- A-Argh - Kageyama gemeu de dor ao tentar se levantar após acordar, massageando levemente a sua cabeça. Apoiou-se nos cotovelos e olhou à sua volta, sentindo a luz amarela do sol invadir seu campo de visão, obrigando-o a fechar os olhos novamente.
Com um pouco de dificuldade, se pôs de pé, batendo a grama e a terra de sua roupa, constatando que ainda estava na floresta mas agora, completamente sozinho. Olhou em volta mas nada viu, apenas as folhas balançando pela brisa fresca.
- Será que foi um sonho? - falou para si mesmo, já sentindo sua barriga roncar de fome. Não sabia ao certo quantas horas havia ficado desacordado - Acho que vou comer um pouco primeiro.
E seguiu seu caminho até o chalé, sem saber de fato o quê havia acontecido, muito menos como havia ido parar ali no meio da noite. Após comer, Tobio ligou seu celular, constatando que já era pouco mais de meio-dia. Abrindo a conversa de Asahi, enviou uma mensagem ao amigo, contando sobre o que havia acontecido naquela madrugada.
ACE ��
- Tobio, eu acho que você se encontrou com aquela fada
- Você acha? Eu realmente não me lembro de quase
nada da noite anterior :/
- Eu já ouvi algumas pessoas falando que essa criatura é perigosa.
- Você deveria tomar cuidado Kageyama
- Pff, e desde quando uma fadinha é sinônimo
de perigo Asahi-san?
O maior só poderia estar de brincadeira com a sua cara; Mesmo que Kageyama não entendesse ao certo o que havia acontecido na noite passada, era praticamente impossível uma criatura, como uma fada, oferecer risco algum à si. Revirou os olhos e voltou sua atenção para o aparelho novamente, notando uma nova mensagem do amigo.
- Não diga que eu não te avisei.
- Pode deixar, papai
Desligou o celular em seguida e o colocou no bolso, pegando suas chaves e documentos. Iria descer até a cidade novamente, precisava buscar saber mais a respeito do que aquela ilha escondia, bem como sobre esse tal ‘’menino fada’’. Após alguns minutos de caminhada, o moreno viu-se em frente à uma velha casinha de madeira, adornada de pedras, sinos e artefatos antigos. Curioso, adentrou o pequeno recinto, passando por uma cortina de guizos feitos com conchas do mar. Lá dentro, encontrou uma senhora sentada em frente à uma mesa redonda, cujo possuía várias cartas espalhadas pela mesma, bem como uma bola de cristal enorme.
- Seja bem-vind- a mulher parou sua fala ao meio quando virou-se para receber o visitante. Atordoada, levantou-se da cadeira que estava sentada e caminhou preocupada em direção ao moreno, tocando-lhe o rosto com cautela - O que houve com você meu jovem?
Kageyama, sem entender a ação da velha, nada disse, apenas encarou-a confuso e deixou que a mesma lhe analisasse da cabeça aos pés, quase como uma mão ao visitar um filho que não vê por muito tempo.
- Encontrou-se com Ele, não é mesmo? - disse preocupada
- Ele? - indagou, sentando-se na cadeira á frente da mesa, como a moça havia lhe orientado - De quem a senhora está falan-
- A fada - cortou sua fala, suspirando pesadamente - Você viu uma fada ontem à noite, não é meu jovem?
E foi aí que a cabeça de Kageyama parece ter tido um surto de informação. Como uma enxurrada em dia de chuva, imagens da noite passada passavam por sua mente em um piscar de olhos, fazendo o moreno ficar cada vez mais confuso com a situação, lembrando-se aos poucos do acontecimento.
- E-Eu não me lembro muito bem - confessou, apenas tendo uma vaga ideia a respeito de seu encontro com o pequeno coelho, bem como o vulto de alguém na floresta na noite passada.
A senhora, preocupada, pegou as mãos do garoto e trouxe-as para perto de si, afagando-as com cuidado. Kageyama, por algum motivo, sentia medo através do toque da mulher.
- Fique longe da floresta, meu jovem - orientou a velha. Por mais estranho que pudesse ser, Tobio sentia que aquela mulher, mesmo que desconhecida, estava mesmo se preocupando (?) consigo. - Sabe meu rapaz, muitos jovens, bonitos como você, vinham até a ilha e saíam daqui com o coração pesado e a alma vazia. Eram como uma casca de árvore ambulante, vazias e sem um propósito.
- Essa tal ‘fada’’ quem fez isso? - perguntou curioso. De fato, nenhum dos relatos que havia lido na internet, dizia ao certo o quê tinha acontecido com as pessoas, apenas sobre como era esse menino fada, além do relato de Kenma, que salientava que o garoto alimentava-se do amor humano, ou algo do tipo.
Acenando positivamente com a cabeça, a velha continuou;
- Essa criatura é perigosa, você precisa sair logo daqui, antes que acabe como algum desses homens.
Enquanto a mulher falava, Tobio sentia seu coração apertar. Podia notar nitidamente a dor nas palavras da mesma, que estava cabisbaixa ao falar a respeito do assunto. Parecia magoada, ou pior, ressentida. Passeando com os olhos pelo local, pôde notar a foto de um belo rapaz emoldurada em um pequeno porta retrato, adornado de flores brancas. Pedindo licença à velha e levantando-se devagar, caminhou em direção à fotografia, passando os dedos sutilmente pela imagem de um rapaz bonito, com pouco mais de vinte anos, vestindo um terno preto. O mesmo tinha olhos azuis como os seus, mas os cabelos tinham uma coloração clara, como um loiro mel.
- É o seu neto? - indagou, virando em direção à mulher, que concordou com um aceno de cabeça, tristonha - E o quê houve com ele?
No momento em que havia feito a pergunta, Kageyama lamentou-se mentalmente. Com um ar doloroso, a senhora sorriu minimamente para si, derramando uma lágrima silenciosa.
- Cometeu suicídio - começou, o quê fez Tobio arregalar os olhos
- Mas por q-
- Por causa 'Dele' - completou a mulher, cortando a sua fala. Kageyama, já tendo noção a respeito de quem ela se referia, sentiu suas pernas tremerem, segurando-se com força na cadeira, sentando-se novamente. Pasmo, o moreno abriu a boca logo em seguida, levando ambas as mãos de encontro à mesma, tampando-a. Era possível mesmo que, uma criatura dessas, poderia fazer tão mal á alguém, para chegar neste ponto?
Provavelmente, era sobre isso que Asahi-san estava o alertando.
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