Levi sempre considerou-se alguém que conseguia controlar seus sentimentos, expressões faciais e até corporais, mantinha-se sempre neutro e indiferente perante a muitas coisas de sua vida, mas com a chegada de Eren em sua vida algumas das coisas que em toda sua vida tinha sido ótimo com o rapaz por perto esquecia-se como fazia. Então, no casamento não seria diferente, esqueceu-se daquela postura de sempre ao vê-lo aproximar-se com aquele sorriso envergonhado, as bochechas um tanto avermelhadas e aqueles olhos verdes que adorava se perder. Não conseguiria, nem se tentasse, disfarçar a boca se abrindo um pouco ao vê-lo naquele terno escuro com os cabelos presos por um elástico, caminhando apressado olhando vez ou outra para os pés como se quisesse garantir que estava dando as passadas certas e não iria se atrapalhar.
Era uma das visões mais bonitas que já tinha tido acesso e queria viver aquele momento para sempre, pois sentia uma coisa tão boa em seu peito que nem conseguia conter o olhar apaixonado.
Em toda cerimônia daquelas que tinha ido, obrigado, sempre analisou com tédio as expressões dos noivos ao se encontrarem pela primeira vez no altar. Achava as reações um tanto exageradas, mas ali em pé observando Eren chegar até ele admitiu que durante toda sua vida foi tolo em julgar os outros, porque todas aquelas expressões eram reais.
O sentimento era bom a ponto de ninguém conseguir disfarçá-los quando estavam ali no altar.
Era como se não existisse outras pessoas naquela Igreja, apenas uma única que importava para si: Eren.
Não sabia, mas Eren partilhava daquela opinião, pois ao vê-lo daquela maneira formal, os cabelos diferente dos habituais, pois não estavam caídos na testa com sempre e sim para trás com o auxílio de uma pomada, o terno escuro, tudo tão alinhado naquele corpo que nem conseguia disfarçar o sorriso querendo gritar que aquele cara no altar seria seu marido em alguns minutos.
Torcia que o padre não falasse a frase sobre alguém ter algo contra, pois se alguém emitisse um ruído sequer daria seu jeito de agredir o corajoso, pois sairia dali casado com Levi.
Não haviam definido exatamente quem entraria inicialmente na Igreja ou se entrariam juntos, apenas aconteceu de Levi chegar antes e acabar por ficar por lá e Eren ligeiramente atrasado dar de ombros e aceitar o destino de entrar depois tendo a completa atenção de todos os convidados.
No meio do caminho sorriu para os amigos, ignorou a risada de deboche vindo de Jean e deu um sorriso genuíno ao ver Armin e Marco o cotovelarem em sequência. Focou-se na pessoa do altar, uma das que queria gravar a reação que estava tendo em seu rosto. Bonito demais e sabia que nenhuma câmera conseguiria gravar, pois era tão especial que apenas seus olhos e memória poderiam realizar um trabalho bom nesse quesito.
- Hey, és solteiro? — Eren sussurrou para o homem ao seu lado que ainda o olhava de cima a baixo fascinado. Detalhe que estava deixando o rapaz um pouco embaraçado e com uma vontade cada vez mais crescente de abraçá-lo contra seu corpo. Apenas não fazia devido às circunstâncias, já que muitas pessoas estavam os observando e o padre provavelmente iria falar que deveriam esperar a cerimônia finalizar. — Se estiver solteiro, bora se casar? Estás um gatinho com esse terno.
- Tch, idiota. — Mordeu o lábio para não sorrir e focou sua visão para frente, pois se continuasse a olhar para Eren iria em breve começar a babar por tudo aquilo ser seu. — Tu também está muito bem, preferia-te sem nada, mas organizado assim também parece-me bom…
- Estamos em uma Igreja, mais respeito, por favor. — Disse baixo querendo o beliscar para ter modos, mas não achou que seria legal que os convidados e a família vissem-os se agredindo em um momento que deveriam apenas se amar.
- Tch, não disse nada demais.
Ficaram parados lado a lado escutando atentamente o padre nitidamente orgulhoso começar os preparos e as palavras que todos ouviam atentamente. Vez ou outra um sorriso surgia nos lábios de ambos ainda desacreditados de estarem realmente formalizando aquilo, após tanto tempo de espera e uma coisa que ao se encontrarem naquele bar nem imaginavam que iria acontecer.
Para o casal o momento mais importante seria o das alianças, não o “sim” e muito menos o término da cerimônia. A aceitação era óbvia para ambos, então não tinha qualquer nervosismo de negação e fim de casamento. Mas, as alianças vinham sendo a única coisa que deixava Levi bravo e emburrado com Eren, e o jovem segurando-se em sua sanidade para continuar a insistir que não havia ideia de qual escolher, mesmo que elas estivessem bem guardadas no antigo apartamento e com Zeke como protetor até o dia do casamento.
Viraram para visualizar Beatriz entrando pelo extenso corredor daquela igreja com um vestido branco, os cabelos claros em uma trança com um pequeno laço na ponta o amarrando e dando a sustentação necessária para que não se desfizesse durante a cerimônia. Com as duas mãos carregava um objeto escuro, quase como se sua vida dependesse disso, pois levava aquilo com tamanho cuidado que apenas tornava a cena ainda mais fofa.
- Nossa filha é fofa. — Eren murmurou tentando ao máximo não mover seus lábios ao falar e continuando a ter o foco da menina que queria correr até eles e os dar bons abraços. — Está tão lindinha que estou derretendo-me…
- Tch, claro que ela é.
Ao chegar até eles Levi abaixou-se para pegar aquilo em mãos e deixou um beijo em sua testa como forma de agradecimento. Beatriz mostrou o polegar para Eren, deu uma piscada e moveu os lábios silenciosamente dizendo: “Abraço depois!”
Abriu a pequena caixinha, afinal Eren fez tanto mistério fugindo das questões sobre as alianças durante meses quando questionado. Não acreditou em nenhuma das mentiras sobre não ter ido comprá-las, mas não o forçou a falar sobre o assunto, não diretamente, apenas com tortura psicológica para que contasse logo.
Deu um sorriso inconscientemente ao analisá-las e apenas aquilo já foi resposta para Eren de que havia sido idiota ao pensar que talvez ele não gostasse delas quando comprou.
Um fino anel dourado com uma linha prata. Era simples, mas exatamente do jeito que ambos gostavam e Eren admitiu que Levi fosse gostar de ter em seu dedo.
- Parabéns, pirralho, escolheste bem.
Eren realmente havia levado ao pé da letra o “Surpreenda-me”.
Se o moreno de olhos verdes e sorriso traquina não fosse um homem adulto fecharia seu punho e levantaria para o alto gritando um: "Yeah!"; Satisfeito por ter conseguido, mais uma vez, surpreender aquele homem. Entretanto, utilizando toda sua tranquilidade e maturidade sorriu em concordância.
- Foi assim tão difícil esperar todo esse tempo para vê-las? — Perguntou ironicamente lembrando-se de todas as tentativas e falas bravas que presenciou de um Levi completamente puto por não ter acesso as alianças.
- Nem foi tão difícil assim.
Estreitou seus olhos e segurou-se para não bater em Levi, afinal ninguém iria achar certo que começassem a brigar em pleno casamento. Retornaria a aquele assunto quando estivessem com mais privacidade.
- És um falso.
Retirou a aliança que seria a de Eren e passou o dedo indicador nela sentindo a frieza do metal e aguardando pacientemente que o padre continuasse a proferir aquelas palavras para que finalmente pudesse o colocar logo aquele objeto. Tinha pressa, depois de tanta espera já não suportava esperar mais nenhum segundo.
- Eren Jaeger, aceita se casar com Levi Ackerman, na pobreza, na riqueza, na saúde e na doença até que a morte os separe?
Eren mordeu os lábios tentando segurar seu sorriso travesso, mas era impossível, ainda mais fitando aqueles olhos cinzentos sérios que não estavam tão abertos a piadas vindos dele. Não era ao momento mais apropriado para brincar e o moreno sabia disso, mas não poderia deixar de tentar.
- Será mesmo que eu deveria aceitar?
Coçou o queixo pensativo olhando para um ponto aleatório da Igreja enquanto Levi nutria um desejo interno de o socar para parar de enrolá-lo, pois queria aquele sim o quanto antes e não precisar continuar a segurar aquela aliança em sua mão sendo que o destino perfeito dela era o dedo de Eren.
Os convidados, sua mãe, seu irmão, os pais e o tio de Levi deram uma genuína risada sendo acompanhados por Beatriz que estava sentada ao lado balançando as pernas contra o ar animada para que parassem de se enrolar e ela pudesse finalmente os dar bons beijos. Claro que o garoto não perderia a chance de uma última piada e todos ali sabiam disso.
- É, acho que sim, aceito-me casar contigo e passar o restante da minha vida grudadinho em ti, Ackerman. — Esticou sua mão para o homem tentando não rir da expressão de poucos amigos dele para sua “brincadeirinha”. — Na saúde e principalmente no estresse, bonitão.
- Tch. — Negou falsamente decepcionado e colocou a aliança no dedo do rapaz alto ainda decepcionado por estar em pleno casamento ouvindo aquelas coisas.
Ouvir uma risada do padre fez Levi lançar um olhar estreito a ele em repreensão, mas o homem não pareceu incomodado, assim como Eren que piscou com um de seus olhos gostando da visão que tinha do homem colocando o anel no dedo.
Isabel ao lado de Farlan deu uma cotovelada no loiro para chamar sua atenção. Imediatamente ele a olhou em desagrado tentando manter a postura, mas havia sido dolorido a ponto de morder os lábios para não emitir qualquer som de dor. A ruiva indicou que se abaixasse um pouco e com receio obedeceu.
- Quer namorar comigo? — Isabel perguntou baixinho e sorriu ao vê-lo arregalar os olhos em completo choque questionando-se internamente se estava ouvindo certo.
Farlan sorriu lembrando-se do que Eren o disse quando contou sobre os diversos pedidos de namoro recusados, de fato o rapaz estava certo, pois ali estava Isabel lhe pedindo em namoro e aguardando nervosa uma resposta enquanto a cerimônia de casamento de Levi e Eren acontecia.
- Óbvio que aceito. — Poderia bem gritar, dar um pulo de felicidade ou levantar o punho animado, porém suspeitava que ninguém iria entender o comportamento, então guardou aquela animação em seu próprio peito procurando a mão dela para entrelaçar contra a sua. Olhou para o padre completamente focado, mesmo que o sorriso bobo retornasse aos lábios, confirmou algumas vezes. — Finalmente, caralho!
O padre, tentando ao máximo manter sua compostura, continuou:
- Levi Ackerman, aceita-se casar com Eren Jaeger? — Lhe fez a mesma questão, tão elaborada quanto, mas o policial só conseguiu prestar atenção naquilo que o importava, pois o resto era o que faria: Ficar com Eren independente das circunstâncias.
- Tch, se não fosse aceitar não estaria aqui e muito menos iria propor casamento a ele. — Respondeu sério fazendo com que o padre sorrisse desacreditado pela resposta ríspida até no casamento dele. Já Eren fez a típica expressão estreita de: "Fale direito, depois conversamos sobre isso, Levi". Portanto, engoliu em seco não querendo brincar com a sorte e humor do rapaz. — Hum, sabes que aceito.
Desviou o olhar para que Eren parasse de olhá-lo daquela maneira e esticou a mão para que colocasse logo a aliança. No instante que sentiu aquele metal rodear um de seus dedos também sentiu os lábios de Eren em um beijo sobre ela extremamente carinhoso. Levi o olhou em desdém, mas sua cara de surpresa entregava que tinha gostado daquilo.
August e Kushel apertaram seus dedos entrelaçados orgulhosos quase como se a vida do filho passasse aos poucos a frente de seus olhos. A primeira vez que viram seu rostinho, o calor de o ter nos braços, seus primeiros passos, a primeira palavra, a forma que desde pequeno não gostava tanto de companhia, mas apesar de reclamar, adorava quando Hanji vinha até ele.
Carla tinha os mesmos pensamentos e apenas sentia certa pontada de tristeza por ter escolhido um péssimo pai para Eren, pois queria que ele tivesse um que estivesse ali presente e igualmente orgulhoso pela evolução de seu menino. Entretanto, não queria lembrar-se de Grisha, apenas ter aquele sorriso orgulhoso e o brilho no olhar ao lembrar-se de tudo que aquele casal viveu até chegar ali.
- Se preferirem podem dar um beijo em sinal de selamento deste compromisso e início da vida de casados.
Eren sorriu em concordância e olhou para Levi um pouco inquieto de realizar aquilo em frente a tantas pessoas, inclusive sua família. Beijá-lo em bares era uma coisa, agora com a atenção total de todos era estranho e não sabia como não poderia ficar embaraçado com aquilo.
- Tch, não faça-me bater em ti para que me dê um beijo, pirralho. — Levi ameaçou entre os dentes com a já incontável expressão de poucos amigos para o, finalmente, marido.
Eren se mostrou reticente envergonhado de algo assim, então sentiu a mão de Levi apertar sua gravata e o puxar para baixo fazendo com que se abaixasse e fizesse o que precisavam. No instante que sentiu aqueles lábios macios contra os seus esqueceu-se de qualquer vergonha e apenas sentiu uma coisa boa preencher por todo seu corpo.
Estavam casados e apenas isso importava.
Ao afastarem-se Eren entrelaçou seus dedos aos do homem ao lado e coçou sua nuca sorrindo embaraçado para todos.
- Tens mesmo a certeza de que quer meu sobrenome? — Levi perguntou baixinho para que apenas o jovem ouvisse enquanto caminhavam para fora da Igreja.
Havia passado tanto tempo desde o noivado e aquele pedido de Eren para adotar o sobrenome que Levi admitiu que era um ótimo momento para questionar mãos uma vez e sendo a última. Ainda não aceitava a motivação dele em adotar o "Ackerman", mas se realmente quisesse aquilo, faria seus gostos.
- Teu sobrenome tem história, certo, mas ultimamente você e o Zeke mudaram isso e ninguém irá te associar ao Grisha. Pense bem, Eren.
- Depois da conversa que tive com meu pai não sinto que tenha mais qualquer problema em ser associado a aquele homem. — O disse para que não pensasse coisas erradas. Já tinha tomado sua decisão e nada a mudaria. — Sinto-me realmente limpo, Levi, então estou a falar sério e sendo sincero contigo. — Suspirou fechando momentaneamente os olhos para enfim abrir suas pálpebras e sorrir para o mais velho. — Eu quero mesmo partilhar um sobrenome com você e é o seu que eu quero.
Desviou o olhar em concordância admitindo que o dia todo seria em torno de coisas melosas, mas não estava minimamente arrependido de ter entrado de cabeça naquilo e aceitado tudo que Eren decidiu.
- Tch, tudo bem, se é o que deseja, seja feita sua vontade.
Foram para a cerimônia jurídica formalizando legalmente aquela relação, assinaram os papéis, Eren adotou finalmente seu sobrenome que tanto queria e lhe direcionou mais um dos sorrisos gigantes que o fazia ter a certeza de que era uma das decisões mais certas que havia tido na vida. Bem mais rápido que a da Igreja, mas igualmente importante com a presença apenas dos pais e filha, porque os outros convidados já se direcionaram para o local que iriam comemorar.
- Caralho, agora não posso mais chamar-te de idiota e em seguida seu sobrenome. — Murmurou em reclamação por aquele detalhe que nunca de fato parou para pensar. — Merda…
- O primeiro pensamento após assinarmos os papéis foi essa merda, Levi?! — Se não estivesse perto de tanta gente aquele seria o melhor momento para o dar um belo soco. Só não faria, pois não queria estragar o casamento por estar a bater no marido. — Porra, por que ainda surpreendo-me contigo?!
- Tch, Ackerman, calado. — Disse e encarou o teto decepcionado não conseguindo acostumar-se com aquilo. Sorriu em negação. — Vês, não soa bem, não consigo… — Decaiu os ombros fazendo um biquinho chateado. — Terei que chamar-te de Eren, mas com apenas o nome não tem o efeito que eu desejo… — Mais um suspiro cansado. — Droga, quero o divórcio.
- Nem fodendo. — Eren sorriu e ergueu sua mão com aquelas duas alianças a colocando bem próxima de Levi com um sorriso até prepotente na opinião do policial. — Agora estás casado comigo e não aceito o divórcio tão cedo, és meu até que a morte nos separe, Levi Ackerman.
- Nem ela é capaz de separar-me de ti. — Murmurou em tom baixo para que apenas o marido o ouvisse, pois apenas ele era merecedor daquela melação apaixonada.
- Uau, poético.
Não deixaria Eren debochar de si, não em pleno casamento, posteriormente talvez, mas não naquele. Portanto, utilizando de todo seu sarcasmo adotou uma postura séria, assim como sua expressão para lhe dizer:
- Jurídico na realidade, pois mesmo em óbito nosso nome ainda estará interligado, já que continuarás com meu sobrenome e seremos viúvos. Portanto mesmo mortos teremos essa ligação jurídica…
- Calado, Ackerman, eu vou ficar com a versão romântica de que não vives sem mim e até na morte irá me querer por perto, pois me ama e não a nerd idiota sem sentimentos.
Passou o polegar delicadamente na mão de Eren para que parasse de ser tão reclamão.
- Sabes que amo você, garoto.
Concordou, não precisava o dizer o mesmo, afinal já havia dito aquela mesma frase tantas vezes que ambos sabiam, apesar de ser sempre bom ouvi-la.
Eren soltou a mão de Levi e pegou Beatriz nos braços sentindo aquele aperto infantil contra si totalmente feliz, apertou suas costas para que ficasse segura e girou-se com ela fechando momentaneamente os olhos querendo gritar o quão feliz estava naquele dia, apesar de não precisar, pois todos viam o brilho que aquele corpo irradiava.
- Agora todos nós temos o mesmo sobrenome, legal, não acha?
- Sim!
- Estás linda, princesa. — Murmurou próximo a sua orelha sentindo o tecido do vestido dela contra seu corpo enquanto a mãe e os sogros nem disfarçavam os sorrisos felizes em vê-los daquela maneira.
Eren sentiu seus pulmões sem ar quando August o apertou em um abraço passando uma mão pesada em suas costas e o falando emocionado o quão feliz estava por finalmente serem família. Kushel, mais delicada o abraçou após o marido soltar o genro. Entretanto, no quesito força física e abraços apertados Carla também era mestre, porque todos viram e tentaram não rir ao ver Levi claramente sem jeito quando a sogra o abraçou parabenizando o casamento e lhe ordenando cuidar bem do filho, se não carinhosamente de alguma forma apareceria quebrado pois ela mesma iria dar um jeito de o bater até que se arrependesse. Levi, o temido Ackerman na Corporação que não abaixava a cabeça para ninguém e muito menos sentia medo dos piores criminosos, fez o óbvio e o esperado: Engoliu em seco e afirmou algumas vezes que faria o melhor para Eren.
Deram a atenção necessária o máximo que puderam para a filha, afinal o casamento era deles, mas ela também era importante ali. Pelos dois facilmente poderiam ficar com ela nos braços e fazer revezamento quando sentissem os músculos cansados, mas internamente já estavam preparados para deixá-la ficar com outras pessoas, pois eles próprios deveriam cumprimentar os convidados.
- Vamos deixar os teus papais darem um pouco de atenção para os convidados? — Zeke perguntou para a menina tentando convencê-lo a largá-los já que desde que chegaram até o local ela estava entre os dois apertando as mãos deles e sem intenção nenhuma de sair dali.
Era um bom advogado, tão bom manipulador como o irmão em alguns quesitos, principalmente quando estava em um tribunal e precisa defender alguém. Sempre convencia com facilidade e a maioria de seus trabalhos venceu sem nem precisar de esforços, mas Beatriz era imune a todo seu charme e palavras bonitas, pois quando queria algo nada a fazia mudar de opinião e todos ali sabiam, porque sofriam na pele.
- Depois eles ficam grudadinhos em você de novo, mas eu quero sua atenção também, Bibia. — Um novo biquinho falso para manipulá-la a ficar com dó e aceitar. Durante o processo não olhou Eren e muito menos Levi, pois não queria mesmo ver aquelas expressões de deboche naqueles rostos e perder a paciência. — Não sentes saudades do titio? Eu sinto muitas de ti… A vovó também, olhe ela lá. — Apontou para Carla ao fundo e também para os pais de Levi. — Os vovôs, todos querem um pouco de você também, estamos com ciúmes de você só querer seus papais…
Desviou o olhar ligeiramente emburrada.
- Tudo bem… Mas… — Ergueu a cabeça séria para olhar para Eren e Levi, o máximo que uma criança daquela idade e fofa conseguiria ser, ou seja, pouco, mas os pais fingiriam que a seriedade tinha sido efetiva. — Depois eu quero muitos abraços de vocês.
Levi apertou o nariz dela com dois dedos sem colocar força para enfim piscar um dos olhos.
- Os terá, garotinha.
Acompanhou Zeke e logo sentou-se perto dos avós, não parecia tão emburrada como até então, pois logo retornou a ser a menina feliz conversando com eles.
Eren flagrou Levi observando a aliança mais uma vez e girando-a em seu dedo. Era nítido o carinho por ela e Eren sentia-se menos culpado por ter impedido durante tantos meses que tivesse conhecimento delas. Durante a missa não se aprofundou, mas ali tendo a liberdade de xingar podendo o beliscar e gargalhar retornaria a aquele tópico inadiável.
- Então, agora me diga, precisava ficar emburrado por todos esses meses de espera por causa da aliança?
Levi olhou completamente sério para o rapaz, falso demais na opinião de Eren que não caía tão fácil naquelas expressões. Não depois de tanto tempo juntos.
- Eu não fiquei emburrado, na minha opinião lidei até bem com essa espera.
Eren no mesmo instante deu uma gargalhada alta desacreditado na cara de pau daquele homem. Tentou manter a calma e entender que deveria ser ironia, porque suportou tanto terror psicológico que até se considerou um guerreiro ao conseguir segurar aquele segredo por tanto tempo sem vacilar.
- Meu Deus, és tão falso que a cara nem treme! — Não aguentou, começou a estapear Levi, tão fraco que nem se configurava como agressão e o homem facilmente poderia se defender, mas não queria. — Ah, por favor, lidou bem meu pau, vai se foder, Ackerman, na boa.
Invés de apertar os pulsos de Eren e interromper o que estava sofrendo apenas deixou seu lado divertido se sobressair, gargalhou não conseguindo se manter naquele papel de pessoa séria que sempre manteve com maestria. Estava feliz demais para fingir.
- Porra, para de rir, eu quero ficar bravo com você! — Mais um tapa fraco enquanto Eren já não conseguia não rir junto com o marido. — Me fazia sentir o pior ser humano do mundo com essa cara emburrada, não sabe o quanto eu sofri por todos esses meses sendo que eu só queria te falar que tinha comprado para tu ficar menos emburrado! — Um novo tapa quase sem força sentindo as bochechas doerem pelas risadas. — Eu realmente deveria estar puto contigo por ter sido tão insuportável durante esse tempo todo, Mas não consigo se você continuar com essa risada tão bonita de ouvir! Seu idiota…
- Chega. — Apertou os braços ao redor da cintura de Eren em um abraço para encurtar a distância entre eles e também a disponibilidade de corpo para ser estapeado pelo moreno. — Lembre-se que isso se configura como agressão e eu posso processar-te. Além disso, sou um oficial, logo a sua pena será dura.
- Merda… — Mordeu os lábios e fechou os olhos tentando não pensar malícia, mas era impossível e não queria ser comparado a um pervertido por estar pensado em sexo durante um abraço qualquer de início de festa. — O quão dura?
- Verás hoje a noite, ou melhor, sentirá. — Piscou com um dos olhos e tentou ao máximo retornar a postura indiferente de sempre ao ver Isabel e Farlan se aproximar com um sorriso por vê-los carinhosos daquela maneira em público. Coisa incomum e que viam pouco, mas era nítido que no casamento teriam bom acesso a cenas como aquelas.
- Eca, parem de se agarrar, sejam educados e vão cumprimentar os seus convidados de maneira digna. — Farlan disse falsamente sério, porém sentia-se realizado naquele dia, tanto por si e também por ver aqueles dois finalmente juntos.
Quebraram o abraço se afastando um pouco admitindo que Farlan estava, infelizmente, certo no que disse. Teriam que ser educados, por Levi ficaria ali o restante do tempo sem problemas nenhum, mas sabia que Eren não iria partilhar aquela opinião.
O rapaz sentiu os braços de Farlan em sua cintura o puxando para um abraço. Diante daquele gesto repentino franziu a testa confuso verificando com Levi se era isso mesmo, afinal o loiro era sempre o que fugia dos gestos carinhosos do rapaz por julgar perigoso e não aquele que o procurava para isso.
- Humm.. Chega? — Tentou afastar o loiro entendendo perfeitamente naquele instante como ele se sentia com aqueles abraços, pois agora quem estava começando a ficar incomodado era Eren.
O soltou afastando-se dois passos para trás ficando ao lado de Isabel que não sabia se ria, ficava brava o chamando de idiota ou abraçava o casal a frente os parabenizando pela oficialização do casamento.
- Estavas certo, garoto.
Eren arqueou uma das sobrancelhas completamente confuso sem notar que Levi ao seu lado já havia entendido perfeitamente o que significava, afinal não era cego em não ver aquelas mãos se entrelaçando e muito menos os sorrisos de Farlan e Isabel.
- Normalmente eu falo muita coisa certa, então pode especificar exatamente o que eu disse dessa vez?
- Eu e ele, namoro, etc. — Isabel apontou para si mesma e para o loiro divertida ao ver a boca de Eren gradativamente abrir em choque.
- Wow! — Desfez o semblante chocado para dar um sorriso à Isabel e Farlan entendendo finalmente o motivo do abraço. — Parabéns! Sério, fico feliz pra caralho, pois vocês são definitivamente o casal que eu mais torci durante esse tempo todo.
- Apenas seja sutil, apenas vocês sabem ainda do namoro e sei lá, gostaria que fosse gradativo. — Isabel pediu e mesmo vendo Eren imediatamente concordar sabia que o pedido havia sido inútil.
Diante disso, Eren fechou seu semblante seriamente para Farlan e lançou um olhar estreito a Levi por outro tópico que deveria trazer a tona uma última vez.
- Pelo menos não vais esquecer-se da data do aniversário de namoro igual seu amigo, pois é no mesmo dia que nosso casamento. — Frisar aquela palavra tornava tudo ainda mais sarcástico para o novo casal, apesar de Levi não estar encontrando qualquer graça naquilo. — Seu amigo deveria ter seguido isso também para não se esquecer de uma coisa tão importante como o aniversário de namoro.
- Porra, Eren! — Levi estreitou os olhos um pouco bravo por continuar a ouvir reclamações sobre aquele esquecimento. Uma das certezas é que não esqueceria do casamento, nem poderia, a data estava gravada em sua mente e ninguém apagaria. Queria comemorá-la todo ano. — Acabei de casar contigo, seu merdinha, o que mais quer de mim?! Supera aquela merda de esquecimento, caralho,
- "Seu merdinha"?! — Repetiu desacreditado tentando não rir e quebrar aquela falsa irritação. — É assim que trata seu marido, Ackerman?
A última coisa que queria e nunca sequer havia planejado era que em uma das primeiras vezes que disse aquela palavra chamando Levi tão naturalmente e sem nem pensar de "marido" fosse em uma meia briga com ele. Entretanto, não deveria ser mesmo uma surpresa levando em conta o histórico que tinham juntos.
- Vai se foder!
- Foder? — Levi deu um sorriso malicioso e piscou perante aquela proposta finalizando, assim, aquela "discussão" sem sentido. — Se quiser posso ir agora, alguns minutinhos naquele banheiro e ninguém vai perceber nossa ausência. — Apontou discretamente com o dedo. — Vamos?
- Puta que pariu, casei-me com a merda de um pervertido! — Reclamou e desviou o olhar para falar o restante em um tom baixo. — Vamos.
Uma nova expressão enojada vinda do loiro desacreditado no amigo propondo aquilo e, principalmente, Eren compactuando tão facilmente.
- Credo, não, é o casamento de vocês, podem não fazer isso sendo que já já alguém vai tocar na mão de um dos dois para cumprimentá-los?! Que nojo.
- Empata foda. — Levi reclamou e esticou a mão para Isabel se aproximar porque todos sabiam que queria aquele abraço.
Sarah tinha a filha em um lado e Kenny de outro, ambos tinham se tornado uma dupla imbatível em deixar a mulher o mais confortável possível e com o menos de esforço em qualquer coisa que precisasse fazer. A ponto de até irritá-la querendo bater em ambos e gritar que estava apenas grávida e não com uma doença terminal. Era agradecida pela ideia de Eren, pois definitivamente seguir aquilo tinha trazido bons frutos, viu o homem franzir a testa confuso e em seguida olhar para sua barriga chocado abrindo a boca aos poucos sem qualquer reação, totalmente estático. Sentiu um abraço tão apertado e tantos beijos pelas bochechas e barriga que sentiu-se até estranha por ter se enrolado tanto para contar a ele. Todas as noites ele ficava beijando sua barriga, lhe fazendo carinho e conversando com o menino crente de que mesmo ainda em seu ventre estava entendendo o que o pai estava falando.
- Parabéns, crianças. — O tio disse nem escondendo sua diversão e até o orgulho de vê-los daquela maneira. Apontou para Eren adotando uma feição ameaçadora. — Cuide bem do meu menino, se não irei quebrar-te na porrada. De resto, felicidades, gosto de vocês dois como casal.
- Pode deixar, cuido do nosso menino. — Piscou com um dos olhos fazendo um carinho na mão de Levi para que parasse de encarar o próprio tio com decepção.
Beijou Sarah na bochecha e passou a mão carinhosamente em sua barriga para enfim ir até Mia e a abraçar também feliz com a presença. Levi cumprimentou educadamente as mulheres e fechou sua mão para bater com força contra a do tio antes de se despedirem para continuarem o trajeto cansativo até terem paz.
Em seguimento, encontraram os antigos colegas de trabalho de Levi, ou seja, Ymir e a namorada, assim como Ian que não parecia nada incomodado em partilhar uma mesa com a pessoa que um dia nutriu sentimentos e agora a namorada dela.
O loiro rapidamente bateu no braço do policial que desde que conheceu sentia certo medo e quando começaram a trabalhar em equipe pensou mesmo que ele ainda o mataria.
- Parabéns pelo casamento, nunca pensei que isso iria ocorrer um dia, mas ok, cá estamos. Parabéns, Eren, e boa sorte. — Olhou para o rapaz de cabelos castanhos e colocou a palma da mão sobre sua boca para segredar-lhe em um tom mais baixo fingindo que Levi não estava ao lado de Eren e consequentemente ouvindo tudo. — Caso queira fugir dele basta ligar-me que ajudo-te a sumir, sabemos que ele é horrível e se estiver sendo obrigado a isso pisque três vezes que ajudamos. — Repetiu o gesto para ele ensinando como deveria fazer. — Estamos em alguns policiais pelos arredores, então estará seguro. — Nem tão discreto apontou para a colega que falhava em não gargalhar de sua estupidez. — Será difícil imobilizá-lo, mas iremos dar nosso jeito, afinal sua segurança é prioridade aqui.
De todas as reações que esperava do rapaz divertido nenhuma era sequer parecia com a que recebeu: Um olhar digno das trevas completamente sério perante aquele final.
Até Levi havia encontrado humor naquilo, menos Eren que estava se segurando para não dizer coisas sobre o que ouviu.
Não emitiu qualquer som de reprovação ou palavra agressiva para que Ian calasse a boca, pois apenas aquele olhar e expressão de raiva já o fez calar a boca. Ymir olhou orgulhosa do garoto e Petra apenas balançou a cabeça em negação.
- Pois é, eu também não sei o que eles veem de tão errado em mim para tirarem essas conclusões erradas de que sou tão ruim assim. — Levi murmurou em reclamação falsamente inocente e chateado como se não fosse merecedor daquelas palavras brutas.
O olhar das trevas transformou-se em um repleto de deboche quase como se Eren estivesse pensando: “Não sabe mesmo o motivo? Ah, por favor, vá a merda”.
- Não sejas falso, todos sabemos que és ríspido e grosso pra caralho com as pessoas, amor. Então sua má fama é real, mas porra, eu odeio quando eles falam isso para mim. — Mais um olhar para Ian deixando evidente que não queria mesmo ouvir uma coisa daquelas, mas não se importava tanto pelo que achavam de Levi. Já tinha desistido de tentar mudar isso. — Só me poupem, falem para ele ou sei lá, apenas pensem isso porque sempre ouvir a mesma merda cansa-me.
- Tch, e eu pensando que iria me defender… — Murmurou em reclamação.
Eren deu uma risada baixa e se aproximou de Levi, o apertou e com uma atitude adulta o encheu de beijos nas bochechas e até no pescoço para o completo divertimento dos amigos do homem, mas não o dele que o encarava em desdém preste a afastar Eren com bons tapas para ser mais maduro.
- Ownt, magoei meu neném com o que eu disse? — Perguntou divertido deixando mais um beijo na bochecha e uma mordida leve antes de ser finalmente afastado por Levi com força. — Não, você magoa o neném, vulgo eu, com esses afastamentos quando eu só quero um pouco carinho teu…
Levi olhou aquela expressão no rosto de Eren com extremo desgosto ignorando os antigos colegas rindo descaradamente do que ouviram.
- Tch, pare de me olhar assim, és definitivamente um merdinha manipulador.
- Seu neném. — Corrigiu não aceitando mais ser chamado daquela maneira, não no dia do seu casamento e um dos mais felizes de sua vida. Bateu o dedo indicador na ponte do nariz do policial sem se afetar. — Merdinha manipulador não, sou o seu neném. Então, fale direito comigo.
Revirou os olhos prestes a reclamar mais alguma coisa sobre sua estupidez. Entretanto, Ymir tomou a iniciativa de esticar a mão para um cumprimento, acabou por aceitar e Eren também. Assim como Petra que estava feliz com o convite e não negaria sua presença.
Ian apoiou seu queixo com uma das mãos deixando o cotovelo contra a mesa encarando um ponto qualquer que nenhum deles soube exatamente definir o que era o motivo de tanta atenção. Ao julgar o olhar de divertido de Ymir e até de Petra, como se anteriormente estivessem a visualizar aquela mesma feição, Levi arqueou uma das sobrancelhas sentindo que valia a pena investigar.
- Cara, estou apaixonado. — Expôs com um suspiro fazendo até Eren olhar para Levi com a pergunta na mente: “Você entendeu?”. — Ela é linda.
O policial olhou para antiga colega que discretamente apontou com o dedo na direção de um jovem magra, pele pálida, cabelos negros na altura dos ombros e feições entediadas ao lado dos amigos de Eren.
- A Mikasa? — Eren perguntou confuso e Ian imediatamente focou-se nele com um sorriso crescendo nos lábios.
- Que nome lindo! — Voltou-se novamente para fitar a mulher não notando o olhar de Eren que não sabia como dar a notícia ao mais novo. — Mikasa. — Repetiu e mordeu os lábios satisfeito. — Soa bem, gostei.
Eren buscou conforto em Levi, mas apenas encontrou uma diversão explícita que era compartilhada por Ymir e Petra. Sendo que nenhum deles estava inclinado a contar a realidade para Ian. O rapaz não queria ser o percursor das notícias nem tão boas para Ian, mas nenhum dos outros estava inclinado a avisá-lo o óbvio. Então, não tinha saídas.
- A Mikasa… — Mordeu o lábio cuidando com as palavras, pois não queria mesmo destruir aqueles sorrisos de Ian com a informação. Queria que aquela festa de casamento fosse boa para todos e um coração partido ou sensação de frustração não ia ser agradável para o loiro. — Namora…
- Ah, sem problemas, eu espero ela terminar. — Descartou indiferente e moveu uma das mãos ignorando a risada baixa de Ymir que já não se aguentava. — Nenhum namoro dura tanto, não é? Se ela se casar eu supero, mas namoro ainda tenho chances. — Voltou-se para Eren curioso. — Com quem ela namora?
- Com aquela loirinha que está do lado dela. — Apontou para Annie que notou o olhar do amigo e movimentou sua mão em um cumprimento simpático não sabendo do que se tratava, mas vindo de Eren tudo era possível. — Foi uma surpresa para mim também, apesar dos meus amigos falarem que era bem óbvio desde o colégio, mas ela é… Lésbica…
Ian abriu a boca em choque e bateu sua testa na superfície da mesa decepcionado tentando não se abalar com as risadas de Ymir por não ter percebido algo bem óbvio.
- Porra, Ian! — A mulher o deu um tapinha fraco no ombro para que arrumasse sua postura e não entrasse naquela tristeza, pois não era o momento. — Só se apaixonas por mulheres que claramente não gostam de ti e que podem te bater?
Levantou seu rosto e fez um biquinho deixando os ombros decaídos.
- Não tenho culpa se gosto da ideia de apanhar de mulher bonita. — Choramingou fitando os olhos de Ymir, uma das primeiras que causou aqueles mesmos sentimentos em seu peito e os detruiu sem nem dó e muito menos piedade. — Mas porra, porque todas elas são lésbicas?! Eu sou um imã para elas, que saco.
Apoiou novamente a mão no queixo desviando o olhar daquela mesa, não retornaria a olhar tanto. Os amigos de Eren eram complicados e não queria mais nada com eles, não depois de Mikasa que nem sabia de sua existência o destruir assim.
- Acho que vou mudar a faixa etária. — Pontuou analisando as pessoas que estavam dispersas pelo local. — Aquela é bonita. — Olhou para uma mulher em especial. — Cara de brava, do jeitinho que eu gosto. Parece gente boa… Vale a pena.
Eren receoso olhou para quem Ian se referia. Levi, Ymir e Petra fizeram o mesmo, mas divertidos ansiosos para ver mais uma face de decepção no loiro. Entretanto, dois deles ao visualizarem quem era fecharam o semblante, sendo que o do moreno de olhos verdes foi bem mais assustador do que Levi poderia conseguir.
A mulher tinha o cabelo castanho longo até a cintura solto com algumas ondulações leves, uma maquiagem bem feita que a deixava ainda mais jovem. Um vestido longo perfeitamente posto em seu corpo e em uma das mãos uma taça que bebia vagarosamente e conversava com um casal, o qual, por coincidência, eram os pais de Levi. Uma que já havia os dado diversos abraços naquele dia e até uma ameaça à integridade física de um deles.
- Ela é a minha mãe. — Eren informou entre os dentes fazendo com que Ymir e Petra rissem baixo e Levi ainda tivesse aquela postura séria não concordando também em Ian querer Carla.
Esperavam uma postura de respeito e choque, não Ian voltando-se para o moreno com um sorriso.
- Uau, sua mãe é solteira?
- Ela é a minha mãe! — Repetiu e apertou os dedos de Levi de uma maneira tão forte que fez o policial olhá-lo com uma expressão de: "Não sou eu quem está dando em cima da sua mãe, pode, por favor, não quebrar a merda dos meus dedos?!". — Não! Nem pense nisso! Tire o olho dela!
- Mais respeito com o seu futuro padrasto. — Piscou com um dos olhos e levantou-se da cadeira, espreguiçou-se e sorriu para Eren não gostando muito da expressão dele. — Vou conversar com ela e verificar se gosta de pessoas mais jovens. Espero que sim, futuro filho. — Colocou a mão no ombro de Eren e deu um sorriso para Levi. — Vais ser meu genro, que medo, Ackerman.
- Não vai conversar com a minha mãe. — Eren negou rigidamente e nem tão delicado pegou a mão de Ian apertando-a de um modo que Levi havia o ensinado para que trouxesse muita dor caso precisasse agredir alguém ou se livrar de alguma imobilização. — Isso aqui é um aviso, mas eu posso facilmente quebrar você se ir até ela. Não estou brincando, Ian, não aproxime-se da minha mãe.
Arregalou os olhos por ver a pessoa simpática de sorrisos fáceis se tornar aquela que o trazia até medo e um sentimento de respeito. Engoliu em seco sabendo que não teria defesa de Ymir e muito menos de Levi, já que este último estava focado em Eren com um sorriso até orgulhoso.
- Minha mãe é uma pessoa incrível, linda, eu sei disso. Entretanto, sem críticas a ti, mas ela merece coisa melhor do que alguém como você pode proporcionar.
Ian deu uma risada baixa magoado por estar ouvindo aquela palavras duras e sua moral estar sendo quebrada tão facilmente.
- Relaxa, cara, não vou falar com ela.
- Muito bem. — Apertou um pouco mais para que sentisse dor e então, como se não tivesse feito nada demais, soltou-o. — Não queria mesmo bater em ti na cerimônia do meu casamento.
Levi soltou a mão de Eren para apoiar seu braço na cintura do moreno e o puxar para perto com extremo carinho sem conseguir retirar aquele sorriso orgulhoso dos lábios.
- Esse é o meu garoto. — Apertou seus dedos na cintura de Eren e olhou para Ymir. — Viu como ele pegou perfeitamente? — A antiga colega confirmou com um aceno rígido e Levi continuou a falar. — Demorou algumas semanas para conseguir acertar, mas ficou perfeito. Eu sabia que valeria a pena insistir durante tanto tempo.
Eren até gostava de ouvir os elogios, principalmente aqueles raros que eram ouvidos por todos, afinal Levi escondia aquele seu lado simpático, apaixonado e orgulhoso bem restrito, porém naquele instante não queria ser elogiado por uma postura agressiva sua e principalmente a motivação daquilo.
- Sim, bom trabalho. — Ymir concordou, bateu os dedos entediada na mesa e fitou Eren para lhe direcionar o que queria falar. — Se quiser uma faca para ameaçar o Ian basta me pedir. Entrego-te de bom gosto e apoio você nessa decisão.
No mesmo instante Eren franziu a testa surpreso tentando encontrar qualquer sinal que era uma brincadeira, mas vindo dela e de Levi nunca eram piadas e sim coisas a serem levadas a sério.
Inspirou o ar tentando controlar-se, pois já tinha passado da fase de se assustar tão fácil com as tendências agressivas dos amigos e, também, do noivo. Portanto, tentando manter a compostura, perguntou-a:
- Por que diabos trouxeste uma faca para um casamento?!
- Ué, você não trouxe? — Arqueou uma sobrancelha devolvendo a questão para Eren vendo Levi desviar o olhar e morder discretamente o lábio inferior. Petra já havia desistido há meses e apenas ignorava ao sentir alguma arma na roupa da namorada. — Todo mundo traz, é o procedimento padrão. Verifique o bolso do seu marido e confirme.
Voltou-se para Levi tentando obter qualquer expressão que respondesse aquilo, pois estava prestes a apalpá-lo de diversas maneiras com o objetivo de verificar a existência de alguma arma naquelas roupas. Sabia a resposta, afinal conhecia bem a pessoa que estava ao seu lado.
Ao notar o olhar estreito, Levi revirou os olhos em decepção por Eren suspeitar de algo assim vindo dele. Era quase como se ferisse seu orgulho ponderar aquela ideia.
- Tch, pirralho, achas mesmo que eu vim armado?
- Sim. — Confirmou no mesmo instante sem sequer precisar pensar, afinal era uma resposta fácil de sair de sua boca e até nada surpreendente se fosse levar em conta o histórico de Levi.
- Vês, me conhece tão bem, por isso casei-me contigo. — Direcionou-o um sorriso torto em uma tentativa falha de fugir de reclamações. Com o passar do tempo sabia exatamente como fugir delas e não economizava nos sorrisos, pois sabia que Eren não conseguia ficar bravo quando fazia aquilo. — Tch, sim, eu trouxe um revólver por segurança…
Pegou a mão de Eren e contra a sua própria moveu até suas costas onde repousava uma arma em sua cintura sendo escondida pela roupa social, mas de fácil acesso caso precisasse.
- Até então todas as minhas tentativas de ser romântico contigo deram merda, não queria que até no nosso casamento acontecesse algo e eu não pudesse te proteger. — Desviou o olhar tentando ao máximo manter sua postura séria sem mais sorrisos, mas naquele dia estava absolutamente impossível. Entretanto, naquele instante tinha uma que pouquíssimos já tinham tido acesso: Um misto de preocupação e até constrangimento por estar admitindo algo assim. — Não me perdoaria, pois esse é o meu dever… Proteger você e a Bea, as pessoas que eu amo…
Eren desfez a expressão séria para analisar o rosto do marido com cuidado entendendo completamente a razão por detrás daquela arma e tudo isso apenas o fazia sentir-se bem e com o coração quentinho.
- Caralho, isso foi assustadoramente fofo, Levi.
Poderia até responder Eren a altura falando que era um procedimento padrão qualquer e nada fofo, mas visualizar Jake chegando apressado com sua esposa ao lado fez dispersar qualquer fala agressiva e esperar que o antigo colega se aproximasse.
- Mil perdões pelo atraso. — Pediu para os dois observando o casal satisfeito lembrando-se da noite que teve conhecimento que a "patroa" de Levi era na realidade um estudante até bem divertido, contrariando todas as expectativas que bolaram após descobrir que ele namorava alguém. — Tive que ir até a Delegacia antes, foi uma loucura e… — Olhou para a esposa naquele vestido apenas evidenciando que não se importava com a demora desde que ela terminasse de se arrumar e ficasse daquela maneira. — Atrasamos um pouquinho.
Novamente Levi não teve vez naquele diálogo e questionava-se o quanto tinha deixado Eren ocupar em sua vida, pois desde o instante que começou a deixar um espacinho ele foi ocupando e se tornando um tanto folgado demais.
- Ele não irá reclamar de atrasos, pois demora mais tempo no banho que qualquer um aqui e se eu não falo alguma coisa iríamos atrasar para tudo na nossa vida por culpa dele. — Disse com um sorriso e levou a mão até o barbado para em seguida a mulher. Em especial para o que vestia. — És linda, uau, que vestido bonito.
Comentário inocente para todos ali, menos para Levi que mordeu os lábios desviando o olhar tentando ser menos óbvio por saber que o elogio de Eren sobre o vestido era traduzido à: "Será que ficaria bom em mim?".
- Obrigada. — Sorriu gostando daquele rapaz que havia ouvido tanto vindo do marido e agora finalmente após tanto tempo pode conhecer. — Parabéns pelo casamento.
- Perdemos muita coisa?
- Ahn, não muito. — Eren coçou sua nuca pensativo em como enumeraria tudo aquilo que viveram naquele dia. — Meio que casamos. — Apontou para si próprio e Levi com o dedo fazendo com que Jake risse. — E um merdinha quase foi morto por querer dar em cima da minha mãe. — Lançou mais um olhar sério para Ian indicando que não esqueceria tão cedo daquilo e se os visse perto iria sofrer consequências. — De resto nada tão importante.
- De novo, Ian?! — Arqueou uma das grossas sobrancelhas escuras para o rapaz completamente crítico.
Admitiu que Jake traria consciência para a cabeça de Ian. Portanto, sorriu mais uma vez para o pequeno grupo e focou-se em Levi.
- Vamos terminar de cumprimentar as pessoas e comer, porque caralho, estou morrendo de fome.
- Fiquem a vontade. — Levi acenou um tanto rígido e beirando ao tédio para eles para em seguida rolar os olhos verificando a existência de tantas pessoas para cumprimentar que só o fazia sentir uma vontade absurda de que alguém surgisse ali para que precisasse usar a arma e assim ter mais emoção. — Preciso, infelizmente, ser simpático agora.
- Evento único. — Ymir levantou seu copo na direção de Levi que discretamente concordou, mas logo sua expressão sumiu do rosto ao notar que Eren estava o lançando mais um daqueles afiados para que fosse educado sempre e não apenas em situações como aquelas.
Ao continuarem o trajeto, Eren até foi simpático com diversas pessoas que ao menos sabia quem eram, mas quando verificou que estava sem o marido ao lado colocou as mãos na cintura em decepção e perdeu completamente a postura brava por vê-lo erguendo Beatriz e a beijando diversas vezes no rosto e pescoço fazendo a menina gargalhar. Não havia sido algo certo que ele tinha feito, afinal os convidados mereciam um espacinho do tempo do homem, mas Eren não conseguiria negar o sorriso por vê-los daquela maneira e quando foram pegos Levi a devolveu para a sogra, os pais e também o cunhado inocentemente para voltar à Eren como se não tivesse feito nada demais.
Chegaram a uma que o policial não tinha certeza de que queria, mas para Eren era uma das preferidas: A dos seus amigos.
Imediatamente soltou a mão de Levi vendo pelo canto do olho ele devolver para o bolso da calça entediado, ignorou-o focando-se em abraçar Mikasa e dar alguns pulinhos felizes. Abraçou Berth sentindo os pés saírem de contato com o chão por alguns segundos, bateu na palma da mão de Reiner, beijou a testa de Annie, bagunçou os cabelos loiros de Armin e nada adulto mostrou o dedo do meio para Jean que estava rindo de si com Marco ao lado.
- Uau, as crianças idiotas vieram. — Levi disse para eles após a seção de agarramento de Eren se finalizar. Não iria os abraçar, aceitava no máximo um aperto de mãos, mas talvez até nem isso a julgar pelas expressões dos mais novos.— Devo fingir que gostei de vê-los? Suponho que sim, então… — Sorriu falsamente ao visualizar aquele olhar estreito típico vindo do moreno, um sinal de aviso para ser menos rude e um pouco mais simpático. — Agradeço a presença e o blá blá falso que estou sem vontade de realizar e vocês não irão acreditar. Então, eu me poupo e vocês também.
Admitiam o esforço, não esperavam mesmo sorrisos felizes, pois conheciam a figura para admitir que apenas aquele sorriso discreto e um tanto falso já era sinal de que realmente apreciava que estavam ali.
- Caralho, Eren, casou-se com o General. — Jean falou tentando ao máximo não gargalhar enquanto protegia com as mãos sua barriga para que os dois namorados não o beliscassem. — Parabéns? Boa sorte? — Inclinou sua cabeça para um dos lados confuso. — Não sei o que falar, cara.
Eren deu uma risada baixa nada incomodado, naquele dia duvidava que algo o tiraria daquela felicidade que estava imerso. Era um dos dias mais felizes de sua vida e até às ironias de Jean não o tirariam daquilo.
- Casei, esse homem não me escapa agora, todinho meu.
- Felicidades, Cabeça Oca. — Adotou uma voz sem qualquer traço de ironia demonstrando apenas que aquele tempo de treinamento na polícia estava o fazendo bem, ou talvez apenas a saudades de partilhar mais tempo com todos os amigos.
- Se fizer alguma coisa de ruim ao Eren estás fodido. — Mikasa disse focando-se em Levi completamente séria com uma expressão tão carregada que só deixava claro de que não estava falando qualquer piada, era sério.
Olhou-a em desdém se dando ao trabalho apenas de pensar: “Sério? Poupe-me”.
- O casamento é nosso, mas o presente também é para um barman maravilhoso aí. — Eren informou para diminuir aquele clima um tanto estranho de ameaças, queria suavizar e todos agradeciam isso. No mesmo instante Berth focou-se no amigo para que continuasse. — Bom, não quero que trabalhe, apenas se divirta, mas depois vai ter um espacinho para cada um preparar seu drink, sei que és apaixonado nisso e pensei em ti quando propus uma coisa dessas. Faça para ti, para os nossos amigos, para nós. — Apontou para si mesmo e para Levi com o polegar. — Mas não trabalhe, apenas faça os drinks bons que tu és ótimo e deixe todos alegres como sempre.
Adoraram a ideia e queriam que Berth fizesse isso, pois era realmente animador poder beber qualquer coisa diferenciada e sabiam que teriam diversas variedades de bebidas até o fim da festa.
- Cara, eu poderia facilmente te dar um beijo na boca agora de agradecimento!
- Não force a barra, garoto. — Levi dispensou sério fitando os olhos castanhos do antigo aluno demonstrando ligeiramente seu ciúme, aceitaria os abraços deles no moreno, porém não deveriam mesmo se aproximar daqueles lábios, aqueles eram só seus.
- Foi só uma piada. — Levantou as palmas das mãos em defensiva rindo baixo, Levi apenas afirmou discretamente ainda com o maxilar cerrado indicando que esperava mesmo que fosse. — Vou fazer uns drinks novos, vocês irão ver e se apaixonar!
- Agora vamos ir, mas sério, aproveitem e qualquer coisa chamem. — Movimentou a mão para eles enquanto Levi deixou os ombros caírem em um quase pedido de socorro para que parassem de encontrar pessoas, gesto que fez todos rirem e até sentirem certa pena do ex-professor.
Ao verificar quem era os próximos a animação retornou para o corpo, abraçou Hanji, apertou a mão de Erwin e viu Eren repetir a mesma coisa cochichando algo no ouvido do loiro. Não escutou e nem deu importância, mas se ouvisse seria: “Obrigado pela ajuda que deste, ele amou as alianças, somos bons pra caralho!”.
Levi abaixou-se aguardando pacientemente Lívia dar aqueles passos desajeitados em sua direção e chegar finalmente em sua frente para receber os abraços que gostava tanto.
Os cabelos finos castanhos, olhos azulados idênticos aos do pai e o rosto semelhante ao de Hanji, principalmente quando dava aqueles sorrisos. Podiam facilmente visualizar uma miniatura da mulher quando sorria, apesar de em alguns momentos ter umas expressões sérias e de poucos amigos que lembrava muito Erwin. Era definitivamente uma boa mistura que fazia todos ao seu redor querer apertá-la de diversas maneiras.
- Pa… — Esforçou-se a falar soltando o ar diversas vezes pela boca, uma face tão focada que fazia Levi querer rir imaginando o trabalho que Hanji vinha tendo para que ela conseguisse finalmente falar algumas coisas. Principalmente “padrinho”. — Padin…
Derretia-se em toda tentativa dela em lhe falar o "Padrinho" e até mesmo sendo errado achava tão certo que até preferia daquela forma. Já havia ouvido "mamã" para referir-se a Hanji, "papa" para Erwin e até um "Ren" para Eren, já que ao ganhar o padrinho Levi tinha ganhado de brinde Eren que vivia a agarrando e brincando. Entretanto, Levi era o "Padin" e adorava isso, assim como Isabel que era a "madina".
Não estavam preparados para o momento que as palavras começassem a sair com mais facilidade indicando que estava envelhecendo. O tempo estava passando rápido demais, na opinião de todos.
- Incrível que tu tinhas tudo contra você e nasceu tão linda, garotinha. — Disse para a menina que não aparentou compreender o que o padrinho disse, apenas sorriu apoiando suas mãos nas pernas de Levi para obter equilíbrio. Porém, ao contrário de Lívia os adultos presentes haviam entendido, principalmente Eren que no instante que estivessem fora do alcance da criança teria uma conversa séria com o marido. — Seu pai é tão estranho, sua mamãe é pirada, mas tu fugiu disso e és tão fofinha, não acha? — Sorriu ao ouvir aquela risadinha baixa que gostava tanto de ouvir desde que ouviu pela primeira vez. — Eu sei que acha, pois também acho. És a definição de fofura, Lívia.
Apoiou suas mãos em sua pequena cintura e a levantou querendo a esmagar em um abraço, pois era inevitável ao sentir aquele cheirinho, ver os sorrisos e aquelas bochechas tão apertáveis. Perdia completamente sua postura indiferente com ela e também com a filha, assim como quando estava com Eren.
- Bem melhor assim no colo do padrinho, não é? — Perguntou e recebeu um bom beijo na bochecha, um tanto babado, mas Levi não se importava. — E aí, gostando disso tudo? — Apontou para a decoração sob o olhar atento da menina sentindo as mãos pequenas apertarem sua camisa com certo sentimento de posse. Ouviu uma palavra sem sentido nenhum. Então, utilizando de toda sua seriedade, concordou. — Exato, também achei! Mas tu sabes como o Eren é mandão, então decidiu isso sem deixar-me escolhas. — Suspirou falsamente chateado. — Por mim seria exatamente como você disse, garota…
- Padin… — Soltou o ar pela boca mais uma vez e lhe mostrou a língua tentando manter aquela conversa.
- Foi quase, mas relaxa, em breve consegue falar “padrinho”. — Garantiu para ela vendo aquele rostinho focado e a boca abrindo-se algumas vezes na tentativa de repetir a palavra e falhando mais uma vez. — Padin é bom também, eu gosto. Então, no seu tempo e sem pressa, certo?
Sorriu e beijou aquela bochecha entendendo quando as pessoas diziam que queriam morder bebês, pois controlava-se ao máximo para não fazer isso em Lívia.
- Vou roubar-te dos teus pais, está decidido, garotinha. — Mais um sorriso tentando influenciá-la a aceitar aquilo. Erwin fechou seu rosto olhando para a filha em um sinal claro de: “Pense bem nisso, nada disso, não pode se bandear para o lado dele!”. — Vais gostar de ser roubada pelo padrinho, não vai? É, vai sim.
- Eu apoio. — Eren afirmou boas vezes com a cabeça tentando não babar por ver aqueles dois daquela maneira e imaginando quando fosse o seu ali naqueles braços.
- Vens passar alguns dias comigo, o Eren e a Bea. Ganhas colo, diversos beijos e podemos brincar tanto juntinhos. — Segredou-lhe sabendo que não havia muitas chances de conseguir efetuar o roubo, mas pela expressão de Lívia ela não seria contra se o padrinho quisesse. — Vais gostar, tenho certeza. O padrinho é policial, sabe como tudo funciona lá na Delegacia e os processos, então eu sei que não irão desconfiar que fui eu que te raptei. Bolamos o plano perfeito e fica conosco.
- Mama. — Moveu um dos braços na direção de Hanji, mesmo que o outro continuasse em Levi indicando que queria continuar nos braços do padrinho e receber aquele carinho.
- Vai mesmo abandonar seu papai? — Erwin perguntou a ela falsamente magoado.
- Claro que podemos levar a mamãe também, não sou tão insensível em levar-te para longe dela. Ela é um pouco insana, mas gostamos dela. — Levi ignorou o amigo e piscou com um dos olhos para Hanji para em seguida continuar a conversa com aquela pequena pessoa que era uma das mais importantes ali. — Menos o teu pai, esse a gente ignora, não é garotinha? — Roçou seu nariz na bochecha dela a fazendo cócegas enquanto Erwin não sabia se ria ou brigava com Levi por estar manipulando a menina para ser contra o próprio pai. — És tão inteligente, Lívia, sabes das coisas certas. Então, está decidido, irei roubar-te, apenas não conte ao teu pai, ele é chato e sempre mete as sobrancelhas onde não é chamado.
- Na boa, Levi, continue sendo fofo dessa maneira que eu não responsabilizo. — Eren disse interrompendo aquele diálogo não muito participativo do marido com a afilhada, afinal a menina apenas ria e balbuciava algumas coisas, mas isso não tornava a cena menos fofa. — Tenho vontade de morder tuas bochechas todas as vezes que a pega no colo e ficam conversando fofos desse jeito. Teremos pelo menos oito filhos se continuar assim tão fofo. — Confirmou mais uma vez com um aceno. — Estou a falar sério, oito.
Olhou-o em desdém perante aquele comentário, enquanto Erwin e Hanji não sabiam se riam por Eren estar sério falando aquilo ou pela expressão em choque de Levi perante o número um pouco exagerado que ouviu.
- Assim como um cachorro, pois desde tempos atrás que você me enganou dizendo que iríamos adotar fiquei com vontade. Então, nós vamos.
Levi acreditava que não passava qualquer autoridade ou credibilidade quando estava com alguma das crianças nos braços, seja Beatriz ou Lívia, pois aquelas risadinhas delas o destruíam e acabava por retribuir, mas valia a tentativa perante aquela ideia descabida de Eren.
- Não mandas em nada, pirralho. Não seja estúpido. Um cachorro? — Negou desacreditado em um absurdo daqueles, não aceitaria tão fácil. — Não cuidas nem de ti mesmo, não vamos adotar um.
- Nós vamos adotar um cachorro, Levi. — Insistiu sério não lembrando em nada o jovem de sorrisos fáceis que o casal e até Lívia conheciam. — Se eu disse que nós vamos, significa que nós vamos, não adianta resmungar porque eu não vou ouvir.
Erwin e Hanji aguardavam a resposta ríspida de Levi, afinal era isso o habitual, não um movimento rígido e bem discreto de sua cabeça em concordância desistindo de qualquer argumentação.
- Ok.
Tão fácil que até Eren arqueou uma sobrancelha aguardando a ironia que se seguiria, mas vê-lo continuar focado em Lívia o fez sorrir e olhar para Hanji e Erwin surpreso com a expressão de: "Caralho, vocês também notaram que foi fácil demais? Eu sou bom!".
- Tch, o seu abraço é muito bom. — Disse para a menina abaixando-se para deixá-la no chão novamente. — Mas acho que irão nos encher se eu ficar contigo durante a festa toda. — Desviou o seu olhar chateado, porque aqueles olhos azuis eram manipuladores demais para se manter firme nas decisões. — Com a Bea já não deixaram que eu ficasse, contigo irão me encher também…
A arrumou em pé no chão mantendo as mãos em sua cintura não querendo soltá-la e Lívia partilhava a mesma opinião, pois apertava os dedinhos nele para que ficasse ali e a desse mais beijos.
- Um saco, né? — Concordou nem aguardando respostas além daquelas risadinhas boas. — Também acho, mas é uma burocracia chatinha, tu entendes, és esperta.
- Padin… — Reclamou e Levi sorriu piscando com um dos olhos.
Se Levi pudesse voltar anos atrás para o tempo que falava absurdos sobre crianças e a ideia de as ter por perto teria direcionado um bom soco no próprio rosto para que se tornasse um ser humano normal, pois ali com a afilhada não conseguia nem conter o sentimento bom de a ter por perto sempre. Ter aqueles gestos de carinhos, a fazer sorrir e se sentir bem, apesar de pequena daquela maneira. Era apaixonado pela afilhada e não se importava em deixar evidente quando ia a visitar ou a encontrava e toda aquela postura séria se derretia para se tornar o homem babão que a pegava no braço e ia brincar, passear pela casa e a fazer dormir sem querer largar.
- Eu sei, mas em breve eu volto aqui dar-te mais alguns beijos, confia no padrinho.
Eren olhou para os dois e em seguida focou em um ponto aleatório, colocou ambas as mãos na própria cintura e movimentou a cabeça em um aceno positivo e em um tom sério completamente certo do que iria dizer:
- Oito filhos.
Levi o olhou em desdém mais uma vez, Erwin gargalhou com Hanji e até Lívia deixou uma risadinha baixa encarando a face séria de desgosto do padrinho.
- Ren. — Ergueu os braços na direção do moreno, pois queria um abraço também, coisa que afastou qualquer olhar sério do padrinho, pois viu o rapaz abaixar-se e a encher de beijinhos fazendo com que aquelas risadas boas ecoasse.
Afastaram-se em despedida, aproveitaram o tempo para se alimentarem um pouco e ter aquele tempo entre eles.
Após um bom tempo Levi realmente acreditou que tinha fugido de uma coisa que Eren vinha enchendo seu saco por meses afastando os móveis da sala para treinarem enquanto Beatriz ficava deitada no sofá os observando e até julgando para em outros momentos ser a parceira de Eren quando Levi jogava-se ao seu lado desistindo e implorando que ela pedisse para o papai desistir daquilo. Entretanto, não havia fugas.
- Agora chegou o momento da nossa dança. — Disse apertando os dedos de Levi contra os seus para que não fugisse e pegasse a filha no colo utilizando-a como desculpa para não dançar. — Eu sei que odeia isso, mas basta olhar para mim enquanto dança e tudo vai dar certo.
Revirou os olhos em desagrado tentando não ficar emburrado igual uma criança, mas era difícil e sabia que se ficasse Eren iria rir de sua cara. Portanto, suspirou com cansaço aceitando que teria que fazer aquilo, principalmente porque o rapaz queria e seu objetivo era o fazer feliz.
- Tch.
Agarrou-se a ideia de que era apenas um único dia cheio daquelas humilhações e coisas que normalmente não faria em seu cotidiano. Portanto, faria o que Eren desejava, até mesmo uma dança. Pelo canto do olho viu August e Kushel se aproximarem para acompanhá-los, Zeke e Minerva, Jake e a esposa, alguns outros que não queria nem saber exatamente quem eram e Carla com Pixis, após o careca a convidar já que estavam ambos sem par.
- Estamos fofos. — Eren garantiu vendo aquele rosto sério e concentrado um pouco abaixo do seu. — Sorria, pelo menos de vez em quando. — Aconselhou querendo rir e beijá-lo para ficar menos mal humorado, porém não queria arriscar a integridade de suas costelas ao fazer isso. — Tens um sorriso lindo, deveria deixar mais pessoas verem esse seu lado amoroso, não apenas eu.
Como resposta recebeu um olhar digno do inferno e um aperto rígido na cintura sinalizando que não era o momento mais apropriado para piadas, pois estava sem qualquer humor.
- Não mereço um sorrisinho? — Insistiu pouco se importando com a quantia de pessoas os observando, pois a única coisa que importava para Eren naquele instante era aquele rosto abaixo do seu completamente sério o fuzilando com o olhar. — E eu pensando que me amava…
- Eu quero socar o seu rosto. — Deu um sorriso falso para Eren continuando os movimentos de seus pés, a mão apertando a cintura de Eren enquanto a outra continuava contra a do rapaz fazendo seus corpos manterem-se no ritmo da música. — Eu quero muito te bater por causa dessa merda. Minha maior vontade é te dar um belo soco por ter me obrigado a participar dessa idiotice. — Mais um sorriso e se Eren não tivesse a certeza de que se amavam teria até medo pensando que realmente sofreria uma agressão em breve. — Uma bela joelhada no meio das suas pernas seria fascinante e me faria tão feliz.
Eren admitia o esforço dele e não conseguia não rir por vê-lo focado e sem desviar de seus olhos levando a sério aquilo de o olhar durante a dança. Entretanto, quando disse isso não queria que a cada segundo ouvisse uma ameaça de agressão vindo da pessoa que amava e aquele sorriso que significava: “Eu odeio essa merda e estou com ódio de ver sua cara na minha frente”. Queria guardar aquele momento como algo romântico entre eles, e não sendo o tempo recorde de reclamações e ameaças em um curto período. Vindo de Levi, nada surpreendia Eren, e até preferia daquela forma.
- Não seja reclamão. — Aproximou-se dele e encostou sua testa na de Levi carinhosamente olhando diretamente para os olhos escuros que estavam perto dos seus. — Estamos bem assim, até parecemos um casal fofo. — Sorriu ao movimentar mais uma vez e sentir o aperto em sua cintura para que interrompesse as brincadeiras e também as palavras de como estavam bonitos assim. — Certo, seu sorriso está um pouco psicopata de como em alguns segundos vai me socar, mas sabe, está bonitinho assim. — Roçou seu nariz contra o dele. — Eu gosto de ti e desse seu jeitinho psicopata de ser.
Havia prometido uma única música a Eren, por ser o mínimo que poderia fazer. Tudo motivado a deixar o rapaz feliz, e era apenas isso que teria, nada mais e sem se aproveitar de sua boa vontade.
- Chega, já teve a dança, arrume outro para essa merda porque eu não aguento mais isso. — Afastou-o gentilmente com as mãos quando ouviu os últimos sons e em seguida uma nova melodia preencher o local.
- Vou arrumar. — Piscou com um dos olhos nada afetado ou sequer abalado com Levi não querendo mais aquilo. Já tinha sido um esforço o suficiente e agradecia que pelo menos tentou.
Foi até Beatriz, a levantou e apoiou-a equilibrando ela com um único braço para esticar o outro e sério começar a dançar com a menina tentando ao máximo não rir e falhando nisso, pois ambos durante a dança começaram a rir, contaminando até Levi que cruzou os braços e os analisou não conseguindo conter um novo sorriso bobo de os ver daquela maneira.
Após um tempo aos poucos alguns foram indo embora, davam alguns tapinhas nas costas dos noivos e assim iam. Em grande parte os mais velhos e aqueles que tinham filhos cansados, sobrando os de meia idade e os jovens que sentiam que a festa apenas estava começando.
Eren tirou a gravata e a colocou na testa, pouco se importando com qualquer coisa, afinal era o seu casamento e só queria aproveitar a noite se divertindo. Sabia que Levi não o acompanharia naquelas loucuras, porém seus amigos sim, então estava ele com as bochechas avermelhadas, cabelos desgrenhados e um sorriso que não saía de seus lábios por nenhum segundo sequer. Aproximou-se do DJ da festa e cochichou um pedido em seu ouvido vendo ao longe Levi com os colegas conversando seriamente entre si, não sabia o assunto e nem o interessava, desde que o marido estivesse feliz com isso. Talvez não estivesse, porém em breve o tiraria de lá para deixá-lo melhor.
Dobrou as mangas da camisa social e pegou mais um copo de bebida, admitindo que deveria controlar-se, pois não queria passar a Lua de Mel de ressaca e nem aquela madrugada bêbado. Queria se aproveitar do corpo de Levi e fechar aquilo da melhor maneira possível.
Ao ouvir o som daquela música animada moveu as mãos bebendo o restante do líquido do copo e o deixou sobre uma mesa qualquer. Chamou Berth com os dedos tentando não gargalhar ao vê-lo vindo ao seu encontro com uma dança estranha, talvez não estivesse tão bem nos movimentos, mas acreditava que tinha lá sua sensualidade.
- Ainda não acredito que não tiveste uma despedida de solteiro cheio de stripper's. — Jean reclamou desanimado e imediatamente lançou um olhar nervoso tanto para Armin como Março temendo uma agressão dupla, mas suavizou ao ver o loiro concordando. — Bebidas alcoólicas em barrigas saradas, shots sendo apoiados em peitos, essas coisas boas que somente uma despedida bem feita podem nos proporcionar… — Apertou os lábios até se tornar uma linha fina chateado. — Decepcionante, Jaeger.
- Ackerman. — Corrigiu nada incomodado gerando mais algumas risadas pelo sobrenome que iriam demorar tempos até se acostumarem a associar ao amigo. — Desculpem, caras, mas eu sou pai agora, então entre beber com pessoas desconhecidas seminuas ou passar a noite com meu noivo e minha filha, sabem bem a resposta.
- Nem o General teve uma?
- O “General” disse aos amigos que se ousassem fazer algo assim iriam levar um tiro na testa e que não enchessem o saco dele porque não tinha paciência para uma merda nojenta dessas. — Disse divertido não vendo o humor naqueles rostos, pois apesar de uma "piada" a ameaça era real e todos ali sabiam bem. — Simpático e tão doce como sempre com as palavras. — Suspirou e olhou discretamente para o marido recebendo uma piscada de olho em sinal de: “Estou daqui te olhando, divirta-se que depois aproveitamos um pouco juntos, temos tempo”. — Porra, sou apaixonado naquele cara.
- Não me diga. — Berth forçou um tom de surpresa, mas não conseguiriam levá-lo a sério, não enquanto girava as duas mãos e movimentava-se naquela dança desajeitada. — Acho que ninguém notou isso, “pirralho”.
- Não. — Jean concordou observando Eren nada incomodado continuar a dançar. — Se ele não tivesse nos dito eu nunca imaginaria algo assim.
Eren colocou a mão na nuca de Berthold e mantendo aquele sorriso focado movimentou seu corpo contra o dele sem desviar o contato visual. Dentre eles, o barman era o mais rígido nas danças, sendo assim, estava utilizando aquilo para o relaxar um pouco mais e apoiado imensamente por Reiner que não via nenhum problema do namorado estar daquela maneira.
- Sensual demais para mim. — Berth avisou afastando o moreno com uma das mãos procurando a segurança que qualquer outra pessoa o proporcionaria em uma dança, pois Eren estava perigoso com aqueles movimentos. — Seu marido quase me ameaçou agora mesmo sobre querer beijar sua boca, se ele ver que tu estás fazendo isso em mim invés dele estarei fodido. Saí de perto, Eren! — Mais um toque para que parasse logo com aquilo. — Saí!
- O que? — Franziu a testa confuso sem entender o motivo de seu próprio amigo ter se abalado com aquilo. — Danço tão mal assim?
- Não é isso... — Negou desviando o olhar não sabendo responder Eren e lhe dizer que era justamente o contrário, pois ele que nem tinha interesses no amigo estava em uma situação complicada com tantas aproximações daquelas.
- Hum, já olhou-se dançando antes Eren? — Marco lhe perguntou e o fez puxar pela mente em negação, afinal fazia muito tempo que não saía para algo assim e quando realizava estava bêbado demais para raciocinar. — Então já sabes a resposta, veja-se e verá que é justamente o contrário.
- Danças bem. — Armin pontuou analisando aquele corpo. — Bem até demais, deveria fazer uma dança dessas no Levi e verificar como ele reage. O efeito no Berth foi bom, talvez com o Levi seja melhor ainda.
- Brincar com o perigo com o risco de me ferrar? — Mordeu o lábio inferior pensativo para então dar entrada a uma expressão de provocação de que iria entrar de cabeça naquilo. — Ótima ideia.
Se Farlan, Eld, Gunther ou Isabel haviam dito alguma coisa não fazia a mínima ideia, pois já tinha deixado de ouvir há bons minutos e só tinha olhos para Eren rebolando daquela maneira e sorrindo. Seus lábios estavam entreabertos e os olhos ligeiramente arregalados surpreso por após tanto tempo naquele namoro e até noivado nunca tê-lo visto a dançar tão bem como estava presenciando e tinha uma única questão na mente: "Por que guardou esse talento para si mesmo sem compartilhar comigo?!"
Não sabia se era humanamente possível alguém conseguir mexer um quadril com aquela habilidade, mas Eren conseguia e era muito bom naquilo, pois estava atraindo sua atenção por completo e até de alguns convidados naquela dança que em tese não era para ser muito sexy, mas tinha conseguido com sucesso ser.
Estava claramente se divertindo, já que não tirava o sorriso do rosto enquanto dançava, então nem tinha intenção de sensualizar, apenas estava seguindo o ritmo de seu próprio corpo abaixando-se vez ou outra, movimentando os braços e seguindo perfeitamente a música.
- Feche a boca, pois está a babar pelo pirralho. — Isabel disse completamente divertido por ver o amigo daquela maneira sem ao menos disfarçar e sem nem perceber o quão afetado tinha ficado com o que estava presenciando.
- Poderia disfarçar um pouco mais, até parece que estás o comendo com os teus olhos. — Farlan pontuou e nem se esforçou para forçar uma expressão enojada como o habitual, sabia que seria inútil, então continuou a rir de Levi descaradamente.
- Mas eu estou. — Concordou sem nenhum incômodo em admitir uma coisa daquelas, era óbvio e se negasse seria pior.
- Porra, o Eren é um gostoso. — Gunther bebeu mais um gole de sua bebida esperando a agressão vinda de Levi como era o habitual, mas ao contrário das outras vezes não recebeu nada além de um sorriso pequeno e malicioso.
- Sim, ele é. — Mais uma concordância de Levi que nem estava incomodado em ver Eren dançando daquela maneira com os amigos, desde que pudesse ver já era o suficiente.
Óbvio que preferia que estivesse usando toda aquela sensualidade consigo, mas não era ruim de ver ao longe e querer que quando estivessem sozinhos o surpreendesse com um show daqueles. Talvez não naquela noite, afinal já tinha coisas bem melhores planejadas, mas teriam muito tempo disponível durante a vida.
- Sem ciúmes do comentário do Gu? — Isabel questionou, pois ela, assim como os outros amigos, esperavam um olhar estreito e não aquele desfocado ainda focado em Eren como se nada além dele existisse a sua volta.
- Tch, por que teria ciúmes sendo que tudo ali é meu religiosamente e no jurídico também? — Deu de ombros e negou sem sequer voltar-se para eles, pois não queria perder nenhum segundo daquela dança. — Não há necessidade de ciúmes. Sim, é um gostoso, o qual tem marido, então, podem olhar e elogiar, mas sabem que tudo isso ali pertence exclusivamente a mim.
- Ego um tanto alto. — Isabel riu em alto tom sendo acompanhado até por Eld que havia se mantido neutro naquele diálogo apenas se divertindo as custas dos amigos.
Levi não escutou, pois seu foco total estava naquelas pernas, o quadril e aquele abdômen, movimentos bons que estavam o fazendo sentir coisas que não deveria, não naquele momento em um local repleto de pessoas.
- Caralho…
Mordeu os lábios tentando não olhar tanto e apenas admitir que Eren estava a se divertir com os amigos, mas o que estava fazendo sem nem perceber era sacanagem e covardia.
- Porra, que ele rebolava bem eu já sabia, mas não nesse nível. — Murmurou a si mesmo e bebeu mais um gole de sua bebida para afastar o calor que queria se apoderar de seu corpo. — É… — Algumas memórias retornaram a sua mente e teve que sorrir novamente. — Ele realmente rebola maravilhosamente bem, eu não deveria mesmo ficar tão surpreso…
Ao notar um olhar fixo vindo da pessoa mais especial da festa Eren sorriu e ainda dançando chamou o esposo com dois dedos para que se aproximasse. Porém, já sabia que não viria, então caminhou até ele com um sorriso largo mantendo a dança até chegar em Levi ignorando que os amigos dele estavam rindo de sua aproximação.
Colocou as mãos nos ombros dele e desceu mantendo o contato visual com aqueles cinzentos vendo-os se estreitar indicando que a provocação tinha sido efetiva. Levantou-se novamente e beijou o pescoço de Levi vendo aquela pele pálida se arrepiar. Amava quando tirava aquelas reações do corpo dele.
- Eren. — Disse sério em tom de aviso o afastando um pouco de seu corpo, no mesmo instante Levi viu aquela expressão feliz se quebrar e transformar em uma entristecida como se não soubesse que tinha feito algo de errado, mas sentia muito. — Não se aproxime tanto assim dançando, pois… — Respirou fundo ignorando as risadas dos amigos por vê-lo sendo tão óbvio. — Não sei quanto tempo aguento, não contigo fazendo isso e não quero mesmo ter um problema aqui…
- Oh. — Abriu a boca gradativamente e em seguida sorriu envergonhado agradecendo que o álcool e a dança já tinham deixado seu rosto vermelho anteriormente porque ouvir isso aliado as risadas dos amigos de Levi tornava tudo tão embaraçoso. — Entendi…
Virou seu corpo, pegou a mão de Levi a puxando para tocar seu abdômen até quase o feixe de sua calça e encostou seu corpo no menor atrás de si. Sorriu divertido e mexeu seu quadril fazendo com que gerasse um atrito bom em Levi, uma provocação que facilmente poderia deixar os dois de uma maneira incômoda em breve. Então, Eren sabia o limite que deveria fazer aquilo, antes que ficasse embaraçado e nem todo álcool da festa tiraria sua vergonha se ficasse com uma ereção.
- Melhor assim, não acha, meu amor? — Perguntou baixinho forçando uma voz sensual, coisa que nem estava tão díficil, não enquanto estava assim com Levi.
- Não me provoque, pirralho. — Mais um aviso concentrando sua mente em qualquer outra coisa a não ser aquele corpo quente, cheiroso e habilidoso se movimentando contra ele gerando um atrito tão bom. — Se não a festa acaba para ti agora mesmo, pois vou levar-te para casa a força.
Se fosse qualquer outra pessoa com amor ao próprio corpo e integridade teria se afastado de Levi no mesmo instante que ouviu aquela "ameaça", mas Eren nunca teve tanto medo do perigo. Então, diante de tudo que ouviu, moveu seu quadril mais uma vez com um sorriso fixo nos lábios.
- Só preciso fazer mais uma coisa para fechar tudo isso com chave de ouro, aquilo que comentei contigo mais cedo e enfim podemos ir embora.
Um tom de voz tão natural que nem parecia que estava realizando aqueles movimentos em Levi, os quais os homens não estavam nem observando com tanto foco, Eld e Farlan se olhavam sérios em um acordo silencioso de que não comentariam sobre nada. Gunther e Isabel já era uma história distinta, pois nem disfarçavam as risadas e os olhares, principalmente em como Eren estava afetando Levi tão facilmente com aqueles movimentos nem tão suaves assim contra seu corpo.
- Alguém vai ficar sem andar por bons dias. — Gunther murmurou para Isabel em um tom nem tão baixo, já que seu companheiro de fofoca, vulgo Eld, estava focado em não olhar para Levi.
- Ah, por favor, é o mínimo que eu espero vindo dele. — Eren gargalhou e descolou seu corpo do de Levi ficando ao lado do homem, indicou a mão para que entrelaçasse a sua e foi isso que fez mantendo um sorriso malicioso nos lábios. — Durante o dia trata-me como amor da vida dele e durante a noite como a vadia que sou.
Levi fechou sua expressão facial para uma carregada e deu um tapa fraco no rosto de Eren.
- Não chame-se de vadia, pirralho.
Tapa que pegou os outros de surpresa e até um olhar estreito de Farlan pronto para repetir o gesto em Levi para demonstrar que não deveria ser agressivo com o rapaz. Não era habitual do amigo levantar a mão para machucar Eren e não faria isso por uma coisa daquelas, mas julgando o semblante do casal admitiam que o momento era propício para Eren aceitar o tapa de bom gosto. Então, não precisavam se preocupar em defendê-lo.
- Ah, por favor, que fraquinho. — Reclamou e piscou com um dos olhos não querendo analisar as expressões dos amigos que acabaram por ouvir aquilo e ver o tapa. Provavelmente em um misto boquiaberto e sem reação, mas não se importavam. — Mais forte da próxima, marido, do jeitinho de sempre e que eu gosto.
Sentiam-se traumatizados ou apenas vendo o óbvio entre aqueles dois: Eram um misto romântico-agressivo.
- Bom, agradeço a presença de vocês todos, mas logo vamos embora. — Eren mudou completamente sua expressão para se despedir deles. Era realmente grato pela presença de cada um, mesmo que alguns nem tenha conseguido direcionar tanta atenção e ao menos lembraria-se os nomes posteriormente. — Ainda há um tempinho aqui, músicas e bebidas pra caralho, então, sério, fiquem a vontade e apenas aproveitem.
- Tch, faço das palavras dele as minhas: Aproveitem.
Confirmaram e Levi sentiu-se puxado até a direção do palco central, o qual o dj ficava e abaixou o som da música a pedido de Eren esticando um microfone em sua direção, afinal tinha sido avisado previamente daquele momento e estava até divertido para presenciá-lo.
Deu duas batidinhas com os dedos no microfone testando se estava a funcionar. Ao admitir que sim começou a expor o que queria desde o início e agradecia que os sogros já não estavam presentes, sua mãe e muito menos as crianças, pois iria passar vergonha sim.
- Eai, pessoal, aproveitando a festa? Espero que sim. — Ouviu algumas concordâncias animadas e alguns deles levantando seus copos de bebida. — Eu até queria trazer um buquê, acho legal essa parte em um casamento, mas sabem, sou um cara sério e isso iria contra meu jeitinho de ser.
Ouviram algumas risadas e até Eren não conseguiu manter sua falsa seriedade, pois acabou gargalhando, principalmente ao olhar para o rosto de Levi e ver aquele sorriso sarcástico aliado a sobrancelha arqueada que era traduzida à: "Quanta falsidade!"
- Meu marido é um cara bravo e acho que me socaria se eu fizesse algo assim, sei lá, ele tem um senso de humor peculiar e sempre é tão bravinho comigo chamando-me de idiota toda vez que faço essas coisas. — Mais um olhar para Levi e um aperto no ombro dele deixando todo o seu peso no homem, o qual não discordou e muito menos confirmou. Não daria o gostinho à Eren de confirmar que vez ou outra era um tanto estressado e sem humor. — Mas porra, foda-se, eu que mando nessa relação, não é?
Gargalhou e mordeu os lábios ao sentir um beliscão doloroso na barriga que o fez fechar os olhos e deixar uma expressão de dor bem visível. Aqueles que tinham certa proximidade com o casal confirmaram, pois já haviam ouvido diversas ordens saindo daquela boca e sendo aceitas sem muitas reclamações de Levi.
- É, eu trouxe um buquê.
Sorriu mais uma vez agradecendo que estavam todos a levar com humor, pois ficaria bem frustrado se seus convidados fossem um porre sem graça. Bateria em cada um deles com as rosas para que sorrissem.
- Então, galerinha que queira desencalhar, levar a pessoa amada até o altar e essas coisas melosas, se direcionem aqui para frente porque eu vou sim fazer isso independente do que eu ouça. Não estou aberto a críticas, então calados e me obedeçam.
Soltou Levi, mas o microfone não, foi até o lugar que havia deixado o que comprou escondido e Levi apenas descobriu horas antes. Pegou as flores em mãos, um belo buquê de rosas vermelhas que havia escolhido a dedo na floricultura durante a manhã, o que rendeu diversas ligações da mãe para que se apressasse, pois não era uma noiva e que tinha possibilidade de se atrasar para o próprio casamento. Infelizmente foi o motivo de seu atraso e teve que agir como uma noiva atrasada entrando sozinho na Igreja enquanto o noivo o esperava.
Eren era uma caixinha de surpresas e Levi adorava descobrir diariamente o que iria o surpreender. Portanto, não achou ao todo tão ruim que ele quisesse fazer isso, apenas deu de ombros e escondeu um sorriso falando que deveria fazer o que quisesse. De fato, queria apenas que ficasse feliz e aproveitasse com totalidade daquele dia o tornando ainda mais especial do que já vinha sendo, e se para que isso se concretizasse, Levi precisasse o acompanhar até ali, ouvir um Eren levemente alcoolizado com um microfone em mãos falando com todas as pessoas da festa, era exatamente isso que faria sem emitir um "a" sequer de reclamação.
- Se quiserem conselhos amorosos manda uma mensagem em qualquer horário lá no meu perfil, vocês me seguem, certo? Espero que sim, se não… — Suspirou movendo a cabeça negativamente atraindo mais algumas risadas. — Decepcionante… Mas eu ajudo, sou bom nisso de relacionamentos impossíveis, etc.
Deu mais um beijo em Levi, mas dessa vez um selinho rápido indicando que iria abandoná-lo um pouco para realizar o arremesso do buquê.
Apertou delicadamente as flores em mãos tentando não gargalhar ao ver alguns se aproximarem como ordenado, inclusive seus amigos completamente divertidos lhe direcionando as típicas expressões de: “Hey, joga aqui!”.
- Vamos na contagem, beleza? — Os olhou e verificou a confirmação, virou-se de costas e moveu as flores para trás algumas vezes. — Um… — Mais uma movimentação falsa sem nenhum impulso de jogar. — Dois… — Fingiu que ia jogar e sorriu lançando uma piscada para Levi que estava com as mãos no bolso analisando o rapaz se divertir daquela maneira. — Três. — Gargalhou virando seu rosto para ver todos os braços erguidos frustrados por continuar a ver as flores com Eren e estarem servindo de piada para o rapaz levemente alcoolizado. — Esperem, eu não disse que era no três, eu gosto de quatro e até gosto dessa posição, digo, contagem. — Mais uma gargalhada ao notar o duplo sentido e mostrou a língua para o homem de cabelos negros e olhos cinzentos que estava quase ele mesmo pegando aquelas flores, mas para bater em Eren porque estava se enrolando demais. — No quatro então. Quatro!
Girou seu corpo, fechou um dos olhos, imprensou a língua entre os dentes para garantir a mira perfeita e jogou com força as flores na direção de Farlan que assustou-se imediatamente ao sentir o impacto forte do buquê em suas mãos.
Se fosse o Eren que o conheceu quando estava apontando uma arma para Levi provavelmente teria mirado no rosto do loiro, mas já haviam passado daquela fase.
Ouviram gritos de decepção, pois não tinha sido nada justo o que Eren havia feito, mas não estavam tão incomodados com a escolha do moreno.
- Ah, não reclamem, foi um golpe de sorte. — Apoiou seu braço em Levi mais uma vez e sentiu a mão dele apertar sua cintura vendo Farlan embaraçado sem saber o que fazer com aquelas flores enquanto Isabel discretamente bebia tentando fingir normalidade. — Eu nem calculei exatamente a força que tinha que fazer e muito menos o local que eu iria atingir. Sabem, se eu tivesse acertado a pessoa errada eu nem ia pedir para devolver e jogar de novo…
Entendiam completamente aquilo, pois os colegas da polícia estavam até de saco cheio por ver aqueles dois não se assumindo, pois claramente se gostavam e ficavam naquela enrolação chata. E até os amigos de Eren que nem tinham tanto contato com ambos já haviam notado o clima entre Farlan e Isabel. Portanto, aquela iniciativa do rapaz não era ao todo tão ruim.
- Uhhh, falso! — Berth gritou entre todos, mas seu sorriso largo evidenciava apenas o quanto estava feliz por vê-lo bem e casado com a pessoa que amava.
- Torço um bocadinho por esse casal e aceito convites para o casamento se rolar. — Disse inocentemente focando-se em Farlan naquela indireta óbvia para os dois. Isabel apenas pensava: "Isso é o seu 'sutil', garoto?!"; porém, nada surpresa. — Então, sei lá, se acontecer algo assim sabem nosso endereço e meio que vocês vivem grudados até demais no cara que eu amo. — Apontou para Levi, apesar de nem precisar identificar a quem se referia. — Sendo assim, ficarei magoadinho se não receber um convite. Somos ótimos candidatos para padrinhos? — Acenou positivamente. — Todos sabemos que somos, mas isso fica ao critério de vocês dois sem pressão e nem nada.
- Tch, já chega, pirralho. — Pediu apertando a mão dele em seu ombro e a outra tentando retirar o microfone, pois claramente estava alegre demais e em breve coisas desnecessárias sairiam daquela boca e talvez Levi pudesse poupar os convidados de ouvir. — Vamos embora, está tarde e agora chegou o meu momento de diversão.
- Hum… — Passou a língua em seu lábio superior gostando do que ouviu mantendo o microfone naquela mesma posição e passou a mão nele fitando Levi com malícia. — Ótima proposta, vamos embora, pois hoje vou fazer-te de cadeira, gatinho.
- Eren, o microfone está ligado. — Levi apontou para o objeto ainda nas mãos do rapaz tentando não gargalhar ao ver os olhos verdes dele se arregalarem em choque por ter esquecido de desligá-lo não querendo olhar para as pessoas, já que presumiu que todas haviam escutado o que disse. — Naturalmente já és sem noção, mas eu amo quando estás bêbado e fica a falar idiotices.
Ouviu um grito que reconheceu sendo a voz do irmão: "Ah, Eren, que nojo, cara!"; e algumas risadas de pessoas que não queria verificar quem eram.
Desligou o microfone finalmente, até poderia ficar bem embaraçado, mas o que disse era apenas o óbvio, então contava com a maturidade de todos para esquecerem do que ouviram ou apenas que estivessem bêbados demais para simplesmente se importarem.
- Merda, eu sempre falo demais, mas não disse nada de errado, pois hoje não irá sair de dentro de mim. — Deu dois toques com o dedo indicador no peito de Levi encarando aquele corpo com extrema malícia não sabendo o que seria melhor: Tê-lo social daquele modo ou ter a possibilidade de tirar todas aquelas roupas. — Vamos dormir de exaustão e quando acordar, irei acordar-te com um oral para foder-me mais ainda.
Agradecia que o dj entendeu o recado e retornou com as músicas, pois não queria sofrer mais vergonha se outras pessoas além de Levi ouvissem o que estava a falar.
- Se estiver bêbado vamos esperar isso passar, pirralho.
Eren colocou a palma de sua mão sobre a boca de Levi impedindo que mais palavras saíssem de lá. Fez a melhor expressão séria que poderia para o momento sabendo que com seu estado bagunçado não seria tão efetivo, mas tentaria.
- Calado, Ackerman, não mandas em nada e eu não estou bêbado.
Levi sorriu de canto, não diria aquilo tão cedo, mas adorava quando entrava naquele aspecto dominante, mesmo que quando menos esperassem Eren estava a abrir as pernas para que se aproveitasse inteiramente de seu corpo sendo o submisso de sempre sem palavras bravas, de ordem e qualquer autoridade enquanto gemia por mais completamente vermelho.
- Andas bem mandão ultimamente, não acha?
- Mando apenas naquilo que me pertence e bem… — Puxou a mão de Levi apertando o dedo dele com as duas alianças. — Você é meu agora.
Poderia ser o homem que tinha respostas para tudo na ponta da língua, mas perante a aquela, em especial, não existia resposta melhor do que uma concordância.
- Tch, tens razão.
Não conseguiriam dirigir nem se quisessem devido a quantia de álcool em seus corpos e também a adrenalina gerada por estarem finalmente casados. Não parecia real, e só acreditavam que aquele dia tinha sido real quando olhavam para as mãos e viam aquela aliança brilhando e trazendo cor aos dedos. Um ótimo dourado e que por meses sonharam em ter.
- Pensei mesmo que virias de vestido de noiva. — Percorreu a coxa de Eren com sua mão sentindo aquele músculo firme em contato com seus dedos e só queria retirar logo aquela calça social e aproveitar-se inteiramente daquele que agora poderia chamar de “marido”. — Mas gosto de ti de terno, parece até um adulto, ainda mais com esse cabelo amarrado.
Não recebeu respostas, apenas uma risada divertida de alguém que estava escondendo algo e não queria expor antes que chegasse o momento apropriado, se não iria estragar uma coisa que vinha planejando há meses com a ajuda escondida de Mikasa.
Girou a chave na porta com certa pressa e iria a abrir, porém Levi o erguendo e o deitando em seus braços o fez emitir um grunhido de surpresa pelo gesto tão repentino interrompendo qualquer coisa que pudesse fazer.
- Há uma tradição assim, não? — Perguntou não entendendo o motivo de tanto susto vindo de Eren, mas internamente estava até se divertindo em tê-lo daquela maneira. — Entrar com o pé direito contigo no colo para dar boa sorte e o casamento durar, certo?
Eren queria rir, porém ao mesmo tempo apenas se aconchegar naqueles braços torcendo que nenhum dos vizinhos os visse daquela maneira, mas se vissem não se importaria. Estava feliz demais para se importar com qualquer outra coisa.
- Certo.
Levi confirmou e esticou o pé direito até a entrada do apartamento, ao pisar cuidou para não bater Eren e entrarem os dois em segurança naquele local que já estava até acostumados a morar em conjunto. Não sabiam se a “sorte” seria efetiva, afinal haviam adiantado a Lua de Mel há anos, mas esperavam que continuassem a ser agraciados por ela, assim como vinham sendo.
- Hum, não sei se foi efetivo, mas espero que sim. — Murmurou fechando a porta com cuidado ainda mantendo o rapaz nos braços que esperava o momento que fosse sentir o chão em contato com seus pés novamente. — Noiva que sou apaixonado no colo e eu usei o pé direito primeiro.. É, acredito que tudo foi dentro do padrão. — Sorriu e Eren retribuiu o sorriso. — Agora podemos consumar esse casamento.
Ainda daquela maneira o levou até o quarto sentindo aquela paz ao terem finalmente o silêncio após tantas horas de conversas, barulho e música os enchendo. Eren foi colocado no chão e antes que o policial se animasse ou tentasse o tirar as roupas colocou a mão no peito dele pedindo que se afastasse.
- Fecha os olhos e espera aqui, prometo que a espera irá valer a pena.
Levi, obviamente, ficou confuso e apenas sentou-se na cama, cruzou as pernas e apoiou as mãos ao lado do corpo aguardando impaciente o que Eren queria dizer com aquilo. Fechou os olhos, ouviu uma porta se abrir, mordeu os lábios de curiosidade, mas aguardou e ouviu a porta se abrindo para em seguida se fechar. Depois de alguns minutos, no mínimo, torturantes, novamente a porta foi aberta.
- Pode abrir.
Levi abriu os olhos extremamente ansioso e curioso sobre tanto mistério desnecessário vindo de Eren, pois não tinham qualquer segredo entre eles e não queria que ele pedisse coisas como aquela, mas ao vê-lo entendeu perfeitamente a motivação, afinal a espera, de fato, havia valido totalmente a pena.
Tinha um fino véu de renda fixo em seus cabelos com o auxílio de uma tiara fina prateada. O peito completamente desnudo se não fosse uma renda tão fina que conseguia visualizar toda aquela pele e uma saia longa branca que fez Levi sorrir perante a aquele visual que Eren havia preparado com tanto carinho. Mordeu os lábios, saiu da cama e aproximou-se do moreno passando os dedos sobre o rosto dele e descendo até o pescoço, peito e também para aquela saía. Puxou-a e abaixou sua cabeça para verificar se era completo e ao garantir que era voltou-se para Eren estasiado em como após tanto tempo ainda continuava a ser aquela caixinha de surpresas que gostava tanto.
- Muito bem, bom trabalho.
Sentou-se na cama e observou Eren mais uma vez, não conseguiu resistir o impulso de rir, uma boa gargalhada baixa que fez o rapaz querer socar Levi por estar sendo feito de piada.
- Desculpe-me. — Respirou fundo tentando parar de rir, mas não conseguia a ponto de Eren querer socar aquele rosto boas vezes. — Estás engraçado dessa forma, bonito, mas engraçado. — Passou a língua no lábio dispersando o humor para não estragar o clima e ficarem ambos frustrados pelas risadas. — Sexy também, vem cá.
Bateu carinhosamente ao seu lado para que se sentasse, afinal não era o único que deveria aguardar alguma coisa naquela noite. Quando o fez, foi atacado por mais um beijo cada vez mais necessitado que fazia ambos quererem retirar toda aquela roupa e bagunçar aqueles cobertores o quanto antes.
Afastou-se do mais novo e ficou em pé, visto que se continuasse naquilo acabaria por esquecer de uma coisa bem importante.
- Onde vais?
Levi sorriu maliciosamente antes de responder.
- Não acredite que foste o único que preparou alguma surpresa para essa noite, pirralho.
Foi até o armário procurou algo escondido entre suas coisas, local sagrado que Eren nunca mexia, justamente por saber que alguns papéis da polícia ficavam por ali, além de seu armamento. Tinha receio de bagunçar, então nunca adivinharia que ele estaria a guardar alguma coisa importante lá.
Pegou o objeto em mãos escondendo-o com seu corpo enquanto Eren mantinha-se completamente curioso sobre o que poderia ser.
Apertou o cabo e em um movimento brusco e rápido atingiu a cama centímetros longe de Eren que engoliu em seco perante o som do ar se cortando. Sabia exatamente o que era e quando propôs aquilo não pensou que Levi fosse levar a sério. Não sabia se ficava com medo pelo estado que seu corpo ficaria ou ainda mais excitado com a ideia de sentir aquelas tiras de couro contra sua pele.
- De quatro. — Disse sério com um tom de voz levemente rouco aproveitando-se do choque de Eren perante sua surpresa.
Novamente colocou força no braço e o impulsionou, mas dessa vez o objetivo não era a superfície macia da cama de casal e sim a perna de Eren que estava completamente sem ação perante a ordem que recebeu.
No mesmo instante que sentiu a ardência em sua pele fechou os olhos admitindo que teria que ser mais obediente naquela noite, pois Levi definitivamente não estava para brincadeiras e não mediria forças para o fazer obedecer.
Sorriu animado e virou-se para obedecer o que o marido havia mandado. Fechou os olhos odiando aquela posição, pois queria vê-lo deliciar-se com seu corpo e não apenas o travesseiro.
Levi colocou o cabo do chicote dentro de sua calça para apoiá-lo enquanto buscava outras coisas que seriam importantes para a noite. Eren virou seu rosto para olhá-lo ansioso o vendo pegar algumas coisas em mãos e arregalou os olhos quando o viu com algumas tiras de algum material que não soube definir, mas internamente admitia que gostaria daquilo.
Sentiu a mão do policial apertar um de seus tornozelos e sem carinho nenhum o puxar para o lado, apertar com uma espécie de corda macia o suficiente para não machucar tanto sua pele, mas forte o suficiente para não se soltar com facilidade. Em seguida o prendeu na cama com agilidade. O outro tornozelo teve o mesmo destino com extrema pressa de alguém que não queria perder muito tempo naquilo.
Levi sorriu ao ver que estava sendo observado, poderia o dar mais uma chicotada, porém deixaria aproveitar-se um pouco da visão.
Seguiu e puxou os braços de Eren fazendo a mesma coisa que os tornozelos.
- Submisso do jeito que és e ambos gostamos. — Sussurrou vendo tudo que tinha disponível para se divertir, apesar de repetir que apesar de tudo seria até carinhoso com o rapaz, pois queria que fosse prazeroso para ambos e não tivesse que o deixar em um hospital logo pela manhã.
- Mas eu quero ver-te. — Murmurou em reclamação sentindo-se completamente a mercê de Levi sem poder tocá-lo e muito menos mexer-se na cama.
- Já disse que não mandas em nada, pirralho. — Puxou o chicote e sem aviso prévio bateu nas costas de Eren fazendo com que inclinasse seu corpo imediatamente tentando fugir daquilo, mas não tinha saídas, afinal estava preso e queria a agressão. — Amo-te e quero que sinta-se bem, então no instante que não querer mais isso e apenas sentir vontade de parar, basta pedir e vou fazer o que desejas.
- Contraditório, acabaste de falar que eu não mando em nada. — Devolveu com certo humor já fechando os olhos esperando a nova agressão vinda de Levi, apesar de concordar se estivesse a ultrapassar o limite de seu corpo. — Mudaste de opinião, amor?
- Tch. — O viu desajeitadamente empinar ainda mais como se estivesse esperando uma nova chicotada. Não conseguia se manter tranquilo, não com tudo aquilo disponível ao seu toque e implorando por ele, além daquela roupa ser quase covardia. — Deixa-me louco desse jeito.
Pegou o óleo que havia comprado anteriormente analisando rapidamente as contraindicações, esperava que Eren não tivesse qualquer alergia, pois aí teriam problemas. Lambuzou seus dedos com ela sentindo aos poucos sua pele queimar e ao mesmo tempo ficar estranhamente refrescante. Aproximou-se de Eren, com a mão limpa puxou aquela saía e também a calcinha de renda que havia vestido, passou por ele o óleo e sem aviso nenhum adentrou com os dedos os movimentando lá dentro e fazendo com que o conteúdo ficasse todo dentro do rapaz.
- Implorando por mim do jeito que eu gosto… — Sussurrou o vendo tentar se movimentar contra os dedos e falhando, já que estava com a movimentação de seu corpo comprometida.
Pegou o chicote mais uma vez com a mão livre e deu mais uma chicotada nas costas já bem vermelhas do rapaz.
- Essa foi por ter escondido tanto tempo as alianças sendo um falso e deixando-me curioso.
Eren não estava em uma posição boa e muito menos favorável para rir, mas foi exatamente o que fez ao ouvir aquilo e se visse Levi com a mão esticada olhando a aliança com carinho com certeza iria ainda mais, principalmente por ainda estar com os dedos dentro de si e com a mão das alianças o chicote ainda presente.
- Gostou mesmo delas? — Perguntou nada arrependido de ter feito mistério e muito menos das consequências que estava sofrendo por tantos meses deixando Levi curioso.
- São lindas, eu amei. — Novamente olhou para a aliança dourada e enfim apertou o cabo do chicote, colocou força no braço e o bateu mais uma vez fazendo com que um gemido baixo saísse dos lábios de Eren. — Não retorne a fazer mistério, pois eu os odeio e irá sofrer consequências desse mesmo modo ou até piores nas próximas vezes que tentar esconder algo de mim.
- Talvez eu volte a fazer isso. — Mordeu o lençol naquela provocação sabendo que teria consequências novamente.
Levi sorriu e mais uma vez fez o mesmo movimento contra Eren para em seguida retornar os dedos sem nenhum cuidado para dentro do rapaz os girando.
- Sim, eu definitivamente irei fazer isso mais vezes. — Gemeu e o único arrependimento era estar naquela posição sem poder ver Levi durante o processo.
Ouviu um dos sons que mais amava além dos gemidos e sons que saíam da boca de Levi: Aquela risada de deboche.
- Masoquista.
- Seu masoquista, és meu marido agora.
Retirou os dedos sem aviso nenhum, deixou o chicote ao lado da perna de Eren, abriu a fivela de seu cinto o retirando observando fixamente se deliciando com a visão e até achava-se insensível por impedir Eren de vê-lo também, esse sentimento durou cerca de cinco segundos, pois depois apenas seu lado indiferente se sobressaiu pouco se importando se o rapaz iria ver algo ou não, dado que o que sentiria já seria o suficiente. Descartou suas roupas com pressa, achava incrível o efeito tão rápido que Eren conseguia em seu corpo e tinha certeza de nunca se cansaria de vê-lo tão necessitado a implorar por alguma coisa.
Girou o chicote deixando o cabo ereto, o qual Eren nem havia reparado, mas sentiria em breve que não era tão normal e sim que tinha algumas elevações justamente para utilizar de diversas maneiras como desejassem. Passou mais um pouco daquele óleo para que fosse o equivalente a um lubrificante e não machucasse Eren, afinal sua última intenção era que se machucasse. Inseriu aos poucos fazendo com que o rapaz abrisse a boca surpreso não reconhecendo o que estava recebendo, gemeu novamente soltando o ar pelos lábios sentindo a respiração cada vez mais impossível.
Sem nenhum cuidado abriu um pouco mais as pernas do rapaz e apertou o membro dele com seus dedos movimentando sua mão algumas vezes satisfeito pelo efeito gerado nele naquela tortura boa.
Não o deixou se animar tanto com apenas uma mão, após tantas chicotadas não seria tão insensível e não o dar o tratamento completo, não deixaria um objeto qualquer foder seu marido.
Retirou-o de dentro de Eren que deixou uma fina linha de saliva escorrer de sua boca sem saber reagir a tantas sensações em todo seu corpo e com todos os sentidos apurados pela falta de possibilidade de o ver e, o que mais estava o matando por dentro, não podia tocar Levi.
Jogou o chicote no chão pouco se importando com a higiene, lambuzou seus dedos mais uma vez com o óleo e passou em seu próprio membro fechando os olhos por alguns segundos e mordendo o lábio inferior ao sentir aquilo gelado e tão quente ao mesmo tempo, não sabia definir, mas tinha certeza de que a sensação iria melhorar absurdamente dentro de Eren.
Sendo assim, com o auxílio de sua mão o inseriu dentro do rapaz com extremo cuidado e lentamente enquanto sua mente mandava apenas entrar e movimentar-se logo, queria imediatismo, estava desesperado por sentir-se bem, mas a prioridade era o bem estar do moreno e apenas isso.
Parou, passou a mão nos fios de cabelo tentando controlar sua respiração e sorriu ao vê-lo rebolar lentamente. Não era sequer parecido com o que viu na festa, mas definitivamente preferia-o dançando em seu membro do que em qualquer outra coisa.
Não pediu permissão para iniciar os movimentos e Eren não reclamaria, estava ocupado demais mordendo o lençol e apertando os dedos contra a cama tentando forçar aquelas amarras de o soltarem, porque queria tocar em algo e obter melhor equilíbrio do que aquilo que estava.
Levi puxou o elástico fino que segurava os fios de cabelo de Eren e os liberou adorando tê-los disponíveis para puxá-los. Sentiria falta se algum dia o rapaz retornasse a mantê-los curtos, então, aproveitava-se ao máximo enquanto podia. Apertou os fios entre os dedos fazendo com que erguesse o rosto e parasse de esconder seus gemidos os abafando contra o lençol.
- Você é tão bom, pirralho... — Sussurrou e retirou seu membro quase por inteiro para em seguida colocá-lo novamente ouvindo aquele som gostoso e tão audível que apenas o incentivava a continuar.
Estocou-o uma última vez com força sentindo seu membro se apertar absurdamente quando Eren gozou, poderia tentar aguentar mais um pouco, mas não conseguiria, não com aquela sensação sufocante e até preferia quando chegavam juntos ao ápice.
Respirou satisfeito tentando manter um ritmo natural e não aquele em quase desespero por oxigênio, Eren não era diferente extremamente sensível e sentindo o coração quase saindo pela boca, as pernas dormentes e se segurava no último resquício de força para não deixar seu corpo cair contra a cama.
Levi soltou as amarras em Eren, massageou tanto os pulsos como os tornozelos para que não ficasse machucado, apesar do tecido ser tão macio que não traria consequências tão drásticas além de marcas leves pelo atrito.
Virou seu corpo e beijou-o nos lábios querendo se manter com os olhos abertos porque a visão privilegiada que tinha era boa demais para até beijá-lo de olhos fechados: Os olhos verdes dilatados, a boca vermelha ligeiramente inchada devido às mordidas que deu tentando conter os gemidos, os fios de cabelo grudados na testa e o resto caído ao seu lado completamente desgrenhados.
O policial estava igualmente bagunçado e para Eren a visão era satisfatória.
Beijou o peito do rapaz seguindo por todo aquele abdômen sem abandonar o contato visual, mordeu aquela fina camada de renda que havia deixado no peito dele a rasgando com os dentes para então continuar seu caminho. Passou os dedos sobre o membro dele em uma ordem silenciosa de que voltasse logo, pois não tinham tanto tempo para ficarem mortos sem ação.
- Rebolou até no seu amigo hoje. — Disse em tom baixo enquanto Eren ainda um tanto inerte sorriu lembrando-se bem daquele momento, apenas não sabia que tinha a atenção completa de Levi naquilo. — Mas não senti ciúmes e sim… — Mordeu o lábio inferior continuando o carinho com sua mão como se não estivesse fazendo nada demais. — Surpresa. — Estreitou os olhos pensativo se era assim que queria classificar o que sentiu, talvez sim, não sabia definir exatamente. — Surpreendeu-me mais uma vez hoje quando eu pensei que já não conseguiria fazer isso mais. Então, há um lugar para sentar-se e mostrar se realmente o rebolado é tão bom como vi durante a nossa festa.
Eren sorriu maliciosamente ignorando que seu corpo já estava bem cansado, era a Lua de Mel e deveria focar-se em tudo que poderiam ter. Diante disso, levou a mão até a de Levi em seu membro a afastando, levantou-se alongando seus músculos cansados e satisfeito de que finalmente poderia o ver durante o processo.
Colocou ambas as mãos no ombro dele e aproximou seu corpo o apertando para que conseguisse o equilíbrio, direcionou força para as pernas e levantou-se se posicionando sobre Levi. Com a ajuda dele sentiu o membro já duro novamente adentrar em sua cavidade mais uma vez. Fechou os olhos e apertou os dedos na pele do policial. Bem mais relaxado que a primeira vez daquela noite e com uma facilidade boa que preferia.
Eren fez o ordenado adorando o efeito que conseguia naquele homem que sempre tinha a aparência séria, buscou a boca dele contra a sua algumas vezes durante o processo, mas após um tempo ao menos conseguia concentrar-se em algum beijo, apenas roçava seus lábios contra os dele enquanto continuava a movimentar-se não recebendo qualquer ajuda de Levi naquilo. Sentia os músculos das pernas queimarem, mas não poderia reclamar, não depois de ter provocado Levi com aquela dança.
Não importou-se em sujar o abdômen do marido com seu gozo e ele também não parecia incomodado, desde que Eren continuasse a movimentar-se, quando notou que apenas ficou sentado com os olhos fechados sem nenhuma reação tentando respirar apertou as coxas dele com as duas mãos e o impulsionou para cima para que chegasse ao ápice o quanto antes.
Mordeu Eren próximo a sua clavícula com tanta força quando chegou que já admitia que o estrago naquele corpo em relação às marcas que possuía tinha sido grande. O deixou assim por um tempo sem qualquer reação para retirá-lo sobre seu corpo. Colocou a mão na lateral do rosto do rapaz fazendo um carinho em sua bochecha e com a outra afastou alguns fios de cabelo.
Deu um selinho e retirou-o finalmente com cuidado.
Delicadamente o deixou deitado na cama esticado e procurou algo em especial em uma das gavetas ao lado da cama. Uma pomada, pegou em sua mão, sentou-se ao lado de Eren e passou o conteúdo dela delicadamente nas costas de Eren com extremo cuidado massageando os músculos vendo o estrago feito pelo couro.
- Isso aí vai trazer qual sensação? — Perguntou confuso julgando não ter acabado ainda, dado que continuava amarrado. — Não seria mais apropriado lá em baixo?
- Tch… — Soltou o ar pelos lábios em negação continuando a passar a pomada e com um sorriso pequeno por ver que mesmo um quase morto vivo ainda teria estamina para mais alguma rodada se Levi quisesse. — Estou cuidando de ti, esse é um analgésico para os machucados que fiz. Vai relaxar sua pele e amanhã não ficará tão dolorido.
Sorriu contra o travesseiro apertando sem forças o lençol com seus dedos admitindo que a aquisição de um homem agressivo e romântico na mesma proporção, havia sido uma ótima ideia e não se arrependia minimamente.
- Hum, igualmente gostoso.
Ao terminar, pegou um pano úmido e limpou-o deixando menos grudento, apesar de apenas conseguir a limpeza necessária com um banho. Poderiam tomá-lo na manhã seguinte, limpou-se também e aconchegou-se em Eren o dando todo o carinho que o rapaz merecia após tanto tempo que esteve se aproveitando inteiramente dele sendo agressivo. Brincou com seus dedos nas costas do rapaz não quebrando o abraço que estavam, independente de quão amortecido o braço embaixo de Eren ficaria com o passar das horas.
- Sabes que meu trabalho é corrido e apenas consegui dois dias de folga, então sem qualquer possibilidade de viagens longas, já que agora só nos resta amanhã, mas… — Disse baixinho fazendo Eren afirmar com a cabeça entendendo completamente e nem iria reclamar, pois o que importava era estar com Levi, independente do local, se pudessem ficar juntos seria bom. — Gostaria que você tivesse um casamento a íntegra e sinto que precisamos de uma Lua de Mel, ir para outros lugares e sei lá… Essas coisas melosas de recém casados. — Mais uma confirmação do rapaz cada vez mais ensonado achando fofa aquela preocupação de Levi em deixá-lo feliz. — Então, levando em conta os lugares que tu gostas, sei de um em especial que é importante para ti e também para mim, já que foi lá que pedi você em casamento e quero aumentar as memórias boas daquele lugar. Portanto, quer ir à praia comigo?
- Vai deixar-me ir por cima novamente? — Gargalhou baixinho mantendo os olhos fechados e não conseguiu ter acesso a expressão de desgosto que Levi adotou para seu rosto.
- Sério que estou aqui tentando ser romântico e você me fala uma merda dessas? — Suspirou e infelizmente Eren havia conquistado um sorriso em seus lábios, afinal o conhecia bem o suficiente para imaginar que ouviria idiotices em qualquer momento, inclusive os sérios. — Sim, pode ser, apenas precisa merecer algo assim vindo de mim e não ache que será tão fácil como da última vez. — Mordeu com certa força o lóbulo da orelha dele fazendo com que Eren se questionasse se realmente não tinha mais nenhuma força nas pernas, pois por Levi valia o esforcinho de tentar se recompor e tê-lo novamente. — Perdeste a oportunidade na noite da sua formatura, talvez se tivesse mostrado-me a aliança teria tido muita coisa vinda de mim, mas agora não mereces mais.
- És um chato, mas eu te amo. Boa noite, estressadinho, o qual é meu marido e tem o coração bem incendiado por mim e meu isqueiro.
- Fizeste um bom trabalho nisso de incendiar-me, parabéns.
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