História Mônaco GrandPrix - Capítulo Único

“REPÓRTER: O que esperar quando os novos prodígios, frutos da F2, conseguem finalmente a tão sonhada contratação para defender uma equipe da Fórmula 1? Vocês já conhecem a Son Chaeyoung, que estreou nas pistas da grande liga no ano passado e teve um ótimo desempenho defendendo a Williams. Desempenho este que no ano seguinte despertou a atenção de outras grandes escuderias. Entre a guerra de contratos, quem levou a melhor foi a Ferrari. Este Domingo presenciamos a sexta corrida da temporada, no GP de Mônaco, e também a sexta corrida da nova estreante da temporada, Kim Dahyun. E nestas seis semanas muitas águas rolaram entre estas duas personagens.

Essa história tem início há alguns anos atrás, quando Son Chaeyoung e Kim Dahyun ainda corriam pela Fórmula 2 defendendo a mesma equipe. As duas eram conhecidas não apenas pelo talento nas pistas, sempre revezando os lugares no pódio, mas também pelos conflitos quentes e imprevisíveis dentro e fora das corridas. 

No começo, os conflitos se davam apenas por palavras direcionadas à oponente durante as entrevistas, sem mencionar nomes ou equipe, mas devido às quase sempre vitórias de Dahyun, os nervos começaram a atingir ambas as corredoras, que passavam de bobas indiretas á demonstrações públicas de conflito. Nossa equipe tem registrado no arquivo uma dessas desavenças da temporada retrasada.

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REPÓRTER - Dahyun, mesmo com o segundo lugar, você permanece na liderança na tabela da temporada após uma disputada corrida. Como se sente em ter perdido a primeira colocação justo na última volta do circuito?

DAHYUN - O segundo lugar de hoje foi apenas uma demonstração de que a outra só teve sorte. Eu estou aqui agora por mérito próprio e a minha posição na tabela só comprovam isso.

NARRADOR: Neste momento, podemos observar Son Chaeyoung se aproximando do local e interferindo a entrevista.

CHAEYOUNG - Típico de perdedora jogar a culpa em sorte e azar. Por isso mesmo atravessou a linha de chegada com a maravilhosa vista do meu carro em primeiro.

DAHYUN - Que bom que eu sou melhor que uma patética como você, porque mesmo essa derrota não te faz chegar nem próxima da minha colocação.

NARRADOR: Então os próprios repórteres que estavam presentes no momento tiveram que separar as duas pilotas que avançaram em direção uma a outra para agredir fisicamente a adversária. 

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REPÓRTER: Deste conflito em diante, ambas as corredoras foram aconselhadas a manter distância física uma da outra para evitar cenas como às que acabamos de rever. Porém, enquanto pessoalmente elas mantiveram distância, ambas atacavam uma a outra através de entrevistas, comentários e postagens em redes sociais.

Por parte de Kim Dahyun, as postagens sempre lembravam que a mesma era talentosa e a habilidade no volante era de fato apenas dela. Dizia também que suas conquistas vinham de mérito próprio, uma vez que Chaeyoung só estava ali por ter algum tipo de privilégio. Enquanto isso, a companheira de equipe dizia que Dahyun na verdade era favorecida pela equipe, que a forçava sempre a ceder posições e muitas vezes até a corrida para que a mesma pudesse vencer. 

Ambas fazendo parte da mesma equipe tornou o ambiente lá dentro extremamente caótico. Mas por alguma razão, a rivalidade mantia ambas sempre presentes no pódium, seja para mostrar para a equipe quem era melhor, ou para mostrar para a adversária quem era A melhor.

A temporada da Fórmula 2 terminou com Dahyun sendo campeã com muitos pontos à frente da segunda colocada, Chaeyoung. Porém um novo conflito entre as duas estava para se intensificar. Com todos os acontecimentos as duas chamaram atenção da Williams, porém a equipe atual não estava disposta a ceder a contratação de Dahyun, o que fez com que sua inimiga de equipe fosse contratada para correr pela Fórmula 1.

Agora começamos a segunda temporada de conflitos entre as personagens. Uma nova fase marcada com os mesmos conflitos. Mesmas separadas por equipes e ligas, nada impediu que ambas continuassem se atacando em entrevistas. Os repórteres se sentiam como entregadores de mensagens, tinham que ouvir o que uma das duas tinha a dizer e passar o recado para a outra, assim sucessivamente. 

Ao longo das corridas elas começaram a focar apenas nas pistas e o conflito entre as duas esfriou. Enquanto Dahyun liderava pelo segundo ano consecutivo a Fórmula 2, Chaeyoung se destacava com ótimos desempenhos como estreante na Fórmula 1. Esta parte vocês já conhecem, Dahyun finalmente foi contratada pela Renault para a temporada seguinte na Fórmula 1, enquanto o desempenho de Chaeyoung a fez ser rapidamente contratada pela Ferrari. Agora com as duas novamente na mesma liga, vocês já devem imaginar o que recomeçou.

As discussões entre as corredoras começaram exatamente de onde pararam, logo na primeira corrida na liga principal. A diferença de escuderia e experiência eram claras. Chaeyoung após a primeira corrida, esteve presente nos 4 pódios da temporada, enquanto Dahyun se manteve entre as posições de 8 à 14 lugar. Ambos desempenhos impressionantes.

Foi então durante o Grand Prix de Mônaco, a sexta corrida da temporada, que um imprevisto do destino cruzou o caminho de ambas as corredoras. A corrida se aproximava da volta de número 22 quando o Sol começou a ser encoberto por nuvens escuras. Não demorou muito para o Domingo ensolarado ser levado pela chuva inesperada. Devido à mudança repentina meteorológica, as equipes foram obrigadas a mudarem suas estratégias. Enquanto algumas apostaram na volta imediata dos corredores aos boxes para efetuarem a troca de pneus, as escuderias que disputavam os primeiros lugares da corrida se aproveitaram da parada dos oponentes para tentar ganhar o máximo possível de vantagem em relação aos demais, e só depois mudarem o kit de pneus de seus carros. 

Durante a volta de número 25, Chaeyoung que até então não havia efetuado a parada ainda, se comunicou com a equipe. Durante a conversa, a corredora disse que achava melhor adiar a troca de pneus prevista para a volta de 27, para a próxima, pois segundo a mesma, o carro não apresentava mais estabilidade e aderência consideradas normais para a pista molhada. Em questão de instantes após a conversa com a equipe o pior aconteceu: o pneu traseiro direito do carro estourou. A velocidade em que o carro estava era muito alta e por isso uma reação foi impossível. O carro desgovernado capotou na pista por diversas vezes até finalmente parar após se chocar com o muro de segurança.

Óleo e combustível foram espalhados na pista e o calor do motor provocou o início instantâneo de um incêndio na carcaça que se encontrava virada de rodas para cima na pista. Enquanto isso, acompanhamos através da transmissão e não víamos nenhuma movimentação vinda por parte da corredora. A leve chuva que caia não seria capaz de apagar as chamas que a cada segundo consumiam o carro. Neste momento vimos a movimentação de um dos carros participantes da corrida. Enquanto os demais corredores desviavam dos destroços na pista, uma das corredoras retardatárias foi única a parar no local do acidente. Dahyun então desceu de seu veículo jogando seu capacete no chão e de maneira desesperada, correu em direção do outro que estava capotado na pista. 

A situação era grave, uma vez que os carros de apoio e a equipe médica e de resgate demoravam para comparecer ao local do acidente. Em menos de trinta segundos, a corredora da Renault conseguiu retirar Chaeyoung das ferragens e arrastá-la para longe de seu carro. Inacreditavelmente, assim que Dahyun chegou a pouco mais de 6 metros do carro, o fogo atingiu o tanque de combustível e explodiu ao contato com a substância inflamável. Após a explosão, Dahyun colocou seu ouvido no peito da outra pilota para tentar ouvir seus batimentos cardíacos, e pela câmera vimos a mesma iniciar o procedimento de RCR (Reanimação cardiorespiratória). O capacete de Chaeyoung não foi removido durante o procedimento, provavelmente para evitar qualquer tipo de lesão craniana. 

Em questão de instantes após o início do RCR, a equipe de primeiros socorros chegou ao local e iniciou novamente os procedimentos. Dahyun permaneceu no local até acompanhando todas as atividades até ser examinada também pela equipe. Após imobilizarem Son Chaeyoung e colocá-la na maca, ambas foram direcionadas para dentro da ambulância e levadas para o hospital emergencial. 

Em nota, a Renault afirmou que Kim Dahyun sofreu leves escoriações no corpo devido aos destroços da explosão e por isso foi encaminhada para o hospital, mas que já recebeu alta e passa bem. A Ferrari também em nota para a imprensa disse que Son Chaeyoung encontra-se estabilizada e fora de perigo no momento. O estado dela não é grave mas irá permanecer hospitalizada por tempo indeterminado até se recuperar das lesões no antebraço e ficará em observação. Enquanto isso as-”

A brisa leve vinda do lado de fora balançava de leve as cortinas do leito em que Chaeyoung estava internada sob observação. A garota deitada na cama virou-se em direção da porta, procurando pelo responsável por desligar a televisão.

- Você não deveria ficar vendo isso toda hora, precisa descansar. Sabe disso não é?

Dahyun ainda sem jeito por interferir de maneira brusca desligando a televisão, colocou novamente o controle sobre a mesa de apoio ao lado da porta do quarto. Ao notar a atenção que a outra a dava sem falar nada, permaneceu em pé, olhando para o braço imobilizado da garota deitada.

- Hey, por que não se senta? Se ficar em pé parada nesse canto por muito tempo posso acabar confundindo você com a decoração do quarto. O que você tem atrás?

- Isso? Eu te trouxe frutas. Eu pensei em chocolate mas você está em um hospital, então fiquei com medo de ser banida sem nem passar pela porta, então trouxe frutas. Não sabia qual você gostava então trouxe todas as que achei que gostaria. 

Enquanto Dahyun sentava-se na poltrona ao lado da cama, Chaeyoung sentava-se com dificuldades, deixando suas pernas lentamente ficarem penduradas na cama.

- Você precisa de ajuda?

- Não, eu consigo sozinha, mas obrigada.

Com a televisão agora desligada, apenas o som das cortinas balançando preenchiam o cômodo com som. ambas as garotas, sentadas frente à outra, desviavam os olhos para qualquer outro local ou objeto no quarto, sem manter nenhum tipo de contato visual. Após alguns minutos de silêncio, Dahyun foi a primeira a falar dentre as duas.

- Eu bati na porta antes de entrar e esperei por um tempo. Como você não respondeu e eu ouvi sons vindos da tv, achei que estivesse dormindo então entrei. Quando entrei eu até te cumprimentei mas você não ouviu. Eu não tive outra reação quando vi o que você estava assistindo, foi como se meu corpo tivesse agindo sem o meu consentimento e desligou a televisão. Eu não queria ser rude ou algo assim, só achei que precisava descansar e ver aquilo não fosse te fazer bem.

- A verdade era que não tinha mais nada passando e eu estava super entediada, então acabei vendo e acho que me liguei um pouco mais do que deveria…

- Como você está? Eu digo, eu sei que você está em um hospital então não está bem mas, mesmo assim… Você… como se sente?

- Eu estou bem. Sinto algumas dores no corpo, que na verdade são várias dores, mas eu de certa forma me sinto feliz em senti-las, sabe? Me lembram que ainda estou aqui e que logo estarei bem. Mas e você, como se sente? Posso ver alguns curativos e na reportagem falaram que você se machucou também.

- Ah, essas coisas? Foram só arranhões, nada de mais… Não precisa se preocupar com isso.

Desta vez, o silêncio instaurado no local era aconchegante, alguns momentos apenas apreciando a presença uma da outra. Não demorando muito para Dahyun procurar por algo em sua mochila. Chaeyoung acompanhava com o olhar enquanto a outra buscava por algo aparentemente perdido ali. Chaeyoung então deduziu que aparentemente a outra havia encontrado o que queria quando ouviu a mesma fazer um pedido.

- Você pode fechar seus olhos? Prometo que vai ser rápido.

A garota sentada na cama, ainda desconfiada não respondeu verbalmente, apenas fechou os olhos e esperou a outra pegar o que for.

- Não espie, ok? 

Após acenar afirmamente com a cabeça, Chaeyoung sentiu a presença da outra bem próxima à si ao notar um peso a mais sentado na cama ao seu lado e sentir uma mão em seu braço imobilizado. Cumprindo sua promessa de não olhar o que a outra fazia, a garota permaneceu de olhos fechados, esperando algum tipo de confirmação vinda de Dahyun.

- Pode olhar agora.

Assim que Chaeyoung abriu os olhos, notou que Dahyun ainda estava sentada ao seu lado na cama. Confusa, viu uma caneta em uma das mãos da outra. Logo, seus olhos foram em direção ao braço imobilizado, vendo ali algo escrito. A garota então levantou o braço engessado mais próximo aos olhos para ler o que estava gravado em seu braço.

- O que é isso?

- Meu número. Se você quiser conversar comigo ou algo assim… Se não quiser não precisa também, eu posso riscar pra você… só que seu gesso ficaria riscado… acho que eu não pensei bem… 

- Acho que você está pensando nas questões erradas da equação… você acabou de escrever seu número de telefone no meu braço… onde qualquer pessoa poderá ver...

Vendo o olhar da garota mudar de confuso para preocupado e logo em seguida para confuso, Chaeyoung não escondeu o riso com a situação atual, se recuperando logo em seguida para falar com a outra.

- Obrigada.