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História Mistérios - Novidades


Escrita por: Kach

Capítulo 63 - Novidades


Eren dormiu a viagem toda imerso no cansaço bom de uma noite muito bem aproveitada. Levi dirigiu sem ao menos reclamar, apenas vez ou outra verificava se Eren não estava com o pescoço torto que geraria mais dor posteriormente. Apesar de tudo que havia feito a ele na noite passada, preocupava-se com seu bem estar.

Não passariam a noite ali, então, não precisavam de muitas coisas além da roupa do corpo e mais algumas para trocarem antes de retornarem para casa. Sendo assim, Eren vestia uma bermuda colorida até metade de suas coxas, uma regata branca e uma feição brava por estar com tanta roupa no corpo por um motivo em especial. Levi, partilhava um visual daquele, entretanto menos colorido que o rapaz, uma bermuda branca, a camiseta preta estava em seu ombro e o peito desnudo para a infelicidade de Eren, ambos descalços e aquele mesmo boné escuro na cabeça do policial.

A melhor coisa, sem qualquer chance de dúvida, eram aquelas alianças que ainda parecia irreais. Para Eren era bom visualizá-las fora daquela caixinha que ficaram presas por meses. Já para Levi, apenas aliviado pelo mistério agonizante ter se finalizado.

- Porra, marcou-te até na alma com aquele chicote e me traz a uma praia. — Mais uma incontável reclamação enquanto Levi apenas se segurava para não gargalhar ou se sentir culpado pelo estrago que fez naquela pele. — Agora preciso ficar de camisa pra não pensarem que apanhei de alguém, mas quer saber? — Olhou-o com um sorriso presunçoso dando de ombros para em seguida retirar a camiseta e apertar entre seus dedos sentindo a pele livre finalmente refrescando-se. — Foda-se, se alguém denunciar-te por agressão eu vou rir da sua cara.

- Nem está tão ruim assim.  — Mordeu o lábio para não rir ao falar aquilo e receber mais um olhar de ódio vindo de Eren apontando para as próprias costas com um dedo indicando através daquele gesto silencioso um: “Ah, por favor, veja isso aqui e repita isso seu filho da puta!”. — Deveria ter pedido para que eu parasse, disse a ti que faria tudo que queria.

- Não queria que parasse… — Murmurou emburrado desviando o olhar e mantendo os lábios daquela maneira que Levi sempre se sentia manipulado, mas daquela vez apenas conseguia sentia uma vontade absurda de apertar as bochechas de Eren.

Esticou o indicador até a bochecha direita de Eren e movimentou-a rindo de sua cara, discretamente, para que não ficasse tão bravo pelo gesto.

- Meu marido é um masoquista fofo. — Sorriu mantendo seu dedo no rosto do rapaz que corou discretamente ao ouvir aquela palavra. Em algum momento de sua vida teria que se acostumar, mas daria um desconto a si mesmo por reagir daquela maneira tão afetada logo no dia seguinte ao casamento. — Quem vê esse rostinho envergonhado nem imagina o que me pede na cama… 

Levi sentou-se na cadeira que haviam alugado, fincou o guarda sol no chão com força e logo sentiu alguém se aconchegar em suas pernas apoiando as costas nelas. Não afastaria Eren, nem poderia, gostava daquele modo carinhoso e manhoso.

Eren se acomodou esticado no chão sentindo a areia morna contra sua pele, pegou o celular a jogar um de seus jogos e vez outra observava as ondas do mar chocando-se umas contra as outras. Além de gostar de ficar daquela maneira carinhosa, sua outra motivação era esconder as diversas marcas em sua pele, visto que se alguém visse aquele estrago facilmente denunciaria por estar apanhando do marido. Seria vergonhoso ter que admitir que até pedia por mais daquelas agressões e que o culpado não era o marido e sim ele próprio.

Até estava estranhando uma ausência e falta de interação de Levi, apesar de estar sentado na cadeira atrás de si e o deixando obter um apoio de suas costas nas pernas dele. Observava o próprio celular com extrema atenção, então Eren admitiu que deveria estar ocupado com o trabalho. Sendo assim, não iria atrapalhá-lo até que terminasse, porém sentir um beijo no topo de sua cabeça foi sinal de que talvez já estivesse disponível para conversa..

Passou os dedos entre os fios de cabelo cada vez mais longos de Eren. Diante disso, o rapaz pausou o jogo e inclinou sua cabeça para trás vendo aquele rosto focado do marido.

- O que foi? 

Tão focado que estava gerando em Eren uma necessidade absurda de rir, apenas não o fez por respeito e justamente por saber que teria consequências se fizesse isso, ou seja, um beliscão. Não queria que em sua Lua de Mel fosse marcada pelos beliscões e frases de como era um grande idiota.

- Eu vou aprender na marra fazer esses penteados bonitos que você faz nela. — Esclareceu, afinal tinha perdido bons minutos assistindo aqueles vídeos no celular e iria usar Eren para treinar. — És o meu modelo hoje, pode continuar a jogar, apenas fique confortável e diga-me se estiver te machucando.

- Levi…

Puxou firme o cabelo dele, sendo que dessa vez era para ser mesmo doloroso e não aquele carinhoso anterior.

- Não faça-me repetir, volte a jogar seu joguinho estúpido e deixe-me aqui. Finja que eu não existo.

- "Finja que eu não existo". — Repetiu falsamente emburrado retornando a dar atenção ao celular como ordenado. — Como se isso fosse possível contigo mexendo no meu cabelo… 

- Não aceito que eu não saiba fazer uma trancinha assim nela, sinto-me um péssimo pai por não saber e eu vejo o quanto ela ama quando você faz… 

- Hum…

Para Eren era difícil se concentrar em qualquer coisa além daqueles dedos entre seus cabelos, mas tentaria ao máximo.

- Acredito que nem seja exatamente por causa dos penteados, mas sim pelo carinho que a gente entrega a ela ao fazer isso. É a nossa coisa especial e ambos gostamos disso, mas a trança é o de menos… 

- Tch, tanto faz, mas eu vou aprender a fazer isso e será hoje. 

Levi aparentava tão focado e certo do que dizia que Eren realmente depositou toda sua confiança de que realmente iria aprender a trançar um cabelo durante aquela tarde. Talvez teriam que competir por quem faria elas em Beatriz, mas realmente não era um problema.

Lembrava-se bem do vídeo que assistiu, então foi aos poucos e sem se apressar repetindo os gestos com os cabelos de Eren enquanto a brisa marinha os trazia uma sensação boa aliviando do calor, a areia quente em seus dedos do pé poderiam ser um incômodo, mas estava tão satisfeito com tudo em sua vida que nem se preocupava com a limpeza do local que seus pés estavam apoiados.

-  Estou afim de cortar o cabelo. —  Eren disse após um tempo admitindo que poderia tentar iniciar um diálogo invés de deixá-lo “silencioso” e até deixar claro que se precisasse de alguma ajuda estava ali para isso.

Se Eren virasse seu rosto para trás visualizaria uma expressão ligeiramente chateada de uma pessoa que não queria perder um de seus brinquedos preferidos. Amava Eren, não seu cabelo, mas adorava puxar aqueles fios longos.

- Sério? 

Eren movimentou minimamente a cabeça em um aceno positivo não querendo atrapalhar Levi naquele trabalho árduo de um trança qualquer.

- Por quê?

- Estive pensando… 

- Odeio quando faz isso. — Resmungou torcendo que não tinha sido óbvio na reclamação querendo falar para Eren manter os fios longos por mais tempo. Respeitaria qualquer decisão do rapaz, mas aquela em especial o faria sentir boas saudades.

- No dia que eu assumir meu posto de juiz, caso eu passe, irei cortar eles. — Deslizou seus pés na areia e trouxe as pernas para perto as apertando para perto do peito com suas mãos um tanto melancólico pelas incertezas sobre seu futuro, se iria passar ou continuaria naquele mesmo cargo. —  Mas ainda irá demorar, porque mesmo que eu passe é complexo ter uma vaga disponível para eu assumir… 

- A vaga da Sarah. — Levi o disse e novamente Eren afirmou, pois também tinha bons planos para ela. — Ela entrará em licença logo mais, suponho que mesmo momentaneamente precisarão de alguém para substituir durante esse tempo. — Puxou mais um pouco dos fios antes de terminar. Negou com a cabeça decepcionado não a achando suficiente, desfez e iniciou novamente. — És o melhor para isso, passe no concurso e seja feliz.

- Feliz eu já sou. — Sorriu virando um pouco o rosto e invés de expressões apaixonadas apenas recebeu um olhar estreito e a mão de Levi virando seu rosto para que não atrapalhasse o penteado. — Mas os concursos… 

- “Mas os concursos” porra nenhuma. — Interrompeu sério sem tempo para lamentações ou dúvidas de seu próprio potencial. Deveria sim lhe falar discursos fofos e motivacionais de como iria passar por tudo, pois era o melhor, mas até Eren não esperava algo assim vindo de si. — Apenas corra atrás que as coisas irão dar certo, sabes disso. És inteligente, focado e independente de quantos precise prestar, em algum momento irá passar. Estou do teu lado, a Bea e também sua família. Portanto, calado, apenas aguarde e não se lamente.

Deu-se o trabalho de rir pela frontalidade e concordar com Levi. Eren já havia desistido do celular, não poderia focar nele sendo que tinha aquela imensidão de água a sua frente, a areia sujando sua pele, a brisa tocando carinhosamente todo seu corpo e o principal: Diversas crianças a brincar entre eles e até com seus pais. 

Lembrou-se da última vez que esteve com Levi ali, daquele garoto que ajudou quando se machucou. Naquela época não existia Beatriz e nem sabiam se um dia teriam alguém os chamando de “pai”, mas a partir do momento que a menina ocupou aquele espaço em seus corações. Seu coração derretia-se toda vez que pegava Lívia nos braços e mesmo Levi não falando nada, era visível que sentia-se ótimo e realizado com a afilhada. Portanto, não tinha em mente momento melhor para propor algo a Levi.

Era o momento apropriado, da mesma maneira que tinha sido o pedido do casamento e apenas torcia que a resposta fosse igualmente positiva a sua daquela vez.

- Sabes o que faria essa Lua de Mel ficar ainda mais completa? — Questionou e ouviu um "Huh?" incentivando para que continuasse e explicasse que iria atrás para deixar Eren satisfeito. — Uma clínica daquelas para ter filhos…

Levi foi pego de surpresa com aquilo e nem lembrou-se mais do que estava fazendo, não sabia reagir perante aquilo. Partilhava a vontade de Eren, mas era um sentimento complexo que variava entre: "Um bebê seria algo incrível" e "Um bebê demanda tempo, cuidado e minha vida é perigosa, será mesmo uma boa ideia?".

- Certo, eu sei que não é tão simples ou rápido. — Fez um biquinho chateado perante todo aquele silêncio. — Mas eu quero tanto mais um filho contigo, Levi. A gente está preparado para isso, sério, somos mestres em trocar fraldas e a Lívia pode confirmar isso. Tu tens braços fortes para carregamento de bebês e…

Interrompeu-se ao ouvir aquela risada baixinha vinda de alguém que estava levando aquilo como uma piada. Eren sabia que quando se empolgava acabava falando sem parar e dar pausas para a própria respiração, além disso, algumas coisas "idiotas" saíam de sua boca sem nem perceber, mas queria ser levado a sério, pois era uma conversa séria. Sendo assim, mudou a estratégia para uma mais direta e sem muita enrolação.

- A Bea já tem idade suficiente e sempre fala que quer um irmãozinho… Vamos fazer nossa menina feliz e cumprir o desejo dela, amor. — Inclinou seu rosto para trás vendo o sorriso de Levi, poderia considerar algo bonito, como sempre, mas daquela vez queria seriedade e respostas firmes. — Vamos ter um bebê?

Eren abaixou a cabeça já aceitando uma negativa fitando a areia em suas pernas, talvez até estivessem certos em aguardar mais um pouco, já que haviam literalmente casado no dia anterior. Eram estáveis, tinham um relacionamento de bons tempos, se davam bem e a certeza era que queriam passar muitos anos juntos constituindo aquela família lado a lado e também com Beatriz não sendo a filha única.

- Tch, o que pedes a mim que eu não faço?

- Isso é um: "Sim, pirralho, vamos ter um filho" ou um "Tch, não me encha"? — Murmurou ligeiramente cabisbaixo sem entender com exatidão a resposta do marido.

Levi arqueou suas costas abaixando-se e apoiando o queixo no ombro de Eren mantendo o celular esticado para que o rapaz conseguisse visualizar a tela. Digitou algumas coisas na barra de pesquisa deixando bem a mostra para Eren.

- Preciso mesmo responder-te?

Eren abriu a boca sem emitir qualquer som, claro que verificar algumas opções de clínicas já era resposta suficiente e estava satisfeito em ver Levi entrar de cabeça em suas ideias loucas sem ao menos pensar. Estava vivendo o relacionamento que sempre sonhou.

- Cara, eu te amo.

Deu um tapa fraco na barriga de Eren e em seguida um beliscão. Sua última intenção era quebrar aquele clima que havia se instalado entre eles, mas não aceitaria ouvir uma coisa daquelas.

- Não me chame de "cara". — Resmungou continuando focado em buscar mais indicações sobre as clínicas, afinal não queria qualquer uma, deveria ser a melhor.

- Certo, "Senhor Levi Ackerman". — Mais um tapinha para enfim Eren corrigir-se com um sorriso que julgava impossível sumir de seus lábios, estava feliz demais.  — Amor.

Não imaginavam que quando fossem atrás da burocracia para terem mais uma criança estariam com aquele vestuário praieiro, pele ligeiramente queimada pelo sol com protetor solar e uma completa bagunça, mas não tinha como ser mais perfeito que aquilo e queriam guardar o momento para sempre apenas torcendo que conseguissem aquilo de primeira.

- Pelo menos em um recém nascido eu não preciso fazer penteados, já que quase não tem cabelos… — Levi resmungou em um tom depreciativo decepcionado consigo mesmo apertando o volante com seus dedos e os olhos bem interessados no trânsito a sua frente naquele fim de tarde. — O pirralho ou a pirralha irá demorar algum tempo para descobrir que um dos pais é um fracasso… 

Eren olhou para Levi tentando ao máximo não gargalhar e lhe dizer para que superasse que não era bom com aquilo, afinal em muitas outras coisas era incrível e tinha certeza que tanto Beatriz como qualquer outra criança em sua vida não o acharia horrível apenas por não saber trançar o cabelo. Compreendia a preocupação dele, mas aquele drama todo não.

- Pare de ser tão dramático, Levi.

Tirou o cinto de segurança e inclinou seu corpo na direção de Levi para beijá-lo na bochecha, o qual aceitou já que não tinha muita escapatória e movimento, visto que dirigia o carro que o levariam até o apartamento para em breve retornar a rotina diária estressante de trabalho. Mordeu sem nenhuma delicadeza continuando aquela provocação.

- Os cafunés são uma delícia, o bebê vai gostar. — Mais um beijo para enfim arrumar sua postura no banco novamente pronto para colocar o cinto de segurança novamente e até estranhou que Levi não o tinha afastado com agressividade para que se comportasse, pois carro não era local daquilo, ainda mais enquanto dirigia. — Eu gosto, a Bea ama e nenhum penteado supera isso ou o carinho que tu tens com a gente. Relaxa amor, para de se cobrar por causa de um penteado qualquer que eu posso fazer neles se quiser, somos um casal, o que eu não sei você sabe, e assim seguimos.

- Eren… — Soltou o ar pela boca demonstrando o quão afetado estava com tudo aquilo. 

Poderia saber disfarçar, mas após ambos entregarem os materiais na clínica, assinarem os papéis e retirado todas as dúvidas possíveis sobre o procedimento, já não conseguia mais aguentar toda aquela inquietação dentro de si. Talvez apenas sumisse quando finalmente pegasse a criança nos braços para realmente acreditar que o que estavam vivendo era real.

- A gente vai ter um bebê. — Virou seu rosto ligeiramente desfocando-se do trânsito por alguns poucos segundos para sorrir para o moreno e então retornar novamente para a estrada.

Eren passou a mão brincando com os fios negros do cabelo de Levi sentindo-se quase como se flutuasse. O sentimento era bom e apenas queria partilhar as notícias positivas em breve. No início apenas os pais de ambos poderiam saber da tentativa, afinal ainda havia a chance de dar errado e tentarem novamente o procedimento. Entretanto, sentiam que já tinha dado certo.

- Sim, a gente vai. 

Levi desviou do caminho entrando em uma estrada menor sem muita movimentação. Eren franziu a testa e olhou pela janela curioso e até confuso, pois estavam com o destino traçado para retornar para a casa dos pais de Levi para buscar Beatriz e enfim retornarem para o apartamento descansar.

Eren não questionou ele, mas aguardou pacientemente uma explicação. Ao ver que haviam retornado a extensa faixa de areia abriu a boca surpresa e logo virou o rosto para fitar Levi puxando o freio de mão para em seguida desligar o carro retirando a chave da ignição.

- Parte deserta da praia, quase anoitecendo, nós dois sozinhos… — Eren enumerou tudo aquilo que estava ao favor deles lembrando-se da última vez que havia sido levado para um lugar assim. — Humm… O que isso significa?

- Isso significa que és um merdinha pervertido, pirralho. — Murmurou decepcionado em um aceno negativo com sua cabeça. Saiu do carro e esperou que Eren repetisse o que fez. Quando saiu olhou para ele e continuou. — O pôr do sol é bonito aqui, andei a pesquisar um lugar assim… Gostaria disso contigo para finalizar nossa Lua de Mel e torná-la mais especial do que já está sendo.

Eren sorriu envergonhado por estar pensando coisas erradas de um gesto até romântico vindo de Levi.

O policial sentou-se sobre o capô do carro apoiando os pés sobre ele, deu um tapinha leve ao seu lado incentivando Eren a fazer a mesma coisa, apesar de interpretar aquela falta de movimentação como um sinal de: "Pensei que iríamos sentar na areia". Portanto, antes que falasse qualquer coisa, Levi esclareceu.

- Não temos roupas limpas para trocar e eu não aceito que os bancos do carro fiquem repletos de areia, então, vem cá e não reclame. Se eu ouvir uma reclamação, mínima que for, vou bater em ti e iremos embora.

Deu uma risada baixa ao obedecer, poderia bem reclamar das manias de limpeza, mas não poderia, pois era um dos detalhes e características de Levi. Tudo vindo dele era bom, então apenas aceitava, assim como o homem aceitava os seus.

Sentou-se ao lado de Levi e apoiou sua cabeça no ombro dele aproveitando a vista privilegiada que tinham do mar e o sol cada vez mais baixo que em alguns minutos tocaria a água.

- Não tirei uma mísera foto hoje, irão achar que eu morri. — Eren disse divertido tirando o celular da bermuda, havia aproveitado tanto e tido tantas emoções naquele dia que as redes sociais se tornaram dispensáveis, já que a pessoa mais importante estava ali ao seu lado todo momento. — Podemos?

Inicialmente tirou uma foto da paisagem a frente deles, postou após analisar se estava bem enquadrada sob o olhar atento de Levi.

- Tch.

- Sabe, você poderia ser mais específico… — Reclamou mantendo o celular apertado contra uma das mãos e o rosto ainda apoiado no ombro de Levi. — Um "Tch" seu pode significar muita coisa. Tem os "Tch" de reprovação quando não quer algo, quando fala um pouquinho mais alto indica que estás puto com alguma coisa, normalmente comigo… — Enumerou sem sair daquela posição, consequentemente não possuía acesso da face de Levi, mas se tivesse veria uma expressão beirando a divertida e até confusa sobre alguém ter classificado suas palavras. — Tem aqueles "Tch" que você diz quando está sem palavras ou envergonhado… É difícil, são muitos, eu não consigo classificar todos em tão pouco tempo de casados. Facilita para mim… 

- Tch, sim, podemos tirar uma foto idiota de casal. — Especificou e verificou Eren deixando seu ombro ligeiramente para garantir que tirasse a foto antes que se arrependesse ou desistisse.

Primeiro puxou a mão dele com as alianças juntando a sua e deixando que a paisagem se complementasse na foto. Um tanto meloso, na opinião de Levi que olhou para Eren com a sobrancelha arqueada e um: "Sério isso, Eren?"; preso na garganta, mas ficou em silêncio apenas o julgando por pensamento. Mais uma postagem momentânea, mas dessa vez com um emoji de coração colocado próximo às alianças dos dois.

Em sequência ajustou a posição do celular mantendo o braço esticado visualizando na tela o seu próprio rosto e o de Levi. Colocou o braço livre sobre os ombros dele chegando a lateral oposta do rosto de Levi. Sorriu analisando a expressão de poucos amigos vindo do homem de cabelos negros. Diante disso, manteve o sorriso pronto para tirar a foto, tirou uma assim e deixou apertado para gravar um vídeo curto. Puxou a bochecha dele e consequentemente o lábio para que sorrisse. 

Levi olhou-o em desgosto, com delicadeza retirou o dedo de Eren que puxava seu rosto, negou com a cabeça e sorriu discretamente desviando o olhar pela idiotice que acabou por presenciar.

Eren interrompeu a sessão de fotos e vídeos satisfeito, principalmente com o último vídeo gravado. Postou o vídeo para que se apagasse logo no outro dia e analisou a foto deles, era perfeita e definia ambos: Levi sério, Eren rindo sem razão. Ela merecia ir para o seu feed e ficar eternizada em seu perfil.

- Eu deveria escrever na legenda dessa foto: "Sim, galera, eu estava namorando o professorzinho por interesse nas notas e benefícios que ele poderia me fornecer na Universidade. Interessei-me tanto que até casei com ele, bando de idiotas que não suportam a felicidade alheia".

Levi olhou para Eren sério lembrando-se do que Jean havia dito uma vez e resolveu com uma ameaça. Não esperava que outros ou até o mesmo rapaz retornasse a encher Eren com aquilo, mas esperava no mínimo que ele o contasse para resolver a situação mais uma vez.

- Ah, Levi, não se faça de desentendido, achas que eu não sei que ameaçou um colega meu por causa de uma merda dessas deles falando sobre "interesse"? — Disse após todo aquele silêncio do homem ao seu lado que estava incerto se deveria falar algo, não havia defesa, apenas curiosidade sobre o que Eren achou de sua atitude. — Dois idiotas que simplesmente ficavam a dar risadinhas quando eu passava do nada, após a sua visita de uma semana para passar comigo, pararam de me olhar, quando me viam mudavam o caminho, nunca mais sentaram perto nas aulas que tínhamos juntos… Achas que eu não sei que fizeste algo aquele tempo?

- Hum… — Mordeu o lábio inferior olhando para o mar querendo mudar o assunto. Não gostava de mentiras, apesar de, infelizmente, ser um ótimo mentiroso. Entretanto, não com Eren, pois ele nunca caía em suas palavras enganosas. — Não fiz nada, pirralho, estás paranoico pensando coisas que já fazem meses, supera a faculdade, já acabaste aquela merda.

Eren desistiu de insistir no mesmo assunto, pois sabia que independente do que acontecesse ou que falassem para ele, Levi sempre daria seu jeitinho de resolver e era grato por isso.

- Obrigado por me proteger sempre. Amo você, baixinho. Ainda não acostumei-me em não ser mais o Eren Jaeger para agora ser até a morte o Eren Ackerman, mas a cada segundo me faz um homem mais completo, realizado e feliz estando casado contigo.

Desviou o olhar daqueles esverdeados com aquele brilho que o deixava constrangido, ainda mais ouvindo aquelas declarações amorosas.

- Tch, não fale… Essas coisas… 

- Ficas com vergonha? — Apertou a bochecha de Levi mais uma vez com seus dedos tentando não gargalhar e estragar aquele clima romântico, mas até preferia aquele misto de em um momento estarem sendo melosos, no outro rindo e em seguida Levi bravo. — Oh, meu neném todo coradinho, que fofinho, Levi!

Cerrou o maxilar querendo socar o rosto do rapaz para parar de falar aquelas coisas e o principal: Parar de chamá-lo de "neném".

- Eren, vou afogar-te no mar se você não calar a merda da boca.

- Esse não era para ser o momento romântico nosso vendo o pôr do sol? — Perguntou ironicamente, apesar de saber que o culpado daquilo ter tomado esse rumo foi ele próprio e não Levi. — Quando se tornou o momento que eu vou morrer afogado? Matar seu próprio marido? — Arqueou uma sobrancelha de modo crítico. — És um insensível, Ackerman…

Levi suspirou cansado em desistência. Abaixou-se e encostou suas costas no carro observando o céu, Eren fez a mesma coisa deixando a mão sobre o peito do homem de olhos cinzentos satisfeito.

- Caralho, nós casamos, provavelmente em breve teremos mais uma criança que irá falar daquele jeito bonitinho "papai"… Que merda você fez com a minha vida, pirralho? — Virou o rosto para encarar Eren, palavras sérias, porém aquele sorriso discreto e de canto entregava que não era uma reclamação e estava longe de ser. — Antigamente eu tinha controle de tudo, sabia perfeitamente o que iria fazer e como eu acabaria, mas agora… — Interrompeu-se soltando o ar pelos lábios adotando um tom de voz mais baixo. — Foi só você chegar que virou tudo de cabeça para baixo e…

- Estás feliz? 

Era a única questão que importava para Eren, analisando aquela expressão serena admitia que a resposta era positiva, mas valia a pena perguntar e garantir.

- Sabes que sim.

- Quer ficar ainda mais? — Sorriu maliciosamente descendo a mão que estava sobre o peito de Levi indo com o destino traçado até sua bermuda sem desviar o foco de seus olhos daqueles escuros.

- Eu disse que só deixaria você comandar alguma coisa se merecesse e não anda merecendo ultimamente. 

- Mas eu não falei nada sobre ser você a sentar hoje. — Mais um sorriso malicioso enquanto repousava sua mão querendo adentrar aquela bermuda com seus dedos logo. — A não ser que sinta vontade disso, posso fazer você se sentir bem, basta falar que quer.

- Já não apanhou o suficiente ontem a noite para aprender quem é que manda em alguma coisa aqui, Eren?

- Sempre posso apanhar mais, porém posso apanhar estando em ti, não vejo problemas.

Levi estreitou os olhos e destinando toda força em um de seus braços empurrou Eren para o lado fazendo com que o rapaz rolasse para fora do carro e desse de cara com a areia fofa. Não tinha sido uma queda bonita, pois em questão de segundos tossiu desesperado sentindo as narinas queimarem enquanto o mais velho ria sem nem disfarçar.

- Não, eu disse que só terá a mim quando merecer, não pense que apenas por casar comigo e provavelmente em alguns dias teremos mais um filho, que significa que merece algo. — Disse o mais sério que pode, porque estava quase retornando a rir da feição brava que Eren estava fazendo tão bem. — Não merece, pirralho.

- Certo. — Murchou-se gradativamente abaixando o rosto e limpando a roupa daquela areia ainda desacreditado de ter sido agredido por uma brincadeira. Definitivamente não curtia tanto o senso de humor de Levi. — Podemos pelo menos aproveitarmos um pouco e que seja você o ativo como sempre?

- Certamente, pirralho, e então iremos embora. — Sorriu maliciosamente analisando aquele corpo bronzeado e definitivamente teriam muitos finais de semanas que levaria Eren até a praia, para conquistar aquele bronzeado bom que era extremamente agradável aos olhos e aquelas marcas bonitas que ficavam em seu corpo. — Acha mesmo que eu vim até aqui para ver um pôr do sol idiota?

- Sim? — Fechou seu rosto falsamente bravo pela quebra do clima romântico ao notar Levi negar com a cabeça nada incomodado, mas ao todo não era uma reclamação, afinal sempre queria um pouco mais daquele corpo e sensações que Levi conseguia fornecer em seu corpo. — És um pervertido, Ackerman.

- Marido. — Corrigiu o chamando para perto, apesar de segundos atrás ter o jogado na areia, seria carinhoso, afinal um carro não era o melhor lugar ou sequer espaçoso. — Seu marido, Eren.

 

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A rotina de casados não era tão distinta daquela que já vinham vivendo há tempos, refeições juntos, filmes em família e tudo que tinham direito. Era incrível dormir e acordar com a mesma pessoa sabendo que na noite seguinte o teria ali novamente para repetir a mesma rotina boa e assim por diante, ao contrário de quando ainda tinham a maldita distância e a incerteza de quantos dias poderiam ficar próximos um do outro.

Se a versão adolescente de Eren o visse daquela maneira se surpreenderia ao vê-lo totalmente organizado, cabelos sempre alinhados quando amarrados e até aceitáveis quando os soltava, sempre com uma camisa social bem abotoada e uma calça igualmente bem passada, assim como os sapatos ao contrário daqueles habituais chinelos ou tênis.

A experiência de trabalhar era um tanto distinta daquela que havia se acostumado ao estagiar. Por exemplo, o número de obrigações, seu expediente e também sua satisfação aumentaram consideravelmente. Não ficava tão grudado em Sarah como na época do estágio, dado que seus serviços eram bem mais variados, porém sempre arrumava um tempinho para fugir e entrar na sala dela, fazer um carinho na barriga perguntando como o garoto estava se comportando e também se havia se alimentado bem. Normalmente era o cara que se estivesse ocupado demais pularia uma refeição, coisa que não deixaria acontecer com Sarah, então se ouvisse uma negativa ignorava qualquer queixa de que estava sem fome para ir até uma lanchonete comprar alguma coisa saudável que encontrasse pela frente e ficava na sala dela até que comesse o suficiente.

Até era orgulhoso de si mesmo, seria tolo não ser depois de tudo que passou para conquistar aquilo que estava vivendo. Entretanto, sua felicidade duplicava quando via os passos que seus melhores amigos estavam dando em suas carreiras. 

Jean andava um pouco sumido, visto que estava nas últimas semanas da Academia de Formação e não tinha muito tempo livre, quando tinha acabava por direcioná-lo por completo aos dois namorados e também para a família. Ninguém via problemas nisso, apenas mantinham conversas frequentes quando tinham tempo para se atentar as novidades e não se abandonarem, assim como prometeram no dia da formatura. O local que iria trabalhar ainda era uma incógnita, mas independente de onde fosse, Marco e Armin já haviam garantido que seguiriam junto, pois os trabalhos de ambos eram mais fáceis de se adaptar em outra região, enquanto Jean não tinha opções a não ser aceitar onde fosse destinado.

Armin iniciou o trabalho de advogado na presença de alguns desconhecidos que aos poucos foram conquistando um espaço de admiração e respeito. Sonhava com o dia que teria seu próprio escritório, mas não via qualquer problema de aprender por mais alguns anos com eles até conseguir concretizar o sonho. Era até estranho vestir aquelas roupas sociais, pegar uma maleta em mãos e seguir para reuniões com clientes, afinal até tempos atrás tinha a liberdade de ir até de pijama para a universidade, mas agora era um homem de respeito e deveria se vestir e portar como um. O primeiro julgamento que auxiliou na defesa de um cliente sentia seu estômago corroer em ansiedade, mas quando passou e conseguiram livrá-lo de penas severas respirou fundo admitindo que tinha sido uma das melhores sensações que teve em relação a vida profissional.

Berthold, apesar de pouca ambição inicial ao se formar falando que prestaria qualquer concurso para um vida estável, prestou um para um cargo ligeiramente mais elevado e com uma carga horária tão flexível que torceu todos os minutos até o dia da prova para que passasse, pois aquilo era perfeito para si. Não sabia se daria conta caso passasse, porém daria seu jeitinho para ser um dos melhores ou apenas bom. Recebeu diversas mensagens de incentivo no dia e inclusive de Reiner que o apoiou desde o dia que mostrou interesse em realizar uma coisa daquelas. Demorou algumas boas semanas de pura ansiedade para que recebesse o resultado. Vibrou satisfeito ao ver que havia passado e até em uma colocação aceitável e estava ansioso para começar no começo do ano seguinte. 

Marcavam diariamente uma futura noite de bebidas para comemorarem e relaxarem quando encontrassem uma brecha disponível a todos e apenas torciam que aquilo se concretizasse rápido, pois, apesar de não admitirem em palavras, estavam ansiosos para se reencontrarem e falarem pessoalmente sobre o que estavam vivendo.  

Para Levi e Eren, receber Erwin, Hanji e Lívia em uma tarde qualquer de sábado nem foi tão surpreendente, afinal estavam até acostumados, principalmente devido a afilhada de Levi e a existência da distância entre eles que fazia não se verem constantemente.  A menina era apegada ao padrinho, ao marido do padrinho e também da madrinha que também seria visitada naquele dia. Entretanto, esperavam que fosse apenas uma visita qualquer e não uma intimação para que fossem os padrinhos de casamento do casal.

Aceitaram sem nem pestanejar. Um “sim” era a única resposta possível para um pedido daqueles.  

A cerimônia foi simples, mas igualmente especial na companhia da família e amigos. Lívia não saiu dos braços de Eren, ninguém sabia exatamente o motivo por detrás, apesar dos olhares dele ao marido fossem um sinal de: “Treinamento para o nosso em breve”. Contudo, nem era tão difícil ficar tanto tempo com a pequena, afinal era tão quietinha e fácil de agradar que qualquer pessoa que a tivesse sob cuidado iria gostar. Fez a menina rir algumas boas vezes, caminhar um pouco no local e até a deu algumas frutas para então tê-la dormindo o restante da cerimônia do casamento dos pais.

O casal tentava ao máximo guardar o que aconteceu na Lua de Mel em suas memórias, afinal se começassem a ficar lembrando iriam acabar por despejar a qualquer um sobre o novo segredo entre eles e algumas pessoas. Observavam o celular a cada segundo em busca daquela ligação que há semanas aguardavam querendo ouvir que tinha sido um sucesso ou, infelizmente, um fracasso. Qualquer coisa que os fizesse parar de pensar tanto e ficarem ansiosos.

- Apresente-se Rivaille. — O colega o retirou de seus próprios pensamentos enquanto caminhava para fora da Corporação já bem armado e com o colete no peito pronto para entrar na missão como nos velhos tempos acompanhado apenas de Isabel e Farlan. 

O olhou em desdém, um olhar tão estreito e sério que fez os desconhecidos admitirem que queriam certa distância daquele homem e torciam que não trabalhassem tão próximos, pois não parecia ter um bom humor. Uma expressão dura e principalmente os dois revólveres na cintura, um compartimento para uma lâmina em seu cinto e um pequeno fone que vinha diretamente de suas roupas e estava colado em seu pescoço até chegar a um de seus ouvidos. Tudo isso era como se deixasse uma plaquinha com um aviso: “Não se aproxime”.

Os outros dois compartilhavam o mesmo visual, mas os rostos apresentavam ser bem mais simpático que daquele homem baixo.

- Por quê? — Arqueou uma das sobrancelhas para o homem pouco se importando com a atenção deles e principalmente Isabel rindo ao seu lado. Apoiou a mão em um dos revólveres, gesto que não era para soar como uma ameaça, mas para todos que não o conheciam pensaram que tinha sido.  — Nenhum dos inúteis vai trabalhar para mim, não precisam saber meu nome.

- Levi… — Passou a mão entre os fios de cabelo cansado tentando obter ajuda com Isabel e Farlan, mas ambos deram de ombros completamente divertidos deixando evidente que não moveriam um dedo sequer para nada. — És o líder dos esquadrões especiais, precisa obrigatoriamente se apresentar e lhes explicar as coisas que fazem caso um deles tenha interesse em entrar. Devem saber que é você que organiza as missões de todos que estão sob seu comando e ainda sim deve obedecer o Pixis, mas é um grau acima de muita gente daqui, essas coisas. O padrão… 

- Vês. — Encarou-o sem nem disfarçar seu sarcasmo ignorando plenamente as “crianças” o fitando boquiabertos. — Já me apresentou às crianças, não preciso fazer isso mais uma vez. É inútil.

- E o Pixis ainda acredita que é uma boa ideia colocar-te no lugar dele… — Murmurou em decepção, apesar de saber que a troca seria até boa, não no campo social, mas na funcionalidade da Corporação deixaria tudo nos eixos. — Não deveria estar menos estressado? 

Havia ido ao seu casamento tempos atrás, então esperava pelo menos um pouquinho de consideração, mas aparentemente era inútil, pois além de Levi ter bocejado uma vez quando o foi cumprimentar, nos dias que voltou a trabalhar fingia que nada tinha acontecido e que a presença de qualquer colega em seu casamento lhe era indiferente.

- Não deveria cuidar mais da sua própria vida? — Devolveu no mesmo tom e o colega admitiu que definitivamente era uma batalha perdida, pois nunca conseguiria sair por cima em uma discussão ou simples troca de palavras contra aquele homem. — Não enche meu saco, estou com pressa.

- Bom dia, professor. — Jean disse atraindo a atenção de Levi que até então não havia notado a presença do antigo aluno, apesar de ter ouvido por dias Eren em seu encosto falando para ajudar o amigo a se adaptar da melhor forma possível se pudesse.

Foi uma surpresa boa quando foi direcionado à Corporação que passaria aquele ano obrigatório, bom porque pelo menos conhecia alguns colegas, até mesmo Levi que não era um dos mais simpáticos, porém era ótimo e talvez o motivo principal de estar aliviado era pelo fato de Eren morar por ali, visto que Marco e Armin viriam consigo, não queria que ficassem tão deslocados por sua culpa.

Contrariando todas as expectativas de todas as pessoas que o conheciam há tempos, Levi não ignorou os novatos ou sequer fez uma feição enojada ao ouvir um deles falar consigo. Apenas focou-se em uma das figuras uniformizadas e esticou sua mão em um cumprimento formal.

Jean engoliu em seco e aceitou a mão apertando-a rigidamente, pois se Levi estava sendo educado ele também poderia ser.

- Bem vindo à Corporação, Kirstein.

Aquela era a educação que o homem ao seu lado queria para todos ali e não um único, mas pelo menos estava satisfeito de Levi ter conseguido um pouco ser menos ríspido e não traumatizado todos logo no primeiro dia. Aos poucos iriam vê-lo no modo Ackerman de ser, mas no primeiro poderiam ser poupados.

- Ah, obrigado? — Jean estreitou seus olhos sem saber exatamente como reagir e visualizar os colegas do policial rirem já respondia que eles também não esperavam aquilo acontecendo e igualmente sabiam o motivo de toda simpatia repentina. — Foi o Eren que mandou-te fazer isso, não foi?

Levi desviou o olhar e devolveu as mãos no bolso da calça, ainda parecia intimidador, porém para Jean, Farlan, Isabel e o outro oficial que conheciam bem o dono daquele nome já não existia mais aquela postura séria de poucos amigos no homem baixo.

- Óbvio que foi. — Confirmou indiferente, não ligava que soubessem que Eren vez ou outra tinha a última palavra em suas conversas. Cerrou a mandíbula em decepção e retornou a olhar para o antigo aluno. — Mas também faço por ti, és um amigo dele e acompanhei sua trajetória até aqui. Protegeu-o quando eu estava longe, então… Não se acostume, mas estou orgulhoso, pirralho.

Abriu a boca sem emitir qualquer som, pois estava em completo choque pelas palavras que ouviu. Não o achava ao todo tão ríspido, não na mesma quantia dos primeiros meses que conviveu com ele sendo seu professor, mas até Eren recebia poucos elogios ou palavras bonitas em frente a tantas pessoas. Portanto, foi pego de surpresa com aquilo.

- Hey, Levi, missão, bora. — Farlan o lembrou chamando com uma mão para que se apressasse e deixasse a educação para outro momento. — Estamos com pressa, péssimo dia para ser simpático.

Confirmou com certo tédio e fitou Jean mais uma vez lembrando-se de Eren. Normalmente não falaria algo assim para um novato, mas pelo marido e aquelas manipulações indiretas que só ele conseguia, poderia abrir uma única exceção para Jean.

- Quer vir?

Jean surpreendeu-se com o convite, pois tinha quase certeza que aquele policial não sugeria coisas como aquelas para qualquer um. Não queria tratamento especial, mas também não queria perder a chance de algo assim por seu orgulho. Admitia  a boa vontade de Eren em manipular o próprio marido para uma coisa daquelas, mas queria crescer na Corporação com seu próprio esforço.

- Acabei de chegar na Corporação, acho melhor não, mas agradeço o convite.

- Estás com medinho, Kirstein? — O primeiro sorriso divertido que viram naquele rosto, apesar de não ter tanto humor nele e ser apenas um leve curvar de lábios. Em uma escala Levi aquilo era grandioso. — Vens, criança, os mais velhos te protegem. 

Apontou para Isabel e Farlan confirmando, afinal não deixaria mesmo nada demais acontecer e também seria bom uma experiência daquelas ao rapaz.

- Até porque se acontecer algo comigo o Eren não vai curtir tanto e estará em péssimos lençóis, professor.

Não deveria mesmo provocá-lo, mas era tarde demais para se arrepender e guardar a língua dentro da boca.

- Tch, para com isso de professor, nem mesmo quando eu era o seu me tratava com respeito. — Descartou ignorando Eren ser trazido para a conversa novamente. — Aqui somos iguais, és policial assim como todos que estão aqui.

- Vês, Rivaille, era assim que deveria tratar os novatos. — Bateu delicadamente em seu ombro para indicar que estava com uma porcentagem bem mínima de orgulho do colega. — Com respeito e um pouco de educação.

Levi fechou sua expressão mais uma vez e retirou do compartimento de seu cinto com agilidade uma lâmina apontando-a para o peito do outro oficial sem ao menos piscar seus olhos.

- Não estou de bom humor hoje, então cale a boca e não toque em mim.

- Algum dia já esteve de bom humor?

- Tch.

Olhou para aquela lâmina e suspirou cansado por estar com ela em sua camisa. Era costumeiro presenciar ou receber uma ameaça daquelas, mas para os que não conheciam o homem assustaram-se temendo o que se seguiria.

- Na boa, quando você assumir o posto eu peço demissão. — Afastou a mão de Levi em completa decepção e o viu guardar o objeto novamente nada incomodado. — Meu salário é pequeno demais para aguentar uma merda dessas.

- Devo agradecer a quem quando isso acontecer? — Mais uma feição entediada mostrando que não se importava com nada, desde que não o incomodasse.  — Demita-se, por favor.

Jean não sabia se em uma situação daquelas iria rir, talvez se fosse logo nos primeiros meses que conheceu Levi tivesse uma postura igual a que estava vendo nos novos colegas, mas ali anos após conviver com ele quando estava com Eren não conseguia levar aquele modo ríspido a sério. Não quando toda vez que o olhava lembrasse o quanto o antigo professor ficava totalmente diferente quando o moreno de olhos verdes estava por perto.

- Eren obrigaria-te a agir com educação.

Olhou para Jean em completo desdém.

- Eu quero que o Eren se foda.

Ouviram muitas vezes aquele mesmo nome para que não ficassem curiosos e o motivo de um homem agressivo daqueles seguir alguma ordem ou respeitar ao extremo aquele nome. Portanto, não conseguiram mais segurar a língua e uma mulher próxima a eles questionou:

-  Ahn… Quem é Eren?

Jean sorriu perante o olhar estreito de Levi que era um sinal para que se calasse, pois ninguém precisava saber quem era o moreno de olhos verdes e também sua ligação com o policial.

- O marido dele, meu amigo desde o Colégio e a única pessoa que consegue o deixar educado e bem manso. — Esclareceu.

Viram algumas bocas se abrindo em surpresa pela informação, principalmente pelo oficial não apresentar qualquer negação sobre o que Jean havia dito. Notaram, finalmente, aquelas alianças em seu dedo e confirmaram a existência de alguém na vida de Levi. Ao ouvir a primeira vez aquele nome esperavam que fosse alguma espécie de Superior e que realmente tinha a autoridade de mandar em alguém como aquele homem, mas em nenhuma hipótese pensaram que era seu marido. Se aquela figura tinha respeito por Eren, a grande parte daqueles ali torciam nunca vê-lo, pois provavelmente era alguém ainda mais assustador que o oficial.

- Em breve irão ver ele, suponho que vez ou outra o Cabeça Oca apareça por aqui.

- Aparece. — Isabel piscou para o rapaz mantendo um sorriso divertido nos lábios. — Claro que ninguém manda mensagens escondidas para ele implorando que venha aqui. — Garantiu de maneira totalmente falsa. — Obviamente que não, pois o Levi é um doce de pessoa e extremamente agradável de mau humor.

- E o garoto finge que nem curte aparecer aqui na Delegacia ver o maridão, são dois falsos. — Farlan disse partilhando o humor da ruiva. — Mas ele é legal, todos gostam dele e ao todo não é tão ruim quando aparece.

- Tch, temos missão, vamos logo. — Descartou sem se alongar naquilo, pois até gostava das visitas surpresas de Eren. Em seguida voltou-se para Jean. — Tens o convite, se quiser venha, apenas não se lamente com o idiota, pois se eu ouvir você falando mal de mim para ele sua vida será um inferno aqui. Pode ter certeza disso, Kirstein.

- Sim, general, já entendi. — Levou a mão até a testa como antigamente. Talvez fosse uma péssima  ideia provocá-lo, mas ao mesmo tempo via que em algum tempo teriam alguma amizade, apenas torcia que não morresse antes. — Até porque seu amorzinho convidou-me para jantar hoje a noite em vossa residência e seria bem ruim para ti que ele soubesse o que aconteceu agora.

Tentaram ao máximo resistir ao impulso de sorrir, mas ver a expressão de desgosto que Levi adotou para si quando ouviu sobre o jantar foi o auge daquele dia.

- Oh, que maravilha, belo dia para levar um tiro na testa e me poupar dessa merda de jantar. — Resmungou se afastando deles acenando rigidamente para que Jean se aproximasse logo e se preparasse também, pois não iria esperar muito tempo. — Estou tão animado!

Jean sentia-se nervoso, afinal atirar em alvos em formatos de corpos era uma coisa, complicada no início, mas até tranquilo. Entretanto, pegar uma arma em mãos sabendo que em qualquer momento alguém poderia aparecer em sua frente era uma sensação estranhamente boa e com altas doses de adrenalina em seu sangue. Ouviu atentamente o colega loiro lhe explicar que ficaria atrás deles e seguiria absolutamente todas as ordens sem qualquer possibilidade de dar uma de corajoso e os desobedecer. Concordou, não era tolo em fazer algo assim.

A partir daquele dia não brincaria mais com o perigo com aqueles três, porque até os dois de sorrisos fáceis o trouxeram um sentimento de medo quando começaram a agir se divertindo em imobilizar pessoas, chutar e principalmente atirar. Não precisou atirar, mas sabia que se precisasse talvez não fosse agir com nervosismo, pois tinha a mão firme e ao menos tremeu.

Como, infelizmente, teriam que jantar na casa de Levi acabaram por seguirem juntos após retornar à Corporação.

Entrou pela porta do apartamento com Jean ao lado e tentou não demonstrar sua decepção por mais companhia. Entretanto, já deveria prever que o colega de Eren não estaria sozinho naquele jantar e sim com a companhia dos namorados, os quais eram amigos do rapaz de olhos verdes.

Armin e Marco estavam sentados perto de Eren enquanto o moreno tinha a cabeça de Beatriz apoiada em uma de suas coxas completamente esticada no sofá recebendo um cafuné enquanto mexia no celular do pai. Conversavam entre si enquanto aguardavam que o restante das pessoas chegassem, ou seja, Levi e Jean.

O loiro já havia aberto alguns bons botões da camisa social clara brincava com os dedos no tecido de sua calça escura mantendo as pernas cruzadas. Preferia que tivesse vindo com uma roupa menos formal e arrumadinha até o apartamento do amigo, porém veio logo após o trabalho no novo escritório, então não teve tempo de trocar-se quando Marco o buscou. Agradecia o fato de Jean ter sido direcionado até aquela cidade, pois conseguiu fácil mudança de escritório, visto que seu antigo tinha uma filial por ali e concordaram de bom grado o dar a chance de se mudar.

Marco ainda estava com uma pequena dificuldade em encontrar um emprego em sua área, mas tinha a confiança de que em algumas semanas algo bom o suficiente iria aparecer. Estava animado por Jean e Armin, além de estar extremamente orgulhoso de estarem aos poucos dando aqueles passos juntos, como, por exemplo, partilhar um apartamento, dividir as contas e obrigações, assim como aproveitarem o tempo o máximo possível lado a lado. Estava com os pés de Beatriz sobre suas coxas, mas nada incomodado, apenas apoiou uma de suas mãos no tornozelo dela e vez ou outra a fazia cócegas para parar de ficar só no celular e os dar atenção também.

- Sim, eu definitivamente deveria ter levado um tiro hoje. — Levi murmurou em reclamação vendo as pessoas ali, um tom baixo, mas que Jean ao seu lado ouviu e riu discretamente. — Porra, parece praga… Está infestado de pirralhos… 

Não demoraram a serem notados, afinal dois homens fardados e com mochilas nos ombros não passavam tão facilmente despercebidos. Ainda mais que seus companheiros estavam ali e olhavam para aquele uniforme com um sentimento em comum: Desejo.

Beatriz largou o celular, pulou do sofá e correu na direção de Levi levantando os braços para que a pegasse no colo e erguesse. Não negaria um abraço, não após um dia cheio de trabalho que só queria relaxar.

- Papai!

No instante que a levantou sentiu-se colada contra seu corpo pouco se importando se estava apertando com força demais. Sentia saudades de passar o dia todo com Eren e Levi, sendo que o primeiro já teve sua cota de abraços apertados desde o momento que havia a buscado na escola como desde então ficou próxima de si querendo carinho.

- Hey, irá quebrar-me desse jeito, calma, garotinha. — Pediu sorrindo ao sentir-se extremamente apertado pela menina pouco se importando se iria machucar o pai. — Comportou-se hoje?

Estreitou os olhos analisando aquela feição divertida e sabia que independente da resposta talvez não fosse ouvir a real, pois aquele rostinho traquina deixava evidente que vez ou outra fazia seus próprios gostos e nem sempre era o que os professores achavam certo.

- Uhum… Eu sempre me comporto… 

- Espertinha achas que me engana? — Beijou sua bochecha mais uma vez e desistiu de qualquer tentativa de a tirar de seu corpo, porque estava agarrada e sem qualquer intenção de se soltar. — Depois vou verificar se estás falando a verdade e ajudar-te nas lições que deve ter aos montes no caderno, as quais provavelmente estás a ignorar.

- Tudo bem, papai. Depois, né? — Arqueou as sobrancelhas respondendo sua própria pergunta com uma afirmação rápida certa de suas palavras. — Agora: Descanso e brincar...

Concordou brevemente e fechou sua expressão para uma menos babona ao verificar que todos estavam o olhando fixamente em como transformava-se para uma versão tranquila e carinhosa quando estava com a filha. Além disso, sabiam que também era aquela versão com Eren, apesar de terem tido pouco acesso a aquilo. Focou-se principalmente no moreno de olhos verdes que aguardava pacientemente que Beatriz parasse de roubar toda a atenção para ela, pois queria um beijo do “papai” também.

- Suponho que irão jantar aqui, já que os convidou sem me avisar. — Disse sério em um tom acusador em sinal de: “Lembra-se que somos casados e, sei lá, deveria dizer-me que vai convidar pessoas para nosso apartamento?!”. — Quer pedir comida hoje?

- Por favor, hoje o dia foi cheio e estou morto. — Concordou e voltou-se para os três amigos com um sorriso que evidenciava um: “Viram como ele consegue ser fofo? Esse é o motivo que apaixonei-me por ele”. — Se importam?

- Não, relaxa. — Armin descartou com seus típicos sorrisos simpáticos logo voltando seu olhar para um dos namorados, um pouco por causa do visual novo e que estavam gostando de ver, mas também curioso sobre como tinha se saído. — Como foi o primeiro dia, Jean?

- Cara, foi incrível. Sem sombras de dúvidas estou na profissão certa, porra, é incrível, tudo lá...  

Apenas pelo brilho nos olhos já conseguiam chegar até aquela conclusão, mas iriam ouvir tudo que quisesse os falar.

- E bem… — Coçou sua nuca incerto se poderia informar aquilo, talvez sim, pois em algum momento todos iriam saber do que realmente tinha acontecido. Então valia a tentativa. — Meio que entrei em missão hoje… 

- No seu primeiro dia?! — Marco abriu a boca surpreso para dar entrada a um sorriso orgulhoso. — Como isso rolou?

Olhou para Levi que enrijeceu o maxilar em sinal de: "Calado, garoto". Portanto, sem dar chance de entrar naquele diálogo caminhou até Eren e delicadamente retirou a filha que estava agarrada em si e não aprovou a atitude do pai. A deixou carinhosamente sobre o moreno finalizando aquele papo, depois ela ganharia mais abraços, mas não gostava tanto quando estava uniformizado, e o pior: Armado.

- Vou tomar um banho, depois volto. — Piscou para a menina e pegou o celular no bolso entregando para Eren um pouco crítico sem abertura nenhuma para sorrisinhos como ele estava o direcionando. — Pede daquele restaurante que eu gosto e também mande mensagens para a Carla. Ela encheu-me o saco hoje de novo que você esquece que tem mãe e disse que sou um ser humano muito insensível por ter roubado o bebezinho dela.

- Ok, vou fazer isso. — Acenou positivamente e sorriu de canto conversando com o marido através do olhar porque estava se esquecendo de algo com extrema importância: Seu beijo de chegada.

- Tch, és um mimado, pirralho.

Suspirou cansado e acabou por o dar um selinho rápido e enfim seguir para o quarto com certa pressa. Sabia que Eren seria educado e indicaria o banheiro do quarto de Beatriz para que Jean tomasse um banho também, já que saíram apressados e sem muito tempo para um após a missão.

Eren tossiu discretamente para que parasse de encará-lo com aquelas caras, entendia quando o olhavam daquela maneira na época da faculdade, quando Levi e ele eram apenas namorados e tinham  aquele namoro escondido perante a muitas pessoas, mas agora casados e com uma filha achava totalmente “idiota”.

- Bem, pode ir também Jean, depois volta para cá contar as novidades. — Apontou na direção do quarto da filha e o rapaz afirmou, pois também sentia que precisava de algo assim para relaxar da tensão de seu corpo. — Então, Armin, estive pensando, daqui algumas semanas tenho uma prova de um concurso… Se eu tornar-me de fato juiz, mesmo que provisório até a Sarah terminar a licença dela, a gente vai se encontrar muito no tribunal…

- Cara, vai ser estranho. — Concordou apontando para o seu próprio vestuário e em seguida para Eren que apesar de descalço, cabelos desorganizados e a camisa de botões com alguns abertos, ainda estava ligeiramente formal demais para o padrão que todos estavam acostumados. — Ainda não consigo acreditar que somos adultos e temos nossos próprios trabalhos… 

- Sim! — Eren apoiou seu queixo na cabeça de Beatriz rodeando a cintura dela com suas mãos enquanto ela intercalava o olhar entre os dois amigos do pai virando seu rosto para os lados quando falavam alguma coisa. — Minha ficha só caiu quando eu vi o Jean com o uniforme.

- “Jean”. — Marco repetiu com um sorriso irônico olhando para o namorado por ouvir o nome do rapaz de cabelos claros invés do tradicional “Cara de Cavalo”, que estavam habituados. — Até chega a ser estranho não ouvir o apelidinho do "Jean" saindo da sua boca como você era tão acostumado tempos atrás… 

Eren sorriu embaraçado e olhou para baixo indicando Beatriz que estava sob seu colo. Ela era a única motivação de Eren manter sua educação e palavras refinadas, pois ele próprio reclamava de Levi quando falava coisas agressivas, então não poderia ter as mesmas atitudes. Seria hipócrita demais.

- Vamos escolher o cardápio antes que os dois famintos retornem. — Desconversou soltando uma das mãos que estava na barriga de Beatriz para pegar o celular de Levi e enfim desbloquear.

Mandaria a mensagem para a mãe depois, mas não esqueceria, apesar de achar que a mulher fosse um pouquinho dramática demais, pois havia mandado alguns áudios pela manhã lhe perguntando se estava bem e se gostaria de passar o fim de semana com eles e a menina.

- Alguma preferência? — Perguntou a eles já selecionando previamente o prato que sabia que Levi iria querer, assim como o seu e também de Beatriz.

- Comida. — A menina disse séria convicta, Eren sorriu e confirmou que teria aquilo sim.

- Pede o que você achar que nós iremos gostar. — Marco deu de ombros, pois quando estava com Armin e Jean sempre se tornava insuportável definir o que iriam comer. 

- Qualquer coisa, você conhece nossos gostos. — Armin concordou. — Vou na opção da Bea, sendo comida manda para cá.

Fez o pedido e aguardaram conversando entre si, tendo a participação de Beatriz vez ou outra. Quando os dois retornaram do banho, Levi tinha uma única questão para Eren e que infelizmente já sabia a resposta ao julgar aquele rosto que, infelizmente, conhecia bem.

- Mandou mensagem para a Carla?

- Não ainda.

Levi olhou sério, um olhar estreito que lembrava a Jean aquele que visualizou mais cedo falando com os colegas da polícia, um que provavelmente muitos tinham medo e seguiam plenamente as ordens que ele emitia, mas Eren não parecia tão afetado, pois mantinha o sorriso debochado nos lábios.

- Tch, mande agora, não se enrole.

- Sim, senhor. — Revirou os olhos e ligeiramente digitou algumas coisas para a mãe, garantindo que faria uma chamada de vídeo quando os amigos fossem embora.

Feito isso, Eren olhou para ambos. Um olhar que Levi e Jean sabiam que era o sinal claro de que nada agradável viria em seguida. Portanto, já esperavam o pior saindo daquela boca.

- Que bonitinho, os dois trabalham juntinhos agora. Estou emocionado em ver nossos dois meninos juntinhos... 

Levi dispensou a ironia facilmente, mas Jean lançou um olhar sério para o amigo e só não falou nada porque estava cansado demais, além da presença de uma criança entre eles, o qual sentou-se próximo de Marco e piscou discretamente para Armin que estava longe demais, mas logo mudariam aquilo.

- Não necessariamente, na realidade verei ele pouco. — Levi esclareceu focando-se principalmente em Eren enquanto os outros o observavam atentamente, em principal Jean que a partir daquela missão talvez sentisse certa vontade de realizar coisas como aquelas mais vezes. — Normalmente eu não tenho muito contato com os novatos, apenas aqueles que tenham interesse em ir para os crimes especiais que eu lidero. Nenhum escolhe de boa vontade, então sem chances.

- Por que não? — Jean questionou realmente curioso, porque se fosse algo semelhante ao o que viveu naquela manhã e tarde seria ótimo e exatamente uma coisa que gostaria de fazer por bons anos.

- Devido a uma série de fatores. — Deu de ombros não querendo tratar aquele assunto, não com Eren ouvindo atentamente e provavelmente não iria gostar de ter a certeza de que seu trabalho era complicado. — Alto grau de perigo diário, trabalho em campo e o dobro de burocracia chata para resolver em cada caso que fechamos, além de serem os piores casos que a Delegacia possui… É chato e perigoso, então alguns novatos participam de uma única missão e pedem para mudar de setor. Sempre assim e até prefiro, porque os inúteis não entram.

- Pensei que ao assumir o posto de líder você pararia de entrar nessas missões… — Eren murmurou seriamente demonstrando seu desgosto ao ouvir “perigo”.

Sentou-se ao seu lado e utilizou Beatriz como refúgio para fugir dos olhos verdes cabisbaixo, apertou a bochecha da menina com os dedos e continuou a falar com Eren.

- Entro menos nelas, mas ainda participo de muitas. Sabes disso, pirralho.

Eren relaxou um pouco sua postura, confiava no potencial de Levi, mas isso o deixava preocupado e sabia que seria assim até a aposentadoria do homem. Visualizar aquele sorriso discreto indicando que não queria falar muito sobre o trabalho era suficiente para Eren relevar. Ainda mais por vê-lo claramente cansado com os cabelos molhados penteados da maneira de sempre, as roupas mais confortáveis que sempre usava em casa.

- Então, se hipoteticamente eu quisesse entrar… — Jean começou a falar para interromper uma possível conversa entre o casal que não queriam mesmo presenciar e tinha certeza que Beatriz não queria ouvir algo assim dos dois pais. — Teria dificuldades?

Levi olhou-o em um claro agradecimento silencioso, apesar de continuar com aquela expressão de sempre no rosto.

- Não, é tranquilo de entrar na realidade. Os novatos participam de uma missão qualquer, recebem uma semana de burocracia chata sobre o que devem fazer e se aceitarem estão dentro, além de passarem por uma pequena entrevista comigo, já que lidero o grupo. Se eu admitir que será bom, é aceito, do contrário, retorna ao que fazia antes.

Eren olhou para Levi e Jean, um sorrisinho que ambos sabiam que era um péssimo sinal novamente. Talvez não quisessem ouvir, mas teriam, afinal não havia saídas. Um por estar em seu próprio apartamento e ser casado com aquele rapaz, o outro por estar com os dois namorados presentes, sendo que ambos iriam o bater se simplesmente saísse dali sem jantar.

- Se você entrar, o Levi se torna automaticamente o seu chefe… — Disse pensativo, os dois policiais concordaram, afinal era óbvio, mas não entendiam o que Eren queria insinuar com aquilo. — Como eu mando no meu marido, consequentemente eu mando em ti também, Jean. Que legal, caras. — Mais um sorriso não partilhado por Levi e muito menos Jean, porém Armin, Beatriz e Marco haviam achado sim graça naquilo e estavam a rir tanto do que ouviam como das expressões dois dois homens. — Se pararem para pensar, eu sou muito importante naquela Corporação e ao menos trabalho lá.

Na opinião de Levi, Eren poderia tê-lo poupado daquelas palavras sobre mandar em si, mas ao mesmo tempo até preferia que estivesse agindo com certa maturidade não insistindo na tecla que seu trabalho era perigoso e se preocupava. De fato, o clima havia melhorado bastante a partir daquele momento e um jantar com eles não seria ao todo tão ruim. Via como a presença dos amigos fazia bem a Eren e sua felicidade sempre era a prioridade, ainda mais por ver que Beatriz gostava deles também.

 

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Em alguns dias da semana que ambos estavam tranquilos, sem muitas obrigações, acabavam por dar uma pequena fugida dos trabalhos para fazerem algo juntos, normalmente um café qualquer. Obviamente não acontecia sempre, pois ambos sempre estavam tão ocupados que era até irritante para o casal. Entretanto, naquela tarde conseguiram dar aquela fuga que as pessoas fingiam desentendimento.

Mantinham as mãos entrelaçadas, caminhavam até algum café após estacionar o carro e depois retornavam inocentemente como se não tivessem feito nada demais, vez ou outra tinham atrasos mais longos, pois a rota ia diretamente para o apartamento deles e acabavam por se aproveitarem um pouco demais do tempo disponível.

Levi sentiu-se sendo puxado para entrar em um local, não apresentou resistência imediata, afinal não tinha nem noção de que estabelecimento era aquele e o motivo de Eren estar tão afoito para entrar. Entretanto, após estar dentro e verificar que se tratava de um local repleto de animais fechou seu semblante para um extremamente negativo entendendo finalmente as intenções do próprio marido com aquilo.

- Eren, não, nem pense nisso. 

Foi plenamente ignorado, apenas teve sua mão livre porque Eren o soltou e visualizou o moreno olhando tudo a sua volta focando-se em um cachorro que tinha uma coleira ao redor de seu pescoço e amarrado com cuidado ao lado para que não fugisse.

No mesmo instante Eren foi até ele, abaixou-se e afagou os pelos do cachorro de maneira carinhosa e até divertida ignorando o ar de poucos amigos que apenas aquele gesto estava gerando em Levi, era quase como se estivesse demonstrando através do olhar que não tocaria em suas mãos enquanto não as lavasse.

Recebeu uma bela lambida em seu rosto deixando uma de suas bochechas repleta e mais uma vez sorriu ao ver a expressão enojada de Levi. Naquele instante admitiu que não teria mais beijos, não sem um banho. As manias de limpeza do marido o irritavam às vezes, como naqueles casos.

Olhou para aquela pequena placa ao lado do cachorro, sorriu satisfeito e olhou para Levi com aquela típica expressão imploradora quase a fazer um biquinho.

- Vamos adotar?

Como negaria algo a aquele rosto caído, os lábios formando aquele biquinho que sempre julgou manipulador e aqueles dois olhos verdes brilhando animados enquanto aguardava uma resposta positiva? Para Levi aquilo era inegável, não conseguiria, não com Eren daquela maneira quase o implorando.

- Quando falei aquilo no casamento não estava brincando, eu realmente quero um e ficaria bem satisfeito se você aceitasse isso facilmente sem que eu precise chorar.

Visualizá-lo igual uma criança tendo a mão lambida diversas vezes pelo cachorro também era um incentivo de que a adoção só iria trazer coisas boas e até uma alegria para a casa. Não sabia a opinião de Beatriz sobre um animalzinho, mas tinha certeza que seria igualmente positiva a uma das dos pais.

- Nada de deixá-lo subir nos móveis, nem fodendo que ele vai ficar no nosso sofá e se um dia eu ver ele na nossa cama eu vou ficar puto contigo. — Informou sério tirando toda possível responsabilidade de si mesmo porque seria totalmente de Eren e nem mesmo aquele rostinho manipulador o faria mudar de opinião. — Você será o responsável por tudo dele: Comida, banhos, veterinário, tudo.

- Sim, senhor. — Coçou abaixo das orelhas do cachorro sem conseguir retirar aquele sorriso vencedor dos lábios.

Não importava-se em fazer tudo, sabia que sua boa companheira, Beatriz, o ajudaria em tudo necessário, principalmente nos carinhos e afeto com o cachorro. Além disso, aquela postura reticente de Levi iria cair em algum momento, e ele estaria lá para apontar para seu rosto e acusar que era um grande hipócrita.

- Eu no máximo vou levá-lo para passear quando for correr, mas de resto é o seu cachorro. — Continuou. — Então, você é o responsável dele.

- Tanto faz. — Mais uma concordância pouco se importando com as ordens de Levi e palavras sérias demais.

Olhou para o cachorro sério.

- Não pense que eu gosto de você, apenas te respeito. Então, tenha senso de espaço, não roube o que é meu e muito menos se aproveite muito do Eren, não vou dividir meu tempo que tenho com ele contigo. Ele é meu.

Eren esperou que fosse uma piada, mas o policial estava sério demais para que fosse.

- Levi.

- Calado, não estou falando contigo. — Descartou sem um pingo sequer de humor e apontou para o cachorro. — Meu papo é com ele.

O cachorro roçou sua cabeça contra uma das pernas de Levi enquanto o olhava, para Eren o olhar já o derretia e tinha vontade de o direcionar mais carinho, porém o marido não partilhava a mesma opinião, visto que continuava com aquela aparência séria.

- Tch, não convence-me com isso, esforce-se mais. — Dispensou desviando o olhar seriamente para não fazer qualquer contato visual com ele e muito menos com Eren.

- Para de birra.

Em breve se arrependeria de ter convidado Eren para aquele café, mas valia a pena esperar e verificar se a ideia de ter mais um integrante na família era realmente ruim ou poderia trazer bons frutos. Se aquele ser de quatro patas conseguia tirar tão fácil aqueles sorrisos bonitos do moreno de cabelos rebeldes, valia a tentativa trazê-lo para perto, desde que continuasse eficiente na tarefa de fazer Eren feliz.

- Ele precisa de um nome. — Eren pontuou pensativo, mas a quantia de possibilidades era vasta demais para que simplesmente escolhesse um. — Algo forte, imponente e marcante, da mesma forma que esse furacão de quatro patas é… — Passou os dedos entre os fios macios mais uma vez tendo conhecimento de que Levi não o ajudaria minimamente naquilo, nem se implorasse ao policial insensível para que fizesse. — Bob.

Levi abaixou o olhar para verificar se Eren estava tirando de sua cara com aquilo, não era possível que após tantas palavras, o rapaz fosse escolher um nome tão comum e sem muito daquilo que procurava: Personalidade.

O cachorro latiu duas vezes quase como uma concordância pelo que ouviu.

- Sim, Bob, gostastes do nome, não é garotão? — Mais um carinho de Eren nele e como consequência outro latido. — Bob Ackerman.

Levi estalou a língua não precisando nem se esforçar na face de desgosto e negação.

- Não. — Movimentou o dedo indicador para os lados, assim como sua cabeça, para que Eren não insistisse ou repetisse um absurdo daqueles. — Isso definitivamente não

- Ah, vais, não seja resmungão, amor.

- Tch, não convence-me ao chamar por esses apelidos carinhosos. Quer chamar ele de Bob, chame-o, mas nosso sobrenome é forçar a barra demais e eu não aceito isso.

Aproximou-se da orelha do cão para sussurrar um segredo:

- Bob Ackerman sim, ele não manda, garotão.

Conversaram com o funcionário, sendo que Eren quase não conseguia conter a felicidade de estar adotando um animal, já Levi mantinha-se de braços cruzados e vez ou outra olhava para o moreno em decepção suspirando cansado por ter caído tão fácil naquelas expressões bonitinhas e palavras dele.

Seu único pedido foi que o cachorro continuasse ali, pelo menos até o próximo dia, pois não possuíam nenhuma estrutura para a recepção dele. Eren concordou, além disso, precisavam preparar Beatriz e verificar se reagiria bem com aquilo ou não.

- Temos uma surpresa para ti. — Foi exatamente essa a frase que Eren disse à Beatriz durante a tarde daquele domingo antes que a auxiliasse para se arrumar apropriadamente para mais um passeio no parque enquanto Levi continuava esticado no sofá ligeiramente entediado ainda um pouco reticente naquela decisão.

Levi colocou a menina em seus ombros e segurou seus tornozelos para a deixar equilibrada e sem risco nenhum de quedas, afinal não se perdoaria se a visse machucada, mínimo que fosse o ferimento. Sentia aquelas mãozinhas carinhosamente em seus cabelos enquanto Eren andava ao lado deles completamente animado por finalmente realizar algo que queria há tempos.

Havia pedido e até pago uma pequena quantia ao funcionário para que trouxesse o cachorro até o parque e os aguardasse chegar. Obviamente aceitou, ainda mais ao escutar que queriam surpreender a filha. Não conseguiria negar, não quando envolvia uma criança.

Portanto, lá estavam e ao longe conseguiam vê-lo movendo-se tentando se livrar da coleira totalmente inquieto e impaciente.

Levi retirou Beatriz de seus ombros ainda incerto se era uma boa ideia deixar alguém daquele tamanho perto de um cachorro, mas confiaria no julgamento de Eren. 

Ao se aproximarem ela olhou para os dois confusa por estarem próximos de um cachorro, ao notar o sorriso de um deles incentivando a se aproximar do cachorro sorriu e com certo receio levou uma das mãos até a cabeça dele, fechou um de seus olhos, virou a cabeça para o lado oposto com medo e fez um carinho.

Eren ajoelhou-se ao seu lado sorrindo em agradecimento para o funcionário que os deixou após se despedir, colocou a mão sobre a da filha incentivando que poderia fazer aquele carinho e que nada de ruim aconteceria. Quando notou que já estavam bem e até se dando bem, levantou-se ficando ao lado de Levi que ainda se mantinha com aquela expressão neutra, a qual Eren ligeiramente odiava que o marido fizesse tão bem, pois queria entender o que se passava naquela cabeça.

Ao ver que o rosto da filha estava sendo lambido pelo cachorro e ela não estava minimamente incomodada, inclusive rindo, Levi fez um semblante de nojo se questionando se ela e Eren realmente achavam aquilo higiênico, porque ele não deixaria uma situação daquelas acontecer consigo e muito menos chegar em um nível sequer semelhante.

- Sabe, ele lembra-me um pouco você. — Informou fazendo com que Eren estreitasse seus olhos não tendo a certeza de que ficaria satisfeito a ouvir o que ele queria dizer com aquilo. — Destrói tudo por onde passa, é bagunceiro, não para quieto e fica babando em tudo que toca. — Mais um olhar de comparação entre o cachorro e Eren. — Se você fosse um cachorro, seria igualzinho a ele.

- Pelo menos eu seria fofo. — Devolveu nada incomodado para que Levi parasse de olhar com nojo para o cachorro e a quantia de baba que estava deixando em Beatriz.

A rotina com um cão em casa virou de ponta cabeça, se antes tudo era organizado, agora quase não existia isso, afinal quando viam tudo estava uma repleta bagunça como se um furacão tivesse passado por ali. Levi apenas olhava para Eren e ao passar dos dias nem precisava dizer que seria o moreno a limpar e arrumar, pois já até sabia.

O auge foi ver a filha correndo atrás do cachorro porque ele havia roubado uma de suas meias. Diante da cena, nem Levi conseguiu manter a seriedade e teve que rir com Eren até sentirem as bochechas e a barriga doerem por vê-la séria pegando a meia finalmente e apontando o dedinho indicador para Bob enquanto falava o quão errado e feio aquilo tinha sido.

Aos poucos começou a ficar mais disciplinado, as meias de Beatriz sendo ignoradas, a organização mantida com mais facilidade e um convívio amigável entre todos. Eren o levava para brincar no parque mais próximo sempre que tinha algum tempo livre, Beatriz garantia que mesmo no apartamento ele não se sentisse triste e Levi quando ia correr o levava de companheiro para testar sua velocidade.

Levi deitou-se cansado na cama pronto para um breve cochilo antes que Eren chegasse com Beatriz e tornasse tudo barulhento como sempre. Precisava de pelo menos quinze minutos deitado para descansar seus músculos e então teria toda a energia necessária para brincar com Bea, auxiliar Eren no jantar e qualquer outra coisa que os dois gostariam de fazer. Fechou os olhos e os abriu em seguida ao ouvir um ruído animal vindo do novo integrante daquela família que estava deitado despojado em um canto do chão, as patas esticadas e os olhos focados no dono o transpassando um sentimento que nem Levi conseguiu resistir. Ficou com pena.

Suspirou cansado e bateu duas vezes com a palma de sua mão ao seu lado olhando para Bob ainda desacreditado que ele próprio estava descumprindo sua ordem de não deixar o cachorro subir na cama. Entretanto, cansado demais até para drama canino.

- Vem cá. — Imediatamente o cachorro saiu daquele estado "chateado", o máximo que um cão poderia sentir, e pulou na cama subindo e se aconchegando no espaço disponível ao lado de Levi, o qual delicadamente pegou o travesseiro de Eren e colocou abaixo da cabeça do cachorro,  pois se fosse para ele babar em algo, que fosse ali. — Sem me lamber e muito menos ficar fungando, apenas dorme e deixe-me descansar em paz.

Obviamente não teve qualquer ordem obedecida, pois sentiu em alguns minutos o cachorro lamber seu braço nada incomodado. Ignorou-o apenas descansando e relaxando o máximo possível com a certeza de que tomaria mais um banho para livrar-se daquela saliva canina em sua pele.

Nem ouviu Eren chegar, os encontrar daquela maneira e sorrir para em seguida chamar Beatriz baixinho para que pudesse vê-los também e se divertirem às custas de ambos.

Beatriz foi para o banho e Eren aproveitou-se para deitar ao lado de Levi, passar carinhosamente os dedos em seu rosto e também no cabelo. Ainda naquele sono tranquilo, portanto, teve que aumentar os carinhos para que fossem mais eficazes e finalmente acordasse: Beijou seu rosto algumas vezes para enfim ver os olhos se abrindo aos poucos desacostumado com a claridade.

- Ora, ora, se o insensível de palavras grossas sobre o cachorro não foi encantado pelo Bob. — Murmurou em tom baixo intercalando o olhar para o marido e também para a mão dele que estava sob as costas do cachorro como garantia de que continuasse ali.

- Calado, Eren, não sejas estúpido.

- Admita que gosta um pouquinho dele. — Insistiu brincando com os fios do cabelo dele vendo aquele rosto ensonado e ligeiramente amassado se tornar um bem desgostoso por estar sendo ironizado. — Um pouquinho, mínimo que for, mas gostas.

- Tch, não mesmo… 

Não confirmaria aquilo, mas até sentia orgulho de ver o animal aguentando boas velocidades e vez ou outra até lhe fazia um carinho abaixo das orelhas, apesar de todas as vezes lhe dizer um: “Evento único, não se acostume, garoto”. 

Jantaram juntos e Eren gargalhou ao ver a filha sem nenhuma discrição pegar um pedaço da comida de seu prato e abaixar a mão para que Bob o pegasse.

Tiveram a mesma rotina de sempre: A deixaram brincando enquanto organizavam as coisas quando o jantar se finalizou, brincaram um pouco aproveitando aquele tempo livre enquanto algo aleatório passava na televisão e quando o horário se tardou ainda mais Beatriz já sabia que deveria se organizar para dormir, a deram o habitual beijo de boa noite e como das outras vezes aceitaram que Bob ficasse por lá deitado no tapete do quarto da menina.

Definitivamente conseguiriam negar aquilo, não quando aqueles dois olhos de cores diferentes os olhavam com um brilho manipulador e até os castanhos do cachorro transpareciam que queria manipulá-los para que deixasse.

Deitados no sofá, Levi estava com duas almofadas sobre uma das coxas de Eren apoiando sua cabeça ali para ficar perto dele enquanto assistia TV. O rapaz por sua vez folheava um de seus livros, o celular no peito e vez ou outra sorria pela forma que estava com o marido.

Levou a mão até aqueles fios negros o fazendo um carinho rápido e retornou a mão para a coxa livre. Voltou o foco ao livro e sentiu uma mão um pouco fria apertar seu pulso e puxá-lo para cima e novamente sentiu o cabelo de Levi contra seus dedos indicando que ele queria mais daquele cafuné. Sorriu desviando a atenção do livro mais uma vez, o deixou sobre o peito e pegou o celular. Retirou a mão novamente e em questão de segundos sentiu mais um aperto de Levi para que retornasse. 

Carente demais e manhoso do jeito que Eren amava e tinha exclusividade, pois era um dos únicos que o via daquela forma e conseguia tirar daquela postura séria de poucos amigos que todos tinham acesso.

Abriu o aplicativo de fotos continuando o carinho naqueles fios e quando iria gravar um vídeo daquilo recebeu uma ligação. Aceitou-a curioso, afinal não era um horário que qualquer pessoa o ligaria e admitia que deveria ser engano, caso fosse, receberiam um bom xingamento para que não o incomodasse mais.

No instante que colocou o celular na orelha e ouviu as palavras sentiu o peito se arder e o coração disparar. Nem lembrava-se mais do cafuné em Levi, pois toda sua atenção estava no que aquela mulher estava o falando e sem reação nenhuma para continuar o diálogo ou lhe perguntar alguma coisa. Se não estivesse tão boquiaberto teria esticado o celular na direção de Levi e ele que continuasse a chamada, pois por ele já não existia mais nada no mundo a não ser as primeiras coisas que ouviu.

Levi virou seu corpo curioso, sentou-se analisando a feição de choque de Eren e ficando ligeiramente assustado, porque não parecia uma notícia boa e estava curioso para descobrir o que havia acontecido.

Desligou e bloqueou o celular ainda boquiaberto fitando os olhos confusos de Levi, moveu a mão até o rosto do mais velho com extremo carinho e sorriu.

- Amor… 

- Estás me assustando, o que aconteceu? — Arqueou uma sobrancelha sentindo o carinho em seu rosto, tudo indicava que era algo bom, mas Eren era uma incógnita agindo daquela maneira. — Eren? — Ainda o silêncio fazendo com que Levi quase desse um tapa em seu rosto para acordar logo e lhe contar. — Pirralho, tudo bem? O que aconteceu?

- Lembra-se do procedimento que fizemos e estávamos aguardando respostas? 

Levi lembrava, não havia nem como esquecer-se, já que ele e Eren estavam desde aquela tarde ansiosos para saber se foi efetivo. Estavam ansiosos por uma resposta positiva, mas se acabassem por ter uma negação e a falta de sucesso iriam superar e tentar novamente até conseguirem. Entretanto, a julgar o brilho daqueles olhos verdes Levi conseguiu sorrir sentindo a emoção.

- Deu certo?

Eren moveu a cabeça positivamente diversas vezes ainda sem acreditar naquilo. Por outro lado, o que estava o tirando o ar não era a existência de um neném crescendo a cada dia no ventre de alguém, mas, principalmente, outra grande informação que ouviu através do celular.

- Gêmeos, Levi, são duas crianças! 

- Porra… — A única palavra que seu cérebro conseguiu pensar e sua boca transmitir, porque estava completamente em choque com a boca aberta, olhos arregalados e a cabeça uma completa bagunça sem saber reagir a aquela novidade.

Diante disso, teve a única atitude possível para aquilo, sorriu para Eren e o puxou para um abraço apertado. Um abraço que exalava toda aquela ansiedade que vinham sentindo desde a Lua de Mel cheios de incerteza se aquela ideia “louca” daria certo. Havia dado e estavam realmente felizes por aquilo.

- Vamos comprar uma casa. — Informou à Eren sem intenção nenhuma de soltá-lo tão cedo, foi a primeira coisa que passou na sua cabeça e uma preocupação válida. — Isso aqui vai ficar pequeno demais para três crianças e um cachorro, ainda mais se puxar tua agitação.

De todas as coisas que pensou que ouviria após a confirmação dos filhos não esperava Levi lhe falando sobre uma casa maior, mas era o seu jeitinho torto de demonstrar que estava igualmente surpreso e animado com a ideia.

- Nós vamos.

Outra coisa lhe passou pela mente, não parecia adequado para o momento, não tendo acesso a aquele sorriso largo do marido, mas valia a pena questionar.

- Hum… Sempre disse que queria apenas mais um além da Bea… — Mexeu-se inquieto e incerto não querendo quebrar aquele momento bom entre eles. — Estás mesmo feliz com isso? De serem dois invés de um?

- Porra, pirralho, estou feliz demais! — Garantiu entendendo a preocupação de Eren, mas a achava desnecessária, porque estava claro que estava animado demais a ponto de nem conseguir raciocinar direito. — São dois, felicidade em dose dupla e preocupações em dobro também, mas porra, são nossos e a gente dá conta independente de quão difícil esses dois serão.

- Lembra-se que foram dois óvulos, então, um com o meu material e o outro com o seu. Portanto, um vai ser parecido comigo e o outro contigo. Já pensou que lindinhos serão essa nossa duplinha?

Levi concordou ainda desacreditado que aquilo era real e se Eren apenas não se enganou na ligação, achava impossível uma coisa assim acontecendo, mas era o moreno era a pessoa que continuava a usar meias de cores distintas vez ou outra, logo tudo era possível.

Independente de com quem as crianças parecessem, amariam ambos, mas não poderiam negar que ficaram extremamente satisfeitos que ambos tivessem dado certo e que teriam a possibilidade de um filho com a genética de cada um. Gostariam que pudessem ter uma mistura, porém, era impossível, justamente por isso que escolheram a parte genética feminina mais semelhante com suas características físicas e ambos os filhos teriam pelo menos essa igualdade genética entre eles. Portanto, mesmo sem a possibilidade de terem um filho inteiramente com o material genético deles, seriam parecidos, pelo menos um pouquinho, com o casal.

- Queria saber se serão meninos ou meninas… — Eren fez um biquinho chateado e se realmente houvesse alguma forma de descobrir naquela noite o que seriam os filhos Levi iria atrás, pois aquele semblante do marido era manipulador demais.

- Talvez um casal. — Levi deu de ombros e Eren confirmou aquela possibilidade, mas ambos sabiam que independente do que viesse estariam felizes. Apenas queriam os ter nos braços logo e conhecê-los. — Uma menina e um menino. Um garotinho parecido contigo, uma menininha igualzinha a mim. — Sorriu sabendo o que exatamente passava na cabeça de Eren naquele momento: “Como será a aparência das duas crianças?”; afinal na sua também tinha a mesma dúvida. — Ou o contrário, não sei, tanto faz… 

Apertou os lábios de Eren com os dedos forçando-os um pouco com delicadeza.

- Apenas espero que nenhum deles puxe esse seu biquinho, se não estou tão fodido… — Murmurou em falso desgosto, principalmente por ver Eren sorrir sabendo exatamente o motivo de não querer aquilo semelhante nos filhos. Se não conseguia negar alguma coisa para o marido, um homem adulto, quando fazia aquele bico, seria impossível negar para uma criança. — Tch, farei tudo que pedem e isso vai ser um saco… 

- E achas que eu resisto quando faz essa sua carinha chateada? — Devolveu no mesmo instante, pois não era o único manipulador entre eles, já que Levi era muito bom com aquelas expressões que o fazia se sentir horrível e insensível. — Estou apaixonado por duas pessoas que nem sei como são os rostinhos… — Suspirou fitando os olhos cinzentos dele próximo dos seus, o brilho deles era o mesmo que os seus próprios. — Porra, Levi, fez-me um cara tão feliz, obrigado!

Não aceitou o agradecimento, nunca aceitaria, não tendo em conta que Eren era o que mais merecia aquelas palavras, afinal sem ele nada daquilo teria sido possível e era extremamente grato ao ter deixado o rapaz naquele bar aproximar-se e entrar gradativamente em sua vida a ponto de não se ver mais sem sua “idiotice”.

- Esperamos amanhecer e contamos para a Bea. 

Eren concordou totalmente ansioso e sem vontade nenhuma de se manter quieto. Não conseguia nem se tentasse, pois por ele estaria naquele mesmo instante a dar pulinhos de alegria pelo apartamento todo, acordar os vizinhos com gritos pela janela e ligar para os sogros, assim como a mãe e o irmão para os contar das boas novidades que tinham.

- Queria agora, ela vai ficar tão animada! — Novamente aquele rosto se tornando um que faria Levi fazer qualquer coisa se não tivesse pulso firme em suas decisões.

Deveria ser o racional do casal, assim como trazer consciência na cabeça avoada de Eren. Portanto, na medida do possível, tentava não cair naquela sedução e jogo de palavras ao seguir tudo o que ele desejava.

- Exato, animada demais e não vai mais dormir, ela precisa descansar.

Eren cruzou os braços claramente emburrado por Levi estar certo no que disse, não era uma atitude muito madura, não para um homem de sua idade e muito menos um pai, agora, de três crianças. Entretanto, não se julgava por aquilo e sabia que os filhos no futuro iriam compreender.

- És um chato. — Mostrou-lhe a língua desviando mais uma vez o olhar por não querer visualizar Levi rindo de si.

Normalmente Eren adorava aquele sorriso, mas não nas situações que o motivo deles era si mesmo por algo que fez ou falou.

- E eu finjo que não amas isso em mim, pirralho.

Definitivamente dormir naquela noite foi uma tarefa impossível. Primeiro porque a cabeça dos dois estava a mil e não conseguiam desligar. Segundo porque a todo momento Eren virava-se na cama para em seguida olhar para Levi verificando se já dormia ou não, ao admitir que não lhe enchia de palavras sobre o quão animado estava com aquilo e queria logo expor para todo mundo sobre o crescimento da família.

Após muita insistência e um horário alto da madrugada ambos conseguiram fechar os olhos e descansar um pouco. Pela manhã acordaram ansiosos, Eren foi para a cozinha preparar o café como o habitual, Levi acordar Beatriz e garantir que a mochila para a escola estava em perfeito estado e, apesar de tudo, que Bob estivesse com a ração e água em níveis bons, trabalho que inicialmente era de Eren, mas que vez ou outra até ajudava.

Quando estavam prontos, Beatriz correu até a cozinha, parou perto de Eren, fechou os olhinhos e sorriu suspirando.

- Cheirinho bom. — Disse e abriu os olhos para levantar os braços para ele indicando que deveria parar de cozinhar para a dar um abraço como todas as manhãs, mesmo que nem precisasse pedir. — Bom dia, papai.

Desligou a chama do fogão, virou seu corpo abaixando-se até a altura da menina, beijou sua bochecha e ergueu seu olhar para encontrar Levi os olhando sem disfarçar o sorriso bobo por estarem daquela maneira.

- Bom dia… Dormiu bem?

- Uhum!

Diante disso, Eren colocou ambas as mãos na cintura dela e a ergueu enchendo de beijos enquanto sentia um aperto e ouvia aquela risada baixa que adorava tirar da garota. Seguiu com ela e ao chegar até o marido levou a mão livre puxando-o e indicando que deveria seguir também.

Acomodou Beatriz no sofá e ambos ficaram a sua frente sob o olhar atento dela estranhando aquilo tão repentino. Não reclamaria, mas estava curiosa sobre a conversa familiar que estavam tendo e, principalmente, o porquê dos dois estarem um tanto diferente do que o habitual naquela manhã. Era uma criança, mas ainda sim sabia definir se algo estava nos eixos ou não, ou seja, claramente aquele apartamento não estava.

- Lembra-se o que vem pedindo para nós dois há tempos? — Eren a perguntou e viu morder os lábios pensativa tentando se lembrar do que tanto pedia aos pais, muitas coisas, então era difícil.

- Bolo de chocolate? — Inclinou sua cabeça para o lado direito e sorriu ao ouvir uma risada abafada de Levi que se surpreendeu com o que ouviu sem nem conseguir disfarçar a pequena surpresa pela resposta tão inusitada que receberam.

- Melhor que bolo de chocolate, uma coisa que logo no primeiro dia que nos chamou de "pai" disse que iria gostar de ter. — Levi auxiliou o marido naquela tarefa já imaginando o brilho naqueles olhos de cores diferentes e estava ansioso para que ela descobrisse logo.

Ambos achavam justo que ela fosse uma das primeiras a saber a novidade. Até mesmo antes que os avós, no final das contas era a irmã mais velha e precisava também se preparar para a emoção de compartilhar aquele espaço com mais dois. Ainda mais que era um de seus desejos de tempos e finalmente conseguiram realizar.

- Lembra-se o que disse, garotinha? — O policial insistiu admitindo que teriam que ser mais óbvios e apenas esclarecer.

- Não… — Murmurou emburrada querendo que a enrolação acabasse logo porque sua curiosidade estava a matando aos poucos. — Podem me lembrar, por favorzinho?

Eren colocou uma de suas mãos no rosto pequeno a fazendo um carinho com o polegar adotando aquela tarefa para si.

- Foi promovida à irmã mais velha, princesinha.

Arregalou os olhos e abriu a boca intercalando o olhar entre os dois sem saber reagir ao ver que estavam falando sério. Sendo assim, levantou-se, deu dois pulinhos alegre para então abrir os braços e alcançar os dois pais naquele abraço.

- Em dose dupla. — Eren continuou enquanto sentia aquele corpo entre os dois de uma maneira tão boa que só os fazia ter mais certeza de que tudo estava perfeito e os dois novos integrantes encontrariam um ótimo lugar para viver. — Duas crianças além de você, mas ainda não sabemos se são meninos ou meninas, temos que ter paciência, não é?

Beatriz afastou-se de ambos pensativa não conseguindo desfazer aquele sorriso feliz e até ansioso. 

- Daqui um tempinho iremos descobrir. — Levi garantiu e Beatriz confirmou com mais um aceno de cabeça. — Não demora, prometemos.

- Tanto faz, desde que gostem de brincar comigo. — Ergueu os ombros para cima e em seguida os deixou cair arrumando sua postura.

O homem de cabelos negros nem conseguia tirar o sorriso dos lábios, Eren era a mesma coisa a ponto de sentir as bochechas doerem e os olhos até estarem um pouco molhados. Visualizou diversas vezes em sua mente durante a noite aquela cena acontecendo, mas nenhuma se comparou a aquela que estava vivendo com a filha e tudo se tornava ainda mais especial. 

- Eles vão. — Levi apertou a bochecha dela delicadamente para em seguida retirar uma mecha de seu cabelo e o colocar atrás de uma orelha com extremo carinho vendo que Eren não era a única pessoa beirando ao hiperativo sem conseguir ficar quieta com novidades boas. Mais um aceno positivo e bem animado da menina. — Está feliz?

Era óbvio que estava, mas precisavam daquela confirmação, afinal havia a possibilidade de estar enciumada. Porém, cada um deles sentir um beijo em uma das bochechas quase como agradecimento foi a confirmação de que estavam sim animada com os irmãos.

- Obrigada, papais, estou tão feliz! — Colocou ambas as mãos na cintura com mais uma dúvida na cabeça, sendo que qualquer uma seria respondida pelos dois, independente que quanto tempo ficassem ali. Ela merecia. — Quando eles chegam? 

Postura séria demais na opinião dos dois que já estavam sentindo na pele como o tempo passava rápido e não estavam nada preparados para o momento que aquela pequena menina se tornasse grande e os abandonasse. Faltava um bom tempo até para chegar a pré-adolescência, mas mesmo assim, queriam que o tempo fosse mais generoso e passasse devagar em pressa.

- Vai demorar? É hoje?! Amanhã?! Quando?!

Levi tocou a testa dela com o dedo indicador deixando um leve toque para que se acalmasse, da mesma maneira que fez na primeira vez que a viu, e sorriu para enfim respondê-la. Não a julgaria por estar com pressa e ansiosa pelos irmãos, porque ambos os adultos estavam igualmente inquietos para chegar logo o momento.

- Calma, mocinha, vai demorar um tempo, mas a gente vai deixar tudo arrumado para quando chegarem, não é?

- Uhum! Nós vamos!

Tomaram o café da manhã e a cada dois segundos uma nova pergunta sobre os bebês, Eren olhava para Levi, sorria e em seguida respondia da melhor maneira possível, tendo que ter o auxílio do policial vez ou outra. “Eles vão ficar no meu quarto?”; “Onde eles estão?”; “Por que vão demorar tanto?”.

Quando finalizaram o café da manhã ela foi diretamente para o quarto pegar sua mochila e enfim poder ser levada para a escola por Levi, já que os horários de Eren acabavam por ser mais tarde, porém no horário do almoço era sua tarefa ir até a Escola buscá-la, dado que nem sempre Levi conseguia sair da Delegacia em horários definidos.

Deixaram que fosse, se abraçaram rapidamente em um sentimento mútuo de: “Sabíamos que ela iria reagir bem dessa forma, mas porra, isso foi melhor do que poderíamos imaginar. Eu amo nossa família…”

Pela demora que Beatriz estava tendo para uma tarefa simples daquelas se aproximaram do quarto e ao ouvirem a voz da pequena menina ficaram curiosos. Discretamente ficaram perto da porta para ouvir e verificar pelo fresto ela abaixada em frente ao cachorro passando as mãos em sua cabeça com extremo carinho. 

- Ouviste isso, Bob?! — Perguntou-o fitando os olhos castanhos do animal para confirmar que tinha escutado certinho, apertou-o com cuidado enquanto o cachorro movimentava o rabo. — Dois irmãozinhos para brincar com a gente! Estás feliz?! — Aconchegou-se naquele abraço pouco se importando que sua camisa do uniforme estivesse aos poucos se sujando pela baba dele. — Eu estou! O papai disse que eles logo chegam para brincar com nós dois, temos que esperar, mas logo chegam!

Eren nem tão delicado posicionou seu cotovelo da melhor maneira e bateu com força no marido ao lado mantendo uma expressão de superioridade. Além disso, nada abalado por vê-lo soltar o ar pela boca por ter recebido a agressão e aquilo de fato o ter machucado, pois tinha sido apunhalado pela pessoa que não esperava receber uma coisa daquelas tão aleatoriamente. Levi tomava cuidado com inimigos e até amigos, mas da pessoa que amava, em hipótese nenhuma imaginava que receberia uma agressão daquelas. Teria que começar a tomar cuidado com aquele que confiava sua vida.

- Essa é por você ter achado que a aquisição do Bob ia ser ruim para a gente. — Murmurou sério e até insensível por não estar nada incomodado com a expressão de dor de Levi, apesar de internamente estar se segurando para manter a pose de durão, pois estava rindo. — Olhe sua filha, Ackerman, ela ama esse cachorro e você quase negou isso a ela. Seu monstro insensível.

- E precisava bater-me por uma merda dessas?! — Arqueou uma das sobrancelhas continuando a massagear as costelas não devolvendo a agressão, contrariando todas as expectativas que todos que o conheciam esperavam dele. Não bateria em Eren, nem se merecesse, mas dessa vez o rapaz tinha razão. — Tch, pirralho… 

Eren deu de ombros inocentemente como se não tivesse feito nada demais e sorriu o puxando pelo pulso para que Beatriz não ouvisse a conversa e se sentisse observada.

- Marcamos um jantar com seus pais e minha mãe? — Murmurou mudando o assunto para um bem mais importante do que aquelas agressões idiotas que vez ou outra trocavam.

- Sim, hoje a noite mesmo, eles precisam receber essa notícia da melhor maneira. 

Até conseguiriam seguir a rotina naturalmente, mas era impossível, pois a cada minuto lembravam-se da novidade e estavam ansiosos para contar para as pessoas sobre o assunto. 

Levi estava completamente afetado com aquilo, Eren ainda mais cada vez mais animado com a ideia de terem uma dupla em alguns meses.

Naquela manhã até ignorou uns cumprimentos, mas não pelo mau humor habitual, apenas por estar tão imerso em seus próprios pensamentos que ao menos ouviu se alguém falou consigo. Sentou-se em sua cadeira e passou uma das mãos nos cabelos temendo que em algum momento acordasse e tudo isso não tivesse passado de um sonho bom. 

- Caralho… — Disse quase a si mesmo em tom baixo, tudo que estavam vivendo era real e estava ansioso demais para conseguir controlar suas próprias feições naquele dia.

Não escutou a chegada de Isabel e muito menos Farlan, porém não demorou para descobrir que tinha companhia.  Sentiu um breve incômodo na pele por Isabel ter o atingido com um elástico de cabelo para que recobrasse a consciência e os explicassem o que tudo aquilo significava, porque esperavam no mínimo um "bom dia" ou qualquer palavra agressiva e não aquele afastamento todo.

- Ele está me assustando. — Farlan disse para a mulher analisando olhar longe do amigo e após dito isso viu um curvar de lábios em Levi indicando um sorriso, apesar de verem com mais normalidade aqueles sorrisos, ainda eram escassos quando estava longe da família. — Definitivamente ele está me assustando.

Mais um beliscão vindo de Isabel e nenhuma reação do amigo, atitude incomum, afinal no mínimo gesto em sua direção recebiam olhares afiados, tapas fracos e palavras ríspidas.

- Ow, bobão, acorde para a vida e comece a nos explicar. 

Aparentemente saiu daquele transe, pois olhou para os dois colegas.

- Não acho que posso falar isso para vocês antes da nossa família saber. — Falou os olhando ainda com aquele brilho distinto no olhar. Mordeu o lábio inferior ignorando que os amigos estavam com a expressão: "Foda-se, conte-nos". — Não havíamos comentado com ninguém além dos nossos pais, mas… 

- A inseminação, sim, a gente sabe, prossiga. — Isabel moveu a mão apressada deixando claro que sabia sim há tempos já que Kushel havia sem querer cometido o deslize e comentado com ela.

Farlan a olhou surpreso por não ter sido notificado daquilo, já Levi forçou uma feição séria questionando internamente quem havia fofocando aquilo, apesar de não ter importância.

- Deu certo? — Continuou esperando pacientemente respostas para então começar a pular de alegria e quem sabe dar bons abraços no amigo.

- Gêmeos. — Respondeu com aquele sorriso ainda chocado pela notícia, apesar de já ter passados horas, as olheiras abaixo dos olhos já indicavam que nem dormiu direito e provavelmente aquele estado era visto também em Eren.

Agora ambos os amigos entendiam o estado dele, pois Farlan logo se afogou com a própria saliva assustado com a possibilidade de duas crianças além de Bea na vida do amigo. Isabel logo aproximou-se de Levi o apertando de diversas formas cada vez mais feliz com aquela ideia e ansiosa para que os meses passassem logo.

- Duas crianças! — Sorriu nervoso, mas se fosse três sentiria aquele mesmo sentimento em seu coração. A sensação era boa, mas ao mesmo tempo estranha, pois tinha pressa em conhecer logo aquelas duas novas pessoas em sua vida. — Porra, estou tão fodido… E feliz… 

Isabel conseguia facilmente visualizar em sua mente duas crianças parecidas ao amigo ou quem sabe idênticas a Eren, não sabia qual deles ela queria que puxassem, mas a única coisa que tinha certeza é que seriam lindos e estava animada para estar ao lado do casal para o que precisasse.

- Não entendo a surpresa, se um de vocês dois pudesse gerar filhos já estariam quase com um time de futebol completo. — Farlan disse com certo humor explícito sabendo que nada que falasse retiraria o estado feliz que o amigo tinha entrado, e nem queria, pois o preferia assim. — Se agarram na mínima oportunidade e tenho certeza que o Eren iria ser a favor de terem filhos seguidos um do outro.

- Logo na primeira tentativa conseguimos dois… Eu e o Eren somos mesmo bons nisso. — Sorriu maliciosamente ignorando o comentário de Farlan, ninguém retiraria sua felicidade naquele dia, nem mesmo a estupidez humana. — Tch, gêmeos… 

- Parabéns, cara. — Farlan deu dois tapinhas carinhosos nas costas dele igualmente animado com aquilo, pois apenas Beatriz já havia transformado a realidade daquele casal, então com mais dois seria uma mudança ainda melhor.

Era como se passasse um flashback na cabeça de Farlan e Isabel, lembrando da época que conheceram Levi mais a fundo, depois tudo aquilo que havia acontecido com a ruiva, o afastamento e depois quando o loiro conheceu finalmente Eren e aos poucos começaram a visualizar o quanto o moreno de olhos verdes estava fixado na vida de Levi de uma maneira boa.

- Esses dois ou duas vão ser extremamente amados, eu tenho certeza. Da forma que já são pais fodas para a Bea, tenho certeza que os gêmeos serão fichinha. — Garantiu mantendo a mão nas costas de Levi.

Isabel não se seguraria ao ver as duas crianças, se Lívia quando passou os meses ganhou boas mordidas fracas nos bracinhos e pernas, as duas miniaturas de Levi e Eren não sairiam ilesas. Sentia-se tão bem, quase como se fosse seu e tivesse descoberto a gravidez. O sentimento era bom e estava realizada, assim como Farlan, em estar perto daquele casal naquele passo que estavam dando lado a lado.

- No que precisar estaremos aqui, Levi. 

Eren, também não conseguiu guardar aquele segredo por tanto tempo, pois inconscientemente procurou um dos contatos importantes que durante boa parte de sua vida nem gostava tanto, mas quando descobriu quem realmente Zeke era, já não se via mais longe. Sabia que ele ficaria feliz com a notícia, ainda mais que era louco por Beatriz e sempre era aquele tio babão, então com as duas crianças não seria diferente e Eren estava feliz que os filhos teriam uma família boa e que seriam extremamente amados por todos.

- Tenho duas notícias para ti. — Disse ao telefone sem conseguir ficar parado, ou seja, estava a caminhar pelo apartamento desviando dos móveis, vez ou outra acariciando o cachorro e em seguida jogando-se no sofá até que o horário do trabalho chegasse e então tivesse que abandonar Bob por algumas horas, infelizmente. — Quer ouvir?

- Huh? — Estranhou aquilo tão repentino, mas vindo do irmão tudo era possível e estava curioso sobre o que poderia ser, assim como a namorada que estava próxima e arqueou uma sobrancelha quase pedindo para que deixasse no comando que ela pudesse ouvir também.  — Diz logo, Eren.

- Uma boa e outra ruim… — Mais uma enrolação para que Zeke sofresse mordendo-se de curiosidade sobre o que seria.

- Diga logo, Eren, sério. — Repetiu cada vez mais preocupado sobre o que teria acontecido, temia algo relacionado a sobrinha e até Levi, afinal apesar de não demonstrar até gostava do cunhado de humor ríspido e peculiar.

- A boa ou a ruim? — Insistiu já não aguentando mais segurar sua língua e nem sabia como suportou segurá-la dentro da boca durante tantos meses em relação às alianças do casamento, pois por muito menos já teria aberto e contado até para pessoas que nunca veria novamente em sua vida.

- Tanto faz, desde que fale logo e pare de enrolar-se!

- Calma, mocinho, não seja tão estressado, é essa imagem que quer passar aos seus dois novos sobrinhos? — Sorriu ao ouvir o telefone cair em uma superfície rígida deixando um som estranho no telefone, provavelmente após o celular do irmão chocar-se contra o chão devido o susto. — Hey, Zeke, ainda aí?

Ouviu o som indicando que o loiro pegou o celular no chão e uma respiração pesada completamente agitada batendo contra a tela.

- Como assim dois novos sobrinhos?! — Gritou assustando Minerva que não sabia se ria do estado que o namorado estava ou tentava o acalmar, pois estava prestes a enfartar. — Estás a tirar com a merda da minha cara?! É sério isso, dois?!

Pelo tom de voz, Eren admitiu que era melhor começar a falar sério, antes que a chamada se finalizasse e Zeke o chamasse de idiota por estar a mentir na cara dura.

- Tentamos inseminação tempos atrás, deu certo, mas vieram dois, em breve nascem. Essa é a notícia boa, a ruim é que ainda faltam tantos meses que estou morrendo de ansiedade!

- Foda-se, eu vou me mudar para a cidade do Ackerman, não conseguirei ficar mais longe de ti, da Bea e agora dos dois. — Olhou para Minerva em uma confirmação, afinal era um assunto recorrente entre eles e a opinião dela era importante, dado que Zeke queria que fosse junto, mas entenderia caso recebesse uma negativa. Tendo em conta que o trabalho da mulher iria interferir nisso e era importante para ambos. — Parabéns, caçula, estou muito feliz por vocês dois e quando eu ir aí vou te quebrar as costelas pelos abraços que vou dar-te. 

Conversou mais alguns minutos até ver que de fato precisava trabalhar, despediu-se e terminou de organizar suas coisas para então chegar até Sarah e se conseguisse não a contaria, mas sabia que não conseguiria guardar aquilo para si mesmo.

Planejaram diversas formas de contar aos pais, mas nenhuma parecia tão boa. Na opinião de Levi bastava falar sem qualquer enrolação: "Lembram-se da inseminação? Deu certo, como foi nos explicado a chance de fecundação era pequena. Portanto, seguimos o que o médico disse e foi implantado dois óvulos, um com o meu material e o outro com o do Eren. Sendo assim, serão avós de mais dois"; No entanto, o rapaz de olhos verdes não partilhava a mesma opinião, pois tinha lhe mostrado a língua achando aquilo chato demais e sem nenhuma emoção. Para Beatriz, não importava, desde que ficassem feliz com a notícia igual ela havia ficado.

Então, a partir de tudo isso, estava frente a eles com todos ansiosos para descobrir a motivação do jantar, Eren pegou a mão de Levi a colocando sobre sua barriga de maneira carinhosa enquanto tanto os sogros como a mãe estavam com uma expressão confusa tentando entender o que aquele gesto significava e o motivo de Levi estar com uma expressão ligeiramente inclinada ao desgosto e Beatriz rindo dos próprios pais em um claro deboche.

- Estamos grávidos. — Sorriu largamente ao informar aquela novidade tão boa e para ele não havia outra maneira de contá-los a não ser com aquela pitada de diversão. 

Aos poucos os três abriram a boca em choque aguardando as risadas pela piada que Eren contou, mas ver que até Levi, o mais sério do casal, estava com aquele pequeno sorriso, admitiram que era real. August levou uma das mãos ao peito controlando sua respiração e como mantra pensando que não poderia enfartar. Kushel não sabia como reagir a uma informação daquela a não ser uma vontade absurda de abraçar o casal e conversar sobre mais detalhes. Carla não era diferente aos dois, mesmo que internamente estivesse planejando bons tapas no filho se aquilo fosse mentira. 

Todos estavam orgulhosos e felizes demais para conseguir falar alguma coisa, não acreditavam que aquela novidade poderia melhorar ainda mais, mas Eren ainda não tinha acabado de falar.

- Bom, e são dois. 

Sem preparo nenhum esquecendo-se a idade das pessoas que estavam a ouvir a informação. No mesmo instante o homem mais velho apoiou-se na esposa prestes a um surto. Carla arregalou os olhos e colocou a mão na cabeça completamente chocada.

Se um bebê já seria bom, dois era uma coisa ainda melhor para os ouvidos deles. Carla, desde sempre, sabia que teria netos vindo de Eren, independente de sua orientação sexual, porém August e Kushel era uma história diferente, visto que Levi sempre expressou que não queria. Portanto, as emoções estavam afloradas naquele momento e demoraria um bom tempo até raciocinarem direito sobre o assunto.

- Puta que pariu. — August murmurou e pela primeira vez em anos não recebeu uma agressão da esposa, pois estava tão sem palavras que até um palavrão daqueles era aceitável devido a emoção que estavam sentindo. — Dois?!

Eren sorriu, passou a mão delicadamente sobre o topo da cabeça de Beatriz com extremo carinho e apertou a mão de Levi ainda sobre seu abdômen sem chance do homem retirá-la dali.

- Parabéns, vovôs, agora são avós de três crianças e esse número só tende a aumentar. 

- Não, não tende. — Levi negou no mesmo segundo rigidamente pondo um ponto final naquele assunto, pois não aguentaria um Eren empolgado com mais crianças, sendo que as duas que estavam esperando ao menos tinham nascido.

- Tende. — Confirmou nada afetado e extremamente focado sem se importar com nada a sua volta além de si mesmo.

Levi apertou os dedos de Eren conseguindo retirar sua mão da barriga do moreno, a manteve ali para que causasse certo incômodo no rapaz e parasse de falar absurdos. Os olhos semicerrados indicando que se calasse.

- Não tende.

Eren respirou fundo e com toda a tranquilidade do mundo existente em seu corpo deu um tapinha fraco no ombro do marido de maneira a confortá-lo, visto que nesse assunto ele nunca ganharia uma conversa e sequer teria a última palavra.

- Tende sim.

- Não, não tende.

- É o que veremos, amor. — Piscou com um dos olhos, péssimo sinal para Levi e um ótimo para os três avós babões, assim como a futura irmã mais velha das crianças que aprovavam a opinião de Eren sobre mais filhos. — Vou deixar-te se iludir um pouquinho achando que manda em algo. — Levou a mão até o rosto do marido de maneira ainda mais debochada o fazendo um carinho breve com os dedos. — Óbvio que mandas, Levi, óbvio.

- Tch.

Kushel discretamente deu uma cotovelada no marido, aquele rosto focado e até pensativo trazia péssimos pensamentos para August, afinal aquele olhar era sinal de uma única coisa: Apostas.

Não queria que o momento especial que descobriram sobre serem avós novamente fosse marcado pela insistência daquela família em apostar sobre tudo. Além disso, não queria perder nessa, já que provavelmente era em relação aos netos.

- Hum… — Kushel mordeu o lábio analisando as opções que tinha, apenas três (Um menino e uma menina, dois meninos ou duas meninas), então precisava ser certeira, dado que odiava perder, até para o próprio marido. — Serão dois garotos.

Sorriu e internamente gostaria de estar massageando suas costelas dizendo carinhosamente para a esposa controlar melhor sua força, pois já não era tão jovem para continuar a ser descaradamente agredido sem razão até em situações boas como aquelas.

- O que eu ganho em troca nessa aposta? 

- Nada. — Deu de ombros minimamente incomodada com qualquer rosto tristinho, afinal sabia separar seus sentimentos e as apostas realizadas com o homem. — Irá perder, amor. — Piscou com um dos olhos nem precisando forçar aquela feição de superioridade, pois quando apostavam algo, aquilo vinha até seu rosto com uma facilidade absurda. — Perdedores não ganham nada, August, sabes disso.

O homem abriu a boca e levou a mão direita até o peito magoado com o que ouviu. Entretanto, não se abalou, apenas abaixou o olhar para aqueles olhos cinzentos firmes em sua aposta e sorriu vencedor.

- Um menino e uma menina, amor.

Kushel concordou observando o filho e o genro conversando com Carla, Beatriz entre eles quietinha apenas analisando a situação mantendo aquele sorriso divertido que só ela tinha e era capaz de contagiar qualquer um.

- És definitivamente um perdedor, August.

Estreitou seus olhos perante o nome sendo dito daquela maneira séria e tão competitiva. Não era muito adulto de sua parte entrar nas provocações de sua própria esposa, mas entrou e adotou o mesmo tom de superioridade e aquela pitada comum de sarcasmo.

- Veremos, Kushel.


 


Notas Finais


Eu até queria fazer uma Lua de Mel mais longa e detalhada, mas... Acho que ao todo o capítulo foi bom, mesmo com a passagem de tempo após ela. (No próximo cap eu escrevo algo mais quente rs, nesse fiquei levemente com preguiça, foi mal)
Enfim, espero que tenham curtido <3


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