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História Momentos com quem se foi. - One - Shot


Escrita por: GrenddaWay

Notas do Autor


Resolvi escrever algo mediante ao isolamento social, então, escolhi estes dois para protagonizarem mais uma one-shot.

Espero que gostem.

Capítulo 1 - One - Shot


Clark sentiu algo se remexer na cama em que dormia, ao passar a mão, não havia nada e os cobertores estavam frios, estava sozinho naquele momento; Clark não tardou em erguer o tronco para e observar o leito conjugal, sequer tinha certeza se em algum momento havia sido compartilhado naquela noite. Através da varanda trancada e encoberta pelas cortinas, o sol ainda não tinha surgido do horizonte para iluminar a cidade fria  e perigosa de Gotham City.

Mordeu o lábio com apreensão, pois não era a primeira vez que aquilo ocontecia, apesar de tudo, ainda não tinha aderido o costume de acordar sozinho naquelas horas, Clark sentia pena do pobre homem que tampouco descansava de sua rotina pesada.

Se levantou após analisar o luxuoso quarto escuro, mesmo cansaço pesando em suas costas, retornar ao sono não lhe seria conveniente, e se deitar sozinho para voltar ao inconsciente não era agradável na mente do herói, calçando os chinelos que aqueceram os pés, caminhou em silêncio durante a atravessia pelo cômodo gelado, deixando a porta antes já aberta.

Apenas siga em frente, faça o mesmo caminho de sempre, repetia para sí, passeando rapidamente pelas pinturas caras penduradas nas paredes; quantas vezes ele tinha feito isso?

Ao chegar nas imensas escadas da mansão, desceu degrau por degrau sem pressa, findando na extensa sala de estar, girando os calcanhares para seguir rumo á cozinha, e lá estava a figura que procurava mais a frente, bebericando meio copo de água, esfregando a palma da mão áspera sob a própria cabeleira escura, agora, não tão perfeita quanto costuma ser; o tom pálido predominava o rosto sério.

Sempre tão sério.

"Então, outra vez?" Questionou sem graça, se aproximar na surdina.

"O que tu achas?" respondeu rouco antes de bater o copo na superfície do balcão, descansando nela as mãos ainda trêmulas.

"Estão piores agora, não estão...?"

"Eles sempre pioram depois de missões dessa natureza." suspirou Bruce.

"Você…quer falar sobre?" Tossiu hesitante, contornando a bancada para guardar a jarra de água dentro da geladeira, enquanto encarava as costas nuas, repleta de vergões, cicatrizes grandes e pequenas, paralelas e cruzadas do mais velho que trajava calça moletom, tal não se virou para responder.

"Não é necessário. Estou bem." dispensou sem enrolação, bufando.

"Para você nunca é, Bruce." Murmurou descontente com a recusa, mas esta era previsível se tratando de Bruce Wayne, que fazia questão de guardar os próprios demônios dentro da mente e corpo flageladoa, seja por vergonha ou orgulho pregnado na personalidade fria, porém, ainda sim era compreensível, afinal, ao longo da vida mundana, não se encontra muitos semelhantes que genuinamente se importam em escutar problemas psicológicas de um adulto irremediavelmente problemático.

"Hum?"

Mais alto do que deveriaClark.

Mas o homem que trajava armadura nas madrugadas de Gotham sabia dos impasses, talvez ele devesse procurar ajuda, mas era tão difícil confiar em alguém a essa altura, ele nunca poderia ser sincero sobre os pensamentos compulsivos, restava apenas os mais próximos companheiros, tão diminutos em quantidade mas, imensuravelmente importantes para sua vida, uma vida repleta de traumas e paranóias.

"Nada." Suspirou desanimado, cruzando a cozinha novamente até chegar à bancada, enlaçando a cintura de Bruce com seus braços fortes, ouvindo mais um bufar melancólico, entretando o mesmo não se afastou ou o empurrou, ao contrário, aceitou de bom grado,  tendo relaxado os músculos tensionados.

"Não é diferente dos outros, sério." não pôde evitar a sensação agradável que subiu pelo corpo gelado, a diferença de temperatura que ambos transmitiam de um para o outro era quase prazerosa e reconfortante, "Por que veio aqui?".

Porque eu ainda não me acostumei.

"Queria saber se estava bem." respondeu com um beijo doce em seu pescoço, aspirando o perfume caro e certamente importado.

Céus! Era tão bom...

"Eu estou bem." assegurou num baixo tom.

Mas eu não estou.

Bruce se virou ainda preso pelos braços do homem de aço, segurando sem muita força o rosto quadrado e ridiculamente simétrico que expressava preocupação genuína, roçando os polegares em cada lado do face do jornalista, desviando um deles para os lábios finos que foram tomados em seguida por um selinho, transformado em um beijo mais intenso, com suas linguas se entrelaçando entre as cavidades numa dança que compartilhavam dominância, Kal-el não conteve suas mãos atrevidas, que deslizaram pela cintura mais delgada e quadril do detetive, variando as carícias e apertos por ali até e apertando sem muito pudor, sorrindo ao ouvir um singelo gemido deste que finalizou o contato de seus lábios com mais alguns selos, controlando o sua respiração ofegante.

Clark ficará em silêncio, suas mãos subiam e desciam pelas laterais do tronco firme, apreciando o contato físico tendo sua mente presa em possibilidades de memórias não mais vividas.

"Não é a primeira vez." comentou Bruce, pousando seus olhos nos do outro.

"Eu sei."

"Por que ainda continua?"

"Não me acostumei."

"Será assim por quanto tempo?"

"..."

Não era mais sobre os pesadelos, e Clark sabia disso, pelo menos suas respostas já não seriam mais sobre eles, por algum motivo estava mais difícil e não sabia se conseguiria continuar.

Preciso continuar, siga o roteiro!

"É melhor voltarmos 'pra cama." sugeriu, se afastando desajeitadamente do herdeiro Wayne que lhe segurou pelo pulso.

"Clark..." Chamou

"Hum?"

"Você ainda não me respondeu."

"Eu..." As palavras se entalaram-se em sua garganta, apenas queria subir e acabar com aquilo.

"Mais quanto tempo será assim?"

"E-eu..." 

"Quanto mais Clark?" Insistiu.

"Eu não sei Bruce! Eu não sei quanto tempo, e-eu... " soluçou em meio a contenção, se escorando em alguma parede branca, caindo com seu peso na madeira escura do chão, "Eu sinto sua falta, Bruce!"

Não...

Wayne andou até o homem desolado, agachando-se à sua frente, segurando uma de suas mãos com carinho, entrelaçando seus dedos com as do outro enquanto tirava uma mecha de cabelo da testa do escoteiro.

"Já faz muito tempo."

Clark sequer contava mais, já fazia algum tempo.

"Você tem que superar, não viverá sua própria vida se for assim."

"E-eu não consigo, eu não consigo te tirar da minha cabeça, eu preciso de você aqui comigo Bruce, eu não consigo continuar...não consigo superar mesmo depois de todos esses anos, o que eu sinto não passa." desabafou, escondendo seu rosto com as mãos quando uma lágrima teimou em sair e escorregar pela bochecha.

"Se eu soubesse que seria assim, não teria dito sim naquele dia." Disse Wayne com um sorriso triste nos lábios, vendo o outro balançar a cabeça em negação, subindo ela para que ambos pudessem se encarar, tentado a todo instante desviar-se dos olhos mórbidos de Bruce.

"Não mudaria absolutamente nada" devolveu o sorriso, "Te amaria de qualquer jeito, e não desistiria até que me desse um sim".

"É, eu sei disso." Bruce conhecia a determinação do outro, não duvidava da insistência contínua que perduraria até que lhe desse uma chance, mesmo sendo egoísta pelo que representavam ao mundo e suas respectivas cidades, ainda sim mereciam o amor e  paz em suas vidas que tanto arriscavam por terceiros.

Kal-el assim como Bruce, temiam pela perda um do outro em suas missões, por isso quando os sentimentos se tornaram evidentes para cada um, o cavaleiro das trevas imediatamente recuou por um bom tempo por motivos que assolam sua vida desde cedo, o medo da perda e o luto eterno. Clark compreendia - ou pelo menos achava que sim, o medo que assombrava aquele homem de facetas intrigantes. Mas percebeu que estava enganado sobre a visão que o mesmo tinha. Até porque, era mais fácil Clark perde-lo do que o inverso.

Bruce temia em quebrar o símbolo da esperança, de ser o responsável pela decadência do ser que daria de tudo para salvar o mundo inteiro se fosse preciso.

Bruce nunca esteve tão certo, e a prova era o estado de Clark naquele ambiente, que subitamente o tempo pareceu congelar naquele instante.

Como se soubesse o que se passava, o herói apenas fechou os olhos, deixando as lágrimas rolarem livremente numa trilha até o fim do maxilar cerrado, sem se importar com o exterior cinza.

Droga...

Simulação interrompida

O Kriptoniano permaneceu quieto, aguardando enquanto se recuperava gradativamente, ouvindo a voz do programa lhe interromper.

Continuar a simulação?

Não deveria, precisava ser forte, era tolice continuar naquela ilusão repetitiva que não fazia bem a sí próprio, apenas machucava e trazia aqueles momentos de incerteza sobre o viver. Não tinha o por que continuar nesse ciclo vicioso, tinha perdido alguém importante e lhe restava apenas guardar essas memórias na mente quebrada e no coração ainda dilacerado, honrar tudo isso e seguir em frente como um herói de verdade.

"Sim, quero continuar" respondeu bom gosto amargo.

Só um instante...

Mas...

Retornando a simulação.

"Acho que devo ficar em casa por hoje" Bruce surgiu na porta do quarto, fazendo Clark encara-lo enquanto o via se aproximar, deitando-se na cama king-size, "Alfred disse que estou precisando de um descanso"

Não era é tão fácil se despedir daquelas memórias.

"Ele tem razão." Concordou, com um sorriso torto que colaram aos lábios finos do mais velho, que correspondeu prontamente.

Das sensações...

"É, ele sempre tem..." sussurrou entre o beijo, aprofundando-se nele.

Dos sentimentos...

"Eu te adoro" Bruce sorriu tímido, se virando antes de fechar os olhos.

"Eu também..." Deitou-se da mesma forma, abraçando o corpo com firmeza.

Dos momentos com quem se foi.



Notas Finais


Foi algo mais sentimental, mas espero que tenham gostado, comentários são bem vindos.


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