História Moonlight - Jikook - Obsessor

A neve caia lá fora,linda e fria. As aulas haviam sido canseladas pelo fato de as estradas ainda não estarem totalmente limpas ou em condições das passagens dos carros.

Olhava meu pai pela janela do quarto tentando tirar o gelo da entrada para que pudesse sair com a viatura, Matador sentado me encarando de fora. Lhe mostro a língua e ele simplesmente se levanta virando de costas.

Não havia muito a se fazer a não ser ficar trancado em casa. Saio da janela me deitando na cama,encaro a janela. Aquela silhueta deveria ter sido apenas um sonho,talvez uma alucinação. O telefone toca no primeiro andar,ouço o som do carro sendo ligado. Sobrou para mim,me levanto descendo os degraus rapidamente,pego o telefone e coloco na orelha.

-Casa dos Park.

-Jimin?

-Sim,quem é?

-Sou eu, Yoongi. Tô na cidade com os caras,aí pensamos em te chamar... então?

- Não é uma boa idéia. Eu tô sozinho em casa,tenho que cuidar do demônio.

Matador late com o insulto,me viro lhe encarando. Ele me dava medo as vezes.

-Ah Jimim. Então estamos indo praí!

Ouço os gritos de aprovação ao fundo. Mais o quê!?

-Yoon-

Ele havia desligado. Ótimo,agora vou ter que aguentar aqueles caras barulhentos, não que eu não goste deles,as vezes eu gosto de ficar sozinho. A solidão é boa para organizar os pensamentos.

Passo os olhos pela casa,tudo limpo. Ando pela cozinha e Matador entra na minha frente,rosnando alto em direção ao cômodo. Reviro os olhos,tento passar mais ele se coloca novamente na minha frente,dessa vez alternando entre mim e a cozinha.

Um cheiro estranho invade minhas narinas,o mesmo cheiro de ontem a noite. Passo pelo cão que andava atrás de mim em posição de ataque. Não havia nada ali,apenas a janela aberta,vou até a pia fechando-a e interrompendo o vento gelado que entrava por ela. Apoio as mãos na quina da pia, não havia ninguém lá fora, deslizo a mão pela pia sentindo-a molhar na poça de água,retiro minha mão.

Puta merda.

Aquilo não era água,era sangue. Uma pequena poça de sangue se formava em cima da pia,na janela próximo ao trinco havia marcas de dedos. Será que era de algum animal. Abro a torneira limpando minha mão e a pequena poça.

Matador se acalma e volta para a sala. Uma sensação estranha preenche meu peito,a sensação de estar sendo vigiado. Algo muito estranho estava acontecendo,e eu prefiro não saber o que é.

Batidas fortes na porta me tiram de meus devaneios. Com as mãos trêmulas abro a porta,os garotos entram conversando alto. Yoongi para a minha frente me entregando um saco de croissant de queijo,ele se lembrava que eram meus favoritos.

- Cadê seu pai Jimin?

Taehyung pergunta se sentando no sofá,os garotos começam a andar pela casa desconfiados e tensos. Hoseok para perto da entrada da cozinha,meu corpo treme involuntariamente.

-Ele foi para a delegacia.

Os garotos,menos Taehyung parecem tensos e inquietos. Yoongi sorri,me puxando para o sofá.

- Você tem certeza que não quer sair com a gente? -Me pergunta insistente,como se temesse que eu ficasse sozinho em casa. -Podemos fazer o que você quiser.

-Realmente Yoongi, não vai dar.

Ele apenas acenti,me sinto desconfortável com isso tudo. Jin olha para a grande cabeça de onça empalhada na parede,e aponta.

-Seu pai caça?

- Caçava,até se tornar uma prática ilegal aqui. Ainda não entendo por quê.

-Talvez seja para a preservação.

Hoseok da de ombros. Yoongi se levanta se aproximando.

- Só passamos para dar um Oi. Qualquer coisa me liga que eu venho para cá.

Ele dá de ombros,chamando os meninos,eles se despedem saindo. Não é que eu não quisesse eles aqui, só estava incomodado,depois desses eventos estranhos não quero que ninguém pense que sou louco,ou estou sendo perseguido.

Me sento no sofá, encarando a pequena TV antiga. Provavelmente não tem TV a cabo aqui. Suspiro pesadamente, o cão demoníaco sobe no sofá pegando todo o espaço por seu grande porte,ele se deita fechando os grandes olhos monstruosamente azuis.

- Você só dorme e late.

Sussurro,ele abre um olho bufando. Era como se ele me entendesse,tudo que eu falo,ou meus gestos sempre tinham uma resposta dele o que me deixava assustado as vezes.

Me levanto do sofá, não ficarei sozinho com ele. Subo até meu quarto deixando a porta entreaberta,me jogo na cama encarando o teto de madeira com casas antigas de cupins.

Fecho os olhos. Não tem absolutamente nada aqui que possa me distrair,abro os olhos pegando meus fones na gaveta,coloco uma música aleatória com a batida lenta e assustadora. Meus olhos pesam, tento os manter abertos não quero sonhar com aquela silhueta novamente.

Mais o sono da noite mal dormida me consumia. Os latidos e as passadas do Matador são ouvidos ao fundo,mais não dou importância.

"Eu me lembro de anos atrás
Alguém me disse que eu deveria ter
Cuidado quando se trata de amor, eu tive"

Uma brisa fria adentra no quarto,o que era estranho já que a janela estava fechada,talvez eu apenas esteja sonhando. Sinto uma movimentação no quarto,eu deveria ter fechado a porta não imaginei que o cão do demônio entraria. Pego a almofada sem abrir os olhos e jogo.

- Passa cachorro feio.

Então o colchão afunda me fazendo pular assustado. Um vulto preto sai pela porta e os latidos insistentes do Matador começam,ouço o som de algo caindo e se quebrando. Me levanto pegando o taco de baseball em cima do armário, desço as escadas lentamente sem fazer barulho. O cachorro latia mais forte,como o rugido de um leão. 

Já no andar de baixo,o vento frio faz meu corpo se arrepiar. A porta de entrada tinha as trancas arrombadas,o barulho que ou ouvira a pouco ,quem quer que fosse havia quebrado para escapar.

Matador latia do lado de fora,em direção ao vasto bosque em frente a casa. O gelo no chão congela meus pés descalços,o frio deixava minha pele azulada. Encaro o bosque,estava escuro em meio as árvores, um arrepio vem de meu lado direito, não havia nada, mais a sensação de ser observado não me largava. Meu corpo tremia levemente,parte frio,parte medo. Eu tenho que contar pro meu pai.

-Vamos Matador.

Chamo o cão que ainda rosnava encarando o bosque,ele se vira entrando na casa. Tento fechar a porta mais a maçaneta havia estragado junto as trancas. O que eu faço agora.

Matador late próximo ao telefone,isso me dá a idéia de pedia ajuda para Yoongi,ele disse que qualquer coisa era só chamar.

Espero conectar passando o pé pela extensão do cão deitado em meus pés,que grunhi em reprovação. Yoongi atende.

-Jimin, você está bem? Aconteceu alguma coisa?

Ele pergunta assustado.

- Não e sim. Preciso da sua ajuda.

- O que aconteceu?

- Alguém tentou invadir a casa,eu estou bem só que as trancas se foram.-Minto em parte.- Eu não quero que conte isso a ninguém, não foi nada de mais, só...pensei que poderia me ajudar sabe ...com a porta.

-Claro Jimin, vou pegar algumas coisa e já chego aí.

Desligo. Vou até o banheiro jogando água no meu rosto,tenho que me manter calmo. Volto para a sala,encarando a porta de entrada,ha alguém lá fora me observando nesse momento,eu posso sentir a aflição. 

Fecho os olhos e chacoalho a cabeça. E então surge... Aqueles olhos,aquela breve lembrança que me perseguia,aqueles olhos castanhos amarelados cheio de segredos. Abro os olhos novamente, eu não sei por que mais não consigo esquecer aqueles olhos, aquilo me intrigava.

- Sem porta,sem permissão.

Me assusto com Yoongi que entrava com uma sacola em mãos. Suspiro aliviado. Ele sorri,encarando a porta,ele aspira forte então seu sorriso some e seu rosto assume uma carranca.

- Você se machucou? Viu o rosto dele?

Nego,ele se abaixa analisando o estrago.

-Tem concerto?

- Tudo tem concerto Jimin. Menos algumas pessoas.

Ele sussurra a última parte,apenas finjo que não ouvi,mais ainda sim aquelas palavras me deixavam intrigado. Ele começa a mexer na porta trocando a fechadura e os trincos.

- Quer que eu passe a noite aqui?

Ele pergunta,me tirando de meus devaneios. Nego com a cabeça.

- Nossos pai não voltarão hoje,parece que mais um corpo foi achado e a investigação está sendo aprofundada.

Ele se levanta,se aproximando ainda esperando minha resposta. Seria como quando éramos crianças quando ele dormia aqui. Talvez não seja uma má idéia, e por incrível que pareça Matador amava Yoongi, não saia de perto dele um minuto. E eu não seria assombrado.

- Não é uma má idéia. 

Ele sorri,aliviado com minha mudança de opinião.

- Por que não chamamos Hoseok e o Jin também.

- E o Taehyung?

Ele parece incomodado com minha pergunta,mais responde calmamente.

- Ele está ocupado.

Não acredito nele. Ele está me escondendo muita coisa,apenas concordo ainda o encarando,ele parece nervoso.

-Quem é aquele garoto que esbarrou comigo?

Pergunto fingindo desinteresse. Seus ombros ficam tensos,ele se vira dando de ombros. 

- É sério Jimin, não se aproxime dele.

- Por quê?

- Eu te disse,ele não é de muitos amigos.

Ele está mentindo,ele escondia algo e eu vou descobrir. Odeio mentiras.

Apenas finjo aceitar sua resposta. Ele liga para os garotos,se sentando na cozinha comigo.

- Eles não vão poder vir.

- Por que não?

- Er...tiveram uns problemas com alguém na trilha.

Ele parece nervoso. Eu queria saber o que tanto o deixa apreensivo e nervoso,chegava a me dar agonia ser o único a não saber de nada.

- Você acredita em demônios Jimin?

- Se o matador não for um, então não.

Ele ri,encarando o cachorro que me encarava. Yoongi me olha sério novamente.

- Não né Yoongi,isso é história para assustar crianças.

-  Que bom que pensa assim. 

Seu olhar sobre mim era penetrante,aquilo me deixam zonzo. Sinto meu estômago embrulhar e uma queimação percorre minha nuca,olho para trás em direção a janela em cima da pia. Não havia nada ali.

Matador se levanta nos assustando. Ele encara a janela,Yoongi e eu a olhamos.

- Não tem nada al-

-Shh.

Ele me corta,sem tirar os olhos da janela. Aquilo estava me deixando assustado. Ele relaxa me olhando novamente.

- Não era nada.

- Não me pareceu ser nada.

- Não precisa se preocupar. Ta tudo bem.

Eu não acredito em uma palavra. Desde que eu havia chegado em Busan,sinto que as pessoas estão me escondendo coisas. Sem falar no fato de eu provavelmente estar ficando louco vendo coisas,mais a porta quebrada provava que aquilo tudo não era apenas minha imaginação.

                  {...}

Deitado no meu quarto,penso em como minha vida estava estranha. Não era a mesma cidade na qual eu cresci parte da minha vida.

Yoongi dormia no sofá,eu insisti para que dormisse no meu quarto mais ele disse que se sentia melhor no sofá. Eu podia ouvir as patas pesadas do Matador pela casa em sua patrulha noturna,ele fazia isso todas as noites.

Esses evento ressentes me deixavam assustado,nada parecia normal. Era como se nada mais se encaixasse aqui, principalmente eu.

Me levanto da cama,paro em frente a janela abrindo-a me sentando no beiral. O bosque parecia mais escuro e assustador,um som em uma árvore próxima atrai minha atenção. 

Um homem me observava. Seus olhos amarelados inconfundíveis me encarava,ele se vestia todo de preto,o que destacava sua pele branca. Ele sorri ,um sorriso ameaçador,seus dentes brancos mostravam seus incisivos afiados.

Meu coração batia descompassado,ao fundo eu ouvia matador latir e Yoongi esbravejar. Seu olhar parecia penetrar minha alma,me deixava hipnotizado era como um ímã que me atraía.

Esfrego os olhos,eu tinha que estar enganado. Aquilo que eu vi não era real, não poderia ser. Abro os olhos, não tinha ninguém ali, apenas a fina camada de neve branca no chão.

Yoongi invade meu quarto com Matador em seu encalço,ele me coloca de lado encarando lá fora. Sua mandíbula trincada,ele estava com raiva.

- Você está bem?

-Sim,por que não estaria?

- Viu alguma coisa?

Ele aponta para o bosque,minhas mãos ainda tremiam,as cruzo atrás das costas.

- Não,apenas fiquei sem sono e decidi ver as estrelas.

Ele olha o céu, não haviam estrelas. Ele sabe que estou mentindo mais não diz nada,apenas me encara.

- Acho que mudei de idéia,vou dormir aqui.

Ele diz me encarando,apenas acinto. Ele arruma o colchão ao lado de minha cama. Me deito puxando as cobertas até a cabeça,como se aquilo me protegesse de minhas "alucinações".

Passavam das três da manhã,o ronco alto de Yoongi se misturava ao do Matador,que dormia ao nosso lado. O que estava acontecendo naquele bosque. O que ele esconde tanto.

Amanhã vou dar um geito nisso,adentrarei naquele bosque,com ou sem medo. Me viro para o lado,encarando a porta do meu quarto entreaberta. Um calafrio percorre minha espinha. Calma Jimin, não é como se algo fosse entrar no seu quarto e drenar todo seu sangue...eu espero.

Fecho fortemente os olhos. Mil pensamentos invadem minha cabeça,aqueles olhos,aquele sorriso...aqueles dentes...aquelas presas assustadoras. Nada disso era real, é apenas fruto da minha imaginação. Tento me convencer.

Eu não posso ficar remoendo isso, amanhã tudo vai acabar depois que eu entrar naquela vastidão em frente minha casa,depois não serei mais incomodado. Tenho certeza disso. Acabo adormecendo,os sons dos roncos ficavam cada vez mais distantes enquanto a escuridão me engolia.