- Mil e duzentas pratas? - Questionou Anahí após ouvir tudo o que havia ocorrido com Angel já estando ambas em casa.
- Exatamente e eu não reclamei mais porque sabia que ela iria aumentar mais o valor.
- Mas como ela pode?
- Ela é a dona do bordel, ela faz o que bem entender. Eu não vou conseguir fazer essa grana em uma noite.
- Eu tenho dinheiro guardado. O que não conseguir eu completo. - Falou Anahí.
- Que? Não mesmo. Esse dinheiro é seu e eu não quero. Eu vou trabalhar bastante amanhã e levantar essa grana.
- Mas Angel...
- Não tem conversa Annie. - Falou Angel se levantando e saindo.
*---*---*---*
Dulce chegou na vila onde morava e logo na entrada estava dona Teresa conversando com uma das vizinhas, assim que Dulce passou pelas duas elas começaram a sussurrar. Dulce abriu a porta de casa e olhou para trás e as duas a encarava.
- Vão se ferrar. - Falou ela em seguida entrando em casa batendo a porta.
Dulce tomou um banho, vestiu um confortável pijama e se deitou para dormir.
Dulce acordou às quize horas suada, o sol batia forte dentro de casa apesar da cortina escura. Ela se levantou ainda sonolenta, foi ao banheiro para tomar um bom banho, aquele era um dia especial, festivo, emocionante e dramático para Dulce. Ela se vestiu de maneira mais comportada, uma saia branca, uma blusa de manga comprida preta, salto alto preto, deixou seus cabelos lisos e soltos, passou apenas uma base e um gloss. Ela pegou um ônibus e foi para o shopping. Dulce entrou em uma loja de brinquedos e comprou uma boneca, bonita e que tinha o preço razoável. O atendente embalou em um papel para presente e recebeu o dinheiro de Dulce, e ela saiu. Em seguida ela foi em uma loja que vendia chocolates e comprou uma barra preta e branca.
- Candy? - Chamou uma voz atrás dela e seu coração gelou, não era possível. - É você não é? - Perguntou a pessoa se aproximando.
- Não! Você está me confundindo com alguém. - Falou ela virando o rosto e foi para o caixa pagar pelo chocolate.
- É lógico que é você.
- Obrigada! - Falou ela para o atendente e já foi saindo, mas o cara a alcançou e a puxou pelo braço.
- Eu sabia sabia que era você. É inigualável Candy. - Era Christopher, Dulce o encarava com seriedade.
- Eu não sei do que está falando.
- Vai se fazer de difícil? Eu sei que é você, eu não me esqueceria.
- Não me importa. - Falou Dulce. - E nunca mais me segure dessa forma pelo braço. - Falou Dulce chutando Christopher nas partes baixas, na mesma hora ele a soltou e ela saiu correndo devagar já que estava de salto. Dulce saiu do shopping rapidamente e entrou em um táxi.
Dulce deu o endereço para o motorista e ele seguiu rumo ao orfanato. Dulce apoiou a cabeça na janela e ficou observando o caminho, limpando de vez enquanto uma ou outra lágrima que insistia em cair. Hoje sua querida irmã Lola completaria seis anos e Dulce não poderia levá-la para passear, mas ao menos vê-la ela poderia. Dulce chegou ao orfanato, pagou o taxista e entrou para conversar com uma das freiras responsáveis que permitiu a entrada de Dulce. Assim que Lola viu Dulce abriu um enorme sorriso e Dulce fez o mesmo, Lola largou tudo o que estava fazendo e foi de encontro a irmã que a esperava de braços abertos. As duas se abraçaram e Dul segurou a vontade de chorar.
- Hoje é o dia da minha princesa mais linda! - Falou Dulce ainda a abraçada com Lola. - Feliz aniversário querida, eu trouxe isso pra você, não é um presente muito caro, mas foi o melhor que eu pude, viu? - Falou Dulce entregando a boneca e o chocolate para sua irmã.
Os olhinhos da pequena Lola se iluminaram e um grande sorriso apareceu quando a pequena viu a boneca e o chocolate.
- Esse é o melhor presente do mundo! - Falou a menina animada abraçando Dulce outra vez.
- Vê se não vai comer o chocolate todo de uma vez.
- Pode deixar.
Dulce passou a tarde brincando com Lola, foi cantado o parabéns para a pequena, mas Dulce teria que se despedir. Dulce se abaixou ficando na mesma altura que Lola para poder se despedir.
- Lola, eu adoro vim te ver e você sabe, mas agora eu tenho que ir.
- Já? Mas eu queria brincar mais, você tem que conhecer tudo aqui. - Falou a pequena e Dulce engoliu seco, a vontade dela era pegar a pequena e sair dali, mas ela não podia.
- Eu já conheço o prédio pequena. E da próxima vez você me mostra tudo o que quiser.
- Você promete?
- É claro!
- E se você não vier?
- Eu já deixei de cumprir uma promessa? - Perguntou Dulce e a pequena negou com a cabeça. - Então. Eu vou voltar e você vai poder me mostrar tudo o que quiser.
- Eu te amo Dulce. - Falou Lola abraçando a irmã. - Quando eu vou poder ir pra casa com você? - Questionou a menina e Dulce engoliu seco.
- Em breve meu bebê, te amo muito e vai ficar tudo bem. - Os olhos de Dulce já estavam cheios d'água. - Você ainda vai voltar a morar comigo, eu prometo. - Falou Dulce saindo do abraço. - Eu vou conseguir tudo que nós precisamos, e aí vou te tirar daqui. Nós vamos voltar a morar juntas como morávamos antes, em família. Eu te prometo Lola! - Falou Dulce se controlando ao máximo para não chorar na frente da irmã.
- Eu acredito em você e vou esperar porque eu sei que você vai conseguir, você é demais.
Dulce deu mais um abraço em sua irmã e em seguida um beijo no topo da cabeça da menina, se levantou e caminhou até a saída sendo acompanhada pela freira Mayra. Antes de ir embora Dulce olhou para trás, Lola ainda a olhava, Dulce acenou sorrindo e a pequena fez o mesmo.
- Obrigada madre Mayra por me deixar vim vê-la. - Falou Dulce antes de sair.
- Você é irmã dela, não deve ser fácil estarem afastadas, pelo menos vê-la tem o direito.
- Obrigada!
- Filha, eu sei que não devo me intrometer e sei que sua vida não é fácil, mas você ainda segue na mesma vida? - Perguntou Mayra com docilidade.
- Sim madre. Eu não me orgulho da vida que levo, mas eu preciso e é a forma como consigo sobreviver e ter esperança de juntar dinheiro para recuperar a Lola. - Desabafou Dulce.
- Filha, porque não tenta outro emprego, algo que faça um juiz querer lhe entregar a guarda da Dolores de volta? Irmãs devem permanecer juntas.
- Porque eu não sou competente pra isso. Mas eu vou me qualificar, só que pra isso é preciso dinheiro pra isso. Eu te juro madre que eu vou mudar de vida, foi me tornar uma pessoa digna e assim que fizer isso vou recuperar a minha irmã.
As lágrimas já escorriam pelos olhos de Dulce sem impedimento.
- Eu te desejo toda sorte do mundo filha, de verdade. Que Deus esteja com você.
- Amém! Obrigada madre!
Dulce se despediu abraçando a madre Mayra que sempre havia sido um doce com ela e em seguida tomou um ônibus rumo ao bordel. Durante o caminho foi impossível não chorar com aquela situação.
Dulce chegou ao bordel um pouco antes do mesmo abrir, ela se arrumou rapidamente e foi para o salão principal, ela sabia que não podia transparecer toda aquela tristeza e incerteza, ela vestiu seu sorriso e foi. Ao chegar ao salão Dulce viu um rosto conhecido, Leon estava lá novamente e ela foi direto a ele.
- Novamente por aqui.
- Você me encantou de verdade Candy.
- Eu tenho meus truques.
- Que funcionam perfeitamente. - Falou Leon dando um beijo na mão de Dulce. - Não queria ter essa noite aqui, vamos para outro lugar?
- Não é tão fácil assim.
- Com quem que eu tenho que falar para te levar para uma noite especial?
- Tem que falar com a chefa.
- Quem é? Mostre-me, eu irei falar com ela. - Pediu Leon.
- É ela ali. - Apontou Dulce mostrando quem era. - Ela chama Ninel.
- Vou falar com ela. Vá se trocar, vista algo mais decente. - Ordenou Leon indo falar com Ninel e Dulce voltou para o camarim.
*---*---*---*
Angelique nunca havia ficado tão nervosa para uma noite de trabalho como estava naquele momento, ela sabia que teria que dar o seu melhor para conseguir o dinheiro para pagar Ninel, senão poderia sofrer duras consequências.
- Fica calma, vai dar tudo certo. - Falou Annie.
- Vai ter que dar. - Falou Angel e Annie a beijou.
- Vou estar sempre com você.
- Obrigada! Agora vamos!
Angel foi para o salão do bordel muito apreensiva sem imaginar que aquela noite seria inédita.
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