Tentei evitar esse dia de todas as formas possíveis, embora não fosse justo com meu filho, uma vez que ele merecia saber a identidade do seu outro pai. Hizashi nunca havia perguntado sobre Sasuke antes, mas ele sempre parecia melancólico quando via os pais dos seus colegas do colégio, mas nunca dizia nada.
Estava tentando pensar em como contornar toda essa situação, pois Sasuke era um assunto complicado para mim, ainda assim Hizashi não tinha culpa do meu coração partido, ou do ressentimento que eu ainda sentia pelo mais novo.
Fiquei grato por Hanabi não ter mencionado nada a minha criança, apenas que eu era a única fonte de informação para este tópico em particular. E agora ele estava sentado na minha cama de banho tomado, olhando-me com os grandes olhos de lavanda ansiosos, provavelmente aguardando por uma resposta. Eu não poderia negá-la a ele, mesmo que me doesse falar sobre Sasuke, mas minhas necessidades não eram mais importantes do que as de Hizashi.
— Chichi... — ele começou hesitante, evitando me olhar nos olhos. — Quem é meu outro pai?
Trouxe minha criança para meus braços, apertando-o contra mim, ele estava inseguro e receoso, tão diferente do pequeno gênio que era, mas ele era apenas uma criança de quatro anos. Minhas mãos tocaram o rostinho delicado de Hizashi estudando-o atentamente, não importava quantas vezes olhasse para meu filho, mesmo com minha aparência cuspida de quando tinha essa idade, ele ainda carregava as características do seu outro pai. E alguém com bons olhos reconheceria isso de longe.
— Seu outro pai se chama Sasuke Uchiha — forcei o nome para fora dos meus lábios, vendo como os olhinhos perolados da minha criança arregalaram-se —, por enquanto é apenas isso que você precisa saber.
— Mas... — ele tentou protestar, mas um olhar duro da minha parte fora o bastante para ele recuar.
Suspirei baixinho ao vê-lo decepcionado com minha resposta vaga, ele queria saber muito mais do que isso, mas não estava pronto para dizê-lo tudo que estava entalado em minha garganta, e não importava o quão gênio ele fosse, Hizashi era apenas uma criança.
— Você vai me contar um dia, papai? — questionou timidamente, olhando para suas mãos entrelaçadas sob o colo.
Puxei-o para meu colo, erguendo seu rostinho para fitar seus belos olhos de lua.
— Um dia, meu pequeno príncipe. Eu prometo.
Mesmo tristinho, Hizashi sorriu.
— Obrigado, papai.
— Tudo bem — levantei-me da cama com ele em meus braços — vou colocá-lo para dormir. Amanhã é seu primeiro dia de aula na escola nova, lembra?
Ele assentiu um pouco mais animado, deitando a cabeça no meu ombro.
Meu tio havia conseguido me convencer a ficar no Japão, fora uma conversa longa, embora ainda tivesse um pouco de receio. Não era como se eu fosse encontrá-lo não é? Afinal, nossas famílias não estavam mais próximas como antigamente. Tudo ficaria bem desde que nossos caminhos não se cruzassem mais.
— Você quer ouvir alguma história? — perguntei após deitá-lo em sua cama e cobri-lo com o cobertor.
— O Pequeno Príncipe, por favor!
Dei uma risada, alcançando o livro infantil encima da estante.
— Bem, vamos lá.
🌙
Minha descoberta sobre meu outro pai foi um fracasso, embora soubesse seu verdadeiro nome e pelo que parecia havia uma história não terminada com chichi. Eu precisava descobrir o que aconteceu entre os dois e uni-los mais uma vez. Eu queria uma família como todo mundo, e tinha a sensação que papai ainda amava Sasuke, só não entendia o motivo que fazia os adultos complicar as coisas. Tudo é mais fácil quando somos crianças.
Agora segurava a mão de chichi enquanto olhava ao meu redor vendo algumas crianças fazendo o maior drama, não pude deixar de encarar aquilo com desprezo. Observei uma mulher vindo em nossa direção com um sorriso gentil no rosto, ao estar à nossa frente, ela curvou-se respeituosamente para nós, ato que fora repetido por nós dois. Era um alívio que mesmo tendo nascido nos Estados Unidos, papai sempre fez questão de preservar nossa cultura de origem.
— Neji-san, é maravilhoso revê-lo novamente — ela disse sorrindo e virou-se para mim, abaixando-se na minha altura — esse deve ser o pequeno Hizashi.
— Estou honrado em fazer parte desta escola — respondi educadamente, fazendo outra reverência, arrancando um riso encantado da sua parte.
— Você é um pequeno lorde, Hizashi-chan — ela disse apertando minhas bochechas, lutei contra o desejo de arrancar suas mãos do meu rosto.
Notando meu desconforto, papai se manifestou.
— Shizune-san conto sua discrição.
— Não se preocupe, Neji-kun — ela disse a ele, mais informal desta vez — Hizashi estará seguro aqui conosco.
— Estou contando com isso — foi sua resposta. Papai olhou para mim — se comporte, okay?
Eu sorri para ele.
— Pode deixar, papai.
Shizune estendeu a mão para mim que peguei um tanto hesitante após trocar um olhar com meu pai. Não era uma primeira vez em uma escola, mas não era mais Nova York e aqui não havia Leon — meu melhor amigo —, tudo seria estranho.
— Boa sorte — ele apertou minha outra mão e sorriu encorajadoramente.
Espiei curiosamente para dentro da sala de aula quando paramos em frente a porta.
— Você está nervoso?
— Não — meu orgulho nunca me deixaria admitir em voz alta — podemos entrar?
Ela balançou a cabeça em concordância.
Fora durante o horário do almoço que dois garotos se aproximaram de mim. Eu estava sentado numa mesa sozinho desfrutando do almoço que Tia Hinata embalou para mim de manhã. O sanduíche parou no meio do caminho, antes que pudesse dar uma mordida. Com um suspiro coloquei-o de volta na bandeja e estreitei os olhos para meus convidados indesejados.
— Posso ajudá-los? — perguntei tombando a cabeça levemente para o lado como um gatinho curioso.
— Vimos você aqui sozinho e pensamos que talvez você precise de companhia — um garoto de cabelos negros revoltos e expressivos olhos azuis, se manifestou.
— Como você se chama? — o de olhos verdes perguntou, sua voz era entediada.
Por alguma razão gostei mais dele do que o anterior.
— Por que vocês querem saber? — perguntei.
— Podemos ser amigos — disse — sou Menma Uchiha — ele se apresentou, e minha sobrancelha ergueu-se diante o sobrenome —, e esse é meu amigo Shikadai.
— Me chamo Hizashi — disse simplesmente, voltando a comer.
Eu ainda não sabia, mas estava frente a frente com alguém que me ligava ao meu maior objetivo.
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