História Mordida de Alfa - QUATORZE: Não Me Faças Escolher

Mordida de Alfa

Cap. 14: Não Me Faças Escolher

A M A R O

Jongin abriu seus olhos abruptamente assim que sentiu pequenas mãos o tocarem, não se afastou e nem tentou afastar quem o tocava, pois, aquele toque era o seu preferido em todo o mundo, e a leveza daquelas mãos sempre estaria em sua mente. Sempre o fazendo delirar. Franziu o cenho, permanecendo em silêncio enquanto admirava aquela cena.

Kyungsoo estava abrindo sua calça, e fazia isso como se ele não estivesse vendo. E sentindo-se o dono daquele corpo — o que de fato era — o ômega tirou o pênis do alfa para fora, o masturbando com uma cara chateada, era engraçado ver o menor o tocar com raiva do fato do moreno não estar excitado, era quase como se ele estivesse brigando com o pênis de seu marido por ele não ficar duro logo.

— O que está fazendo? — o maior perguntou contendo sua risada.

— Está mole. — o ômega o olhou como se ele fosse o culpado — Eu preciso que ele fique maior.

O alfa queria rir, rir de Kyungsoo e de si mesmo por não ter notado antes. Talvez o fato de serem muito assíduos em suas relações sexuais tenha abafado a aproximação do cio de Kyungsoo, o ômega estava entrando no cio e ele nem sequer havia notado a diferença. E quem o culparia? Eles trepavam três ou quatro vezes por dia, e o ômega sempre estava quente, ao ponto de Jongin achar que esse já era o seu natural.

— Faça ele ficar duro, ômega.

O menor já estava sem roupas fazia muito tempo, ele as havia tirado antes de subir na cama, seu corpinho magro vivia coberto de marcas roxas e arranhões, quem não os conhecia direito, diria que Jongin estava sendo muito bruto com ele, e quem os conhecia poderia dizer que aquela brutalidade era muito bem-vinda. Com o tempo, Kyungsoo formulou seus gostos, e os deixou conhecidos para Jongin. O alfa já sabia o quanto seu ômega gostava de ser mordido, chupado e arranhado em várias regiões do corpo, e não era como se com Jongin as coisas fossem diferentes, o alfa tinha tantos arranhões e marcas roxas quanto ele, além de várias marquinhas pequenas das mordidas de Kyungsoo em seus ombros e braços.

O ômega o mordia até quando não estavam fazendo nada.

Kyungsoo também gostava quando Jongin o chamava apenas de ômega durante suas relações, sentia-se como se pertencesse completamente a ele, e também se referia a ele apenas como alfa. Meu ômega, meu alfa.

— Quanto tempo os seus cios duram, Kyungsoo?

Todavia, o ômega já não poderia responder, seu rosto vermelho e corpo quente indicavam que ele já estava totalmente entregue ao desejo. E quem seria Jongin para procrastinar quando o assunto era satisfazer seu ômega, assim como ele sempre o satisfazia?

Deixou o ômega continuar o que estava fazendo, o vendo colocar seu membro na boca e o chupar, estava se excitando, e não demorou muito até ficar completamente duro com aquilo. Quando viu que seu marido estava duro, o menor não teve mais nenhuma paciência para esperar, engatinhou sobre seu corpo até chegar onde queria, segurando o membro do moreno pela base, para poder finalmente sentar-se sobre ele.

Estava tão molhado que o engoliu rapidamente, soltando um gemido alto assim que a cabeça tocou o seu útero. Repousou as mãos espalmadas sobre o peito nu do moreno, começando a se mover para cima e para baixo, ele queria mais contato, e ver Jongin ainda parado o irritava.

— Jongin, eu quero! — bateu em seu peito com a força que tinha nos braços, o que não era o suficiente para machucar, apenas deixava o alfa mais excitado, Jongin gostava de ver Kyungsoo daquela maneira, querendo mais e mais — Vamos, nós temos que fazer o nosso bebê!

[... Mordida de Alfa ...]

Sehun não sabia o motivo de estar trilhando aquele mesmo caminho, deveria estar trabalhando, ou talvez indo visitar seu noivo, mas ao invés disso o alfa estava trilhando aquele caminho que deveria ter esquecido, apagado completamente de sua cabeça. A imagem da casa de Lu Han nunca saiu de sua cabeça, e todas s noites mantinha aquele mesmo sonho, onde entrava por aquela porta e dormia com ele novamente.

Sentia falta, não negaria.

Sua cama estava fria e vazia depois que seu relacionamento com o alfa se rompeu, e a espera por seu casamento parecia infinita, ao ponto de acreditar estar congelando com todo aquele frio que o sondava dia e noite. Dormir sozinho era ruim, mas trair seu ômega era ainda pior. Sua mente queria se manter fiel à Baekhyun, enquanto seu corpo clamava desesperado por Lu Han.

Quando passou por aquela porta, foi como se sentir confortável de novo, estar naquela casa era bom, e isso era algo que não conseguia negar. Estava ficando louco! Estava procurando por Lu Han, enquanto deveria ficar o mais longe possível dele. Sehun estava prestes a se casar com um ômega, porém todos os poros de seu corpo se sucumbiam ao desejo profundo que tinha pelo alfa Xiao.

E isso seria apenas desejo?

Abriu a porta do quarto lentamente, e no instante em que seus olhos captaram a imagem do homem de pele pálida, sem camisa e com seus longos cabelos negros soltos em suas costas, ele quase gemeu. Quase gemeu diante de sua imagem favorita, Lu Han raramente deixava seus cabelos soltos, e raridade daquele momento o deixava ainda mais quente. Todavia, seu coração sentiu uma pontada ao desviar os olhos e encontrar o motivo de Lu Han estar quase sem roupas.

Ele não estava sozinho.

A imagem do beta dormindo sem roupas sobre a cama do Xiao deixava Sehun incomodado. Ele havia mesmo encontrado outro parceiro. Lu Han havia seguido em frente, assim como havia dito que faria, e por mais que tentasse fingir que aquilo não o havia afetado, era como se uma enorme lança tivesse acabado de atravessar seu peito, o prendendo em uma parede, até seu corpo rasgasse e caísse no chão.

Aquilo doía, por mais que o alfa não conseguisse entender.

— Você me superou bem mais rápido do que pensei. — deixou as palavras saírem de sua boca no tom que elas quisessem, em dor — Só não imaginei que seria um beta a me substituir.

— Myungjun não é um substituto! — foi a primeira vez que viu Lu Han ser rude com ele, e isso era quase irreconhecível, estava tão acostumado sendo bem tratado pelo outro alfa, que chegava a esquecer como Lu Han era quase se sentia ofendido — Ele é meu parceiro agora, e tão importante quanto você foi. — era proposital, ele estava fazendo aquilo para o pisar ainda mais, era notório o quanto o Xiao estava magoado ainda — Ou melhor, ele é bem mais importante do que você era.

O Oh abriu a boca, porém ficou mudo, seu coração doía, e ele estava confuso com toda aquela dor, queria dizer que não se importava nenhum pouco com aquilo, que queria que Lu Han fosse à merda. Todavia, dizer coisas ruins para Lu Han era o mesmo que esfaquear a si mesmo, as palavras se perdiam na garganta. Ele estava com raiva, magoado, e o pior de tudo... se sentia traído.

Trocado.

— Francamente, com tantos ômegas bons e prendados, você foi logo se envolver com um beta?

Viu que o rapaz havia acordado, o beta olhava para os dois, metido entre as cobertas da cama para esconder sua nudez, não dizia uma só palavra, e nem queria se meter naquela briga, pois sabia que poderia facilmente sair machucado. Mas Sehun estava tão... tão enfurecido, que precisava ferir alguém, precisava pisar e machucar só para se sentir melhor. Alfas são tão infantis. E se não conseguia ferir Lu Han, feriria alguém com quem ele aparentemente se importava.

— Betas não satisfazem direito, não passam de pessoas que nasceram pela metade. — o Oh continuou a falar, olhava para Lu Han como se Myungjun nem estivesse ali — E esse consegue ser ainda mais sem graça, quase como um ômega defeituoso e sem cheiro.

— Saia da minha casa, Sehun! — o Xiao gritou mais alto do que pretendia — Se veio aqui apenas para descontar as suas frustrações, já teve o que queria, vá embora antes que eu perca a paciência, não queria brigar com você na frente do meu beta.

Meu beta.

Lu Han poderia ter dito qualquer ofensa, poderia tê-lo humilhado com todas as palavras ruins que viessem em sua cabeça, mas chamar Myungjun de seu foi a pior coisa a se dizer, os cacos do coração do alfa se desprenderam, e então ele percebeu, aquilo era mágoa, era ciúme, era saudade.

Deu as costas e foi embora pela mesma porta que entrou, e depois de vê-lo sumir, Lu Han se deixou cair sobre o colchão da cama, ao lado de Myungjun. O beta foi para suas costas, o abraçando como se tentasse proteger seus sentimentos, não queria que Lu Han acabasse ficando mal por aquilo, e tentava esconder o fato de que estava quase chorando por ter sido ofendido daquela maneira tão imbecil por Sehun.

Não queria ficar com raiva, sabia que tudo aquilo estava acontecendo porque os dois alfas se amavam, e eram cabeças duras demais para entender isso. Queria ficar com Lu Han, e protege-lo da dor que sentiria assim que desse conta de seu verdadeiro sentimento pelo alfa Oh.

— Não ligue para o que ele disse, você me satisfaz muito bem. — o alfa o puxou para que viesse para o seu colo, e o beta não se importava com o fato de estar nu — Ele só queria estar no seu lugar, por isso é que age assim, o mal dele é falta de sexo.

O Park acabou rindo um pouco, deixando sua cabeça no peito do alfa, aspirando o cheiro bom que o cabelo dele tinha, havia pedido tanto para que Lu Han o deixasse ver seus cabelos, e agora estava ansioso para escovar eles e passar mais um tempinho com o alfa. Estava apaixonado, e feliz por dormir todas as noites com ele, pois se Lu Han estava com ele sempre, significava que não estava com mais ninguém.

[... Mordida de Alfa ...]

Sua cabeça doía, Sehun não entendia o motivo de estar tão mal com aquilo, e nem de seu coração martelar de forma tão intensa. Queria estar bem longe daquele lugar, e se manter protegido de toda aquela confusão formada em sua cabeça. Queria gritar, queria dizer o que sentia de verdade.

O problema era não saber que sentimento era aquele.

Se sentia mal, e aquele desconforto só aumentava com o passar do dia, e naquela noite quando visitou Baekhyun, era como se estivesse sendo um intruso dentro daquela casa, como se estivesse mentindo tudo e todos, e seu coração se quebrava ainda mais quando Baekhyun sorria de forma doce e dizia o quanto estava ansioso para se casar. Sehun não estava tão ansioso quanto dizia.

Longe disso, sua cabeça não parava de pensar em Lu Han e naquele beta deitado na cama que outrora era ele que ocupava. O pior de tudo era não entender o motivo de estar assim.

— Você concorda?

Piscou seus olhos, não havia ouvido uma só palavra que Baekhyun havia dito, balançou a cabeça afirmando para tentar disfarçar, todavia era obvio que ele não sabia do que estavam falando.

— Sehun, você não está me ouvindo! — o ômega reclamou, ele havia perguntado se o alfa concordava em se vestir de mulher no dia do casamento só para provar que ele não estava prestando nenhum pouco de atenção — Aconteceu alguma coisa?

Não era como se fosse se abrir com Baekhyun, o ômega era a ultima pessoa no mundo para quem poderia contar a verdade. Como ele se sentiria ao saber que o que incomodava seu noivo era o fato de não conseguia se desapegar de seu amante? Seria humilhante demais para um ômega descobrir que seu alfa possui sentimentos assim por outro alfa, isso poderia causar uma rejeição vinda do Byun.

E Sehun não estava em condições de ser rejeitado.

— Acho que devemos adiar o casamento. — soltou, e já não saberia dizer se estava dizendo isso por ele mesmo, e o seu medo de se casar sem saber ao certo se aquela união seria boa, ou por Baekhyun, que ainda demonstrava sentimentos pelo alfa Park — Marca-lo sabendo que ama outro não será bom.

Era covardia jogar a culpa no ômega, e faze-lo se sentir mal por isso. Mas alfas eram assim, não conseguiam admitir para si mesmos que o problema era eles, que eles eram inseguros quando o assunto era outro alfa, e Sehun se sentia ainda pior por estar no meio daquele fogo cruzado, onde de um lado havia Baekhyun amando outro alfa, e do outro havia ele desejando outro alfa.

— Está tão obvio assim que eu ainda o amo? — o menor falou baixinho, encolhendo ao se sentir mal por aquilo, porque independente do lado de Sehun, ele ainda amava Chanyeol de qualquer forma.

E ser marcado por um alfa amando outro, poderia fazer com que a marca de Sehun fosse rejeitada, causando uma enorme dor para ambos, além de consequências que no momento não poderiam ser previstas. Essa era a forma que a natureza tinha de se redimir com os ômegas, enquanto amasse outro alguém, nenhum alfa poderia marca-lo contra a sua vontade.

— Me responda, Baekhyun, se o Chanyeol aparecesse aqui e lhe dissesse que o quer como ômega dele, você ainda se casaria comigo, ou iria com ele?

O silêncio foi a resposta de Sehun, e ele não precisava de palavras para saber o que aquilo significava, os olhos de Baekhyun diziam a verdade, ou melhor, gritavam. O ômega ainda amava Chanyeol com todas as suas forças, e guardava a esperança de ser dele ainda, por isso o amor não diminuía, e por mais que gostasse de Sehun, era apenas isso, apenas um gostar, passando longe de ser amor.

[... Mordida de Alfa ...]

Yifan acordou naquela madrugada, e seu instinto foi passar a mão pelo colchão procurando por Zitao, encontrando apenas o vazio. Levantou-se praticamente em um salto, viver com aquele ômega era não poder baixar a guarda nunca, o Huang era tão arisco de se segurar quanto um peixe. O procurou pela casa toda, sem encontrar nenhum rastro dele, e nada aparentava estar fora do lugar, além de que suas roupas também estavam guardadas e dobradas no lugar de sempre. O ômega havia sumido, como se nunca estivesse estado ali.

Desesperado abriu a porta da frente, seus olhos vasculharam tudo em redor, farejou o ar, ainda conseguia sentir o cheiro de Zitao no ar, por mais fraco que ele ainda estivesse. Saiu o procurando por toda parte, sem camisa, porém longe de se importar com o frio. Ele só queria saber onde seu ômega estava. As ruas desertas na madrugavam abrigavam apenas a neve e a luz das tochas nos postes de madeira, o cheiro de Zitao ficava um pouco mais forte.

E sendo guiado pelo faro, Yifan procurava seu ômega pelas ruas cobertas de neve, os pés descalços pareciam nem sentir o toque gelado do chão. Adrenalina. E quando parecia sem esperança nenhuma, conseguiu avistar a pequena imagem de alguém jogado no chão, encolhido enquanto tentava se proteger do frio. Correu até ele, encontrando Zitao, que chorava enquanto se mantinha no chão, abraçado ao próprio corpo.

— O que pensa que está fazendo? — afobado, o alfa não mediu o tom quando se agachou ao lado do Huang no meio da rua, recolhendo seu corpo do chão e o erguendo em seus braços.

O ômega não conseguiu fazer nada, apenas encolher-se no contato de Yifan, deixando que o alfa o carregasse no colo de volta para casa. Ele chorava, e não disse nada durante o percurso, ficou apenas ali, encolhido, com medo de acabar se dando mal por ter feito aquilo. Estava dando muito trabalho para Yifan, precisava admitir, e pelo estado que o alfa estava quando o encontrou, certamente ele havia se preocupado demais com ele.

Zitao se sentia um ingrato.

Ao chegarem em casa, o alfa o colocou na cama, sentando-se ao seu lado enquanto o encarava com uma expressão nada boa. O ômega já havia parado de chorar, e agora tudo o que restava era uma expressão de medo e vergonha por ter tentado fugir de alguém que nem sequer havia lhe feito mal algum.

— O que você fez foi muito imprudente. — o alfa começou a falar, a expressão de fúria foi substituída por uma de preocupação, o alfa começou a tirar as roupas cobertas de neve do ômega, e Zitao não o evitou, apenas levantou seus braços para que ele tirasse a túnica — Poderia ter congelado lá fora, e nem sequer pôs um casaco.

— Por que eu estou tão fraco? — o indagou quase em um sussurro, estava choroso e confuso.

— Os chás que você tomava o deixaram assim, seu corpo ainda vai demorar muito até voltar a ser o ômega que você era antes. — começou a explicar, ele e Yixing estava estudando os efeitos dos chás que o ômega tomava, já haviam até conversado com alguns curandeiros e médicos da alcateia — E se continuar se negando, tudo ainda vai piorar mais, precisa aceitar sua natureza e me deixar cuidar de você.

Deu o silêncio por resposta, o alfa terminou de tirar as roupas frias do Huang, o enrolando com o lençol grosso e o trazendo para perto de seu corpo para poder abraça-lo. O calor de Yifan o confortou, era bem melhor estar ali com ele do que lá fora congelando, não sabia onde estava com a cabeça quando decidiu ir embora. Não conseguia, e pelo visto tentar era tempo perdido.

— Me desculpe. — pediu baixinho, estava muito envergonhado — Estou sendo um ingrato com você.

— Tudo bem, você só está confuso. — o alfa o apertou entre seus braços, afagando seus cabelos enquanto a cabeça de Zitao repousava em seu peito nu — Mas você precisa começar a se esforçar também, não posso te ajudar se você não aceitar isso, seja meu ômega, Zitao, me deixe cuidar de você, me aceite como seu alfa, seu marido.

O ômega quis chorar, era a primeira vez em toda a sua vida que alguém aparentava se importar tanto, o querer bem, o querer como ômega. Quando mais novo, muitos diziam que Zitao não se encaixava com os demais, ele era defeituoso, e devido aos seus defeitos, precisou ser... castigado. A vida havia sido muito cruel com ele, e quando finalmente alguém aparece tentando fazê-lo se sentir bem, ele simplesmente não sabe como agir e o afasta. Não, ele não podia perder Yifan, pois Yifan agora estava sendo tudo o que um dia no passado, o pequeno e jovem Huang Zitao sonhou em ter como alfa.

— Eu quero ser o seu ômega, Yifan.