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História Mistérios - Dedo


Escrita por: Kach

Capítulo 19 - Dedo


- Por que seria uma piada filho? – August lhe perguntou falsamente sério, apesar de saber indiretamente que teria essa reação ao abrir e encontrar aquilo, mesmo que uma esperança paterna estivesse bem acesa esperando uma reação bem positiva.

Pegou aqueles dois anéis prateados nos dedos sem ao menos olhar para os pais, porém sabia bem que ambos estavam com os olhos fixos nele, fixos até demais. 

Lembrava-se bem do próprio avô dizendo com extremo carinho sobre os dois objetos, afinal era justamente os anéis que usou com sua avó durante boa parte de seu namoro, inclusive quando ficaram bons meses longe um do outro quando o Exército o convocou para longe novamente e trocavam semanalmente cartas com a possibilidade da mulher nunca mais receber uma, pois poderia estar morto e não saberia. Então aqueles anéis idênticos nos dedos um do outro eram a ligação que tinham mesmo longe e tocavam no objeto frio para sentir a presença um do outro. Aquele pequeno e delicado desenho de duas asas juntas era quase como as asas da liberdade e de que iriam retornar um para o outro e Levi sempre às adorou nos dedos dos avós justamente pela história e também pelo pequeno desenho. As douradas de casamento foram até usadas, porém todos sabiam que o casal preferia bem mais aquelas cinzentas, então mantinham-nas juntos em seus dedos e quando por ventura do destino a mulher acabou por falecer o velho usou a cinzenta em seu próprio dedo como maneira de a manter ali perto dele. Olhar aquilo e não lembrar-se do amor dos dois mais velhos era quase impossível e não sabia se era merecedor de as ter, mesmo que o avô tivesse as deixado para ele.

- Não estamos dizendo para ti que deve as dar para o Eren. – Kushel lhe disse forma calma e paciente entendendo aquela estranheza inicial, afinal quando o pai lhe entregou isso também teve essa mesma percepção, pois na época o filho era um adolescente e o velho havia deixado com certa propriedade para ele. – Nem que tu as use agora, por exemplo, mas nos sentimos preparados para entregá-las, pois agora sabemos que tu estás pronto realmente para abrir seu coração a alguém...

- Apesar de torcemos diariamente para que seja ele. – O marido completou com um sorriso divertido e a mulher poderia bem lhe direcionar uma bela cotovelada, porém o semblante pensativo do mais novo lhe dizia que nem estava prestando atenção no que diziam. – O que foi Kushel? Não torcemos?

- Torcemos. – Concordou com um sorriso pequeno analisando o filho esperando uma nova reação em relação a aquilo e não apenas o olhar sério alisando os dois anéis cinzentos com os dedos, tinham certeza que estava lembrando-se dos avós e realmente não queriam atrapalhar aquilo. – Ele é gentil, educado, se preocupa contigo e sobretudo te ama... Ele é um bom rapaz para ti filho.

Guardou novamente os anéis naquela caixa a fechando ainda bem pensativo, agradeceu os pais e acabou por sair do quarto deles indo diretamente para aquele que sempre foi o seu e ainda era quando acabava por dormir ali, como seria o caso. Não tinham assim tantas coisas, então abriu aquele mesmo armário da adolescência praticamente vazio e antes de as guardar ali de forma um tanto escondida abriu novamente e sentiu o metal gélido em seus dedos.

“Obviamente ficaria feliz em ter uma aliança bonita nesse dedinho…” – Aquela mesma frase que Eren havia o dito no banheiro da Universidade estava repercutindo em sua cabeça de uma maneira tão irritante desde que saiu do quarto de seus pais, mas não era um irritante ruim, era um irritante igual Eren sempre foi e aquilo estava deixando Levi um tanto estranho sem saber realmente como reagir a aquele artefato em seus dedos.

- Tch, resolvo isso depois… – Murmurou para si mesmo guardando novamente na pequena caixa com extrema delicadeza e colocou entre as roupas que mantinha ali na casa dos pais.

Voltou para a sala e apenas estavam Hanji e Eren ainda conversando, pois tanto August como Kushel estavam na cozinha preparando alguma coisa para que pudessem comer, apesar de Levi depois daquela conversa nem ter tanto apetite assim a ponto de se alimentar. Sentou-se ao lado de Eren colocando um de seus braços atrás de sua nuca de uma forma carinhosa para tranquilizar quanto a conversa, apesar de não poder de fato falar sobre ela, talvez apenas com Hanji, precisava de uma segunda opinião sobre isso, mas não seria uma decisão boa falar naquele momento. Precisava de alguém que o ajudasse a reorganizar seus pensamentos, porém ultimamente quem fazia isso com maestria era Eren e justamente com ele que não poderia conversar. Encostou seu rosto no ombro dele escutando bem ao fundo a conversa animada que ele e a mulher estavam trocando, apesar de nem ser um sacrifício muito grande que ele falasse, afinal era uma das coisas que fazia sempre e isso realmente não irritava o professor, pois gostava daquele som e principalmente da animação e entusiasmo que ele tratava certos assuntos.

- Algum problema? – Acabou por perguntar ao ver o velho careca entrar naquela casa um tanto estranho com os punhos cerrados e uma expressão completamente séria, bem diferente da que estava antes de ir atender aquela ligação.

- Como eu posso dizer isso sem alarmar ninguém… – Começou sentando-se naquela mesma cadeira que estava antes de sair. Coçou a careca da mesma maneira que antes e dessa vez Eren não conseguiu achar graça naquilo, pois estava igualmente preocupado, assim como os outros que esperavam que começasse a falar logo. Os pais do homem acabaram por sair da cozinha no mesmo instante que ouviram aquilo igualmente curiosos, principalmente August. – O Nile acabou por fugir, mas já estou mandando algumas viaturas atrás… Não vai ficar impune por tanto tempo…

- Pensávamos que ele estava sozinho nessa... – Eren disse com certo receio, mas quem deveria mesmo estar completamente com medo era Pixis, porém estava apenas estressado, além disso nenhum outro sentimento aparente naquele rosto o que era um tanto preocupante e estranho para o rapaz de olhos verdes, mas não falaria nada sobre.

- Aparentemente não. – O velho negou deixando um suspiro pesado sair de seus lábios um tanto decepcionado por isso, afinal já era algo de se esperar que aconteceria e tinham sido inocentes em os levar com tão pouca segurança, mas acabaram por reforçar as dos dois Jaeger’s e ignoraram Nile por não ser um preso extremamente importante..

- Ele levou um tiro na coxa, não vai poder fugir muito sem ver um hospital antes. – Levi lhe disse e logo negou com a cabeça deixando um suspiro pesado por outra opção surgindo em sua cabeça. – A não ser que alguém faça isso para ele, não é assim tão difícil, só doloroso…

- Ele não faria isso, faria? – Eren perguntou na direção do namorado com os olhos um tanto arregalados imaginando a dor que seria retirar uma bala de qualquer maneira sem anestesia ou as coisas realmente necessárias para isso.

- Faria. – Respondeu com a mandíbula um tanto rígida afirmando com a cabeça e retirando aquele braço atrás de suas costas. – Eren, ele era policial, policiais não podem ser presos, somos mortos lá dentro.

- Ainda mais aqueles que são filhos da puta com bandidos de uma relevância menor... – Pixis concordou igualmente sério com o celular na mão balançando a cabeça de forma negativa pela situação que tinham entrado pela ganância. Ele sabia que boa parte da culpa era de si próprio por não ter cortado aquilo pela raiz, desde o início com relação a Nile, porém agora era tarde demais até para se culpar. – Nile sempre foi amigo dos ricos, mas os de baixo sempre tratou da forma mais nojenta possível…

- E quando tu realmente não quer se ferrar você se mantém longe dos ricos e auxilia os pobres conseguindo favores. – Levi lhe informou de forma séria com tamanha experiência que fez Eren lembrar-se bem das falas de Farlan sobre o homem ter uma boa quantia de favores e perguntava-se se alguns deles eram dessa camada social ou não, mas tinha certeza que era. – Dessa forma tu auxilia os de baixo e ferra os de cima, pois na realidade o problema é lá em cima com quem tu menos imagina, por exemplo, teu pai é um cara de terno importante que ninguém imagina que é envolvido nisso…

- Mas é. – Concordou entendendo exatamente onde estava o problema ali, de fato seus pré-julgamentos estavam bem errados quanto a muita coisa.

- Então, vamos apenas esperar? – Perguntou na direção do padrinho querendo que a resposta fosse outra além de “Sim”, pois não conseguiria suportar se manter de mãos atadas. – Sentados aqui enquanto aquele filho da puta foge?!

- Tu vais ficar aqui. – Seu pai lhe cortou totalmente sério negando com a cabeça e foi acompanhado pela mãe igualmente séria sem lhe deixar outra chance, apenas de já ter uma boa quantia de anos em sua vida a ponto de tomar suas próprias decisões, porém sabia que eles estavam certos. – Já fizeste coisas demais, vais ficar aqui conosco, com a Hanji e principalmente com o Eren.

- Mande proteção pelo menos para a Isa. – Pediu na direção do padrinho que sorriu de canto pela preocupação e logo Levi deixou seus ombros decaírem. – Tu já fizeste isso, não é?

- Desde que a liberei da delegacia. – Respondeu o vendo soltar o ar pela boca completamente enraivecido pela situação que se encontravam, sem ação e não podendo fazer literalmente nada além de esperar naquele sofá. Eren até tentou acalmá-lo passando uma mão sobre a sua de maneira carinhosa, mas mesmo a aceitando não estava minimamente calmo, pois queria finalizar aquilo o quanto antes e com mais isso não estava calmo, não conseguiria ao menos dormir depois disso pensando nas possibilidades dele ir atrás de Isabel, Farlan, Gunther…

- Gunther! – Exclamou com os olhos arregalados para eles lembrando-se bem do rapaz lhes contando aquilo. – Tinha um encontro hoje, será que…

- Não seria assim tão rápido, não é? – Eren lhe perguntou não querendo acreditar exatamente nisso, porém não sabia se deveria mesmo não acreditar naquele sentimento um tanto amargo de dúvida.

- Se o Nile realmente nos fez acreditar que estava sozinho… – Pixis disse igualmente sério entendendo completamente o medo, afinal ouviu bem quando Levi os disse que tinha sido o moreno a prender o homem, então poderia querer reparar aquele orgulho ferido. – Vale a pena deixá-lo avisado...

- Tch, vou tentar ligar para ele e deixá-lo esperto quanto a isso. – Afirmou levantando-se com o celular na mão e saindo daquela casa perguntando-se se um dia aquilo tudo iria se normalizar. Encostou uma de suas mãos naquela parede fria com o telefone no ouvido esperando que aquela ligação fosse atendida o quanto antes, porém apenas o ruído dela indo para a caixa postal estava o irritando de uma forma extrema.

- Boa noite chefinho, pode por favor enfiar esse celular no meio das tuas pernas em um buraco o qual tu sabes bem o nome, mas não vou falar porque ainda me resta um pouco de respeito por ti?! – Perguntou com uma voz um tanto ensonada na direção do celular e Levi realmente poderia sentir o peito bem mais leve, apesar de não falar nada sobre isso. – Puta que pariu, olhe a hora!

- Tu não tinhas um encontro? – Acabou por perguntar estranhando aquela voz de sono e claramente alguém que foi acordado de um sono extremamente pesado.

- Eu tinha, mas deitei-me na minha cama de toalha depois de um banho e apaguei. – Respondeu com um sorriso coçando um de seus olhos vendo a escuridão do quarto e a bagunça de roupas ao seu lado, porém voltaria a dormir logo ao desligar aquela ligação tão inusitada. – Mas ele nem era assim tão bonito, sabe? Porém o corpo era agradável, tinha uma…

- Não me interessa. – Cortou de imediato todas aquelas informações que começaria a despejar e realmente não queria ouvir nem 1% daquilo. – Só queria te informar que certo colega acabou por fugir, então…

- Puta que pariu! – Exclamou dando um pequeno pulo de sua própria cama surpreso pela nova informação que não queria mesmo ouvir tão cedo, sabia o quão vingativo Nile poderia ser, principalmente com aqueles que feriam seu orgulho, então entendia plenamente o motivo da ligação.

Passou uma de suas mãos nos fios negros que possivelmente já deveriam estar completamente bagunçados, mas não tanto como seu peito estava.  

- Então acredito que deva tomar certos cuidados. Vou desligar, cuide-se.

- Tu também. – Devolveu com um sorriso divertido pela preocupação, mas sabia que estaria igualmente preocupado nessa situação e principalmente que Levi se preocupava mais com as pessoas do que deixava que elas acreditassem.

- Tch… – Murmurou ao desligar o telefone encostando suas costas naquela parede fria e olhando para o céu. 

Lembrar-se novamente dos avós era quase óbvio ao ver aquelas estrelas e aquele céu escuro tão calmo e tranquilo, lembrava-se bem das noites que acampavam juntos e ouvia boas histórias sobre coisas que lembrava até hoje, como algumas Constelações, ordem de algumas coisas e tantas outras que o fazia abrir um pequeno sorriso toda vez que voltava seus olhos para cima. 

Tens mesmo certeza que eu sou merecedor delas? – Perguntou em um tom baixo como se estivesse falando com alguém, mas na realidade sabia que nenhum dos dois mais velhos realmente o ouviria, porém queria tentar. – O garoto é, disso eu tenho certeza, já fez mais pela minha vida do que um dia eu ao menos tentei, mas eu… Eu não sou… E colocar aquele anel no dedo dele significa que eu vou prendê-lo a mim e eu não sei se quero que ele tenha isso, não por mim, pois por mim eu realmente o quero bem perto, mas para ele… Tão jovem, puro e com um coração tão bom, eu o quero livre, não preso a um homem como eu…

Encostou sua cabeça na parede novamente fechando os olhos vagarosamente tentando entender aquelas contradições em seu próprio cérebro e coração, pois um lhe dizia para deixar isso de lado e deixar Eren ser feliz bem longe dele, mas vez ou outra a mente e o peito trabalhavam em conjunto o lembrando de quantos: “Meu amor, amorzinho, amor” e tantas outras variações amorosas que Eren lhe dizia de maneira tão natural e sentia que não seria nada fácil quebrar isso caso fosse necessário. Não queria perder aquilo, não sabia se conseguiria ficar mais sem ele, nem se tentasse e isso realmente o assustava.

Eu realmente estou “apegado” ao pirralho. – Balançou a cabeça de forma negativa com um pequeno sorriso ao lembrar-se do Padre lhe dizendo que poderiam chamar de ‘apego’, porém ele conhecia como amor. Lembrar de todas as tentativas de Eren de lhe falar aquelas três palavras e todas sendo impedida também era algo que comprovava isso, afinal sabia que era mútuo, mas realmente não queria ouvir aquilo com todas as palavras em sua direção. Não sabia mesmo se conseguiria reagir ou até dizer o mesmo e não queria mesmo magoar mais Eren, mesmo que soubesse que impedi-lo também estava o magoando imensamente. – Tch…

- Teus pais nos chamaram para o jantar. – Eren disse em um tom de voz meio arrisco perguntando-se se deveria mesmo atrapalhar aquele momento do namorado, não ouviu nada, apenas o ‘Tch’ do final, mas notava certo distanciamento desde a ‘conversa importante que não iria conseguir livrar-se’ que teve com seus pais. No mesmo instante ao ouvir aquela voz doce Levi abriu os olhos por não ter realmente percebido a presença do rapaz e notou o quão absorto estava em seus próprios pensamentos, pois aquilo nunca tinha acontecido antes. – Estás bem?

- Uhum. – Concordou de forma séria se desencostando daquela parede fria e caminhando na direção do rapaz que se mantinha parado com uma expressão levemente séria e um tanto interrogativa, pois pensava que aquele semblante era por algo relacionado a Gunther, porém Levi não o diria, mesmo se perguntasse. 

Puxou a gola daquela camisa o fazendo inclinar um pouco para alcançar seus lábios, adentrou com sua língua naquela boca que gostava tanto deixando Eren ainda mais confuso por aquele beijo repentino justamente daquele que sempre frisava ‘discrição’ para ele, mas acabou por aceitar esquecendo-se que literalmente qualquer um que saísse da casa naquele instante os veria daquela forma. Levou ambas as mãos até a cintura do homem com certo carinho aproveitando aquele beijo calmo e repleto de sentimento. Ao sentir Levi afastar-se mais alguns centímetros de seus lábios Eren podia sentir as bochechas bem quentes pelo beijo inesperado e se perguntava se um dia seu corpo não teria aquelas reações, mas realmente não tinha resposta para isso e nem sabia se queria parar de sentir-se assim, pois a sensação era tão boa que não queria perder. 

- Sim, agora… – Deu mais um selinho sentindo a maciez daqueles lábios quentes e tão chamativos para que os seus fossem ao encontro dos dele. – Estou bem.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntou com um sorriso envergonhado pelo lado mais ‘romântico’ e carinhoso que estava aflorando em Levi, seja aqueles selinhos, aqueles abraços inesperados, mãos entrelaçadas ou aquele braço em seu ombro quando sentavam em algum lugar que poderiam ter aquelas demonstrações de carinho. Era estranhamente bom e surpreendente, pois sempre o deixava com o coração acelerado querendo mais.

Afastou-se do rapaz lançando mais um olhar para aquele céu estrelado com um pequeno e discreto sorriso.

- Só queria comprovar uma coisa para mim mesmo.  

- O que? Que eu beijo bem? – Falou de forma extremamente convencida levantando o rosto e dando de ombros como se aquilo fosse óbvio, mas nem conseguia esconder aquele sorriso traquina de que estava brincando e Levi sabia bem disso, apesar de concordar exatamente com a segunda frase que lhe disse. – Ah, isso boa parte da cidade sabe…

- Ah é? – Perguntou em um falso tom enciumado deixando um pequeno sorriso nos lábios ao falar aquilo e viu uma concordância igualmente falsa, mas de forma séria como se aquilo fosse mesmo real.

- Certo, bem menos, mas o que importa é que agora minha boquinha pertence-te. 

Eren direcionou-o um pequeno bico infantil antes de sorrir completamente envergonhado. 

- Agora vamos comer, pois eu realmente posso matar alguém por um prato de comida.

- E tu nem és esfomeado, não é? – Levi perguntou não escondendo seu sarcasmo de forma inteira naquilo. Segurou o braço dele o puxando para que começassem a caminhar para dentro da casa. – Vamos então morto de fome…

- Seja irônico novamente que eu mordo-te para diminuir minha fome. – Falou antes de mostrar-lhe a língua completamente divertido, mesmo que fosse uma atitude um pouco infantil não se importava minimamente, principalmente por saber que ao fazer isso acabava por sempre ver um pequeno sorriso ou uma tentativa do outro em tentar não rir, e aquilo realmente era uma coisa que o influenciava e estimulava a continuar a fazer isso. – Tenho dentes bons.

- Tu não queres que te chame de cachorro, mas com esses comportamentos vou chamar-te do que?! – Perguntou falsamente confuso na direção dele que sorriu ainda mais abertamente por ver seu Levi irritadinho voltando a normalidade de palavras depreciativas e grossas.

- Amor da sua vida. – Respondeu com uma piscada antes de sorrir abertamente pela expressão que Levi lhe direcionou totalmente desacreditado no que estava ouvindo. – “Tch, deixe de ser idiota Jaeger e cale a merda da boca antes que eu quebre teus dentes!”

- Como adivinhou o que eu estava pensando?! – Olhou boquiaberto para o mais novo concordando com a cabeça como se fosse exatamente isso que estava pensando. – Até a parte de quebrar os dentes!

- Ah, eu sou realmente muito bom nisso, por exemplo, agora… – Olhou bem para os olhos cinzentos falsamente sério como se estivesse os analisando. – Tu estás… Pensativo…

- Uau, conte-me uma novidade. – Cortou totalmente desacreditado na direção do moreno que não se abalou pelas críticas continuando a analisar o namorado. – Eu sempre estou pensativo, assim como tu sempre és um idiota. – Deu de ombros como se realmente fosse algo óbvio. – Certas coisas sempre se mantêm e não são minimamente surpreendentes.

Balançou a cabeça de forma negativa e apertando-lhe o braço com um pequeno beliscão para parar de tratá-lo mal, mas sabia que nunca seria eficiente para mudar aquele homem e na realidade nem queria, pois aquela estranha, conturbada e estressada personalidade tinha se tornado uma de suas preferidas.

- Como tu és mal humorado, credo.

Na mesa já estavam todos apenas esperando o casal chegar e quando finalmente sentaram-se Hanji poderia bem levantar as mãos e gritar alguns bons agradecimentos, mas por respeito aos três mais velhos acabou por deixar de lado, mas se tivesse falado algo do tipo e eles realmente esperavam que fizesse, seria acompanhada por pelo menos Pixis, pois ele já tinha bons comentários para deixar o rapaz mais novo envergonhado e Levi sem palavras ou com um semblante de negação, porém se mantiveram em silêncio. Assim como August e Kushel que já tinham comido horas antes e não queriam novamente, porém estavam ali lado a lado olhando a todos, principalmente o genro, afinal com o filho conviveram bons vinte e nove anos, com o careca mais do que poderiam contar nos dedos, com Hanji a mesma quantia que Levi, porém Eren era uma situação distinta e realmente queriam conhecê-lo melhor. Hanji até poderia ir na casa do lado visitar a mãe, mas sabia bem que aquele horário a mulher já estaria dormindo há umas boas horas e realmente não queria atrapalhar, além disso também queria sentir-se mais protegida e com Levi, August, Kushel e Eren juntos seria o suficiente para ela, afinal Pixis logo iria para a própria casa se os outros dois mais velhos não o obrigassem a ficar, o que provavelmente iria acontecer.

- Como está indo na faculdade querido? – Kushel lhe perguntou e realmente Eren queria devolver como um pedido: “Deixe-me comer!”, mas era educado o suficiente para mastigar mais rápido a comida, engolir e estar mais apresentável para responder enquanto os dois mais velhos apenas os observava comer uma massa simples e rápida que August lhes preparou com o auxílio da mulher.

- Bem, porém daqui algumas semanas inicia-se as semanas de provas e isso realmente é preocupante. – Afirmou com um sorriso brincando com o garfo no prato um tanto divertido. – Mas eu sempre reclamo delas e quando passa vi que foi exagero…

- E ele nem é exagerado, como vocês podem perceber. – Levi falou de forma séria com uma sobrancelha arqueada para demonstrar o quão sarcásticas eram suas palavras e isso rendeu uma bela olhada decepcionada de Eren para que parasse de ficar contra ele nesses momentos.

Porém até naqueles comentários irônicos os três mais velhos conseguiam ver certo carinho o que de fato era extremamente surpreendente e quase um comentário na direção de Eren: “Devemos agradecer imensamente por nos mostrar que ele realmente tem um coração e pode gostar de alguém!”, porém os três ficaram em silêncio guardando aquilo para si mesmos. Com os pais apesar de vez ou outra ser um tanto sarcástico demonstrava sua proteção, carinho e principalmente amor, porém no campo realmente amoroso nenhum dos três realmente acreditou que um dia chegaria o ponto de ver alguém jantando aquele horário com eles.

- Eu simplesmente odeio essas semanas. – Hanji apoiou seu queixo em uma de suas mãos demonstrando o quão exausta ficava nesses dias. – Tu fazes as provas, ouves reclamações de diversos mal agradecidos, as pega de volta e ainda deve corrigi-las… Tão burocrático…

- Eu não tenho uma opinião formada sobre isso, mas daqui alguns dias posso retornar a falar sobre e… – Levi começou e logo foi interrompido pelo próprio padrinho com um semblante sério e confuso.

- Tu não vais voltar para a Polícia? – Aquela sobrancelha arqueada e a expressão séria dizia para Levi que aquilo era uma coisa que Pixis realmente não queria ouvir. Sua mãe por sua vez tinha uma pequena fagulha de esperança que o filho fosse desistir da Polícia, afinal nunca gostou da profissão, nem quando o então namorado August entrou para ela. – Sabes que o teu processo vai ser finalizado justamente por não ter a matado, não sabe? Podes voltar...

- Eu sei que posso. – Confirmou e agora foi a vez de tanto o pai como a mãe se entreolharem, porém com um certo sorriso contido esperando que continuasse. Hanji por sua vez até parou de comer para olhá-lo e poderia bem arrumar os óculos com os dedos, porém não havia um ali para fazer isso, o que era uma pena. – Andei pensando sobre o assunto e bem… Eu realmente gostaria de cumprir o meu contrato da Universidade, vocês sabem que eu não gosto de deixar as coisas que inicio pela metade...

Um Eren continuando a comer normalmente dizia a todos que aquela decisão já tinha sido ‘consultada’ ou partilhada com o moreno e isso realmente aumentava um certo sentimento agradável no peito deles, principalmente dos pais. Todos ali sabiam também que a palavra ‘contrato’ remetia na realidade a ‘Eren’, porém esperariam que ele continuasse e então fingiriam uma certa compreensão sobre sua necessidade profissional e não amorosa como era o caso. 

- Então, caso eu precise mesmo voltar para a Delegacia, estive ponderando mudar-me de Corporação, uma mais próxima e que eu possa ter certas mudanças de horário para adaptar-me aos horários da Universidade...

- Ah, claro. – Pixis concordou com um pequeno sorriso levando a taça de vinho nos lábios novamente. Olhou para August em um semblante crítico como se estivesse ponderando aquela opção, afinal ambos eram uma dupla desde que se formaram e até depois da aposentadoria de August e a possibilidade de a sua própria continuavam a ter essas conversas e afirmações um do outro, mesmo que essa em questão estivesse bem resolvida, afinal por um restante de ano poderia perder seu melhor oficial, pois já iria perder se Isabel estivesse mesmo morta e preferia que o perdesse pelo amor do que pela morte de uma colega que todos adoravam. – O que tu achas disso?

- Bem… – Coçou o queixo mal barbeado com um semblante completamente sério e Eren realmente queria engolir em seco aquele nervosismo, afinal a ‘culpa’ daquela mudança de planos era completamente sua e realmente não queria que os pais do namorado pensassem que estava o ‘roubando’ deles, mas de certa forma estava. – Tens certeza disso Levi? Ficar em uma profissão que não gosta e ao mesmo tempo na tua própria não vai ser cansativo demais para ti? Tudo isso por um contrato?

- Ah, mas o 'contrato' é bem importante. – Levi concordou com um pequeno e discreto sorriso na direção do pai que já sabia bem o que realmente era importante para o filho e vê-lo afirmar quase com todas as palavras que ficaria lá por Eren era quase gritar que as alianças realmente seriam usadas, porém ambos os mais velhos guardariam aquilo em silêncio até ver aqueles dedos com o metal prata envolta. – Acredito que vai valer a pena.

- E também é só esse ano. – Eren lhes disse e logo mordeu os lábios por estar novamente falando demais, pois o olhar de: “Ah é? Conte-me mais” que recebeu foi o suficiente para estar nervoso novamente. – Eu acho…

- Só até o fim do meu contrato. – Levi reafirmou antes que os pais os enchesse de perguntas, mas não era nenhum problema que Eren soubesse antes que os próprios pais, pelo menos era isso que o professor achava, mas o jovem pelo nervosismo bem evidente tinha uma opinião totalmente contrária da sua e dessa vez tentaria poupar o namorado daquela vergonha. – Depois vou voltar para cá, caso ainda me queiram.

- Realmente, acho que não vamos querer não. – Pixis falou com um sorriso largo a ponto de gargalhar, pois apesar dele, Farlan e também Isabel serem os pilares daquela Delegacia Levi era seu afilhado e o queria por perto justamente por finalizar determinadas missões e colocar outros, pois não queria o colocar em perigo, mesmo que não adiantasse minimamente, pois quando queria ir em alguma nada que lhe dissessem mudaria sua opinião. – Tudo bem, posso te fazer esse favor.

- Favor? – Repetiu negando com a cabeça e Eren realmente queria entender esse problema de todos com relações a favor. – Isso não é um favor, sabes que eu consigo mudar-me para qualquer delegacia sem dificuldade, não sabe?

- O ego dele me assusta às vezes. – Falou na direção dos pais do homem que sorriram e afirmaram, porém sabiam que ele não era esse tipo de pessoa que falava essas coisas para se sobressair a outras e sim apenas para lhe mostrar que realmente poderia. – Certo, talvez eu consiga um favor em troca de te transferir, sabes que há tempos alguns vem tentando e bem… Nunca se sabe quando vou precisar do Delegado de lá, não é?

- Claro, troque seus favores por vinho velhote irresponsável. – Murmurou em um tom não tão baixo, pois o careca levantou a taça com um sorriso completamente divertido aceitando aquela crítica extremamente real. – O restante do ano do meu contrato por alguns barris ou garrafas de um vinho caro… Que decadência…

- Tu vale pelo menos alguns barris. – Afirmou para que não ficasse tão magoado, mas era tudo no âmbito da brincadeira, pois alguns acabavam por ser em troca de bebida, mas alguns outros bem mais importantes eram utilizados, como mudança de determinados casos, utilização de determinados policiais, informações privilegiadas e tantas outras coisas que só os de dentro tinham acesso e sabiam como funcionava. – Posso dar-te uma taça pequena, porém pirralhos realmente não deveriam beber.

- Agradaria-me que tu apenas se mantivesse como professor. – Kushel lhe disse de forma séria interrompendo uma troca de farpas que poderia demorar horas até se finalizar, assim como desde a infância tinha sido.

“Concordo contigo sogrinha, porém o teimoso nunca vai nos escutar.” – Eren afirmou para si mesmo em pensamento e logo franziu a testa mentalmente, pois por fora ainda comia normalmente. – “Eu te chamei de sogrinha?! Bom, ainda bem que foi em pensamento… E tu estás até falando consigo mesmo em pensamento de novo, não é Eren? Respondendo também inclusive… Merda… Acho que as pessoas realmente tem razão em me falar que falo demais… Pois até em pensamentos eu não me calo...”

Levi olhou para a mulher que deixou um suspiro pesado sair de seus lábios desanimada e mesmo que sentisse o marido ao seu lado passando de forma carinhosa a mão em seus ombros não ficava minimamente tranquila, afinal foi criada por um pai militar, o marido tornou-se policial e quando o filho quis o mesmo caminho não concordou de início, afinal queria a segurança dele, porém a felicidade em vestir aquela farda era algo que Kushel não conseguia resistir ao impulso de sorrir e incentivá-lo a continuar naquilo. 

- Mãe já tivemos essa conversa logo quando passei no concurso de seleção… Eu sempre tomo cuidado.

- Eu sei que aparentemente toma, mas ficamos preocupados contigo. – Reafirmou e viu uma confirmação bem discreta e quase impensada de Eren na direção dela. – Todos nós.

Mais algumas boas conversas foram trocadas após todos estarem satisfeitos finalizando os respectivos pratos, as quais Levi não teve um envolvimento tão direto limitando-se a responder um gestos, arqueares de sobrancelha e revirares de olhos na direção de quem lhe falava. Pixis acabou por se livrar dos dois amigos após alguns bons minutos lhes dizendo que realmente não havia problema, afinal como Delegado sua segurança geralmente era redobrada, principalmente em sua casa, então não havia problemas e também não queria incomodar mais ainda.

Eren ao se despedir do careca recebeu algumas palavras de como ele estava feliz em conhecê-lo finalmente e realmente poderia dizer algumas coisas bem mais diretas, porém um Levi com um semblante sério ao lado do moreno impediu Pixis de insistir muito naquilo, mas mantinha um sorriso divertido pela reviravolta da vida do afilhado, justamente daquele que gostava de tudo pré-definido tinha se surpreendido com o destino e duvidavam que realmente se preocupava com aquela mudança de planos. 

Não demorou muito para que os próprios pais fossem para a cama, afinal já estava bem tarde e estavam realmente cansados.

Não era algo pré-definido ou algo que alguém havia dito, porém Levi puxou o namorado para o seu quarto e Hanji depois de dar alguns abraços e ouvir ameaças silenciosas do homem de cabelos negros acabou por seguir para o quarto de hóspedes. O mais novo realmente estava surpreso, afinal aquele era o quarto da adolescência e início da vida adulta do homem, então esperava cores mais vívidas e detalhes que poderiam ser usados contra ele, porém era igualmente cinzento e com alguns detalhes brancos. Deveria admitir que era bem mais mobiliado que o quarto dele na outra cidade, porém Eren estava boquiaberto por cada detalhezinho novo que encontrava para falar qualquer coisa na direção de Levi. Desde aquelas medalhas penduradas em um ponto do quarto, um porta retrato com a foto de Levi ao lado de Isabel e Farlan que possivelmente algum dos pais dos três os obrigou a tirar no primeiro dia que entraram para a Polícia. Tinham um semblante bem menos carregado na época, mas ainda lembravam exatamente os de agora, conseguia ver bem aquela amizade extremamente evidente e realmente agradecia que ela não tinha acabado daquela forma trágica com a ruiva morta e o homem de cabelos claros odiando o outro por um ‘erro’. Outro retrato de um Levi criança ao lado de uma Hanji da mesma idade, Eren podia ver que aquela relação conturbada era desde a infância, pois o olhar que Levi estava direcionando para a pessoa que estava tirando a fotografia foi umas das coisas mais fofas e engraçadas que Eren já tinha visto na vida. Aqueles cabelos curtos e negros praticamente no mesmo corte que usava até hoje, aquele rosto bem menos rígido e um tanto arredondado, aquelas bochechas que o moreno admitiu para si mesmo em pensamento que deveriam ser adoráveis de se apertar, pois estavam levemente avermelhadas lhe dando um aspecto fofo. O modo de olhar com aqueles olhos cinzentos azulados ainda eram exatamente como eram agora, sempre como se perguntasse a todos o motivo de estar presenciando aquilo.

- Tch, pode parar de babar? – Levi perguntou com os braços cruzados esperando que aquele semblante boquiaberto encarando cada detalhe daquele quarto finalizasse, porém uma parte de si queria rir, principalmente quando em uma parte de seu armário que estava aberto viu as roupas de luta que participou na infância e ainda guardava como recordação, assim como as faixas, mas o que mesmo lhe chamou atenção foi o olhar envergonhado que deu mordendo seus lábios para uma mochila grande e negra da Polícia que acabou por deixar a farda, não queria deixar no antigo apartamento e muito menos levar consigo para a outra cidade, então deixou na casa dos pais daquela forma. – Qual é o problema?

- Dentro ali é algo que eu estou pensando que é? – Perguntou olhando ainda para aquela mochila com uma alça lembrando aquelas que algumas pessoas usavam em viagens.

- Se o que estiver pensando for a minha farda está certo. – Respondeu dando de ombros tentando manter-se indiferente, porém sabia bem o que ele estava pensando. Pegou a alça na mão e a colocou sobre a cama, abriu o zíper sob um olhar atento de Eren. Retirou algumas peças iguais aquelas que Eren acabou por ver em Farlan naquele dia que os viu de forma escondida. – Sempre senti extremo orgulho dela, porém depois de ter que literalmente limpar o sangue da minha melhor amiga em uma delas me sentia tão sujo que só conseguia sentir nojo de mim e até da Corporação, afinal se eu tivesse resolvido seguir qualquer outra profissão nada disso teria acontecido…

- As coisas acontecem por um motivo Levi. – Disse em um tom baixo apoiando seu queixo em um dos ombros do homem olhando com mais atenção aquela organização. – Se tu não tivesse se tornado esse grandíssimo policial o Nile possivelmente finalizaria com o Pixis, tu não ias ter conhecido a Isa, Farlan e até o Gunther… O menos importante talvez é que tu não irias me conhecer…

“Menos importante?!” – Repetiu em pensamento em completa negação, porém não retrucaria sobre isso, pois sabia os limites próprios de melação e ultimamente já estavam bem esgotados com relação a Eren, afinal sempre acabava por sair algo que nunca imaginou falando, mas para Eren saía com extrema facilidade.

Virou-se para o rapaz após fechar novamente aquele zíper e sentir um suspiro bater em seu corpo por ter feito aquilo. Deu um sorriso malicioso puxando a camisa dele com certa força e rigidez o fazendo abaixar até próximo de seu rosto. Aproximou-se de seu ouvido ainda mantendo aquela mão ali em um Eren com os olhos arregalados, nervoso e envergonhado torcendo que ele não começasse a provocá-lo, pois tinha extremo respeito aos pais dele e também por Hanji do quarto ao lado, não queria mesmo gemer o nome do filho dos donos daquela casa em alto tom e no dia seguinte acordar e tomar café fingindo que nada tinha acontecido.

- Um dia podemos realizar esse teu fetiche. – Sussurrou próximo ao ouvido e viu com certo divertimento aquele arrepio percorrer o pescoço do rapaz.

- Fe… Fetiche? – Repetiu negando com a cabeça, mas sabia internamente que nada que dissesse o tiraria daquela situação que pensou mesmo que estava sendo discreto. – Eu não tenho isso..

- Ah Eren, tu tens sim. – Concordou deixando uma pequena e suave mordida no lóbulo de sua orelha antes de afrouxar aquela mão e agir normalmente como se não tivesse feito ou falado nada demais para o rapaz totalmente vermelho.

Optou por não responder aquilo, afinal o homem de fato estava certo, porém não iria admitir isso em voz alta. Recebeu algumas roupas para trocar usar para dormir e assim o fez ainda em silêncio vez ou outra olhando para o quarto esperando encontrar mais alguma coisa que lhe traria mais algum detalhe da adolescência do namorado, porém não teve assim tanto tempo, pois logo deitou-se e como ambos já esperavam Eren apertou Levi com certa força antes de apagar, só com aquele aperto Levi já sabia que ele não estava assim tão bem como tentava que todos acreditassem, porém manteve-se em silêncio até que o mais novo apagasse, afinal esperaria que ele viesse desabafar quando se sentisse pronto e não insistiria naquilo. Ao sentir aquela respiração pesada, aquele semblante completamente imerso no sono e aquelas tradicionais frases sem sentido saindo de sua boca Levi admitiu que o rapaz já estava mesmo dentro daquele sono.

Levi saiu daquele emaranhado de braços, pernas e cobertores e pegou novamente aquela caixa em suas mãos, sentou-se em um ponto da cama que não estava sendo ocupado por Eren e pegou os dois anéis em seus dedos olhando ligeiramente para o outro deitado ainda dormindo nem imaginando que o namorado estaria planejando desde que voltaram para dentro da casa e o moreno tinha recebido aquele beijo como ‘confirmação’ de algo que até o momento de fechar os olhos e dormir ainda vagava em sua cabeça o que seria, porém sabia que não receberia respostas. Fechou a pequena caixa a colocando em cima de um móvel qualquer e com tamanho cuidado silencioso deitou-se novamente ao lado de Eren.

Deu um pequeno sorriso e embaixo das cobertas procurou a mão do rapaz com certo cuidado e delicadeza para que não acabasse por o acordar nesse processo. Puxou-a para cima e inseriu aquele pequeno anel cinzento e gelado naquele dedo olhando ainda para ver se continuava preso naquele sono e estava para sua completa sorte e um certo divertimento por imaginar sua reação, sabia que não era o modo mais certo de entregar-lhe uma aliança, porém não sabia se conseguiria fazer isso com aqueles dois olhos verdes intensos e fixos nos seus. Encostou seus lábios naquele dedo como forma de selar aquilo, apesar de Eren nem imaginar o que estava acontecendo ali e imaginava como seria sua reação pela manhã, possivelmente bem envergonhada.

- Realmente um anel nesse dedinho fica lindo. – Sussurrou quase para si mesmo devolvendo aquela mão para baixo do cobertor como se não tivesse feito nada. – Tens razão pirralho.

Viu o seu próprio no dedo com um anel igual a aquele e abraçou o rapaz para dormir finalmente com o peito calmo e uma sensação de que tinha feito a coisa certa. Ele poderia não merecer algo daquele tipo, porém Eren merecia muito mais. Faria aquilo por ele, e até assustava-se como não precisou de mudanças de tamanho, pois os dois anéis cinzentos idênticos encaixaram-se de forma perfeita nos dedos de ambos.

Levi foi o primeiro a acordar, pois Eren ainda estava ocupando praticamente toda a cama com seus braços e pernas esticadas, passou o dedo de forma carinhosa pela testa dele retirando aqueles fios de cabelo e acabou por deixá-lo dormir mais um pouco. Levantou-se espreguiçando seus braços e procurou alguma roupa para si mesmo e também para o rapaz dormindo tão próximo ali. Como só utilizava aquele quarto vez ou outra não tinha assim tantas opções, mas para a sorte de Eren havia algumas coisas um pouco maiores justamente que usava para correr com o pai, então deixou dobrado em cima da cômoda esperando que entendesse que era para tomar um banho e as colocar, porém acreditava que ele não era assim tão lerdo para não entender algo óbvio.

Obviamente em todo esse processo não ver aquele anel cinzento em seu dedo anelar era impossível, então acabou por rodá-lo algumas vezes exatamente como fazia com aquele de Isabel, porém agora com um sentimento bem melhor do que arrependimento e dor. Logo logo aqueles dois anéis em suas mãos se tornariam apenas um, afinal devolveria aquele feminino do dedo indicador para Isabel quando fossem a ver.

Quando saiu do quarto já com novas roupas, perfumado e com os cabelos levemente molhados sentiu aquele aroma que adorava tanto vir direto em suas narinas: Café.

Aproximou-se da cozinha e viu a mãe preparando o líquido enquanto o pai igualmente amassado pelo sono arrumava a mesa totalmente divertido por estar colocando cinco xícaras e não duas ou quatro como era habitual. Claro que quando notaram a presença do filho com os braços cruzados encostado na porta os encarando de forma ‘séria’ ficaram em silêncio.

- Bom dia. – O velho acabou por dizer para que aquele olhar julgador diminuísse, porém pouco se importava, pois já estava mesmo acostumado a eles e sempre ria das feições do filho com determinadas coisas. – Sem corrida hoje?

- Posso ficar sem correr um dia. – Respondeu dando de ombros, afinal correr com a possibilidade de Nile ou algum dos parceiros sujos dele estar por ali era alta, então pouparia-se, assim como ficaria em casa ou iria junto com os pais, Hanji e principalmente ao lado de Eren. Realmente não se perdoaria se algo acontecesse ao moreno de olhos verdes e nem com qualquer outra pessoa de sua vida.

- Mas tu podes ir ao mercado para nós. – Disse inocentemente olhando para o filho, já a mulher ria abertamente, pois aquela tarefa era sua própria, afinal ela tinha o mandado ir até o local e não mandar o filho. – Minhas costas não...

- Certo, eu posso ir. – Interrompeu no mesmo instante aquele falso drama que deveria ser para que ficassem com dó, porém era tão falso que Levi realmente sabia boa parte das reclamações já de cabeça. – Chave?

- O mercado fica uns quinze minutos daqui, Levi. – Seu pai lhe disse como se usar o carro para isso fosse absurdo, porém não diria que fazia o mesmo, mas a língua de Kushel coçava para que ela falasse isso. – Podes ir facilmente caminhando.

- Então se acha que é perto vais tu. – Devolveu com um meio sorriso vendo aquele olhar em negação por seu próprio filho estar o tratando assim. Pegou as chaves do bolso sem ao menos retirar o olhar daquele rosto pálido um tanto sarcástico em sua direção e jogou com certa força para ver se os reflexos do filho continuavam bons. Ao pegar levou justamente a mão da aliança sem ao menos perceber, porém ambos os pais perceberam bem o suficiente para morderem os lábios para não sorrir. – Há alguma lista?

- Ah, temos muita coisa diferente hoje, inclusive uma lista. – August afirmou de forma divertida recebendo uma sobrancelha arqueada em sua direção ignorando aquele divertimento tão repentino. Mas o pai só tinha uma pequena frase em sua cabeça: "Inclusive uma aliança, não é garotão?", porém não comentaria ainda aquilo, pois sabia que não teria respostas boas aos ouvidos. Pegou um pequeno papel com a letra da mulher e o esticou até o filho que logo pegou ele em suas próprias mãos colocando dobrado no bolso da calça. – Não demore. – Ao vê-lo abrir a boca e sabia bem que viria um comentário sarcástico beirando ao: “Se estás com pressa vais tu mesmo e não me enche!”, levantou um de seus dedos fazendo sua melhor expressão furiosa, porém era tão falso que não sabia quanto tempo duraria em seu rosto. – Não responda teu pai! Respeite-me.

- Que pena. – Disse olhando para a mãe com certa tristeza pela penúltima frase que ouviu enquanto a mulher ria abertamente do marido. – Logo ele que gosta tanto de conversar, não posso respondê-lo mais… Realmente é uma pena…

- Onde foi que erramos Kushel?! – Perguntou de forma séria e boquiaberta por estar sendo ironizado pelo próprio filho que pelo sorriso pequeno de seus lábios realmente estava se divertindo com aquilo. – Respondão desse jeito e sarcástico! Eu não o criei para fazer isso com teu velho…

- Sem drama. – Pediu dando um leve tapinha em um de seus ombros como forma de o confortar, ao ver justamente aquela mão lembrou o motivo dos pais estarem trocando certos olhares e estarem direcionando sorrisos demais, mas pouco se importava com aquilo naquele momento. – Eu vou indo, qualquer coisa liguem-me…

Ao vê-lo sair da cozinha Kushel terminou de preparar aquele líquido e o colocou em cima da mesa com certo cuidado esperando o tempo certo para começarem a falar sobre aquele novo detalhe no dedo do filho, afinal sabiam muito bem fofocar entre si. Então quando escutaram o ruído do carro, assim como o portão se abrindo e logo se fechando admitiram que já poderiam ficar tranquilos, pois Hanji demorava para acordar e possivelmente quando acordassem iria tropeçar naquele tapete que dava entrada ao corredor e saberiam que estava vindo. Eren por sua vez eles não sabiam exatamente os horários, mas admitiam que acordaria igualmente tarde.

- Deveríamos ter apostado sobre isso. – Kushel afirmou séria mesmo que aquele pequeno sorriso orgulho, satisfeito, aliviado e com tantas outras emoções acabasse por surgir em seus lábios toda hora depois que viu aquele pequeno anel cinzento no dedo do filho e admitia que aquela tinha sido a decisão mais esperta e ‘certa’ que Levi já tinha tomado em toda a sua vida.

- Deveríamos parar de apostar sobre essas coisas. – Disse no mesmo tom um tanto auto-depreciativo para a mulher.

- Está falando isso por realmente ser algo errado ou por sempre perder? – Perguntou com uma de suas sobrancelhas arqueada um tanto crítica esperando uma resposta convincente, porém aquele olhar divertido sendo desviado e aquele sorriso que lhe lembrava aquele rapaz bem mais novo continuava ali lhe respondendo exatamente o motivo. – Nem precisa responder, pois eu já sei a resposta.

- Quando ele ficou olhando a caixa no nosso quarto pensei que não tinha gostado minimamente daquilo… – Admitiu passando uma de suas mãos pelos cabelos negros sentando-se em uma das cadeiras e sentiu a mulher atrás dele apoiando seu queixo no topo de sua cabeça e colocando ambos os braços em seus ombros de forma carinhosa, pegou aqueles dedos macios e finos entrelaçando aos seus.

- Eu acho agora que ele só ficou pensativo, tu sabes que essas coisas são difíceis, mas ele não saiu de perto do Eren em nenhum momento depois de sair do nosso quarto… – Disse em um tom baixo e ouviu uma confirmação, pois ambos tinham visto uma mão atrás das costas do moreno, a cabeça de Levi encostada no ombro dele ou até certo carinho do próprio Eren em uma das pernas do outro. – Não tenho dúvidas dos sentimentos dos dois… Ainda mais depois de termos ouvido ontem a noite que vai ficar por mais um tempo por lá..

- Nunca que o nosso antigo Levi deixaria a farda de lado por um tempo para ficar dando aulas, lembro-me bem de quantas reclamações e palavras raivosas ouvi ao ajudá-lo com as malas no dia anterior que foi ao encontro de Hanji. 

August adotou um sorriso divertido nos lábios, pois como esqueceria palavras como: “Como alguém como eu vai dar aulas?! Eu não tenho a mínima paciência com gente burra! Puta que pariu, a culpa é da quatro olhos.”, claro que ver certa cartela de um remédio que não conhecia dentro de uma das bolsas do filho foi algo que lhe entristeceu um pouco, principalmente por ler o que era e para o que servia durante a noite em um horário que a mulher não estava de olho. Sabia que era errado guardar para si mesmo que o próprio filho estava tomando aquelas coisas fortes, mas realmente não queria deixar a esposa ainda mais preocupada, então por isso acabava por guardar para si mesmo esperando um tempo que estivessem sozinhos e pudessem conversar. 

- Foi divertido…

- Não é bem ‘abandonar a farda’, mas… – Kushel disse e logo foi interrompida novamente pelo marido que sabia bem que aquele não era o termo certo, mas acabou por dizê-lo.

- Ele vai deixar a Corporação que gosta tanto com os amigos para ir em uma que ao menos conhece só pelo garoto, então… – Corrigiu-se e uma nova concordância silenciosa de Kushel que agradecia imensamente o surgimento de Eren na vida deles, foi algo silencioso principalmente por vê-lo entrar com os cabelos bagunçados e um tanto úmidos, as roupas de Levi no corpo coçando um de seus olhos completamente ensonado, bochechas levemente avermelhadas e um tanto amassadas e marcadas do contato direto com o travesseiro e os pés completamente descalços. – Bom dia!

- Bom dia sen… – Levantou o dedo indicador negando com a cabeça para se corrigir e com um sorriso ainda maior continuou a falar, mas agora da forma com ambos os mais velhos queriam ouvir, pois já tinha dispensado os tratamentos formas demais há tempos. – Bom dia, August e Kushel.

- Aprende rápido. – August disse na direção da mulher que acabou por afastar-se dele e sentar-se na cadeira ao seu lado. – Daqui a pouco não vai precisar nem pensar antes de falar, pois já vai vir nossos nomes diretamente..

"Ah August, não diga-me para não pensar antes de falar, pois pensando às vezes falo merda, não pensando é triplamente pior e eu realmente quero passar uma boa impressão para vocês dois." – Pensou consigo mesmo com certa convicção agradecendo por ser em pensamento novamente e não um tom alto para que ambos escutassem.

- O Levi foi em algum lugar? – Perguntou coçando sua nuca um pouco envergonhado pelos olhares atentos até demais que estava recebendo e se perguntava se tinha pasta de dente em seu rosto ou se estava com a roupa do lado errado como já tinha acontecido boas vezes.

- Pedimos que ele fosse ao mercado, mas logo chega novamente e podemos tomar um café da manhã. – Kushel respondeu com um pequeno sorriso completamente divertido ao ver o nervosismo evidente de Eren por estar ‘sozinho’ naquilo, afinal ali todos sabiam que se Hanji acordasse acabaria por fazer boas perguntas e comentários que só o poupava por ter Levi ao lado.

- Dedo bonito. – August lhe disse de forma séria, mas Eren notou certo tom divertido por detrás daquelas palavras, o que foi curioso, pois para ele não havia nenhum motivo para um dedo ser bonito, principalmente por elogiá-lo logo pela manhã mudando completamente o assunto que levavam, mas até agradecia um pouco, pois logo ele que era sempre tão falante acabava por ficar sem palavras de forma tão fácil com aqueles dois.

- Realmente, belíssimo. – Kushel concordou e no mesmo instante viu aquela testa se franzir confusa e os dois estavam se perguntando se o genro realmente era um tanto lerdo ou estava se fazendo de desentendido, mas ao vê-lo olhar para ambas as mãos, inclusive para os pés para ver de quais dedos eles estavam falando foi resposta o suficiente para dizê-los que era um pouco lerdo sim e talvez ‘pouco’ fosse até elogio, pois ‘extremamente’ se encaixaria melhor.

Semblante chocado, boquiaberto e principalmente avermelhado encarando como aquele anel misterioso surgiu em seu dedo sem que percebesse, nem quando tomou banho, escovou os dentes ou se vestiu. Já os sogros sabiam bem, pois o elogiaram, não parecia algo comprado, mas era ainda mais bonito do que um daqueles e perguntava-se se era mesmo o que ele estava pensando que era.

- Ele não te entregou isso? – O homem de cabelos negros e breves tons brancos perguntou em sua direção, mas Eren ainda encarava aquela mão completamente envergonhado sem ambos saberem se realmente respirava ou estava em estado de choque, quem sabe até em ambos ao mesmo tempo, aquilo já lhe respondia bem que o filho tinha colocado aquele anel sem que percebesse.

“Como diabos eu não percebi que tinha a MERDA de um anel no meu próprio dedo?!” – Interrogou-se em pensamento completamente chocado, apesar do choque queria rir daquilo, pois era algo exatamente como Levi faria, sem que percebesse ou de uma maneira um tanto ríspida, mas realmente não se importava como aquelas demonstrações de carinho chegavam e sim se elas chegavam, como era o caso, seja na primeira ‘declaração’ que talvez estivesse começando a gostar dele, do pedido de namoro que falou todas suas características ruins para que Eren não aceitasse aquilo e agora aquele anel provavelmente quando estava dormindo. – “Certo, respire fundo e espere o Levi chegar para bater naquela cara por tê-lo feito passar vergonha… Mas depois até merece um beijo por isso...”

- Ah, eu… – Coçou sua nuca com a outra mão ainda mais envergonhado sem saber exatamente o que falaria em uma situação daquelas, pois se falasse que não tinha percebido o chamariam de lerdo, mas estava com tanta pressa achando que era o último a acordar que acabou por nem perceber exatamente o que estava acontecendo em seu próprio corpo. – Acho que não sei...

- E eu pensando que ele faria um pedido romântico… – Kushel murmurou para o marido para que apenas ele escutasse aquilo, porém ambos sabiam que se gritassem bem próximo do ouvido do genro ele não escutaria porque continuava a encarar aquele anel preso em seus próprios pensamentos.

- Pelo menos entregou e nem demorou tanto tempo como pensávamos… – Disse no mesmo tom encarando com certo divertimento aquele semblante avermelhado e boquiaberto do mais novo.

“Mas isso não vai ser um problema?” – Perguntou a si mesmo em pensamento retirando aquele semblante quase babão para um preocupado. – “Pois na Universidade podem estranhar em vê-lo com uma aliança e depois de um tempo os meus colegas vão acabar por ver a minha igualmente… Certo, primeiro temos que entender como uma pessoa que ironizou-me sobre a aliança me colocou uma no dedo, uma linda por sinal, puta que pariu... Não sei nem ao menos como reagir.”

- Eren? – August lhe olhou após ter dito alguma coisa que o rapaz realmente não tinha escutado minimamente. Voltou os olhos verdes para o sogro confuso sobre o que ele tinha falado, deu um sorriso envergonhado e arqueou uma sobrancelha para que falasse novamente. – Prefere tomar café ou suco?

- Ah… – Deixou um suspiro aliviado sair de seus lábios antes de continuar a falar, afinal esperava comentários para envergonhá-lo ou dúvidas bem diretas sobre sua vida, mas não aquilo. – Se tiver algum suco eu prefiro, mas se não tiver…

- Eu posso fazer-te um maravilhoso suco de laranja, o que achas? – Perguntou novamente com um sorriso ignorando o olhar de Kushel lhe dizendo apenas com aqueles olhos cinzentos e frios: “Ah é? Para ele tu corres atrás para fazer até suco, para mim preciso implorar-te?! Filho da puta carente!”, mas o homem realmente ignorou aquilo e Eren não percebeu o olhar, pois possivelmente iria ficar um tanto embaraçado e pedir para que não fizesse, pois não precisava.

- Se não tiver problema posso aceitar, mas… – Começou por dizer, mas vê-lo sorrir em sua direção se levantando indo na direção das coisas para preparar e o rapaz viu que nada que falasse iria mudar as atitudes do homem ou da mulher.

- Precisamos jogar hoje depois que terminarmos tudo, tenho um baralho magnífico. – Disse em sua direção fazendo um pequeno malabarismo com aquelas frutas completamente divertido lembrando a Eren uma criança, mesmo que tivesse aqueles fios brancos juntos aos negros.

- Desde a faculdade ele sempre foi um viciado. – Falou em negação um pouco depreciativa, porém não tinha assim tanta moral e o marido sabia bem, pois as apostas que ela fazia eram literalmente sua carta na manga para usar contra ela e acabar com as ‘brigas’.

- Vocês se conheceram na faculdade? – Perguntou curioso sentando-se em uma das cadeiras na frente da mulher esperando conhecer mais daqueles dois, pois mesmo sentindo certo nervosismo gostava imensamente deles.

- Sim, eu odiava-o na universidade. – Admitiu para a surpresa de Eren que esperava que uma grande amizade tivesse se tornado em amor e não aquilo, porém esperaria a história completa enquanto August em pé continuava o trabalho árduo com as laranjas, mesmo que um sorriso pequeno estivesse em seus lábios como se recordasse bem de toda a história. – Nunca tivemos tanto contato, pois nossos cursos eram um tanto distintos, então vez ou outra acabava por passar no mesmo bloco e sempre o vi ao lado do Pixis e mais uns idiotas jogando baralho e fazendo piadas estúpidas invés de estudar…

- Eu tinha bastante tempo vago. – Defendeu-se antes que o genro pensasse que ele não estudava o suficiente, mesmo que Eren soubesse que nesses assuntos até aquele ano não tinha assim tanta moral, pois acabava por fazer o mesmo na própria sala de aula vez ou outra, porém agora com o namorado lhe dando algumas aulas e a possibilidade dos professores conversarem entre si preferiu largar suas cartas e idiotices por mais dois semestres. – Mas não era sempre.

- Bem, então vez ou outra acabava por vê-lo no corredor, mas eu não dava a mínima atenção e acredito eu que ele nunca tenha reparado também… – Continuou a falar e novamente o homem o interrompeu, Kushel o olhou e logo lançou um olhar rápido para a faca dos pães lhe dizendo silenciosamente que aquela lâmina cortaria mais do que o pão se a interrompesse novamente.

- A última interrupção, eu acho, mas sempre vi tu por lá, porém não tinha coragem de chegar em ti. – Levantou as duas mãos em defesa para parar de receber aquele olhar e viu um sorriso divertido do mais novo em sua direção por saber bem de algumas pessoas que odiavam ser interrompidas e a mãe desta mesma pessoa tinha esse mesmo problema. – Tu sabes disso.

- Certo, continuando, eu o achava um esnobe idiota e principalmente infantil. – Disse de forma séria e Eren viu mais uma confirmação lhe dizendo que boa parte das pessoas tinham essa visão, afinal tinha vindo de uma família de posses, fazia um dos cursos onde boa parte das pessoas na época mantinham essa mesma situação e tinha um semblante um tanto esnobe, porém quem o conhecia sabia que não era minimamente aquilo que pensavam. – Um dia qualquer acabamos por ter uma espécie de palestra ou coisa parecida, e eu como fazia jornalismo queria muito assisti-la!

- Certo, a profissão misteriosa é que tu és jornalista? – Perguntou com um sorriso ao descobrir aquele detalhe e sua curiosidade pelo menos em relação a profissão da mulher ter sido resolvida.

- Eu era, mas deixei de ser depois de um tempo, agora trabalho em outra coisa. – Afirmou e viu o rapaz ficar ainda mais curioso sobre isso, apesar de quem chegasse até a casa deles já soubesse exatamente o que ela era, pois a quantia de livros espalhados pelas estantes já poderiam responder, porém para alguém que olhou até para os dedos do pé para ver de que dedo os sogros estavam falando já não era de se esperar muita rapidez. – Era um dos meus autores preferidos e literalmente cada palavra que ele dissesse era algo que eu queria ouvir, porém justamente atrás da minha cadeira adivinha só quem estava sentado? – Perguntou com uma sobrancelha arqueada na direção de Eren que naquele momento já estava com o rosto apoiado nas duas mãos curioso para o desenrolar da história. – August e Pixis… Mas eles não calavam a boca! Sério, irritante e eu estava estressada por não poder ouvir…

- Não tinha praticamente ninguém lá, pois realmente havia poucas pessoas que queriam mesmo ouvir o que o homem iria falar. – Disse de forma divertida colocando o conteúdo em uma pequena jarra própria para o suco que o genro havia lhe pedido e despejou em um copo. Pegou em sua mão e colocou na frente de Eren que sorriu lhe agradecendo imensamente pelo esforço. – E eu fui lá na intenção de matar aula e acabei encontrando o amor da minha vida.

- Não calava a boca e chegou em um momento que eu estava tão estressada que me levantei da minha cadeira e olhei com uma boa expressão para eles demonstrando o quão irritada com eles eu estava. – Continuou ignorando novamente aquela ‘melação’ desnecessária que o marido sempre fazia questão de direcionar a si. – Agora imagine uma mulher beirando aos dezenove bem menor que os dois fisicamente e em relação à força ou na teoria autoridade… – Eren ver August movendo os lábios silenciosamente para formar a palavra “Assustadora” foi o suficiente para sorrir abertamente e logo voltou seu olhar como se o sogro não tivesse falado nada, pois Kushel acabou por arquear aquela sobrancelha esperando que falasse em voz alta, afinal não viu nada, mas o homem fingiu um ar inocente de quem não tinha falado nada, então voltou a história. – Lembro exatamente da frase…

“Vocês vão calar essa merda de boca ou querem um belo chute nesses dentes e traseiros para que calem?! Pois saibam que eu posso e estou extremamente tentada em fazer isso!” – Disse em um tom levemente fino apontando um dedo indicador na direção de Eren imitando exatamente como a mulher teria feito na época. – Foi divertido e assustador, pois acabou por sair um pouco alto e até o palestrante parou de falar para olhar a cena divertido… Na época eu e Pixis não achamos minimamente graça, pois ela tinha cara de que realmente poderia fazer aquilo conosco e foi bem medonho.

- Eu não tinha percebido que até o meu autor tinha parado de falar e alguns dos professores que estavam lá na primeira fila do auditório estavam igualmente me olhando, pois eu era uma pessoa silenciosa na faculdade… – Falou um tanto envergonhada colocando uma mecha de seus cabelos atrás da orelha com um pequeno sorriso. – Então eles se surpreenderam um bocadinho…

- Garoto, essa mulher até com pouca idade sabia ser muito autoritária então realmente a voz dela foi… – Respirou fundo com um sorriso e recebeu um olhar estreito para cuidar com as palavras, pois depois que o genro e o filho voltassem para a outra cidade ele estaria sozinho com ela e poderia bem apanhar se fosse necessário. – Surpreendente, pois eu não ia falar medonho, mas sim surpreendente..

- Tu se calaste? – Perguntou curioso na direção do mais velho curioso e viu uma afirmação imediata.

- Eu travei na realidade, fiquei olhando diretamente para esses olhos cinzentos aí pouco me importando com os xingos, estava pensando em quão bonita ela era até brava, mas envergonhada ficou ainda mais bonita, pois virou-se para sentar-se novamente e viu todos a olhando e deu um pequeno sorriso com as bochechas um pouco vermelhas dizendo que poderia continuar. – Aquele semblante nostálgico e apaixonado não passava despercebido por Eren e realmente queria contar uma história igualmente amorosa para seus filhos caso viesse a ter, porém sabia que teria que dar uma bela incrementada, pois se fosse Levi o seu marido não poderia dizer simplesmente: “Encontrei-o no bar, fomos para o meu apartamento, fodeu-me e foi embora quase me chamando de garoto de programa, pois acabou por deixar um bilhete vago e uma quantia de dinheiro.”, não era algo romântico e bonito para um de seus filhos saberem a história. – Então eu tirei uma pequena folha do meu caderno e comecei a rabiscar e escrever algumas coisas, no vão entre as cadeiras acabei por levar um pequeno pedaço de papel…

- Era um desenho meu embaraçada, mesmo não tendo outra cor a não ser o preto da caneta eu sabia que era isso pelos riscos no nariz e bochecha, o que aumentou minha raiva, porém embaixo estava escrito: “Desculpe-me”. – Olhou para o marido com um sorriso divertido lembrando-se bem daquele bilhete, ambos sentiam certa tristeza de os ter perdido, pois acabaram por trocar alguns bons durante o restante do curso. – Peguei uma caneta minha e escrevi ao lado: “Apenas cale a boca”.

- Porém eu não iria desistir assim tão fácil, não é? – Perguntou com um sorriso divertido olhando para o genro que afirmou com a cabeça. – Mandei outro, uma caricatura minha divertida mostrado a língua com meu nome e uma setinha, assim como Pixis ao lado nos apresentando para ela… E mais alguns que ela demorava um tempo para responder por estar ‘prestando atenção’ na palestra até que eu a convidei para ir em um bar naquela noite, pois minha turma iria preparar um para arrecadar fundos para projetos sociais e essas coisas do tipo, então foi por essa parte social que ela acabou por aceitar…

- Mas tinha algumas pequenas condições… – Disse divertida olhando para o mais novo levantando um de seus dedos para começar a enumerar o que o homem deveria ter seguido. – O primeiro que não seria um encontro. – August concordou exatamente com aquilo no mesmo instante, afinal era uma saída entre amigos para conhecerem-se melhor e realmente aquilo estava bem para ele, até porque possivelmente iria apresentar seus amigos a mulher também. – O segundo é que ele fosse me buscar em casa, pois eu ainda não tinha carteira de habilitação e não confio assim tanto em táxis e coisas do tipo, ele aceitou também… O terceiro seria que a hora que eu quisesse ir embora ele deveria me trazer novamente..

- A única coisa que ela esqueceu-me de avisar foi que o pai dela era do exército, agora imagine eu com roupas totalmente desleixadas, um rádio qualquer tocando uma música em um tom médio, Pixis com cabelo no banco traseiro no mesmo estado encontrando um homem um pouco mais alto que ela e um semblante medonho, o irmão dela ao lado igualmente sério. – Olhou sério para Eren que meio que entendia aquilo, afinal a percepção de medo quando viu August tinha sido provavelmente a mesma que o próprio homem sentiu. – Acabei por sair do carro com as pernas mais trêmulas que um dia já senti e nem sabia se era porque ela estava extremamente linda com uma maquiagem leve, os cabelos lisos e soltos, uma roupa simples, mas que se encaixava perfeitamente naquele corpo jovem ou se era de medo do pai dela puxar uma arma e me matar ali mesmo na frente dela… Eu só tinha duas certezas: Morreria de um tiro na minha testa ou morreria de amor.

- Meu pai apenas queria cumprimentá-lo, afinal lhe falei que era um amigo e apenas amigo, Kenny desde a primeira visão me disse para manter-se como amigo mesmo, pois não queria alguém daquele tipo como cunhado, porém para mim o idiota que não calava a boca só seria um amigo mesmo. – Deu de ombros e viu o marido levar uma mão ao peito pelo tratamento agressivo que recebeu, porém não se importava tanto assim. – Acabamos por ir nesse bar, ele apresentou-me alguns de seus amigos e a gente conversou um pouco, incrivelmente o rapaz que vivia nas cartas tinha bastante coisas em comum comigo, seja nos livros e até alguns gostos de filmes… Porém não passou disso, ao tardar mais um pouco acabou por levar-me para casa e Pixis que já estava na incontável garrafa acabou por receber carona de uma de suas colegas a qual depois disso namorou por alguns meses e logo terminou. Na hora da despedida acabei por deixar um beijo na bochecha dele e segui para a casa...

- Depois disso mais alguns bilhetes que eu deixava para ela quando a vi pelos corredores do meu bloco ou pedia para alguns infiltrados no bloco dela deixarem na carteira que ela sempre usava.. – Seu sorriso nostálgico dizia que cada bilhete tinha um significado especial em seu peito e Eren realmente estava feliz em saber aquela história. – Terceira fileira próximo a janela, quarta cadeira a qual tinha um pequeno coração talhado ao lado que acabei por fazer para que sempre visse e ficasse por passar o dedo mesmo sem saber que tinha sido eu a fazer…

- Bons anos o considerando um grande amigo, porém boa parte dos nossos amigos quase que nos trancaram em algum lugar para que nos beijássemos logo, pois todos viam que o sentimento realmente existia, mas eu sempre fui muito complicada com isso e até perceber que realmente gostava dele foi quando ele estava praticamente se formando, faltava apenas um semestre e para mim também, porém ele iria aceitar uma proposta de um tio dele para trabalhar em outro estado, foi aí que eu percebi que não era uma amizade forte e eu precisava dele ao meu lado. – Disse levando uma de suas mãos até a do marido para entrelaçar seus dedos com certo carinho. – Ele estava até com a passagem previamente comprada para ir, mas…

- Ao chegar no meu bloco ela estava onde eu e meus amigos sempre sentávamos para jogar baralho, estava com um bilhete na mão e um semblante meio baixo apoiando as mãos no rosto e o cotovelo nos joelhos esperando que eu chegasse, o que eu realmente não esperava era que quando me visse na frente dela fosse levantar no mesmo instante entregar um papel riscado perguntando se queria namorar com ela e menos ainda que quando eu começasse a falar um: “Sim” meio nervoso e desajeitado ela com todo esse tamanho, bravura e irritação me puxasse para um beijo. – Era impossível para o casal não se lembrar daquilo, principalmente por ter sido o primeiro deles juntos, deixando de lado aqueles beijos na bochecha e aquelas incertezas de ambos. – Mesmo que alguém depois tenha ficado um tanto envergonhada por estar literalmente no meio e as pessoas quase aplaudirem agradecendo por ter acabado aquela enrolação…

- Como que não ficaria envergonhada?! – Perguntou séria apertando com certa força e uma falsa irritação aquela mão. – Tu me seguraste pela cintura e quase me rodopiou e só não fez isso, pois…

- Pois tu me beliscou a ponto de deixar minha barriga roxa por umas duas semanas, é eu lembro-me bem. – Completou afirmando com a cabeça por ver aquele olhar cinzento extremamente sério em contraste com aquelas bochechas um tanto avermelhadas, sabia que as suas próprias na época tinham ficado daquela forma e até pior, mas não se arrependia disso. – Outra batalha foi dizer meu primeiro “Amo-te”, toda vez que eu começava ela desconversava e ignorava-me por alguns dias… Mas isso já te contamos…

Eren confirmou e logo ouviu o ruído do portão evidenciando que Levi estava de volta e aquilo era um tanto estranho para o moreno, afinal agora estaria de frente para ele e nem sabia ao menos o que falar, perguntar ou reagir e os dois mais velhos sabiam bem que ele estava assim, afinal de um semblante divertido, curioso e com aquele brilho no olhar para um que bebia aquele suco natural com certa ansiedade era uma grande alteração de expressões.

- Acho que vou acordar a Hanji para o café. – Kushel disse inocentemente levantando-se daquela cadeira como se não tivesse aquilo já pré-definido.

- Eu vou encontrar o baralho e podemos jogar depois do café. – Afirmou igualmente se levantando com um sorriso divertido que foi correspondido pela esposa.

Totalmente sozinho naquela cozinha viu o namorado colocar as sacolas em cima de um móvel o qual habitualmente já era acostumado a colocar quando restava para ele aquele serviço. Abaixou o rosto na altura da boca do rapaz que estava sentado e deu um selinho rápido.

- O mercado estava uma loucura, diga-me quem acorda essa hora para comprar coisas?! – Perguntou com a testa franzida como se aquilo fosse absurdo demais, mas Eren estava pouco se importando com as filas enormes que ele teve que passar. – O que foi? 

Eren levantou aquele dedo como se aquilo sim fosse óbvio para diversas dúvidas e perguntas que seu cérebro ao menos conseguia escolher uma para colocar como primeira. Estava uma bagunça com o peito completamente acelerado e o rosto quente envergonhado e seu estado aumentava ao vê-lo usando aquilo igualmente, justamente alguém que não queria usar algo daquele tipo estava usando até de bom grado. Era uma sensação boa e sentia seu peito acelerar muitas vezes e se perguntava se aquilo estava mesmo certo, pois seu coração queria sair de sua boca a qualquer segundo. 

- Ah, isso… Gostou?

- Óbvio! – Apressou-se a dizer levando uma mão até a dele por ver que estava igualmente em seu dedo, passou o polegar sobre o metal frio com um sorriso completamente envergonhado não tendo nenhuma palavra para aquilo. – Mas é que…

- Acabei por colocar em ti quando tu dormias, pois sinceramente… 

Levi coçou sua nuca com a mão livre desviando o olhar, mas Eren realmente adorava vê-lo embaraçado e não iria perguntar muito sobre o motivo de ter feito com ele dormindo, porém sabia bem os possíveis motivos que iam desde vergonha à não saber como fazer aquilo. Se fossem o perguntar mesmo o motivo de ter feito aquilo de noite não saberia responder também, simplesmente teve um pico de coragem e assim o fez aliado a falta de sono e aqueles sentimento conturbados e não se arrependia de ter feito isso. 

- Elas eram dos meus avós. – Disse seriamente deixando um suspiro pesado sair de seus lábios, mas aquela mão colada com a sua lhe trazia um sentimento extremamente bom de carinho e acolhimento, aquilo lhe dizia mais uma vez que era a decisão certa a se fazer e sabia que os avós onde estivessem estariam completamente satisfeitos com a escolha que acabou por fazer. – Eles deixaram-a para mim com meus pais, por isso fui até o quarto deles… Até perguntei-me se realmente a usaria e não deveria guardá-la naquela caixa de madeira que deixei no quarto e possivelmente tu não a viste quando acordou. – Viu uma confirmação, pois Eren ao menos tinha visto seu próprio dedo, quem diria algum objeto daquele quarto. – Mas parei para pensar sobre e vi que estava sendo um grande idiota em não dar-te algo deste tipo, pois tu esteve ao meu lado até antes disso ser mais que algo casual e no campo da amizade, tu me tirou de uma situação extremamente complicada e se eu tivesse conseguido não teria reversão, tu tiraste aquele vício daquele remédio maldito com tanta calma e carinho… Obviamente não fiz isso apenas pelo que tu mudaste na minha vida e sim porque... – Ver aquelas bochechas de Eren se avermelharem aos poucos foi o motivo de dar um pequeno sorriso e se aproximar daquela orelha para falar aquelas duas únicas palavras quase como um sussurro. – Amo-te pirralho.



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