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História Mitw- How I Met Your Father... - Thommy Lee...


Escrita por: C_Grimaldi31

Notas do Autor


Fala galera!
Amiguinhos, hoje temos um cap triste. Então já preparem seus coletes.
Eu tô com a mania que estragar todos os possíveis Shipps... Lidem com isso :)
O garoto na capa é o Thommy Lee.

Capítulo 33 - Thommy Lee...


Fanfic / Fanfiction Mitw- How I Met Your Father... - Thommy Lee...

– Crianças, todos dizemos que mentir é errado, mas a verdade é que a mentira tem sempre o seu valor. Afinal mentir sempre foi a maneira de nós protegermos quem amamos e de não prejudicarmos que não merece...  Quando seu pai me perguntou sobre o porquê de eu ter tentando me matar eu não tive opção. Eu tive que mentir...

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Droga!

Pac tinha que perguntar isso, não é? Ele tinha que estar preocupado...

– E então Mike... Por quê? – Ele me pergunta enquanto ele estava me levando pelos corredores.

– Pac... E-Eu sinceramente não quero falar sobre isso... – Eu digo e ele bufa.

–Você vai falar por bem ou por mal... – Ele diz e eu sinto ele soltar a minha mão do ombro dele me deixando desnorteado.

–Pac, cadê você?  Por que me soltou? – Eu digo e tento achá-lo com a ponta dos dedos.

– Por que fez o que fez Mike? Se não me contar vai ficar perdido aí... – Ele diz e eu o encaro (Eu acho) incrédulo.

– Você vai realmente ficar assim comigo só porque eu não quero te contar algo que é pessoal?! – Eu digo com tom raivoso – Você disse que ia me ajudar! Não ficar fazendo um interrogatório comigo! – Eu digo com raiva e tristeza no falar – Mas acho que é mais fácil ameaçar alguém que está cego pra conseguir respostas, não é? – Eu digo e ele fica em silêncio.

– Você causou isso a si mesmo... O único culpado disso tudo é você... – Ele joga na minha cara... Eu o encaro incrédulo.

Eu sinto algumas lágrimas se formando nos meus olhos e sinto Pac colocar a mãos no meu ombro.

–Mike, eu...

–ME SOLTA! – Eu me livro bruscamente dele – EU NÃO QUERO QUE VOCÊ ME ENCOSTE! – Eu digo e ele se aproxima.

– Mike para de palhaçada. Você não vai conseguir voltar sozinho... – Ele diz e eu o encaro com raiva.

–Acha que eu não sei que fui eu quem causei isso?! – Eu digo apontando pro meu próprio rosto – Acha que eu não sei?! Eu sei! Eu escolhi isso... Mas eu não fui o único culpado, Pac... Não fale de coisas que você não entende.

– Como posso entender se você não me conta? – Ele retruca.

–Essa é a questão, Pac... Eu não quero que você entenda... Eu não estou pedindo compreensão, eu não estou pedindo um conselho... Eu só estou pedindo pra você respeite o mínimo de privacidade que me resta e simplesmente aceite... Se você quer tanto me ajudar quanto diz que quer, então simplesmente não fique me fazendo perguntas sobre isso, não toque no assunto comigo e não fique me olhando com pena como se eu fosse alguém digno de pena e da sua esmola... – Eu digo e mais uma vez silêncio...

– Eu só vejo na minha frente alguém que precisa de ajuda... Só vejo alguém que sem mim nem sequer teria sobrevivido... Só vejo alguém que fez a maior idiotice da vida dele e nem sequer quer assumir as responsabilidades e as consequências de seus atos... Se você é tão autossuficiente por que ainda está aqui? Por que não saiu ainda? Você precisa da minha ajuda, Mike. Só não quer admitir isso... –Ele diz e eu explodo.

– VOCÊ SE ACHA O FODÃO, NÃO É?! – Eu digo já muito puto – Se acha melhor do que eu e acha que só porque me salvou tem direito sobre a minha vida... Entenda uma coisa Pac: Eu já me viro há muito tempo. Posso muito bem me cuidar sem você... E... –       Eu sinto um aperto no coração – E eu só não saí ainda, Pac... Porque eu não consigo... Você não precisa jogar na minha cara que eu estou cego. Eu, ironicamente, posso ver isso... Mas só porque eu preciso de ajuda não significa que você tem direito de se achar melhor do que eu... – Eu digo e me desabo a chorar no corredor do hospital. Pac apenas fica em silêncio.

Ok, acho que já ouvi o suficiente... – Uma voz sai detrás de mim e coloca a mão no meu ombro.

– Felipe? – Eu digo e ele dá dois tapas no meu ombro.

– Como soube? – Ele pergunta e eu sorrio.

– Você tem calos nos dedos por causa de tanto tocar violão. Foi fácil de reconhecer... – Eu digo e ele ri brevemente.

– O que você quer Felps? – Pac diz com tom de desgosto.

– Fazer o que você deveria estar fazendo. Eu vou te levar pra casa, Mike. Pode deixar – Ele diz de maneira serena comigo e eu assinto, agradecendo.

– Mas nem pensar! – A voz de Pac ecoa – Eu assinei os papéis de alta dele. O responsável por ele sou EU! – Ele diz com uma voz cheia de autoridade.

– Você pode pegar esses papéis de alta e enfiar no seu cu se quiser... Eu vou levá-lo pra que ele não tenha que ficar ouvindo você julgá-lo... Pac, Mike tentou se matar, ok... Ele tem os motivos dele e se ele não quer falar com você É PORQUE ELE AINDA ESTÁ SE SENTINDO TRISTE, IMBECIL! Falar com ele sobre isso apenas vai fazê-lo ficar ainda mais triste e o ciclo continua... Se você fosse menos mórbidamente curioso saberia disso... – Ele diz e eu o encaro.

Como Felps poderia saber tanto sobre suicídas? Ele falou exatamente o que eu estava sentindo... Incrível!

– M-Mike... Isso é verdade? – Pac me pergunta com um tom mais sereno na voz. Pelo visto ele estava arrependido...

– Felps, me leva embora, por favor... – Eu digo e felps coloca a mão dele no meu ombro.

– Espera Mike! – Pac diz andando na nossa direção – Por favor, me desculpa! Eu não sabia! – Ele diz e eu paro de andar.

– Sim, e você não consegue ficar sem saber... Por isso se mete tanto... – Eu digo e volto a andar, mas dessa vez eu senti que Pac não nos seguia...

– Antes de irmos pro internato vamos no meu lugar favorito – Ele diz e pelo tom de voz ele provavelmente estava sorrindo.

– Onde? – Eu pergunto e ele ri.

– Se eu contar deixa de ser surpresa... – Ele diz e eu suspiro.

Depois de alguns minutos de caminhada nós entramos num estabelecimento onde eu pude sentir o frio do ar-condicionado bem forte. O som de um sininho na porta indicava que era um estabelecimento comercial.

– Opa, Rodrigo, meu bom, me vê dois sorvetes, por favor, o meu é de passas ao rum, como sempre, e o seu Mike? – Felps pergunta e então eu saco. Estávamos numa sorveteria (N/A: Ora, ora, parece que temos um Xeroque Romes aqui).

– Estamos numa sorveteria, não é? – Eu pergunto mesmo já sabendo a resposta.

– Não Mike. Estamos num puteiro. Não está ouvindo a música eletrônica e sentindo o cheiro das máquinas de fumaça? Porra! – Ele diz e ambos rimos.

– Desculpa, eu não resisti... Eu quero de morango, por favor... – Eu digo e mexo nos meus bolsos procurando minha carteira, mas não a acho – Ai, que merda... – Eu digo e continuo remexendo nos bolsos.

– O que houve? – Felps diz e eu fico envergonhado.

– Eu esqueci a minha carteira com o Pac... Eu estou sem dinheiro... – Eu digo e ouço-o rir.

– Eu já paguei, bobo... Depois você pega sua carteira... – Ele diz e eu o encaro.

– Por que pagou pra mim?

– Por que eu quis, oras... Agora vamos... – Ele diz e coloca a minha mão no ombro dele me guiando até uma mesa.

– Felps... Você não está querendo ficar comigo não, né? – Eu pergunto e ouço ele rir bem alto.

– O quê?! Ficou doido?! – Ele diz e continua rindo – Não Mike... Com você é só na amizade mesmo... Eu sei que esse é meu Modus Operandis, mas eu só vim aqui com você porque pratico a filosofia de que tudo fica melhor com sorvete... – Ele diz e eu suspiro de alívio e acabo rindo também.

– Desculpa, foi bobagem minha... – Eu digo e ele ri.

– Tudo bem. Olha, não me leve a mal. Você é bonito, mas não faz meu tipo... – Ele diz e eu rio.

– E quem faz? O Cellbit? – Eu pergunto e mesmo sem enxergar eu sinto ele revirando os olhos.

– Aquele loirinho tá me dando um puta trabalho... Sabe, parece que todos querem me fazer de vilão... Todo mundo acha que conhece a porra toda, mas não sabem a metade da história... – Ele diz como um desabafo – Por isso eu fui te ajudar no corredor... Pac estava muito invasivo e você ia é acabar ficando pior com ele alí... Nunca entendi por que as pessoas querem tanto se intrometer nas nossas vidas... – Ele diz e eu aponto pra ele.

–Né?! Tipo, eu não estou dizendo que ainda quero me matar, mas porra! Eu não quero ficar falando sobre isso... – Eu digo e tomo um colherada do meu sorvete – Caralho que puta sorvete bom da porra! – Eu digo e ele ri.

– Não é o sorvete – Ele explica – É o seu paladar. Dizem que quando o cérebro perde uma das funções ele equilibra os sentidos turbinando outras áreas... Por isso geralmente cegos tem uma audição, tato, olfato e palar melhores do que pessoas com os cinco sentidos... – Ele diz e eu assinto.

Com Felps tendo falado sobre o assunto do corredor acabou me despertando uma dúvida anterior.

– Felps... Eu sei que acabamos de falar sobre ser incisivo... Mas eu queria te fazer uma pergunta um tanto quanto pessoal... – Eu digo e ele suspira.

– Diga...

– Como você sabe tanto sobre suicídas? – Eu pergunto e ele suspira pesadamente.

– Mike, está preparado pra ouvir uma história bem triste? – Ele pergunta e eu assinto – Então senta que lá vem história... – Ele diz e eu me acomodo.

(N/A: Pelo bem da narração e facilitação pro tio aqui essa parte estará sendo narrada em POV Felps. Pois será bem difícil escrever essa estória como se fosse uma fala do Felps... Eu só queria deixar isso claro, ok? Ótimo, preparem os lencinhos...).

­-Flashback on-

– Muito obrigado... – Eu disse e apertei a mão do senhor de jaleco que cuidava daquela ala do hospital – Quando eu começo? – Eu pergunto e ele lê alguns papéis.

– Hoje mesmo se quiser... – Ele diz e me entrega um jaleco – É só ir até a sala 327 e falar com o responsável de hoje... Ele vai te passar as informações necessárias e você pode começar a ficar com as crianças... – Ele diz e mais uma vez eu agradeço e saio da sala.

Eu havia acabado de conseguir um “Emprego” como voluntário no hospital pra ser um Doutor da Alegria, como nos chamam... Eu estava radiante e precisava ir até tal sala 327, mas havia alguém com quem eu tinha que falar antes...

Eu vou até a ala de UTI e entro no quarto que sempre vinha. Eu vejo uma mulher que aparentava ter mais de 30 anos, mas ela estava magra e seus cabelos já haviam caído...

– Oi mãe... –Eu digo com a voz baixa após chegar na cama dela. Ela abre um sorriso ao me ver depois de acordar.

–Oi meu filho... Como vai...? – Ela diz com a voz fraca.

– Bem... E a senhora? – Eu pergunto enquanto faço carinho na mão dela.

– Vou indo... – Ela diz e eu beijo as costas da mão dela.

– Mãe. Eu tenho uma boa notícia... – Eu digo e ela abre um sorriso.

– É mesmo? Qual?

– Eu consegui o emprego aqui, mãe... Eu vou poder ficar com as crianças do hospital... – Eu digo e ela abre um sorriso ainda maior.

– Ai que bom meu filho... Eu sabia que você ia conseguir... – Ela diz com lágrimas nos olhos.

– Eu só vim aqui ver como você estava e te contar isso... Eu começo ainda hoje, então tenho que correr... – Eu digo e ela me dá um abraço.

–Eu entendo. Se tiver tempo venha mais tarde, sim? – Ela diz e eu assinto.

– Eu te amo tá? – Eu digo e ela sorri.

– Eu também te amo Stardust... – Ela diz me chamando pelo apelido de quando eu era criança.

Eu saio do quarto com os olhos marejados... Minha mãe havia lutado bravamente contra um câncer de mama durante meses... Quando descobrimos já era tarde demais, já havia entrado em metástase, que é quando o câncer já avançou para outros órgãos.

Eu chego em uma sala e vejo um cara que devia ser mais velho que eu. Ele era grande, bem grande e tinha uma barba mal feita crescendo no queixo.

–Boa tarde, amigo... Eu... Eu vim como voluntário... – Eu digo e ele me olha de cima a baixo.

–Ah! Sim. Você é o novato, não é? – Ele diz e eu assinto – Meu nome é Raul. Sou um dos responsáveis por aqui... Venha, vou te mostrar o lugar... – Ele diz e começamos a andar pelo terreno.

Passamos por várias salas diferentes, o local era até que espaçoso e sempre haviam pessoas nas salas brincando com crianças de diferentes idades e nessecidades.

Logo paramos em uma das salas com porta de vidro. Haviam várias crianças que deviam ter de 6 até uns 14 anos de idade na média...

–Essas são suas crianças... Você vai ficar com eles de agora em diante... – Ele diz e abre a porta fazendo as crianças olharem pra ele.

Ao nos verem as crianças levantaram e nos encararam com vários sorrisos no rosto.

– HOJE TEM MARMELADA?! – Ele grita me fazendo rir. Como um cara daquele tamanho falava com essas crianças com tanta naturalidade?

– TEM SIM SENHOR! – Todas respondem em uníssono e começam a vir na nossa direção.

– Crianças, esse aqui é o Doutor Felps. Como eu havia dito na semana passada eu vou ter que me ausentar pra ficar na administração e o Doutor Felps vai ficar com vocês de agora em diante. Espero que se divirtam! – Ele diz e começa a sair da sala. Eu, desesperado, vou atrás dele.

– Espera! – Eu o puxo pelo braço – Cara, eu nunca fiz isso antes... Tem alguma dica? – Eu pergunto e vejo um sorriso se formar no rosto dele.

–Divirta-se! – Ele diz e sai da sala me deixando com várias crianças famintas por diversão me olhando.

Meu coração bateu mais rápido naquela hora... Todas elas olhavam pra mim e eu estava mais parado que um poste...

–Então... Vamos brincar? – Eu pergunto e todos respondem.

–Vamos! – Eles começam a pegar brinquedos nas caixas e a trazer até mim. Aos poucos eu ia me habituando com as crianças e comecei a pegar gosto por elas.

Todas pareciam bem. Elas se divertiam e eu supervisionava ajudando as crianças... Mas havia uma criança que estava distante das outras... Uma criança que estava sentada num canto sozinha.

– Ei Jason quem é aquele alí? – Eu pergunto pro Jason, uma das crianças que estavam comigo.

– Ah, aquele alí? Ninguém sabe o nome... A gente não fala com ele... – Ele diz e eu franzo o cenho.

– E por quê?

– Porque ele não fala com a gente... – Ele responde – Nos primeiros dias a gente tentou falar com ele, mas ele nunca quis se entrozar... Depois de um tempo a gente só deixou ele lá... – Ele diz e eu fico o observando. Ele parecia solitário, mas carregava uma carranca que realmente dizia “Chegue perto e morra”... Eu me levanto e vou na direção dele – Todo mundo já tentou falar com ele, mas ninguém conseguiu! – Ele diz e eu me viro pra ele.

– Eu não sou todo mundo... – Eu digo e vou na direção do garoto misterioso... Ele tinh cabelos pretos e um olhar triste que me deixava com pena dele...

Ao me aproximar pude notar que ele tinha várias marcas avermelhadas no corpo. Ele me viu chegando e fechou a cara.

– Olá... – Eu digo com o meu melhor sorriso – Posso sentar aqui com você? – Eu pergunto apontando ao lado dele. Ele por sua vez fica no mais absoluto silêncio– Bem, quem cala consente, então obrigado... – Eu digo e me sento ao lado dele – Meu nome é Felps, qual o seu nome? – Eu pergunto e ele apenas fica encarando a parede sem me dar bola – Olha cara, o pessoal aqui falou que você não é muito de falar... Eu entendo, muitas vezes a gente só quer ficar sozinho, né? – Eu pergunto e ele, pela primeira vez, me encara – Eu sei como é. Quando eu tinha a sua idade eu era como você. Ficava sozinho e solitário o tempo todo. Eu achava que eu gostava de ficar sozinho, mas na verdade eu dizia isso apenas pra eu não me sentir tão mal... – Eu digo e ele continua a me encarar. Acho que aticei a curiosidade dele – Quer ver um truque de mágica? – Eu digo e pego um baralho que guardei no meu bolso – Escolha uma carta – Eu digo e ele pega uma das cartas do baralho. Eu embaralho as cartas e peço pra ele colocar a carta de volta no lugar – Eeeeee... SHAZAM! – Eu digo e puxo a carta certa do baralho. Eu vejo um sorriso brotar no rosto dele – Ahá, parece que ele sabe sorrir... – Eu digo e ele volta a encarar a parede.

De uma certa maneira eu conseguia entender que ele queria ficar sozinho, muitas vezes o silêncio é a maneira que achamos pra não ficarmos tristes e depressivos...

– Thommy... – Ele diz e eu o encaro.

– Como?

– Thommy Lee... Você perguntou qual era o meu nome... – Ele diz com uma voz embargada. Eu sorrio e estendo a mão em cumprimento.

– É um enorme prazer te conhecer Thommy Lee...

Os dias foram passando. Thommy Lee e eu acabamos nos tornando amigos... As crianças ainda não falavam com ele, mas eu era o cara que dava atenção a ele...

Num dos dias eu resolvi que ia levar o meu violão pra entreter a criançada. Eu ia tocar uma música que eu adorava quando criança.

Chegando na ala do hospital eu vejo Raul sentado em frente ao computador. Eu ainda tinha dúvidas em relação ao Thommy Lee, mas não queria perguntar diretamente pra ele...

– Bom dia Raul. – Eu digo o cumprimentando – Pode me fazer um favor? – Eu pergunto e ele tira a cara do notebook.

– Bom dia Felps, diga.

– Pode me dar alguns detalhes sobre o Thommy Lee? – Eu digo e ele franze o cenho.

– Quem?

– Thommy Lee. O garoto que fica sozinho aqui... – Eu digo e ele arqueia as sobrancelhas.

– Você descobriu o nome dele?! – Ele diz surpreso e eu assinto – Cara, eu fiquei meses com esse garoto e nunca consegui arrancar nem um sorriso dele... Como conseguiu? – Ele pergunta e eu rio.

– Eu sei como prender a atenção deles... – Eu digo orgulhoso – Mas o que você sabe sobre ele? – Eu pergunto e ele coça o queixo enquanto pensa.

– Não muito... Ele chegou tem mais ou menos um anos cheio de marcas vermelhas no hospital. Sempre foi bem calado e nunca recebeu visitas no quarto dele... Sinceramente ele parece ser a única criança que não tem familiares visitando... Nunca entendi direito isso, mas ele nunca me deu chance de me aproximar... Então apenas aceitei e fiquei na minha... – Ele diz e eu franzo o cenho. A história de Thommy Lee parecia cada vez mais intrigante...

Eu então agradeço e vou ao meu camarim pra poder começar a me arrumar.

– HOJE TEM MARMELADA?! – Eu grito assim que entro na sala. Eu havia meio que roubado essa frase de entrada do Raul...

– TEM SIM SENHOR! – Eles gritam em uníssono respodendo o chamado.

Thommy Lee estava sentado no seu canto costumeiro. Como sempre as crianças pareciam não dar bola pra ele.

Como sempre eu comecei a brincar com as crianças e de vez em quando ia até Thommy Lee e conversava com ele pra nos entrosarmos...

Ao final do nosso tempo eu resolvi revelar a minha surpresa.

– Galera, hoje nós temos uma coisa nova. Eu vou tocar uma música pra vocês aqui no violão... – Eu digo e as crianças começam a se sentar no chão em volta de mim – Thommy Lee... – Eu o chamo e ele se vira pra mim – Vem tocar comigo... – Eu digo e ele me encara assustado. Todas as crianças pareciam encarar Thommy Lee e ele por sua vez encarava de volta assustado.

–E-Eu... – Ele não sabia o que falar.

– Vamos! Vai ser divertido, eu prometo... Crianças, vamos encorajar o Thommy Lee... Thommy... Thommy... Thommy... – Eu começo a repetir o nome de Thommy Lee a as crianças começam a me acompanhar em uníssono até que ele se levanta e se senta ao meu lado.

Thommy Lee era encarado pelas outras crianças com um olhar alegre, ele até parecia mais feliz.

Logo eu começo a dedilhar no violão e começo a cantar. Thommy Lee aos poucos perde a vergonha e começa a cantar junto comigo.

Ao final da música as crianças nos aplaudem e comemoram fazendo Thommy Lee ficar envergonhado.

– Você foi muito bem... – Eu digo ao pé do ouvido dele fazendo-o sorrir pra mim com o sorriso mais sincero do mundo...

No dia seguinte quando eu voltei eu acabei achando Thommy Lee na ala psiquiátrica do hospital... Eu me assustei e fui na direção dele.

– Thommy Lee? O que faz aqui? – Eu digo e ele me encara.

– Doutor Felps? É estranho te ver sem maquiagem... – Ele diz e eu sorrio apontando pro lado dele e ele assente.  Eu me sento e fico encarando ele.

– Aqui fora eu sou só Felipe... Mas pode me chamar de Felps se preferir... – Eu digo e ele assente – Mas o que você faz aqui Thommy Lee? Na ala psiquiátrica... – Eu pergunto e vejo ele se entristecer.

– Eu posso confiar em você Felps? – Ele pergunta e eu o abraço de lado.

– Mas é claro que pode Thommy Lee... O que houve? – Eu digo e ele começa a lacrimejar do meu lado.

– Quando eu era mais jovem eu tive a pior infância do mundo... Meu pai era um bêbado e minha mãe me odiava por eu ter nascido... Eles me batiam todo dia e... E eu não podia contar pra ninguém senão eu podia apanhar mais... – Ele dizia já chorando – Eu tive que mentir pros meus amigos por anos... Dizia que tinha me machucado em outro lugar... A nossa vizinha me parou quando viu as marcas dos machucados e me fez contar tudo que eles haviam feito... Eu tenho as marcas dessas agressões até hoje... – Ele diz e eu finalmente entendo o porquê dos hematomas – Ela denunciou os meus pais e eles foram presos... Mas eu fiquei muito marcado com isso... E agora eu tenho que vir pra cá pra me consultar com os psiquiatras e me tratar... Eu odeio a minha vida Felps... Eu queria morrer pra acabar com isso... – Ele diz chorando no meu braço, eu o abraço com todas as forças e deixo-o chorando comigo até o Doutor aparecer e levá-lo pra mais uma sessão...

Mais algumas semanas se passaram... Eu tentei de tudo pra alegrar o Thommy Lee nessas semanas. O psiquiatra dele me colocou como guardião dele. Isso significava que eu poderia levá-lo pra passear. O psiquiatra acreditava que isso era importante pra ele poder se divertir e melhorar. Eu, claro, não neguei. Levei Thommy Lee em todos os lugares que ele não podia antes... Fomos ao cinema para ver Star Wars episódio VII que havia acabado de estreiar. Posso dizer que nunca vi um sorriso tão grande no rosto de uma criança quanto vi no dele...

Fizemos de tudo um pouco. Eu estava determinado a alegrá-lo e nada, nem ninguém me impediria de dar a infância que foi negada a ele...

Um dia enquanto estávamos no hospital ele me parou e me puxou pra um canto pra conversar.

– Felps, eu... Eu queria te agradecer... Você tem me ajudado muito nesses últimos tempos e... E eu nem sei como retribuir... Aqui, eu comprei isso pra você... – Ele diz e me entrega a metade de um cordão que estava escrito “Best Friends”. Eu senti meus olhos lacrimejarem - Eu sei que é pouco perto do que você fez por mim, mas... – Eu o interrompo.

– Esse foi o melhor presente que eu podeia ganhar Thommy Lee... – Eu digo e ele sorri.

–Sério?

– Seríssimo...  Muito obrigado... – Eu digo e o abraço apertado...

Eu realmente acreditei que aquela história teria um final feliz... Eu realmente acreditei que poderia salvá-lo... Mas não pude...

Alguns dias depois estávamos no hospital. Já era noite e Thommy Lee brincava com seus brinquedos enquanto eu dava atenção a outras crianças. Raul chegou no quarto e me chamous junto a Thommy Lee...

– Como você é o guardião dele, Felps, eu achei melhor te chamar também... – Ele diz e Thommy Lee aperta a minha mão.

– O que houve Raul? Desembucha... – Eu digo apertando a mão dele. Raul parecia realmente tenso...

– Os pais do Thommy Lee foram soltos... O juíz permitiu que eles tivessem um Habeas Corpus e respondessem o processo em liberdade... – Ele diz e Thommy Lee começa a tremer. Eu o encaro receoso.

– E o que mais? – Eu sabia que ainda havia mais. Pela cara de Raul as notícias ainda não haviam acabado...

– Bem... Eles... – De repente fomos interrompidos pela voz de um homem.

– ONDE ESTÁ AQUELE MERDA?! – O homem devia ter mais de 40 anos, ele era careca e tinha uma aura muito negativa. Thommy Lee aperta a minha mão e começa a chorar.

– Calma Thommy Lee... – Eu tento acalmá-lo e ele continua chorando.

–AHÁ! Aí está você... – Ele diz e eu me entreponho na frente dele, mas ele era bem mais forte que eu e me arremessa na parede pegando Thommy Lee pela gola da camisa e puxando. – VOCÊ NOS DENUNCIOU! VOCÊ E AQUELA PUTA NOS MANDARAM PRA CADEIA! – Ele dizia e eu me levanto enquanto Thommy Lee chorava muito e Raul ia pra cima do pai. Diferente de mim, Raul era bem grande e conseguiu fazer o pai de Thommy Lee o soltar.

Eu vou até ele e ajudo Raul a segurá-lo enquanto chamam a segurança, mas então eu percebo uma coisa...

– Raul, onde está o Thommy Lee...? – Eu digo e Raul solta o homem.

Nós começamos a correr pelos corredores procurando Thommy Lee, incluindo o pai dele que ainda parecia estar com raiva.

Finalmente o encontramos... Mas ele estava no terraço do hospital na beirada...

– THOMMY LEE! PARA! – Eu digo e vejo os outros dois chegando no terraço.

– Felps... – Ele diz com os olhos cheios de lágrimas enquanto olhava pra baixo.

– Thommy Lee... Espera, sai daí, por favor... Não faça essa besteira... – Eu digo e ele me encara.

– Felps... Eu não aguento mais... Eu não quero viver nesse mundo... – Ele diz e eu me aproximo, mas ele ameça se jogar então eu paro de andar.

– Thommy Lee... Por favor, não faz essa besteira... Você estava indo tão bem... Estávamos nos divertindo tanto, lembra? – Eu pergunto e volto a me aproximar devagar.

– Eu sei... Mas eu também sei que enquanto eu viver eu não vou conseguir ter paz... Eles não vão me deixar em paz nunca, Felps... – Ele diz e eu me aproximo ainda mais.

– Você sempre foi um fracote! – O pai de Thommy Lee diz zombando dele– Quando chegava em casa nunca revidava... Por isso merecia apanhar... Se jogue logo e deixe de ser um estorvo... – Eu com certeza já havia me enchido daquele cara...

– CALA A BOCA SEU MALDITO! – Eu grito pra ele– Thommy Lee... Por favor, volta pra mim... Eu ainda tenho que te mostrar tanta coisa... Ainda vamos no museu, lembra? Eu disse que ia te levar no parque de diversões... Tem tanta coisa pra nós fazermos juntos... Eu não quero ter que ir sozinho... – Eu digo e ele sorri pra mim.

– Obrigado por tudo Felps... Graças a você eu pude experimentar o que era realmente ser feliz... Mesmo que por pouco tempo... Por favor, continue alegrando as crianças, Felps... Muitos de nós precisamos de pessoas como você... – Ele diz e tira o cordão que ele me dera de presente. Ele segura com a mão e me encara.

– Thommy Lee... – Eu digo, mas minha voz estava embargada por causa do choro.

– Ei... Quer ver um truque de mágica? – Ele me diz e eu o encaro.

–O quê?

– Quer ver um truque de mágica? – Ele diz e eu limpo as lágrimas.

– Thommy Lee eu...

– Feche os olhos... – Ele diz e eu fico o encarando sem entender– Vamos, feche, por favor... – Ele diz e eu obedeço – Conte até três e mágica vai ter terminado... – Ele diz e eu começo a contar.

– Um... D-Dois... Três... – Quando eu abro os olhos era tarde demais...

Thommy Lee havia se atirado do terraço do hospital... Eu falhei...

– NÃO! THOMMY LEE! – Eu corri pelo hospital pra chegar o mais rápido possível no térreo...

Lá embaixo as pessoas já se amontoavam perto do corpo...

– NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO... – Eu dizia enquanto eu chegava mais perto dele...

As pessoas abriram caminho pra eu passar e eu apenas vi o corpo de Thommy Lee inerte no chão... Morto...

–NÃO THOMMY LEE! POR FAVOR, NÃO VÁ! NÃO! NÃO FAZ ISSO COMIGO... – Eu estava desesperado... As pessoas tentavam falar comigo, mas nada mais fazia sentido...

Ele havia morrido... E uma parte de mim se fora com ele...

-Flashback off-

– E foi isso... – Felps diz e eu limpo as minhas lágrimas.

– Meu Deus... Isso tudo é verdade? – Eu digo e ele me entrega dois colares colocando-os na minha mão– São os colares que ele te deu? – Eu pergunto e Felps suspira.

– Sim... Ele sempre será meu melhor amigo... – Ele diz e pega os colares de volta – Eu os uso desde que ele se foi... Prometi a mim mesmo que manteria a memória dele viva...

– Mas o que houve depois? – Eu pergunto e ele suspira.

– O pai e a mãe foram presos, pegaram 12 anos de prisão... As crianças ficaram muito mal com a notícia... O clima foi muito ruim durante semanas... Eu havia perdido a vontade de alegrar as crianças, afinal, eu mesmo não estava alegre... Meu processo de luto foi muito severo... Cada lugar da cidade me lembrava do Thommy Lee... Mas depois de um tempo eu me lembrei do que ele me pediu... As crianças ainda precisavam de mim... E por isso eu resolvi continuar... – Felps diz e eu termino o meu sorvete.

– Nossa... Eu nunca ia imaginar que algo assim aconteceu com você, Felps... – Eu digo e ele suspira.

– Sim. Ninguém imagina o passado de uma pessoa até que o descobrem... E quando descobrem se arrependem de julgar... – Ele diz e eu assinto.

– Concordo... Bem, obrigado por me ajudar, Felps... – Eu digo com um sorriso sincero.

– De nada Mike... Vamos pra casa? – Ele diz e eu assinto.

 

– Vamos...


Notas Finais


To chorando com o Thommy Lee... ;---;
Espero que isso mostre que Felps não é tão ruim quanto parece... As pessoas julgam demais... E isso inclui vocês.
Nos vemos no próximo cap meus lindos.
O tio ama vocês S2


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