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História Missão A Dois - Capítulo 33 - Rastreando


Escrita por: sarahcolins

Capítulo 34 - Capítulo 33 - Rastreando


Tentei manter a calma naquele momento o que não foi nada fácil. Afinal de contas um monstro disfarçado e mal intencionado havia estado na casa da minha família mortal. Só de pensar no perigo que eles correram eu ficava mais nervosa e era difícil raciocinar direito. Mas como já disse, tentei manter a calma e pedir para Frederick explicar detalhadamente como tudo havia acontecido. Todas as palavras usadas por Hanna e tudo que ele conseguisse se lembrar em relação a garota. Não teve como esconder o nosso interesse no assunto e consequentemente despertar a desconfiança de meu pai. Portanto acabamos contando a verdade sobre os monstros e tudo mais.

A todo momento Frederick Chase ressaltava o quanto Hanna parecia ser uma garota completamente normal e comum. Tanto que ele não desconfiou dela de forma alguma. Pelo menos da primeira vez que a viu. Segundo ele, a menina alegou estar passando as férias com a família que era de São Francisco e que eu havia dito a ela que meus pais também moravam lá. De fato eu havia dito isso a ela, e quis me punir fisicamente por aquilo pois os havia colocado em perigo. Não havia dado o endereço da minha casa na Califórnia, mas evidentemente a criatura conseguira descobrir essa informação. O fato é que tanto meu pai quanto eu havíamos sido engados direitinho por ela! Hanna havia perguntado a ele diversas coisas sobre mim, obviamente sem deixar transparecer que sabia algo sobre eu ser uma semideusa.

Aparentemente meu pai não havia revelado nada de mais. Nenhuma informação tão importante que pudesse me comprometer, nem que tivesse a ver com alguma das coisas que Hanna havia me feito até então. Tudo o que ele havia contado eram coisas obvias que a monstra poderia ter concluído por si só. Ainda assim eu tinha a sensação de que ela não teria cruzado o país inteiro para se dar por satisfeita com apenas uma conversa com Frederick. De alguma forma ela deve ter feito a viajem valer a pena. Devia ter vindo atrás de alguma coisa importante, talvez tenha entrado na casa no meio da noite para levar algum dos meus pertences embora. Por isso fui fazer uma rápida checagem na casa, com a ajuda de meus amigos.

Eles olharam os outros cômodos enquanto eu fui diretamente para meu quarto. A última vez em que havia estado ali fora há muito tempo atrás, nem sabia mais se me lembrava de tudo o que tinha no quarto nem de onde exatamente estava cada coisa. Entretanto, sabia que não havia sobrado muito, a maioria havia sido levada para meu apartamento quando fui viver com Percy em Manhattan. Abri as gavetas e as portas dos armários uma a uma, verifiquei cada cantinho e não dei falta de nada. Pelo menos nada que fosse relevante. Me joguei sentada na cama totalmente frustrada por não estar encontrando nenhuma pista do paradeiro de Hanna. Ouvi os passos de alguém subindo a escada e segundos depois Percy estava adentrando o quarto. Ele parecia cauteloso demais e até encabulado.

– Encontrou alguma coisa? - perguntou ele sem me olhar diretamente. Seus olhos miravam o chão, como se tivesse receio de fazer contato visual.

– Não - respondi desanimada - Acho que foi uma total perda de tempo vir até aqui, acabamos não descobrindo nada que nos ajude a encontrar os monstros que raptaram Nathan…

– Se serve de consolo, eu acho que não foi tanta perda de tempo assim - Percy se sentou ao meu lado na cama e eu prendi a respiração. Só com aquela proximidade mínima já parecia que meu coração ia pular para fora da boca - Pelo menos descobrimos que Hanna veio até aqui e que falou com seu pai.

– É, e por culpa minha ele e minha família toda ficaram em perigo - resmunguei me sentindo ainda muito culpada - Eu devia ter percebido que aquela garota toda simpática e meiga tinha algo de estranho, devia ter ficado mais atenta, devem ter tido vários sinais…

– Annie, pare de se martirizar, ok? Esse sempre foi o meu papel - ele conseguiu me arrancar um sorriso fraco com aquela frase - Essas criaturas são boas em se disfarçar, eu também não desconfiei de Emily em momento algum. E não acho que eles tenham corrido perigo realmente. Quer dizer, se quisessem fazer mal a eles já teriam feito. Agora é melhor você se acalmar e tentar se manter centrada no nosso objetivo que é resgatar o seu… resgatar Nathan…

Percy se levantou da cama e ia começar a sair do quarto, mas eu segurei sua mão impedindo-o. Era tão estranho estar sentindo tudo aquilo de novo, todas aquelas emoções e sensações de quando começamos a namorar. Como se fosse a primeira vez que eu estivesse tocando a pele a dele. Eu sabia que já a conhecia muito bem e muito melhor do qualquer outra pessoa, mas ao mesmo tempo sentia que de alguma forma precisava redescobri-la. Voltar a ser merecedora daquele toque definitivamente era uma meta para mim. E eu não poderia pensar numa missão mais doce e irresistível do que aquela. Eu tinha que reconquistá-lo e não importava o que estava por vir ou o que teríamos que enfrentar. Eu estava disposta a tentar de tudo e dar o meu melhor por isso.

– Espere - falei depois de um breve silêncio em que Percy ficou olhando nossas mãos unidas. Ele então a soltou e se voltou para mim - Ainda não tive a oportunidade de te agradecer direito pelo que fez por mim. De dizer o quanto estou grata por estar aqui nesse momento. Não tem nada que me dê mais força do que ter você ao meu lado, então obrigada.

– Não tem que agradecer - disse ele parecendo triste - Estou aqui por sua causa também, claro. Mas na maior parte estou aqui por mim. Como já te disse, também foi a minha vida que aqueles monstros tentaram arruinar, também foi a mim que eles enganaram. Pode ser que soe como um sentimento de vingança, mas sei que quero encontrá-los e vou encontrá-los e mandá-los direto para o tártaro - vi a tristeza dele se transformar em raiva ao falar daquele assunto.

Então era isso que o estava motivando a seguir comigo naquela missão? A raiva? A sede de vingança? Não era o que eu esperava dele. Teria muito mais trabalho do que eu imaginava para fazê-lo voltar a olhar para mim da mesma forma que olhava antes. Sabia que só eu seria capaz de voltar a despertar bons sentimentos em seu coração. Resgatar Nathan era o nosso principal objetivo, mas na verdade, minha maior vontade era de deixar isso tudo de lado e tentar resgatar o amor que Percy sentia por mim. Infelizmente não podia fazer isso. A honra e o bom senso me diziam que aquilo poderia esperar, que eu podia guardar tudo em uma gaveta secreta e voltar e me empenhar nisso mais tarde. No fim das contas eu sabia que não era o que eu faria. Acabaria dando um jeito de realizar as duas missões ao mesmo tempo e não estaria disposta a falhar em nenhuma delas.

Percy disse que iria descer e me esperar lá embaixo para irmos embora. Fiquei ainda alguns minutos no meu antigo quarto refletindo sobre tudo o que havia acontecido. Tentando tirar conclusões que me levassem ao paradeiro de Nathan. Tentando descobrir formas de tocar o coração de Percy. Decidi que era melhor me colocar em movimento para que minhas ideias fluíssem melhor. Ficar ali sentada não me ajudaria em nada. Desci as escadas e encontrei todos me esperando na sala de tv. Percebi um clima de apreensão no ar quando eles olharam em minha direção. Frederick tinha no rosto uma expressão de acanhamento que só podia significar uma coisa: ele havia esquecido de nos dizer algo importantíssimo sobre Hanna.

– Então filha, estava dizendo aos seus amigos que esqueci um pequeno detalhe sobre a conversa que tive com a sua amiga que na verdade era uma criatura mitológica - torci os lábios e coloquei as mãos na cintura esperando ele continuar - Ela comentou bem rapidamente o lugar onde vivia em Nova York. Provavelmente deve ser algo que ela inventou na hora para encobrir seu disfarce, mas quem sabe essa informação seja importante para vocês…

Acho que se Atena visse meu pai agora, teria ficado extremamente arrependida de ter se apaixonado e tido um filha com ele. Cá entre nós, não fora o melhor momento de Frederick, de forma alguma. É claro que aquela informação era importantíssima! Hanna não era a mais inteligente da dupla, logo ela poderia sim ter deixado escapar o verdadeiro local onde morava ou se escondia ou o que quer que fosse. Não consegui ficar zangada com meu pai, nem nada disso. Ele sabia muito bem como fazer alguém esquecer de suas mancadas com bolo e sorvete de chocolate. Depois de um tempo maior do que havíamos previsto conseguimos deixar a Califórnia. Agora tínhamos um destino certo a seguir e isso deixou todos nós bem mais seguros e confiantes.

Eu ainda era a semideusa em melhor situação financeira no momento então paguei a passagem de avião para todos. Percy ficou visivelmente insatisfeito com aquilo. Não só por causa do seu orgulho, mas também porque aquilo era uma prova evidente de que eu continuava com a carreira de modelo. Ele provavelmente ainda não aprovava a ideia e se lembrava muito bem da minha mentira. Não me surpreendi quando ele foi se sentar na poltrona ao lado de Frank enquanto eu e Hazel ficamos algumas fileiras atrás. Pensando bem, foi melhor assim, eu poderia relaxar e descansar bem mais durante a viagem. Infelizmente nem com toda a paz do mundo que Hazel transmitia, eu consegui deixar de ficar ansiosa e apreensiva. E a minha querida acompanhante com toda a sua sensibilidade, percebeu na hora.

– Annabeth, o que há de errado com você e Percy? - ela foi direto ao ponto - Estão agindo de forma muito estranha um com o outro desde que chegaram ao acampamento Júpiter. Quer me contar o que aconteceu ou será que terei que deduzir sozinha? - ela soava preocupada e curiosa ao mesmo tempo.

– Não seria difícil você deduzir o que está acontecendo, na verdade - murmurei fitando o suporte do banco a minha frente - Mas vou poupar seu esforço lhe contando tudo desde o começo…

Repetir toda aquela novela não foi a coisa mais agradável que eu tive que fazer nos últimos dias. Porém mais uma vez era bom poder dividir aquilo com uma amiga. Hazel escutou pacientemente e não deixou de fazer comentários nas horas que achou apropriado. Também não deixou de me repreender pelos momentos onde eu havia errado feio, nem de amaldiçoar Percy pelas burradas que ele fez. A filha de Plutão teve o cuidado de me perguntar quem já sabia de tudo aquilo para que não desse nenhum fora futuramente. Ao terminar te contar tudo me senti um pouco mais leve e bem menos perturbada. Depois de alguns minutos de silêncio a semideusa voltou a falar:

– E o que você pretende fazer agora?

– Como assim o que pretendo fazer? - achei estranho ela perguntar aquilo porque em nenhum momento eu havia mencionado que queria fazer Percy voltar para mim.

– Ora, o que pretende fazer para vocês dois voltarem a ficar juntos! - falou ela como se fosse óbvio - Por que é isso o que tem que fazer. Não me diga que não está pensando nisso?

– Sim, sim. Claro que estou - respondi rapidamente e vi o alívio percorrer o rosto da garota - Mas não é tão simples assim. Ainda mais que estamos nessa missão doida. Acabo ficando sem tempo e sem oportunidade para pensar em alguma forma de me reaproximar de Percy.

– Annie, assim nem parece que você namora há bem mais tempo do que eu - era impressão minha ou Hazel estava tirando onda com a minha cara? - Uma missão é o momento perfeito para se aproximar de um garoto. É só você saber aproveitar as oportunidades.

– Não estou entendendo… Como assim aproveitar as oportunidades? - ou eu era mesmo uma completa tapada no assunto, ou a semideusa estava viajando na maionese.

– É muito simples Annie - começou a explicar Hazel - Você nunca viu aqueles filmes românticos onde a mocinha vive inventando desculpas para pedir a ajuda do mocinho e com isso ficar mais perto dele? Então, é o que você tem que fazer. Talvez tentar parecer mais frágil do que é ou então criar alguma situação para que vocês não tenham outra escolha se não ficarem bem próximos. Entendeu?

– É… não sei não - fiquei um pouco desconfortável com aquelas sugestões. Ela estava me dizendo para enganar Percy para que ele ficasse mais perto de mim? Logo me lembrei que para Hazel os “filmes românticos” deviam ser uma novidade e que ela devia ter ficado no mínimo impressionada com eles - Olha eu agradeço a sua boa intenção em querer me ajudar com isso, amiga. Mas eu realmente quero ser sincera com Percy daqui pra frente. Não quero ter que inventar nada nem forçar a barra para que ele fique perto de mim. Quero que aconteça naturalmente. Que ele deseje a minha presença, sabe?

– Sei, entendo totalmente. E acho que está certa - concordou a semideusa. Se tinha uma coisa que Hazel sabia ser, era compreensiva - É só que parece dar tão certo nos filmes…

– Infelizmente não estamos em um filme onde o final feliz já é mais que certo - falei sem ânimo nenhum na voz - Mas nem por isso eu irei desistir tão fácil. Pretendo fazer Percy se lembrar do porquê se apaixonou por mim e também fazê-lo ver que ainda vale a pena dar uma chance a nós…

***

– Tinha me esquecido o quanto você consegue ser irritante quando quer, Percy! - falei perdendo a paciência. Eu podia estar arruinando qualquer chance de me acertar com ele, mas simplesmente não conseguia aceitar que contestassem minha lógica.

– Não tenho culpa se você quer ser sempre a dona da razão. O que custa aceitar que eu estou certo? - retrucou o filho de Poseidon.

– Mas não está! - exclamei mais uma vez - Eu tenho absoluta certeza de que o lugar que meu pai disse que Hanna morava fica nessa direção - cruzei os braços e fechei a cara. Não iria me dar por vencida até provar para ele que era eu quem estava certa.

– É… gente? - interveio Frank de forma cautelosa - Não que eu esteja querendo julgar nem nada, mas tem necessidade de discutirem por causa disso?

Olhei para o romano e em seguida eu e Percy nos entreolhamos. Instantaneamente me senti um pouco envergonhada com a cena que estava fazendo. Realmente não havia necessidade alguma de estarmos tão alterados. Discordávamos em algo tão insignificante e que poderia ser tão facilmente solucionado. O problema era que desde que havíamos descido do avião ambos começamos a implicar com cada mínima coisinha que o outro fazia. Não sei se era o fato de voltarmos a respirar o ar Nova-iorquino ou se era porque havíamos cruzado com Haley logo que saímos do aeroporto. Tivemos que inventar uma bela de uma desculpa, afinal ela não via Nathan desde que ele estivera conosco no dia anterior.

Talvez olhar para a garota tenha nos lembrado de que nossa situação era a mais estranha e complicada possível. Não tenho certeza ainda, só sei que estávamos nos irritando muito facilmente um com o outro. E é claro que aquilo não era bom para dois semideuses que tem que trabalhar juntos em uma missão. Por sorte tínhamos Hazel e Frank ali conosco para nos ajudar a manter o foco e nos lembrar que algo muito mais importante estava em jogo.

– Não Frank. Você tem razão, isso é uma bobagem - admiti - Não podemos perder tempo discutindo, temos que seguir em frente não importa para qual direção for…

Para mostrar que realmente havia desistido de argumentar em favor da minha opinião, aceitei ir pelo caminho que Percy havia indicado. De certa forma eu queria me mostrar superior em dar o braço a torcer mais do que qualquer coisa, mas isso não importava. Quando por fim eles vissem que eu estava certa e Percy errado, nada poderia ser melhor do que a minha sensação de triunfo. E assim, foi. Rodamos diversos quarteirões até o cabeça de Alga reconhecer que talvez tivesse se enganado. Esperei para que eles me pedissem para tomar a dianteira e indicar o caminho que eu julgava certo. Encontramos o endereço menos de cinco minutos depois. Não tinha necessidade e nem graça de me vangloriar. Havia sido fácil demais. Infelizmente tudo aquilo não deixou Percy muito feliz. Eu estava fracassando na missão de reconquistá-lo. Esperava não fracassar na outra missão também.

De cara achei que estava tudo fácil e evidente demais. A casa que ficava bem em frente de uma famosa lanchonete de fastfood, como Frederick indicara, tinha a exata aparência que se espera de um cativeiro. Abandonada e caindo aos pedaços. O que também estava ficando cada vez mais evidente era que aquilo tudo não passava de uma grande armadilha. Emily e Hanna deviam querer nos atrair para seu covil assombrado para poderem nos pegar dentro de seu território. E mesmo sabendo disso nós havíamos trazido dois amigos para a boca do leão. Já sem ter como voltar atrás, entramos na casa na ponta dos pés. Foi Percy quem tomou a frente nessa hora e abriu a porta da frente silenciosamente.

Estava tudo escuro obviamente e de cara não enxergamos nada. Depois que entramos e nossos olhos foram se acostumando a escuridão, pudemos ver melhor o lugar. Me senti voltando alguns anos no tempo ao analisar melhor aquela antiga construção. Era tudo muito parecido com o lugar onde eu estivera em Chicago procurando Percy, que mais tarde eu fui descobrir que na verdade era Dean. Não gostava nada de me lembrar da época em que Hera havia sequestrado Percy e o levara para o acampamento Júpiter me deixando sem notícias dele por quase um ano. Havia sido uma das épocas mais difíceis da minha vida. Entretanto mesmo longe, eu o sentia perto de mim sempre naquele tempo. Por certa ironia do destino nós estávamos bem próximos agora fisicamente, mas parecia que nunca estivéramos mais distantes emocionalmente.

Eu seria uma presa fácil se continuasse divagando daquela maneira, então tentei me concentrar no que estávamos fazendo: invadindo uma propriedade particular a fim de encontrar nosso amigo raptado. A sala que havia logo atrás da porta de entrada era grande e tinha alguns móveis empoeirados. Avançamos por ela lentamente. Nos assustamos com um barulho vindo de uma porta de madeira a direita. Percy fez um sinal com a cabeça para Frank que logo entendeu o que devia fazer. Em menos de três segundos o filho de Ares, usando seu dom mágico, se transformou em um mosquito e foi voando até a fechadura da porta. Não demorou nem outros três segundos para ele voltar para onde estávamos e retornar a sua forma de garoto grandalhão de agasalho esportivo. Frank então foi até Percy e cochichou algo em seu ouvido.

– Nathan está aqui - Percy sussurrou para nós e eu então entendi que Frank devia ter visto o garoto lá dentro e o descrevera para Percy - Vamos entrar.

Não era uma pergunta. Tampouco era uma ordem. Percy estava apenas dando um comando como bom líder que era. E para um grupo de semideuses em uma missão, era exatamente o que precisávamos. Nesse quesito pelo menos, era bom saber que ainda estávamos em sintonia. Percy colocou a mão na maçaneta enquanto eu empunhava minha adaga e me colocava em posição estratégica para entrar e poder atacar qualquer que fosse a surpresa que havia para nós lá dentro. Ele abriu a porta e a empurrou vagarosamente. Eu esperei até que ela estivesse quase toda aberta para entrar.

Senti meu coração ficar menor e bater mais lento com a cena que eu vi em seguida. Nathan estava sentado sobre o chão e com as costas encostadas na parede. Sua aparência não podia ser pior. Ele não estava apenas mal cuidado ou abandonado, estava com diversos hematomas e ferimentos. Elas o haviam agredido e não devia ter sido pouco. Quis morrer de tanta tristeza, raiva e culpa que senti naquele momento. Antes que pudesse reagir e tentar ir até lá ajudá-lo Percy me bloqueou com o braço e se colocou a minha frente tapando a visão que eu tinha do mortal. Quando tentei me desvencilhar dele par poder ir prestar socorro a Nathan, ele me segurou impedindo que eu prosseguisse.

– O que você está fazendo? - perguntei indignada - Temos que tirá-lo daqui agora.

– Annie, você não precisa ver isso - falou ele calmamente tentando me acalmar. Certamente ele devia saber de algo que eu não havia tido tempo de reparar. Algo que apenas Frank cochichara em seu ouvido - Eu irei cuidar dele, volte para a sala e vá com Hazel conferir os outros cômodos. Eu prometo que nada vai acontecer a ele. Você não vai conseguir ajudá-lo agora, confie em mim e faça o que eu digo.

Quis não dar ouvidos a Percy naquele momento e tentar fazer o que estivesse ao meu alcance para ajudar Nathan. Me sentia mal de não fazer nada enquanto ele estava visivelmente precisando de ajuda. No entanto eu vi naqueles olhos verdes toda a razão e o apoio que precisava naquele momento. Ele estava certo, eu provavelmente ficaria tão abalada ao ver os ferimentos de Nate que não conseguiria ajudá-lo devidamente. Então respirei fundo e voltei para junto de Hazel enquanto Frank e Percy fechavam a porta do cômodo onde Nathan estava. Me esforcei para segurar o choro enquanto nós duas fomos chegar o resto da casa. Parecia que tudo havia sido feito intencionalmente só para rirem da nossa cara. Não havia mais ninguém na casa. Elas haviam deixado Nathan ali de propósito, sabiam que cedo ou tarde descobriríamos a informação que passaram de propósito ao meu pai.

O que eu não entendi era porquê. Pra que sequestrar um garoto inocente, machucá-lo e depois largá-lo como um trapo velho em uma casa abandonada? Bom, se me afetar era o que aqueles monstros queriam, eles haviam conseguido direitinho! Estava com raiva pelo que fizeram a Nathan e também me sentia profundamente frustrada por não as haver encontrado para descobrir de uma vez o que ou quem estava por trás de tudo. Voltei para a porta do quarto onde os garotos estavam e a abri. Eles não estavam mais lá. Senti que ia entrar em pânico, mas Hazel me chamou mostrando que eles haviam saído. Percy ajudava Nathan a subir em um enorme cavalo de cor marrom e branca, que provavelmente era Frank. Não precisei perguntar para saber que o estavam levando ao hospital. Nossa ambrósia e néctar não o ajudariam. Depois que eles partiram eu fui até a porta de entrada e me sentei na soleira. Abracei os joelhos e fiquei mirando o asfalto da rua. Me perguntando se aquilo tudo teria explicação algum dia.



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