombro, com o braço bom.

  - Não, ham, sim, eu não sei – gaguejo.

  - Eu sinto muito, Luke, mas ela também não está bem. A Tay está trancada no quarto desde que saíram daquele prédio e ela mandou o Moose te trazer pra cá, não come, não bebe, não faz mais nada – percebo a preocupação na voz dela.

Sinto meu coração se apertar ao ouvir tais palavras.

  - Então por quê, Kaya? Qual o motivo para ela ir embora? - Pergunto, tentando controlar as lágrimas.

  - Ela não está conseguindo lidar com a culpa, ela nunca tinha machucado gente inocente antes, e ninguém odeia ela mais do que ela mesma – olho nos olhos dela novamente, e eles estavam cheios de lágrimas.

  - Mas não foi culpa dela, não tem motivo pra isso... - tento argumentar, mas ela nega com a cabeça.

  - Aqui, ela deixou isso para você, explicando tudo – Kaya leva a mão boa até o bolso de trás da calça, e tira de lá um envelope branco.

  - O que é isso?

  - Vai por mim, nem eu acreditei quando vi, mas ela escreveu uma carta para você - ela da uma risada sem humor. - Taylor Momsen escreveu a droga de uma carta.

Eu dou um pequeno sorriso também, me permitindo imaginá-la com uma caneta e o papel nas mãos, sentada, escrevendo uma carta para mim. A última coisa que ela daria para mim.

Sinto uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, involuntariamente. Kaya a seca.

  - Eu sinto tanto, realmente acreditava que poderia haver muito mais entre vocês, que você seria o melhor para ela. Mas Taylor tomou sua própria decisão - ela respira fundo.

Kaya deixa cair algumas lágrimas, quando entregou o papel em minhas mãos.

  - Adeus, Luke – ela diz, se virando.

Antes que eu possa responder, ela fecha a porta, saindo do quarto. 

Respiro fundo antes de abrir a carta, já com o coração disparado, com medo do que viesse a estar escrito ali, as últimas palavras de Taylor para mim.

“Querido Luke,

Eu nunca escrevi uma carta de amor, e essa com certeza não é a minha primeira, mas imagino que você já tenha lido muitos livros de romance, e que esta é a fórmula que utilizam neles, não é? Espero que sim, porque se não, estou passando vergonha aqui.

Infelizmente, nossa vida não é um conto de fadas. Eu sou uma assassina, e você quase morreu por conta disso, e pelo meu passado. Eu sinto muito, tanto, que provavelmente você nunca vai entender o quanto isso dói em mim.

Quando você apagou, naquela noite, eu não sabia o que fazer, fiquei totalmente desesperada, porque não conseguia lidar com o fato de que você poderia morrer a qualquer minuto. Todo o treinamento que recebi na Máfia, foi todo em vão quando o vi sangrando daquele jeito, eu nunca mais vou me esquecer dessa cena.

Eu sei que podia ter te levado para a Máfia ao invés de te mandar para o hospital, mas sabia que não podia deixar você entrar nesse mundo, Hemmings.

E ainda não posso.

Essa carta, Luke, é o meu adeus para você, porque eu não posso te arrastar para essa vida, e não posso mais ver ninguém te machucar. Eu fui a culpada por terem te machucado tanto, e uma pessoa tão boa quanto você não merece nada disso.

Hoje foi o primeiro dia que eu realmente conversei com Kaya, eu resolvi me sufocar com minhas próprias decisões ruins, nem ao menos conversei com ela sobre isso (e eu sempre falo com ela sobre tudo). A culpa me afundou, Luke, a culpa tomou conta de mim, e eu não consigo mais fazer absolutamente nada, como a porra de uma adolescentezinha de merda que não consegue superar alguma coisa boba que fez, e eu não consigo sentir mais nada, a não ser esse sentimento, afundando meu peito.

Você se sente danificado, como eu? Porque eu vi seu rosto machucado, e aquilo fez meu corpo doer, e essa cena nunca mais vai me deixar em paz. Sinto como se eu estivesse me afogando, com problemas para dormir e sonhos inquietantes, porque eu realmente não consigo mais dormir. Não consigo tirar seu rosto da minha mente, não consigo tirar você da minha cabeça.

E a culpa do meu coração.

Eu nunca machuquei nenhuma pessoa inocente antes, e nunca tive envolvimento com gente inocente se machucando. Mas agora, eu fui a culpada por você ter sua pureza arrancada de você. Nunca vou me perdoar por isso, Luke, mas espero você que me perdoe.

Tenho medo, medo que machuquem você de novo por minha causa, por isso ficarei distante. Sei que fui cruel algumas vezes, talvez quase o tempo todo, mas isso é só porque não sei ser de outro jeito, e esse é mais um dos motivos pelo qual me afastar é a melhor opção, afinal, eu provavelmente não mudarei, então vou te proteger da minha crueldade também.

Sei que isso vai te machucar, rachaduras não vão se consertar e as cicatrizes não vão desaparecer. Mas, acho que podemos nos acostumar com isso, eu me lembro de quando éramos estranhos, então me diga, qual a diferença entre antes e agora?

Aposto que vamos conseguir passar por isso, e aposto que você vai se esquecer de mim, terá uma vida linda, com uma família linda. Talvez se lembre de mim quando se olhar no espelho e ver a cicatriz da bala, mas tudo não passará de uma lembrança distante e ruim.

Mas saiba que independente da vida que você levará longe de mim (e por favor, te peço para que me esqueça e realmente viva), saiba que eu jamais esquecerei de você, Hemmings, porque foi você quem me trouxe de volta a vida, quem me fez ver que eu não sou tão ruim quanto penso que sou. Gosto da pessoa que sou quando estou perto de você, mas não posso mudar você por causa disso, e vai ser o que vai acabar acontecendo se eu continuar aqui. Mas antes de ir, te digo que você tem todo o direito de dizer o que pensa, não se esqueça disso, é o meu último conselho.

Nós somos fogo no fogo agora, e não se esqueça: você está na minha cabeça, Luke, sempre, sempre.

                                                                                                              Com amor, Taylor.”

Eu estava totalmente em lágrimas, ainda segurando o papel em minhas mãos, como se fosse a última coisa que eu conseguisse segurar na vida. Algumas das minhas lágrimas caíram no papel sem querer e borraram um pouco as letras, mas eu não ligava para isso agora. Sinto meu coração afundar tão fundo em meu peito, que tenho certeza que essa é a pior dor que já senti na vida, e olha que acabei de levar um tiro.

Levo o papel até meu peito, o segurando apertado com a mão. Eu sabia que Taylor não teria escrito aquilo tudo se não tivesse realmente decido me dar adeus. Não entendia porque ela achava que era a melhor opção, mesmo com todos os argumentos que ela apresentou na carta, porque eles não eram válidos para mim.

Eu não me importava se tinha quase morrido por causa dela, se ela foi cruel comigo algumas vezes e nem se ela sempre me assustou um pouco. Era ela que eu queria, ela era quem estava na minha para sempre.

Passo os olhos pela carta novamente, tentando fazer com que o ar chegasse até meus pulmões, já que estava difícil respirar por conta das lágrimas. Releio o primeiro parágrafo, quando ela diz que não era uma carta de amor, ela estava errada quanto a isso também, porque aquela era sim uma carta de amor, só vinha dentro de um formato de adeus.

 

 



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