História Mistaken - Who is she?

 Meu Deus, essa aula não acaba nunca – Pensei, enquanto o professor de física falava incansavelmente sobre eletrostática. Eu sei que deveria estar prestando atenção porque esse ano farei o vestibular, mas poxa, hoje é sexta-feira. Tudo que conseguia pensar era em qual roupa usaria e certamente em qual boate iríamos no sábado.

 Acredito que eu e minhas amigas já fomos a quase todas as boates ou baladas da cidade. Nunca gostei de freqüentar lugar nenhum, por isso o colégio me deixa tão entediada. Se não fosse pela minha popularidade nesse lugar, só Deus sabe quanto tempo eu agüentaria essa monotonia.

 Graças á minha boa educação, nunca demonstrei desinteresse ou fiz pouco caso de professores. Afinal, eles estão exercendo sua profissão, eu deveria no mínimo respeitá-los.

 Fui tirada de meus pensamentos quando senti meu celular vibrar em meu bolso. Era uma mensagem de Dylan. Pelo menos uma distração.

Mensagem de Dylan S.

- Dylan 11h38: heeey Camilaaaa <3

 Não pude deixar de revirar os olhos, esse garoto me perseguia desde uma festa qualquer em que fiz a burrada de aceitar ficar com ele. Camila, você deveria ser mais consciente quando bebe, praguejei mentalmente.

 

11h38 - Oi Dylan, tudo bem?

Pronto, não demonstrei muito interesse, mas também não fui tão rude. Pensei enquanto lia que ele já estava prestes a responder.

-Dylan 11h39: Tudo sim liiindaa, e com vc bb?

Meu Deus, garoto grudento. Resolvi deixar minha boa educação de lado por um momento, não estava com ânimo para ter uma conversa superficial e que não me levaria á lugar algum.

 Não sei se era por que o Dylan era chato, ou por que qualquer outro garoto que demonstrava interesse, eu não me interessava. Talvez fosse pelas meninas que beijei em algumas baladas, o que eu sinto em relação a isso tirou quase completamente meu gosto por meninos.

Não foi repentino, não simplesmente beijei uma garota e pronto, acabou meu interesse por garotos. Foi aos poucos, lentamente preferindo os beijos delicados e calorosos que só as meninas sabem dar, aos beijos apressados, desnorteados e muitas vezes abusivos dos meninos. Comecei a refletir se isso era coisa da minha cabeça, essa preferência por meninas. Porque se esse meu pensamento fosse a verdade concreta sobre beijos, quase ninguém gostaria de beijar garotos.

 Mas era só isso: beijos. Nunca namorei ou tive algum relacionamento com meninas. Também nunca fui para a cama com uma, não por falta de interesse – isso eu tinha de sobra – mas por nunca ter tido realmente uma oportunidade, e tinha medo de frustrar a menina que fosse à cama comigo, tinha zero em experiência prática, só havia visto muitas vezes em filmes e livros. Não posso negar, acho muito mais quente que o sexo heterossexual. Inclusive, de todos os meus relacionamentos com garotos, nunca senti vontade de fazer sexo com nenhum deles. Considerando minha idade, ninguém sequer pensa no fato de que sou virgem, mas nem ligo em admitir isso quando o assunto vêm á tona.

Quase dei um pulo ao sentir meu celular vibrar novamente, dessa vez em meu braço.

 

Mensagem de Normani

- Manibear <3 11h47: Vamos almoçar juntas hoje? Quero que você vá comigo ao shopping comprar roupas pra sábado

-Manibear <3 11h47: E você tá em qual mundo paralelo com essa carinha vermelha??

 

Se eu estava vermelha, fiquei branca pela percepção de Mani. Caramba.

 

- 11h48: Não estava pensando em nada, apenas sendo a Camila-desligada-Cabello como sempre hahahah

- 11h48: posso ir sim, quero comprar uma saia nova baby

- Manibear <3 11h48: kkkkkk sei..

- Manibear <3 11h49: Te vejo no estacionamento então, mas vou encontrar o Cole perto dos armários antes >:D

 

Ri baixinho com a mensagem de minha amiga antes de respondê-la. Parei no mesmo instante em que lembrei de Dylan, por acaso irmão gêmeo de Cole. Deveria responder a mensagem dele agora? Talvez mais tarde, ainda não estou com paciência para conversinhas.

 

O caminho ao estacionamento foi normal, me despedi de todos sorrindo como sempre, recebendo e retribuindo abraços dos mais conhecidos. E como de costume, conversando com uma ou outra pessoa que nunca havia nem visto nesse colégio gigante. Eu gosto disso. Dessa popularidade que adquiri conforme os anos foram se passando, somando com meu carisma constante.

 Enquanto esperava Mani, há mais de 10 minutos, avistei Dylan vindo em minha direção com um sorriso torto.

Droga.

Para minha sorte, Normani e Cole apareceram atrás dele. Pelo o que entendi, Cole chamou Dylan para conversarem sobre algo que não ouvi por estar longe. Aproveitei a deixa e apressei Mani para irmos embora logo.

 

- Preciso que você me faça mais um favor hoje meu amor. Disse Normani enquanto dava partida no carro.

- Pode falar baby.

- Depois de ficar com Cole, ele disse que Dylan tem uma queda ENORME por você.

 

Ela disse enquanto dava uma risada sarcástica, Mani sabia da minha recente preferência por meninas. E que não suportava Dylan.

 

- Então, ele pediu para que fôssemos nós quatro juntos a uma festa hoje...

 

Fiz uma careta. Eu não acredito que ela vai me pedir isso.

 

- Mila, por favor amiga! Nós só vamos ir juntos, não precisa cair de amores por ele!

 

Abri a boca para relutantemente dizer que sim, faria esse favor. Até que ela me interrompeu antes mesmo de sair qualquer som de minha boca.

 

- Se você fizer isso eu deixo você escolher aonde vamos almoçar, e eu pago, com direito á sobremesa! Milinha, please!

 

Ri de seu apelo desesperado, combinando com sua expressão facial, fingindo ser a coisa mais importante do mundo e que dependia apenas de mim.

- Tá – fingi um leve mau humor bufando – mas a hora que eu cansar dessa festa nós vamos embora.

- Okayyyy!!!

 

O resto do dia passou muito bem, dei muitas risadas com Normani. Ela é minha melhor amiga há 11 anos, e como nós temos 18, pode-se dizer que temos uma grande bagagem de piadas internas e muitas histórias para contar e morrer de rir lembrando-as.

Cheguei a meu quarto exausta. Para ser sincera, odeio sair nas sextas, só vou à festa porque Mani me mataria se eu estragasse seus planos com Cole.

 Antes de tomar banho para começar a me arrumar, resolvi dar uma olhada em meu celular. Deparei-me com a mensagem de Dylan que ainda não havia respondido. Droga. Não gosto de deixar as pessoas no vácuo. Não interessa se é alguém insignificante ou que eu não esteja num humor bom para conversas curtas, realmente não me sinto bem em causar esse tipo de aflição nas pessoas. Se eu mando uma mensagem e a pessoa não responde dentro de vinte minutos, já me arrependo amargamente de ter tentado iniciar uma conversa. Odeio a sensação de vácuo, a pessoa pode ter simplesmente me ignorado ou realmente estava ocupada, não importa, odeio. Então sempre tento não reproduzir isso em outras pessoas.

Revirei os olhos relendo sua última mensagem, lembrando da promessa que fiz à minha melhor amiga. Essa noite não será muito agradável com ele tentando algo comigo novamente. Bufei.

 

Conversa com Dylan S.

-Dylan 11h38: heeey Camilaaaa <3

 

11h38 - Oi Dylan, tudo bem?

 

-Dylan 11h39: Tudo sim liiindaa, e com vc bb?

 

-19h44: ah oi, estou bem também

-19h44: desculpa, tive um dia corrido rs

 

Larguei o celular na cama e fui logo tomar banho. Segundos antes de sair de meu quarto para ir ao banheiro escutei o aparelho notificando uma nova mensagem, provavelmente Dylan já me respondeu. Não me importei em continuar meu caminho.

 O banho de certa forma estava me animando. Lembrei-me que vão estar várias amigas e amigos nessa festa, e é sempre bom conhecer pessoas novas. Pensei em ser direta com Dylan, não tenho nenhum interesse nele e seria bom eu esclarecer isso logo para ele sair do meu pé e não estragar minha noite.

Eu na verdade mal o conheço. Mas depois que ficamos em uma festa que nem lembro detalhes, o colégio todo já sabia em plena segunda feira de manhã, ainda no primeiro período. As únicas pessoas que presenciaram o momento foram Normani e Cole, e eles não fariam isso, esse alarde todo. Estavam rolando boatos até de que eu dei pra ele no banheiro do local. Quando perguntei a ele se sabia destes rumores, ficou completamente sem graça dizendo que não e mal olhou em meu rosto para dizer que ‘’Não sei quem espalhou isso Mila’’.

Ainda não acredito em suas palavras.

Voltei da imersão em meus pensamentos quando escutei minha mãe batendo na porta.

 

-Camila, vai sair que horas filha?

 

- Acho que meus amigos vêm me buscar lá pelas nove horas! – Respondi desligando o chuveiro e começando a me enrolar na toalha.

 

-Tudo bem então, eu e seu pai estamos indo na reunião da escola da Sofi, beijos e se cuida ein menina!

 

-Pode deixar mãe, beijooos

 

Satisfeita e me sentindo completamente linda após me vestir, lembrei que deveria avisar Normani que já estava pronta. Quando peguei meu celular, me deparei com as seguintes mensagens:

 

Mensagem de Dylan

- Dylan 19h45: Tudo bem! E aí, se arrumando pra festa, linda??

 

Mensagem de Normani

-Manibear <3 19h59: Milaa

-Manibear <3 19h59: responnde menina

-Manibear <3 20h03: af você deve estar se arrumando, só queria avisar que os meninos não vão mais nos levar, briguei com o Cole e não quero saber dele hoje >:(

-Manibear <3 20h28: caramba Camila tá se arrumando mesmo ein, que demora pra responder jesus

-Manibear <3 20h33: já que vc não responde, só pra avisar vou chegar aí um pouco antes do combinado, bjbj

 

Decidi responder o Dylan primeiro, já que havia dado vácuo demais nele hoje.

 

Conversa com Dylan

-20h39: sim! Rs

 

Assim que abri a conversa com Normani para respondê-la, escutei a campainha soar pela casa. Ri de suas mensagens e caminhei até a porta. Quase tive um ataque cardíaco quando vi Dylan na pequena área de entrada. O que diabos ele estava fazendo aqui?

 

-Boa noi- nossa Camila, você está muito linda!

 

-Olha Dylan, sem querer ser grosseira, mas o que você está fazendo aqui?

 

Vi seu rosto desabar um pouco, ficando sem graça e desmanchando quase que por completo seu sorriso. Não havia reparado, mas ele está realmente muito bonito e diria até charmoso. Na verdade, Dylan é um rapaz lindo, loiro natural com olhos verde escuro e seu rosto de uma beleza quase angelical, mas com traços fortes.

 

-Bom é...eu-hm-Cam-eu.. pensei em te chamar pra ir na festa comigo...mesmo que meu irmão e Normani tenham se desentendido, imaginei que poderíamos-

 

Sua fala foi interrompida quando avistou o carro de Normani virando a esquina da rua da minha casa.

 

-Acho que já tem outros planos né? –Riu ele sem graça -Bom, boa noite Camila...e você está realmente linda. Até mais.

 

-Desculpa Dylan, talvez outro dia. Boa noite. –Quase me arrependi pela falsa suposição de que sairia com ele, pelo sorriso que prontamente instalou em sua boca. Ele assentiu, se aproximou para dar-me um beijo no rosto de despedida e saiu em direção ao seu carro estacionado do outro lado da rua.

Dylan apesar de tudo tinha um ar misterioso, como se estivesse constantemente alerta sobre tudo à sua volta, sempre carregando uma expressão levemente intimidadora. Talvez fosse apenas seu charme.

 

Normani nada disse sobre ele ter vindo até aqui, quis apenas desabafar sobre sua discussão com Cole. Pelo o que entendi, Cole não queria encontrar certas pessoas que não conhecíamos na festa, ficou sabendo de última hora que iriam, e ele não explicou o porquê de querer evitar esse encontro. Conhecendo minha amiga, deve ter ficado completamente frustrada por não saber a verdade, se irritando com Cole a ponto de cancelar completamente seus planos.

 

Já eram exatamente meia-noite e meia e nem eu, muito menos Normani estávamos agüentando ficar em casa. Já tínhamos jantado com minha família, fofocado, brincado com minha irmã e estávamos no 5º episódio de uma série que nunca tinha ouvido falar.

Acordei de meus pensamentos com Mani levantando num pulo, como se tivesse acabado de ter a melhor idéia do mundo.

 

- MILA! Vamos àquela festa agora! Não estamos fazendo nada, ainda estou triste com o

Cole e ainda estamos vestidas pra sair...e convenhamos, estamos maravilhosamente lindas.

 

Ao dizer isso, fez uma pose, colocando sua mão direita abaixo de deu queixo, dobrando levemente os joelhos, levantando o quadril.

Me fez rir de sua súbita animação, concordando que seria uma boa idéia.

 

-Okaaay bear, só preciso avisar minha mãe e nós vamos!

 

Normani deus uns pulinhos de comemoração e dirigiu-se ao banheiro para retocar sua maquiagem. Nisso, fui falar com minha mãe que prontamente deixou.

Eu e minha mãe temos uma relação muito boa, porém nem sempre foi assim. Acho que quando passamos pela pré-adolescência, todos passam por dificuldades de relacionamento com os pais.

Com o tempo, fui criando uma linha de confiança com meus pais. Quando finalmente entendi que deveria partir de mim ser honesta com eles e tentar construir uma relação saudável, conseguimos desde então manter a confiança e respeito entre nós.

 

Saímos de casa perto de dez para às uma hora da manhã. Juro que estamos sendo observadas, não sei de onde, mas essa sensação não passa. Talvez seja normal sentir isso quando vocês são as únicas pessoas na rua num completo silêncio, apenas barulhos de veículos na avenida principal mais próxima.

Suspirei de alívio quando entramos no carro de Normani, que rapidamente colocou Rihanna para tocar no rádio.

Fomos cantando alto as músicas de sua –super animada- playlist.

Chegamos à casa de Ally Brooke em uns quinze minutos, a festa estava bombando. Muitas, muitas pessoas. Várias visivelmente bêbadas, outras ingerindo bebida como água.

Não vou negar, amo beber, sentir-me embriagada, leve.

Após Mani conseguir achar uma vaga para estacionar, saímos com pressa do carro para aproveitar logo nossa noite. A minha sensação de estar sendo observada havia voltado.

A casa de Ally era gigante, a festa estava rolando apenas no andar de baixo, estendendo-se para o jardim da frente.

Me perdi de Normani cinco minutos depois de entrarmos na casa porque fomos cumprimentar os conhecidos.

Depois de não sei quantos copos de bebidas, lá estava eu dançando na pista improvisada no meio da sala espaçosa.

Estava tocando If I’m Dancing – Britney Spears. Dançava como se só existisse eu naquele momento, deixando-me levar pela batida da música de olhos fechados e um meio sorriso, meu quadril praticamente dançava com vida própria.

Quando abri os olhos, ainda dançando, deparei-me com um par de olhos verdes, do outro lado da sala, tão profundos e concentrados em meus movimentos que por um segundo esqueci até como respirava.

Quem é ela? Que mulher linda, absurdamente linda. Tão pálida que mesmo com a baixa iluminação era perceptível. Os olhos hipnotizantes bem delineados em preto, a boca carnuda em um vermelho marcante. O cabelo perfeitamente desgrenhado. Eu não tenho palavras para descrever sua beleza. Era inacreditável.

 

Perdi a noção de quanto tempo ficamos nos encarando, quando um garoto qualquer apareceu na minha frente tentando dançar comigo, olhei para seu rosto e o reconheci do colégio, mas não lembrava seu nome. Fui recusar, quando ele me beijou a força, interrompendo-me. Agarrou minha cintura fortemente, beijando-me sem ao menos se importar em perceber que eu não havia retribuído. Eu estava em choque, uma onda de raiva passou pelo meu corpo, todo o álcool que eu havia ingerido parecia ter evaporado com minha fúria. Empurrei-o com toda minha força, dei um soco em sua boca que quase instantaneamente começou a sangrar.

-SOME DA MINHA FRENTE SEU NOJENTO.

Esbravejei. As pessoas ao nosso redor perceberam o ocorrido, rapidamente dois amigos meus tiraram o garoto do local.

 

-Cabello eu sei que você gostou SUA SAFADA, DE HOJE NÃO PASSA.

 

Minha vontade era pular em seu pescoço e terminar de quebrar a cara daquele verme.

 

A noite continuou devidamente bem, recebi elogios pela minha reação e não cruzei mais com o garoto. Puxando bem em minha memória, lembrei que seu nome era Nash.

Não encontrei mais também a menina dos olhos verdes, frustrante. Comecei a pensar se eu não havia imaginado ela ali.

 

Já eram quatro e quarenta e três da manhã, eu queria ir embora. Não estava conseguindo achar Normani em lugar nenhum, resolvi procurá-la aonde deixou seu carro.

Cruzei com vários conhecidos no caminho, muitos já indo embora, o cansaço estampado em seus rostos. E nada da garota dos olhos verdes.

Do lado de fora, avistei o carro de Normani, pensei em esperar por ela lá mesmo. Fui pegar meu celular para ligar para ela e enquanto procurava seu nome na minha lista de contatos, algo tampou minha visão repentinamente. Senti alguém agarrando minha cintura com muita força, puxando-me para mais perto de seu corpo. O que tampou minha visão foi a mão do indivíduo que estava me violando. Comecei a gritar pelo susto, misturado com o medo que percorreu em minhas espinhas pelas coisas horríveis que aconteceriam se alguém não o interrompesse.

Percebendo que alguém me escutaria, o agressor rapidamente tirou a mão de meus olhos para tapar minha boca.

 

-Eu disse que de hoje não passava Cabello, fique bem quietinha que eu tenho certeza que você vai gostar.

 

Era Nash. Eu estava me sentindo repugnada, com vontade de vomitar só em pensar na proximidade de nossos corpos no momento.

 

-Você com essa saia vai facilitar bastante, gostosa.

 

Senti seu membro roçar em meu traseiro. Nojo era o que eu mais sentia. Comecei a entrar em desespero profundo, quanto mais eu me debatia, mais aquele nojento parecia gostar. Estava começando a me dar vontade de chorar de raiva, de indignação, nojo, medo.

No momento que havia aberto meus olhos, vi que ele havia me levado para um espaço escuro entre uma parede dos fundos de uma loja e uma van. Então era isso. Não estava acreditando que perderia minha virgindade dessa forma, comecei a chorar.

 

-Qual é, vai chorar menina? Cadê sua força ein? Meu lábio ainda está inchado por aquele soco sua vagabunda! Eu deveria fazer pior com você, mas só quero aliviar meu tesão.

 

Ainda me segurando com muita força, começou a tentar abrir sua calça.

 

-É melhor você não fazer isso seu verme!

 

Não sei expressar o que senti nesse momento. Que voz era essa? Aveludada, ríspida, se desse para literalmente senti-la diria áspera. Era uma voz feminina, com um tom de autoridade tão forte que Nash afrouxou o aperto em minha cintura, mas segundos depois voltou a agarrar-me com toda força novamente.

 

-Não se meta nisso aqui vad-

 

Nash não terminou sua frase, tudo aconteceu rápido demais. Eu diria que em dois segundos, mas não seria humanamente possível. A dona da voz era a mesma que do par de olhos verdes tão profundos como o oceano. Ao olhar para ela, percebi que seus olhos estavam tão escuros quanto à noite, talvez fosse a falta de iluminação.

Nash foi jogado contra a van atrás de nós, o som do impacto foi um baque surdo. Eu teria caído se minha heroína não me segurasse. Agarrei-me ao seu corpo como se minha vida dependesse disso, e sem perceber, desabei em lágrimas.

Vi o rosto desacordado de Nash, provavelmente desmaiado pelo impacto de seu corpo contra a van, que por sua vez estava com uma marca de amassado gigante. Perguntei-me se ela já estava assim antes, pois não era possível tamanha força para fazer isso. Ou era?

 

-Vamos.

 

Eu nada respondi, apenas assenti e me deixei ser acompanhada para o outro lado da rua. Estava me preparando mentalmente para tentar conversar e agradecer, quando me surpreendi ao ver Dylan se aproximando correndo, com desespero estampado em seu rosto. A expressão foi sumindo e sendo substituída por... Raiva? Porque ele estava com raiva? Seus olhos estavam vidrados em minha heroína à minha frente, eu ainda estava abraçada ao seu corpo. Avermelhei ao perceber isso.

Mas porque tanto ódio pela garota? Se não fosse por ela, não quero nem pensar no que estaria acontecendo comigo no momento.

 

-Jauregui... o que faz aqui?

 

Dylan parece ter esquecido minha presença, ao menos olhou para mim.

 

-O mesmo que você, Sprouse.

 

-Vocês se conhecem? De onde?

 

Ambos olharam para mim, porém não responderam. O ar estava pesado. Não sei o que aconteceu com eles, mas deve ser grave para se olharem com tanta raiva e desprezo em suas falas.

Ainda envergonhada, fui lentamente me soltando da tal Jauregui, não tinha idéia do que dizer. Coloquei minhas mãos nos bolsos de minha jaqueta de couro.

 

-Camiiiilaa, vambora! Mas você dirige porque eu to é loca.

 

Se eu não estivesse nessa situação, teria dado risada de Normani cambaleando, com a voz completamente embargada. Estava visivelmente bêbada.

Virei para despedir-me da garota de olhos verdes e para minha surpresa, ela já não estava mais ali. Como? Abri a boca para perguntar à Dylan que horas ela havia saído dali, não era possível eu ter me distraído tanto a ponto de não ver ela indo embora. Antes que pudesse falar, Dylan começou.

 

-Olha Camila eu não consegui chegar antes e eu sinto muito, mas tente não se aproximar da Jauregui.

 

Milhares de dúvidas surgiram em minha mente. Como assim “não conseguiu chegar antes”? Ele soube o que estava acontecendo como? Por que ele achava que minha heroína não era confiável? E outra, por que eles se repulsavam tanto?

Novamente abri a boca para questioná-lo, mas Normani já havia nos alcançado e eu realmente precisava levar ela para casa.

 

-Dylan...baby, a Mila não te curte não, se eu fosse você desistia querido... E fala pro seu irmão que ele é um bosta!

 

Dessa vez não consegui segurar a risada, neguei com a cabeça e peguei a mão de Mani guiando-a para o carro. Nem olhei para Dylan tamanha a vergonha pelo o que ela disse.

 

Dirigindo de volta para minha casa, estava constantemente com aquela sensação de estar sendo vigiada novamente. O que estava acontecendo?