Tempestade. Sua mente se encontrava em uma. Mas, não era uma tempestade apenas, era também um caldeirão fervendo, era um turbilhão de pensamentos, era como um vulcão explodindo e cuspindo lava e fuligem para tudo quanto é lado. Podia definir sua mente com uma palavra apenas. Caos.
Estava desnorteado. Mas, isso era visível para Rodrigo? Ele sabia o que estava causando? Como fugir dali? Como fugir dele? Correr feito um louco ou avançar de frente e tentar derrubá-lo? Conseguiria? Tinha forças para isso? A resposta era não. O que fazer? Apelar para a força física que havia desaparecido naquele momento ou insistir em buscar uma solução em sua mente conturbada?
Silêncio. Seus olhos encaravam Rodrigo visivelmente atordoados, ele sabia disso, sabia que Ycaro estava em desvantagem. Sabia que ele estava apavorado.
Ycaro respirou fundo e engoliu o nó que se formava em sua garganta. Perguntava para si mesmo se ao menos conseguiria dizer algo sem ficar pior do que já estava.
Ycaro: E-eu...
As palavras pareciam querer fazê-lo engasgar.
Ycaro: S-só... Só estou procurando o livro.
Disse como se tivesse conseguido desenroscar a própria voz.
Rodrigo: Procurando como se tu nem sabe o nome do livro?
Indagou Rodrigo com certo deboche. Seus olhos encaravam Ycaro com petulância. Ele sabia muito bem o que estava fazendo, agia como se tivesse o loiro em suas mãos.
Ycaro: E-eu sei sim... não preciso da sua ajuda.
Respondeu ele dando um passo para trás. O nervosismo não o deixara perceber, mas havia se virado de costas para a estante, no entanto ele achava que havia um corredor logo atrás.
Rodrigo: Não perguntei.
Rodrigo avançou um passo fazendo Ycaro recuar outro.
Ycaro: Será que pode... Pelo menos me deixar pegar o livro é...
Ycaro fez uma pausa como se tivesse esquecido o nome de Rodrigo.
Rodrigo: ... Rodrigo.
Completou ele, avançando mais um passo. Ycaro recuou seu último passo até trombar com a estante.
N-não... Pensou ele sentindo o suor frio escorrer pelo rosto. Estava em pânico, não esperava por aquilo, jurava que havia um corredor logo atrás.
Rodrigo aproximou-se. Dessa vez não havia para onde fugir. Podia sentir o calor dele. Aquele seu sexto sentido estava a milhão.
Rodrigo: Não, tu não vai pegar o livro... E se isso te deixar mais confortável pode me chamar de Saiko ou Mr. Cosmus se preferir.
Era como se um balde de gelo estivesse sendo despejado em sua cabeça. O que dizer depois daquilo? Seus sentimentos não o enganavam, diziam o tempo inteiro que era Saiko que estava ali, no entanto havia sido um completo idiota em ignorar aquilo, em acreditar que por se parecer mais humano Rodrigo e Saiko não poderiam ser a mesma pessoa. Era um idiota.
Rodrigo: Eu deveria estar surpreso com o fato de que você agiu como se eu fosse outra pessoa? Não! Não deveria, afinal tu é burro mesmo.
Sua mente parecia querer explodir e agora era de raiva. Sem hesitar levantou o braço com o punho fechado; queria acabar com ele, quebrar a cara dele, socá-lo até não poder mais.
Saiko: Não.
Disse Saiko segurando o pulso de Ycaro com força e pressionando-o contra a estante.
Por quê? Por que todas as suas tentativas contra ele sempre davam errado?
Ycaro: Desgraçado.
Saiko sorriu. Ycaro sentiu os lábios dele em seu pescoço seguido pelo arrepio. Sentiu a mão dele tocar sua cintura e subir por suas costas. Tentou empurrá-lo, porém sem êxito.
Saiko: Eu sei Ycaro... Eu sei que você quer.
Ycaro: Não... Saiko.
Saiko: Eu consigo sentir Ycaro, consigo sentir seu sangue ferver quando eu estou perto.
Os lábios de Saiko foram em direção aos de Ycaro, não podia mais evitar queria a boca dele na sua, beijou-o com intensidade, passou os braços pela cintura do loiro e o grudou ao seu corpo, sentia o coração acelerado dele contra o seu peito, queria mais, enroscou sua língua na dele e o sentiu ceder, ele havia se rendido. Saiko estava em êxtase sentia Ycaro reagir ao seu beijo, ao seu toque, ele estava completamente envolvido, estava completamente rendido.
Aquele beijo quente, aquela língua, a intensidade, o calor, Ycaro sentia lhe faltar fôlego. Estava fora de si, naquele instante em que estava ali a tempestade havia passado, o caos em sua mente havia desaparecido, Saiko era como um antídoto para o próprio veneno. Ele era o veneno. Ele era o antidoto.
Ycaro estava perdido naquele beijo, perdido até uma voz distante e familiar fazê-lo despertar. Sentia como se tivesse começado a chover dentro de sua mente. Era Meiaum, no final do corredor, dizendo algumas coisas inaudíveis para Tawan antes de sair dali batendo os pés. Tawan o seguiu. Imediatamente Ycaro se separou de Saiko. Sentiu uma pontada no peito.
Ycaro: Não... Meiaum.
Lamentou-se correndo para a saída que dava na direção das mesas.
Saiko sorriu.
Saiko: Acho que deu certo.
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