História Monsters - Ironia do destino

Thalia estava apavorada. O barulho do seu coração tão acelerado a incomodava de uma maneira que nunca pensou que incomodaria e que se continuasse daquela maneira acordaria Nico. Ele era seu melhor amigo, como isso poderia ter acontecido, ela tinha afirmado tanto que não aconteceria, mas ali estava ele deitado em sua cama, ambos completamente sem roupa, ele dormindo tranquilamente e ela à beira de um colapso.

Mordeu o lábio inferior nervosa, lembrando da noite anterior que tinha começado normal. Nico entrou por sua varanda como sempre, precisando desabafar e foi isso que ele fez. Contou tudo o que o atormentava. Lilith e o pai dela, ele falando para o pai que queria dinheiro para pagar um advogado para a ex, sobre ele ter se controlado e não ter ido na casa da loira para dar um soco na cara do pai dela.

Depois disso a Grace teve a ideia de colocar um filme para eles assistirem. Desceu e fez uma pipoca para eles e pegou uma garrafa de refrigerante e bebida alcoólica, concluindo que isto destribaria o amigo. E ela estava certa, em pouco os dois estavam rindo na cama enquanto observavam o filme de comédia.

Nico a abraçou forte, beijando sua testa com delicadeza como sempre fazia, arrancando-lhe um sorriso suave.

— O que foi? — o lobisomem perguntou baixo, olhando-a, delineando seu rosto com atenção, mesmo com o cômodo escuro.

— Eu gosto quando você me beija — admitiu, franzindo o cenho com tal frase, o fazendo rir.

— Eu nunca te beijei — ele contrapôs, Thalia riu também, levantando o olhar e sustentando o do melhor amigo que focou em seus olhos azuis elétricos.

— Nunca...— concordou sentindo sua voz falhar.

O silêncio reinou, Thalia mordeu o lábio inferior nervosa pela primeira vez com a proximidade dos dois, o Di Ângelo entreabriu sua boca, respirando por ali e se aproximando lentamente dela.

O beijo que eles se envolveram foi calmo, pelo menos nos primeiros segundos dele. O lobisomem ficou por cima da Grace, aumentando a velocidade daquilo e quando ele fez menção em se afastas, a híbrida descolou seu corpo da cama, mantendo o beijo, levando a mão até a nuca dele o fazendo entender que ela queria aquilo.

Sentia seu corpo começar a ferver em hormônios e em desejo, ela queria mais, porém um lado racional seu a lembrava que ele era seu melhor amigo e que ela não deveria estar fazendo aquilo.

— Nico... — chamou separando o beijo.

Ele assentiu fechando os olhos, ele também sabia que não deveria querer fazer aquilo, mas ele queria. Sentia seu corpo implorar por mais contato e mesmo apenas com aquele beijo seu membro tinha ganhado vida, e ela sentia isso.

O lobo apoiou a cabeça na curva do pescoço de sua princesa das trevas, tentando se acalmar e quase conseguindo isso, porém ela falhou miseravelmente na sua tentativa. Sua mão foi até o cabelo dele o puxando novamente para um beijo que foi correspondido sem hesitar.

As mãos ages do Di Ângelo passaram por seu corpo, sentindo-a estremece com seu contato, mas querer mais ao mesmo tempo.

Seus olhos se fecharam ao ouvir Nico gemer em frustração ao seu lado. Interrompendo suas lembranças da noite anterior, abriu os olhos, apertando mais a coberta em cima do seu corpo e olhando o lobisomem, que parecia distante de acordar, voltando a se lembrar do que tinha acontecido.

Nico se livrou de sua blusa a tacando no chão enquanto ela fazia o mesmo com seu pijama que tinha posto depois da escola, pois era mais confortável do que a roupa que ela usava. O Di Ângelo desceu os beijos pelo vale de seus seios, passando a mão por eles, explorando de um jeito que ele nunca tinha feito com ela.

Talvez ninguém nunca tenha dado tanta atenção aos detalhes, não como ele deu a ela e vice-versa. Ali eles se exploraram de uma forma que nunca pensaram em fazer um com o outro, deram tanta atenção quanto podiam.

Chegaram ao ápice mais do que uma vez, algumas vezes juntos, outras em horas separadas, apenas parando quando o cansaço os dominou, Nico como sempre a abraçou para dormir e pegou no sono junto com ela.

Porém Thalia tinha acordado, acordou com um vento gélido entrando pela janela e agora estava surtando.

Mordeu novamente o lábio inferior e se mexeu na cama, virando de frente para o lobo, depois de acordar ela tinha percebido o que tinha feito e fazia mais de uma hora que estava ali se torturando, mas precisava agora colocar isso em pratos limpos.

— Nico... — chamou baixo, ele sempre acordava quando ela chamava, daquela vez não foi diferente.

O Di Ângelo piscou algumas vezes, meio confuso, levando a mão à cintura da menina, para mostrar que estava começando a ficar consciente, porém ao sentir a falta de pano na pele da garota as cenas da noite anterior voltaram como um tapa na cara, o fazendo abrir os olhos completamente para checar se aquilo era verdade ou um sonho muito errado e realístico – que não seria a primeira vez que ele o teve –, mas ainda assim bizarro.

Ao notar o coração acelerado da menina e sua pele corada ele não precisou checar se estava nu para saber que realmente tinha acontecido, então se apressou em tirar a mão do corpo dela.

— Eu... — Nico tentou falar algo, mas corou bruscamente sem saber ao certo no que dizer. — A gente realmente fez isso? — riu nervoso com a ideia.

— Sim, fizemos — disse tão baixo que se ele não fosse um lobisomem provavelmente não ouviria.

Ele mordeu o lábio inferior pensando.

— Quer conversar sobre? — perguntou hesitante, ele não queria.

— Por isso te acordei — admitiu, se encolhendo mais ao vê-lo se sentar.

— Tudo bem se eu tomar um banho antes? — questionou decidido que precisava pensar um pouco para não falar merda e que aquela conversa deveria ser feita com ambos de roupa.

— Claro.

Se encolheu tentando não olhar para o corpo nu de Nico, sentindo o desconforto de imediato, assim como suas bochechas corarem mais ainda. Porém logo o lobisomem recolheu suas roupas no chão e adentrou o banheiro dela, fechando a porta e ligando o chuveiro, deixando a água gelada tocar sua pele com brutalidade, devido a força do jato.

Depois de alguns segundos, Thalia se levantou, pegando uma roupa que cobrisse parte de seu corpo e a colocando, voltando para debaixo das cobertas ao ouvir Nico desligar o chuveiro.

— Então... — ele disse abrindo a porta, constrangido, porém já vestido.

Thalia mordeu o lábio inferior desta vez acabando por sentir dor em o fazer, já que deveria ser a milésima vez que repete o ato, então soltou a boca suspirando.

— Desculpa, Nico, eu não sei como agir perante ao que aconteceu... — murmurou envergonhada, olhando suas mãos e não o garoto.

O lobo assentiu e se aproximou dela, sentando em sua cama puxando as mãos dela para a sua, fazendo com que a híbrida levantasse o olhar e encarasse a imensidão negra dos olhos de seu melhor amigo.

— O que significou para você? — perguntou, fazendo Thalia sentir seu estômago revirar com a pergunta.

— Sexo — respondeu direta, refletindo, deveria ser só isso, né? Afinal todos os caras que ela fez sexo, foi isso, só sexo, por que com Nico seria diferente?

— Então é apenas isso — disse, sentindo um incomodo com a afirmação que ela teve tanta facilidade em dizer, vendo-a sorrir de leve, ainda levemente confusa. — Não é como se fosse acontecer de novo, né?

— Claro — concordou rindo nervosa — estávamos levemente bêbados, foi isso.

— Sim, apenas isso — disse sorrindo, puxando-a para um abraço, vendo-a relaxar aos poucos com seu toque. — Não vamos deixar que algo fique estranho, principalmente se isso atrapalhar nossa amizade.

Thalia assentiu, sorrindo leve.

— Se importa se isso ficar apenas entre a gente? Não quero as meninas me enchendo de perguntas e brincadeirinhas devido a isso — pediu, já imaginando as piadinhas que cairiam em suas costas, principalmente vindo de Bianca.

— Claro, apenas entre a gente, por que eu contaria para alguém? — perguntou nervoso se levantando. — Mas eu acho que eu vou para casa, quero ver umas coisas com Bianca e marcar seu próximo treino, vai ser ela que vai passar para você.

— Ok, tchau! — disse, recebendo um beijo na testa e vendo-o ir em direção a varanda, descendo por ali.

Thalia se jogou na cama, levando as mãos ao cabelo, suspirando alto.

— Merda, eu transei com o Nico! — exclamou alto, fechando os olhos.

Deixou que a memória da noite anterior voltasse em sua mente e ela sabia que não estava tão bêbada assim, ela quis, pode ter colocado a culpa no álcool, mas tinha certeza que as escolhas foram de sua mente sã.

Riu baixo, lembrando no início do ano, quando suas amigas – Annabeth -, tinha sugerido a exata situação que os dois se encontraram na noite anterior e no dia ela tinha negado com tanta certeza que quase sentia a ironia do destino em sua cara.

Revirou os olhos, suspirando e deixando-se voltar a dormir, apagando rapidamente.