História Monodrama do amor - Sorry

"Eu quero te perguntar, eu quero saber
Eu sou realmente o único que ficou com boas memórias?"

Sorry - Kim JongHyun

Finalmente o final de semana havia chegado, JongHyun sentia-se renovado depois de uma boa noite de sono. Apesar de tanto pensar em Key, conseguiu dormir bem.

Levantou-se da cama e foi direto ao banheiro fazer sua higiene, após rumou em direção ao quarto de seu irmão mais novo, estava com uma ideia de sair com o mesmo para passear em algum lugar que ele gostaria de ir ou só para caminhar em uma praça perto de casa.

Parou em frente à porta de Key que estava fechada e respirou fundo, sempre se sentia nervoso e ansioso na presença do mais novo, acalmou o seu coração e bateu na porta. Ficou a espera que seu irmão fosse atender, mas nenhuma menção de outro abrir a porta, então decidiu bater mais uma vez, sem resultado, Jonghyun decidiu abrir a porta e para  a sua surpresa, Kibum não estava lá, sua cama estava arrumada como se o mesmo tivesse saído faz algum tempo.

Com um ponto de interrogação na cabeça de onde o seu irmão poderia estar, JongHyun desceu as escadas e acabou encontrando sua mãe na sala vendo uma série qualquer na televisão, caminhou até ela com a intenção de que ela tivesse alguma ideia de onde Key poderia ter se metido.

-Mãe? – JongHyun chamou a mais velha de forma delicada, se sentando ao seu lado no sofá.

-Oi filho, dormiu bem? – A Sra Kim não desgrudou seus olhos da televisão, parecia muito entretida com o que assistia.

-Dormi sim – Seu filho mais velho respondeu coçando a cabeça – Ahnnn, você sabe onde está o Kibum?

-Ele saiu com um amigo filho – Sua mãe finalmente tirou os olhos da televisão e direcionou seu olhar para JongHyun – Parece que foi dar um passeio com um tal de ... – A mesma batia com o dedo indicador na cabeça como se tentasse se lembrar de algo – Ah, Minho.

JongHyun se limitou a apenas balançar a cabeça positivamente e se direcionou novamente ao seu quarto se jogando na cama. Sentia-se muito mal de saber que o seu irmão se divertia com outro, sentia ciúmes e uma agonia muito grande tomava conta de seu peito. Ainda não sabia como lidar com esse sentimento, seu coração só faltava sair pela boca a cada batida que ele dava.

O mais velho passou tanto tempo ali pensando que chegou a conclusão de que falaria para Key, tudo que sentia em seu peito em relação ao seu irmão, não suportava mais guardar aquele sentimento que o corroía de forma tão intensa. Poderia estar sendo egoísta, contando tudo isso para o mais novo, mas ele poderia ser egoísta pelo menos uma vez, certo?

Continuou pensativo por muito mais tempo que poderia contar, sem ao menos notar Kibum encostado na batente da porta o observando de maneira que JongHyun não podia explicar, a expressão do mais novo era indescritível.

-Oi JongHyun – Key andou até seu irmão velho que estava literalmente jogado na cama e sentou-se na ponta da cama – Acabei de chegar e trouxe isso para você.

JongHyun sentou-se na cama e pegou o embrulho que Key lhe direcionava. Abriu-o e ficou surpreso com o que seu irmão te deu. Era uma corrente em forma de violão, desde muito novo JongHyun adorava violão e sabia tocar muito bem o instrumento. Kibum adorava o modo apaixonado que seu irmão dedilhava seus dedos nas cordas do violão, o mesmo conseguia sentir no fundo da sua alma, o amor de seu irmão mais velho percorrer a cada nota que tocava e a cada letra que cantava.

-Nossa, obrigado Key – JongHyun não podia conter seu sorriso que ia de orelha a orelha – Obrigado por se lembrar de mim.

-De nada, eu sempre quis te dar algo especial – Kibum não escondia o quão feliz estava por seu irmão ter gostado de seu mero presente – Toca o violão para mim qualquer dia desses?

Key sentia muita saudade de ouvir seu irmão tocar, desde que se afastaram nunca mais ouviu o mais velho tocar nada.

-Claro que toco para você – JongHyun ficará feliz que seu irmão dirigia tal pedido a si – Se você quiser, posso tocar para você essa noite.

-Desculpa, JongHyun – Key coçava o topo da cabeça completamente constrangido – Eu vou sair com o MinHo essa noite, combinamos de ir ao cinema.

O mais velho não soube como se expressar com tal informação que acabara de receber, novamente a dúvida de seu irmão estar apaixonado por Minho pairava sobre a sua cabeça, poderia ele vencer isso e se declarar para Key? Duvidava muito disso, seu coração pedia disparadamente que ele colocasse tudo para fora e revelasse seus sentimentos mais sinceros e bonitos para o seu irmão mais novo, mas sua cabeça apitava como uma sirene dizendo perigo a todo instante desesperadamente.

-Você gosta mesmo desse tal de MinHo – Por fim, JongHyun conseguiu pronunciar alguma coisa em meio a tanta aflição e dúvida que planava sobre seus pensamentos.

-Gosto sim, ele é um cara legal – No rosto de Kibum havia um lindo sorriso e seu irmão podia notar o quão carinho o outro falava sobre o jogador.

Decidiu que aquele não seria um bom momento para declarações ou coisas do tipo, resolveu apertar todos aqueles sentimentos belos no fundo de seu coração. Sentia-se decepcionado e arrasado, queria gritar e chorar, estava cansado de tudo aquilo, de não revelar o que queria de verdade. Era como se sentir preso, onde ele olhava para os lados e apenas via escuridão. 

A ausência de luz se fazia presente, revelando que a noite já caia do lado de fora. Kibum, já estava todo arrumado e perfumado para ver seu amigo MinHo, esperava ansiosamente na sala o mesmo chegar. Estava animado, já que queria muito ver o filme, fazia anos que não era chamado para ir ao cinema, suas mãos suavam de tão ansioso que estava. Não demorou muito para que ouvisse a campainha tocar e sair rumo a fora.

Lá de cima, JongHyun também ouvira o tocar da campainha e bufou. Seu humor estava abaixo de zero, queria arranjar um jeito de colocar tudo para fora, estava completamente acabado por dentro, sua cabeça já não raciocinava direito e o seu coração estava afundado em desespero. Se houvesse uma maneira de acabar com tudo isso, JongHyun faria questão de tentar.

Sentado em sua escrivaninha em seu quarto, lembrou-se que na gaveta havia um caderno de partitura, que usava para escrever músicas quando não tinha o que fazer. Fazia tempo que não pegava ele em suas mãos. Abriu a gaveta e retirou de lá o caderno e começou a compor juntamente com o seu violão no colo, que também o mantinha guardado no canto do quarto por muito tempo.

Finalmente, podia liberar todo esse misto de sentimentos que o mais velho continha e a cada nota, a cada palavra e a cada toque de violão podia sentir que seu coração se acalmava e podia respirar novamente. 

~ ♡ ~

Já era tarde da noite, MinHo deixará Kibum na porta de sua casa, os dois haviam se divertido muito e aproveitaram o filme como se fosse o último, já estavam combinando um próximo encontro para poderem aproveitar a presença um do outro. Despediram-se e Kibum entrou no silêncio de sua casa.

Caminhou em direção ao seu quarto, já estava pronto para adentrar ao seu quarto, mas parou antes ao observar a porta do quarto de seu irmão aberta, sua curiosidade tomou conta de seu corpo e foi ao encontro de seu irmão, e se surpreendeu ao vê-lo dormindo sentado em sua escrivaninha, sua cabeça estava apoiada na madeira lisa da mesinha que estava coberta de folhas e mais folhas por todo o lado.

Kibum pode perceber que o outro estava compondo, um sorriso minimalista apareceu em seu rosto, adorava as canções que o seu irmão fazia e cantava. Decidiu que não o acordaria, já que parecia estar em um sono profundo. Key se direcionou ao armário e pegou uma coberta, jogando-a nas costas de JongHyun, lhe deu um beijo em sua testa e fechou a porta do quarto.

O irmão mais novo andou em direção ao seu quarto novamente e se aprontou para deitar na cama, já pronto se jogou na cama. Fechou os seus olhos, estava muito cansado e só queria descansar já que no outro dia já haveria aula. Sentiu seu celular vibrar ao seu lado na cama, não aguentando a curiosidade de saber quem mandava mensagem a essa hora, pegou o celular e leu o sms que acaba de chegar.

“Boa noite, Kibum. Hoje foi muito divertido! Abraços, Minho”

Key não pode esconder o sorriso que persistia em permanecer em seu rosto, se sentia amado, coisa que nunca havia acontecido consigo. Isso era o que as pessoas chamavam de se apaixonar?

Uma luz forte adentrava pela janela do quarto batendo diretamente no rosto de JongHyun, que acabou por se incomodar e acordou. Foi então que ele percebeu que havia dormido sentado enquanto escrevia a música, espreguiçou-se, ouvindo suas costas darem um estalo alto. Viu que havia uma coberta também o cobrindo, o que não pode deixar de sorrir ao saber que alguém se importou com ele.

Procurou o seu celular no meio de tantos papéis, assim que o encontrou, tomou um susto ao ver a hora que já constava, se apressou para se arrumar e ir a escola, já estava mais do que atrasado.

Por sorte, o mesmo conseguiu chegar a tempo na escola, finalmente podia dar uma boa respirada, já que viera correndo. Adentrou na instituição e caminhou até a sua sala, para chegar até lá, JongHyun tinha que passar por um pequeno jardim que poucos alunos utilizavam e para a sua surpresa, encontrará Key e MinHo tendo uma conversa bem íntima aos olhos de JongHyun. Curioso para saber o que se passava ali, escondeu-se atrás de uma árvore. Não conseguia ouvir o que os dois falavam, mas podia ver perfeitamente os sorrisos tímidos que Key lançava para o mais alto, o irmão mais velho começava a ficar cada vez mais enciumado com a cena que se seguia, mas só piorou quando observou MinHo se aproximando de seu irmão mais novo e o beijando. Naquele momento, tudo ficou em branco para JongHyun, seu coração fora quebrado e pisoteado com força e o mesmo sabia que não podia culpar o Key ou muito menos o jogador. A culpa era toda sua por não conseguir dizer ao seu irmão sobre o seu amor e por principalmente, ter se apaixonado pela pessoa errada. O mesmo se sentia destroçado, lágrimas solitárias escorriam pela sua face vermelha, podia jurar que logo seu nariz também estaria vermelho por causa do choro.

Saiu de lá o mais depressa possível, correu em direção ao banheiro, se trancando em uma das cabines, chorou mais do que podia suportar. Como fazer essa dor passar? JongHyun precisava desesperadamente dessa resposta.

Não sabia dizer por quanto tempo permanecer lá trancado na cabine do banheiro, já não havia mais lágrimas em seus olhos, mesmo com vontade de chorar, não conseguia produz uma lágrima sequer, seus olhos haviam secado.

JongHyun havia matado as suas primeiras aulas, já que o sinal ressoava alertando que o intervalo ia começar, mas o próprio sabia que não teria conseguido ir a aula no estado deplorável que se encontrava, se sentia patético por estar daquela maneira jogado em um banheiro sujo.

Precisava mais do que nunca de um amigo, pegou o seu celular e ligou para Onew, pois sabia que o mesmo sempre o ajudaria em qualquer circunstância, assim que ele atendeu seu telefonema, JongHyun pediu que viesse ao seu encontro no banheiro, o que Onew se apressou em realizar, logo o mesmo já estava lá abraçando seu amigo com o maior conforto que ele poderia lhe dar.

-JongHyun, eu sinto muito por tudo isso, você não merece passar por essas coisas – Onew afagava suas costas de forma lenta e vez ou outra dava uns tapinhas.

-Eu o amo tanto, mas ele nunca vai poder ser meu, Jinki – JongHyun falava com a voz embargada de tristeza e chateação.

-Esta na hora de você virar essa página amigo, eu sei o quanto é difícil, mas você precisa tentar – Onew soltou um suspiro fraco e decepcionante – Eu vou estar aqui para te ajudar, a gente vai conseguir fazer você esquecer o Kibum.

-Você não entende, eu tentei muitas vezes esquece-lo, mas nem todas as forças do mundo eu consigo isso. Eu o amo mais do que qualquer outra pessoa e ver ele com outro me quebra totalmente – JongHyun fechará os seus olhos, sentia-se cansado e esgotado.

-Então, fala isso para ele, solta tudo! – Onew desfez do abraço e olhou nos olhos de seu amigo que estava acabado – É a melhor coisa a se fazer.

JongHyun acenou positivamente com a cabeça, talvez Onew tivesse razão, mas o medo o envolvia sempre que pensava em se declarar para o seu irmão e isso o tornava um covarde.

-Eu escrevi uma música para ele – JongHyun falou enquanto tentava limpar os últimos resquícios de lágrimas de seu rosto – Eu acho que vou mostrar para ele.

-Faça isso, eu tenho certeza que ele vai gostar e se caso não gostar, a gente vai saber que ele é um completo trouxa, porque suas músicas são as melhores.

E mesmo não querendo, naquele momento, JongHyun deu uma risadinha abafada, Onew realmente era o melhor em fazê-lo se sentir menos triste e um pouco mais confiante.

~ ♡ ~

JongHyun tremia da cabeça aos pés, já anoitecia lá fora, e o mesmo havia preparado uma noite muito especial para ele e Key, já que sua mãe havia saído para ver sua avó que estava mal de saúde.

JongHyun havia colocado a melhor roupa que pode encontrar em seu guarda roupa e estava suando frio em seu quarto, rezou para todos os deuses que conhecia e desceu as escadas em busca de seu irmão.

Kibum se encontrava na sala mexendo em seu celular, quando ouviu passos, virou seu rosto em direção aos passos e viu JongHyun todo arrumado com um violão nos braços. Ficou confuso com o que o seu irmão iria aprontar, viu o mesmo se sentar frente a si no sofá.

-JongHyun, o que está acontecendo? – Kibum não podia deixar de sorrir, afinal estar na presença de seu irmão sempre era uma benção.

-Olha, eu quero que você preste muita atenção na música – JongHyun arrumava o violão em seu colo da melhor forma possível – Eu mesmo escrevi ela.

-Tudo bem, vou ouvir ela de muito bom grado – De repente Key se sentiu animado, ajeitou-se no sofá e esperou que seu irmão começasse a tocar.

JongHyun respirou fundo, começou a dedilhar seus dedos nas cordas do violão e liberou a sua voz que tanto ansiava sair.

Olhe pra nós em nossas memórias por um momento
você e eu, nós dois dentro de boas memorias
Nós estamos rindo, estamos chorando
Compartilhamos tantos momentos juntos.

Com que tipo de memórias você ficou?
Eu fui realmente tão indiferente assim em relação a você?
Eu quero te perguntar, eu quero saber
Eu sou realmente o único que ficou com boas memórias?

Parece que estou sempre sozinho as histórias que você me contou
Eu achei que você estava apenas se queixando
Eu achei que você sentia o mesmo que eu
Caminhando pela mesma estrada que você, sentindo o mesmo que você
Dentro da minha ilusão, dentro da minha cabeça, você parecia feliz

Eu fui ruim, eu fui horrível com meu jeito egoísta até o fim
Eu fui horrível, você ainda está relutando
uma memória feliz somente pra mim até o fim

Não vá, não me deixe
Pra você em minhas memórias esquecidas
Não vá, por favor, não me deixe
Você sabe que eu vou desabar desse jeito

Você ainda está relutando, eu sou tão terrível
Me desculpa, eu sinto tanto
Você está relutando muito, eu sou o único que está bem?
Eu ainda me desculparei irresponsavelmente

Eu sinto muito, sinto muito, eu estou bem agora, sinto muito
Sinto muito, eu realmente sinto muito, sinto muito, sinto muito

 A cada palavra pronunciada da boca de JongHyun, borboletas pareciam fazer festa em seu estômago, o deixando totalmente enjoado. A cada verso e estrofe que finalizava, lágrimas teimosas começaram a cair de seus olhos, como podia ainda existir lágrimas dentro de si depois de tanto chorar?  Seu coração se apertava e com o olhar direcionado ao mais novo, torcia para que o mesmo pudesse sentir todo o seu coração naquela singela canção.

Kibum ficara sem reação, se sentia triste por saber tudo que o seu irmão passará e pensará, queria poder aliviar tudo isso e dizer que ele foi feliz em todos os momentos que passou com o irmão e ainda seria mais feliz por tudo que eles ainda iam passar. Key percebeu naquele momento a sinceridade em cada lágrima que caia dos olhos do outro, sabia que não importa o que acontecesse amaria seu irmão para sempre.

Assim que JongHyun terminou de cantar a sua música já com a voz toda embargada, colocou o seu violão ao seu lado e abraçou o mais novo.

-Me desculpa, Key – Por te fazer sofrer, por me afastar de ti e por outra coisa também, eu juro que não queria isso.

Kibum acariciava as costas do mais velho e uma vontade súbita de chorar lhe tomou conta, mas segurou o máximo que conseguiu.

-Eu sempre vou te perdoar, não importa o que aconteça, você é o meu irmão, eu vou te amar para sempre – Key abraçou mais forte JongHyun como se tivesse medo que o mesmo desaparecesse de seus braços – E que outra coisa?

-Eu, eu te amo Key – JongHyun podia sentir suas lágrimas caírem grossamente – Mas, não como irmão, eu te amo além disso, você é o meu tudo, meu sorriso, meu respirar. Eu te amo como homem, me desculpa.

JongHyun já chorava desesperadamente, conseguiu falar o que sempre quis, mas o mesmo estava com muito medo, medo da rejeição, medo de seu irmão sentir nojo de si e o maior de todos os medos, o de perde-lo.

Continua...