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História Moonlight Sonata - Explicação


Escrita por: Kashi_

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 5 - Explicação


5 - Explicação 

Harry Pov.

— Ei, cara — Me virei ao mesmo tempo em que sentia um toque no ombro, vendo Ronald ali, com uma expressão consternada, como se não soubesse o que dizer e suspirei.

Eu estava com a mente tão distante que não tinha se quer ouvido ele entrando.

—Tudo certo?

— Sim — Respondi apenas, sem saber o que falar após o dia de hoje e ele suspirou.

—Hã... eu já vou indo. Já passa das dez da noite. Vá para casa descansar — Falou e eu assenti — E tente não pensar muito.

Assenti, vendo-o acenar e sair da sala, fechando a porta atrás de si, e olhei ao redor perdidamente.

Hoje havia sido um dia muito cheio.

Jeffrey era um dos aurores mais bem sucedido. Um cara muito inteligente e alegre, que a qualquer momento do dia tinha ótimas piadas para contar. De presença agradável. Eu já havia trabalhado em pelo menos cinco casos com ele. Era o tipo de pessoa que fazia qualquer um rir.

Havíamos recebido, pela manhã, a notícia de que ele havia se suicidado naquela madrugada.

Havia deixado uma carta de despedidas, dizendo que não queria que ninguém se culpasse ou sofresse por ele. Apenas sentia que a vida não tinha mais sentido para si, e que por anos tentou se forçar a deixar a tristeza de lado.

Ele havia perdido os pais na guerra, e por muito tempo havia batalhado para superar coisas que disse ser insuperáveis.

Era absurdo pensar nisso.

Uma pessoa tão feliz como ele havia conseguido esconder de todos nós a depressão e angústia. Havia passado desapercebido por cada pessoa de seu dia a dia.

E na tristeza de perder um colega, eu só conseguia pensar que se alguém tivesse olhado para ele antes, poderia ter ajudado a evitar isso.

E obviamente junto a esse pensamento vinha um nome na minha cabeça.

Draco.

Tudo o que eu conseguia era pensar em Draco.

“O que está morto não pode morrer”

Quando ele me disse isso, eu realmente fiquei assustado. Mas após ele me mandar nunca o procurar, há dois meses, eu não tinha voltado.

Ele tinha ameaçado me denunciar, e isso prejudicaria meu emprego e Hermione, porque todos saberiam que ela tinha me dado a informação. Então eu supus que ele iria ficar bem.

Mas e se não ficasse?

Me levantei, vestindo o casaco, me sentindo perdido.

Estava abrindo a porta para sair quando quase fui atropelado por uma cabeleira castanha, e segurei Hermione antes que ela fosse ao chão, vendo que parecia muito apressada.

— Mione?

— Harry! Que bom que ainda está aqui. Acabei de ficar sabendo sobre Jeffrey.

— Ah — Foi tudo o que consegui dizer, e ela tocou meu ombro, como se pedisse para que eu a olhasse.

— Nós podemos lidar com uma denúncia Harry. Vá até lá, tudo bem?

— Mas...

— Harry, você pareceu verdadeiramente preocupado sobre ele. Se existe a mínima chance dele precisar de ajuda, ele precisa saber que pode procurar alguém. Eu posso resolver caso ele cumpra a ameaça e nos denuncie. Apenas garanta que... Apenas vá até lá, tudo bem?

— Eu te aviso qualquer coisa. Obrigado.

Ela assentiu, fazendo um gesto para que eu me apressasse, e eu não tardei a acelerar o passo e ir para o elevador.

Estava tarde, mas eu sentia que não podia deixar para amanhã. Nem que fosse para discutir com Draco. Eu sentia que tinha que ir hoje.

Em poucos instantes eu estava aparatando na rua onde me lembrava perfeitamente ficar a casa, acelerando o passo pela calçada, vendo que ali  não tinha iluminação alguma aquela hora da noite.

Eu sei que soei ansioso a apertar a campainha duas vezes logo de cara, aguardando impaciente.

O mesmo elfo da outra vez abriu a porta, entortando o canto da boca com certo desgosto ao me ver ali.

— Olha, eu sei que Draco me disse para não voltar, mas eu realmente.... — Já comecei a me explicar apressado, ficando surpreso quando ele esticou o braço, agarrando meu casaco e me puxou para dentro, me fazendo tropeçar ao entrar, e me arrastou o caminho todo até passarmos pela porta — Aconteceu alguma coisa? Ele está bem? — Questionei ansioso quando ele me soltou.

— Temos instruções do senhor Malfoy para impedir que o herdeiro se mate e que use coisas que não deve usar — Falou por fim, indicando com a cabeça, e eu pude ver pela parede de vidro da mansão que ele estava sentado no jardim, mesmo com todo o frio, de costas para a casa — Ele está adoecendo, e não conseguimos impedir.

— Eu vou falar com ele — Informei apressando o passo para lá, passando pela porta.

Caminhei pela grama até sentar no chão ao lado dele, vendo que o loiro nem se moveu ou me olhou, apenas suspirou.

— O que está fazendo aqui de novo, Potter?

— O mesmo que vim fazer da última vez.

— Ver se estou bem? — Questionou finalmente virando o rosto na minha direção, e eu assenti, deixando os olhos percorrerem por ele, como se analisasse. Ele realmente parecia mais magro, e seus ossos estavam muito evidentes no contorno de seu rosto e clavícula.

Mas o que parou minha atenção foi ver que a camisa branca que ele vestia tinha pequenas manchas avermelhadas, quase como gotículas de sangue na região do antebraço.

Sem pedir licença, puxei o braço dele, que me empurrou, afastando o braço, mas ainda assim usei de um pouco de força para puxá-lo e erguer a manga do lado esquerdo.

E eu não esperava pelo o que veria.

Eu nem se quer me lembrava da marca negra. Era frequente esquecer que ele a tinha, porque na minha mente Draco nem chegou a ser um comensal de verdade.

Mas ali estava ela, completamente desfigurada.

A pele dele estava tão maltratada, cheia de cortes e algumas queimaduras, deixando claro que ele frequentemente mutilava toda a região que abrigava a cobra.

Pareciam ser os cortes que sangravam, e a pele no geral parecia meio arroxeada.

Também percebi que acima da marca negra, era claro algumas cicatrizes próximas as veias dele, de pequenos pontinhos. Mas eram apenas cicatrizes, o que provavelmente indicava que ele não tinha voltado a injetar Morte Instantânea.

— O que pensa que... — Começou com a voz cheia de raiva, tentando puxar o braço de volta.

— Naquela noite que eu te levei para minha casa, você me disse para que eu parasse de abraçar o mundo. Você me disse que o que está morto não pode morrer. Você tentou me ensinar uma coisa, e eu vou te ensinar outra. Depois que a guerra terminou eu me senti completamente perdido. Eu havia sido criado para vencer Voldemort, e foi o que eu fiz. O que todos fizemos. Mas depois disso, tudo o que eu conseguia era ver a morte e a dor que ele tinha deixado para trás. Para onde eu olhasse eu via morte, via pesar, via sombras, via escuridão. Então eu aprendi uma coisa, Draco. A morte caminha ao nosso lado o tempo inteiro. Todos os dias, você pode prestar atenção, e ela vai estar lá. E não é isso o que importa. O que realmente importa não é quando ela esta ao nosso redor. É quando você decide que não vai ir na direção dela. É quando você decide que ela está ali, mas também estão ali seus amigos, sua família, seus bons momentos. O importante não é sentir ela perto Draco. O importante é todos os dias olhar para ela e dizer ‘Hoje não’.

Parei de falar, mas continuei olhando dentro dos olhos azuis, que pareciam ouvir com atenção o que eu tinha dito.

— Vamos dar um jeito nisso — Falei, agora me sentindo mais leve por ter dito o que eu tanto queria.

Draco nem lutou contra, apenas se deixou erguer e arrastar para dentro, e tão logo entramos, eu nem tive que pensar sobre o que fazer a seguir e vi o elfo dele parado nos olhando de perto da entrada.

— Precisamos fazer curativos — Foi tudo o que eu disse, e no segundo seguinte o elfo aparatou, enquanto eu fazia Draco se sentar no sofá confortável, me ajoelhando na frente dele enquanto dobrava a manga da camisa dele até o cotovelo para deixar as feridas visíveis.

Na claridade era mais fácil ver, e percebi que não precisaria levá-lo até o hospital. Conseguia fazer curativos, e tratar as feridas.

O elfo voltou trazendo uma caixa mediana, colocando no chão ao meu lado, sumindo logo em seguida.

Abri ela, vendo que tinham várias poções para ferimentos, e no instante seguinte o elfo voltou trazendo uma vasilha com água.

Limpei a região com cuidado com água, passando em seguida uma poção para aliviar a dor e ajudar a fechar o ferimento.

Após isso, uma leve camada de uma pasta para ajudar, e enfaixei cuidadosamente o braço dele, temendo que ele ainda sentisse dor, mas Draco não mudava a expressão nem por um instante, parecendo me olhar sem ver, extremamente silencioso.

— Assim está melhor. Acho que em alguns dias todos os machucados vão sumir. Como você está? — Questionei e ele piscou atordoado, como se não soubesse o que responder, e eu suspirei.

— Quando éramos garotos, na primeira vez que estive no expresso para Hogwarts, você veio até mim me oferecer um tipo muito bizarro de ajuda para não fazer amizades ruins — Falei tentando soar tranquilo, porque sabia que ele se irritava facilmente. E eu ainda não entedia qual o sentimento por trás daquela expressão tão vazia — Você não deve se lembrar disso, mas...

— Você não apertou a minha mão — Ergueu os olhos quase desafiadores para mim.

— Você lembra então? Se você lembra disso, sabe perfeitamente porque eu não apertei — Rebati, mas sem usar aquele tom de voz de ataque que ele tinha usado.

— O que quer com essa conversa, Potter?

— Sempre me perguntei o que teria acontecido se eu tivesse apertado a sua mão — Confessei para ele, que franziu o cenho — Eu não sei o que aconteceu com você Draco. Não sei quais seus demônios, seus pesadelos, suas dores. Eu sei que não tenho direito de me meter na sua vida. Mas sabe de uma coisa? Mesmo que eu tenha essa mania de abraçar o mundo... eu não consegui salvar todos. Mas eu nunca deixei de lutar por ninguém.

Ele desviou os olhos, olhando para o jardim do lado de fora e suspirou.

— Você não se daria o trabalho de ir sem ser convidado a casa se ninguém a essa hora da noite apenas para ver se está tudo bem se tivesse apertado a minha mão naquele dia.

De alguma forma eu consegui sorrir com o comentário dele, porque parecia apenas uma simples observação sem sentido. Mas eu desconfiava que ele tinha realmente dado atenção ao que eu dizia.

Me estiquei, pegando na mesa de centro uma pena que tinha ali jogada sobre alguns papéis, molhando-a na tinta, sentindo que Draco me olhava com atenção, franzindo o cenho quando puxei seu braço.

Sobre a faixa branca que enrolei seu antebraço, com delicadeza para não pressionar o machucar, escrevi duas palavras, e depositei a pena de volta no lugar.

— Eu vou voltar sem ser convidado — Avisei rindo ao me levantar, e ser acompanhado na direção da porta.

Ainda me virei para vê-lo, e quando eu sai Draco ainda estava parado no mesmo lugar, olhando para o curativo no braço, parecendo estar com a mente distante ao olhar para aquelas duas palavrinhas.

‘Not Today’.


Notas Finais


O poema de hoje é meu segundo preferido haha
Enfim, o que acharam do chapie? Estou bem nervosa sobre isso, porque essa fic trata de coisas muito delicadas, então por favor, me encham de feedback!
Harry sendo uma gracinha é tudo de bom <3 Espero que estejam gostando!


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