História Mordida de Alfa - TRINTA: Nós Estamos Completos

Mordida de Alfa

Cap. 30: Nós Estamos Completos

A M A R O

No fim de sua gestação, Kyungsoo mal conseguia andar devido ao crescimento de sua barriga, a mesma era muito pesada e havia crescido demais, até mesmo para um bebê alfa. Por isso, as reuniões com seus amigos passaram a acontecer em sua casa, onde até mesmo Minseok havia começado a aparecer vez ou outra.

Naquela tarde apenas Baekhyun — que há muito tempo não aparecia —, Zitao e Junmyeon havia aparecido, onde o ômega mais alto havia levado seu bebê junto, que mesmo com dois meses de nascido, já era quase do mesmo tamanho que Young Ho, que já havia completado seu primeiro ano de vida. Junmyeon também havia levado Young Ho, o bebê já havia começado a andar, o que implicava em ficar de um lado para o outro pela casa, deixando o ômega sempre preocupado quanto aonde ele ia.

Quando estavam em casa, era sempre Yixing que ficava colocando o garoto no chão e o deixando ir para onde quisesse.

— O Young Ho só tem um ano e já está me fazendo arrancar os cabelos. — reclamou, por mais que acabasse sorrindo para o bebê logo e seguida — Só imagino quando o outro nascer.

O ômega Kim passou sua mão pela barriga que já estava começando a salientar, ainda se recordara das inúmeras vezes que havia acordado pela madrugada apenas para chutar Yixing e o xingar por tê-lo engravidado de novo assim tão rápido, e isso perdurou até que se acostumasse com a ideia.

— Você procria rápido demais, Myeon, vai virar uma parideira. — Baekhyun disse enquanto ria.

O mais velho lhe jogou um copo.

— Tomara que você tenha um filho do tamanho de uma capivara. — foi a resposta que o Kim deu, encarando Baekhyun para impactar sua fala.

— Vocês estão falando do meu filho? — Zitao se intrometeu da pequena briga entre os dois, erguendo seu filho grande e já bem gordinho.

Só demorou dois segundos para que todos começassem a rir de maneira desenfreada. Eles sempre riam quando o assunto era “alfas e seus exageros até mesmo na hora de nascer”. Ômegas nasciam pequenininhos, eram partos mais simples e menos dolorosos, enquanto alfas nasciam com muita dificuldade, depois de horas de um parto doloroso. Faziam isso porque nunca iriam parir. E os lúpus, bem, os lúpus nasciam do tamanho de capivaras, de acordo com Zitao.

Kyungsoo havia parado de rir, e agora olhava para um ponto fixo e com uma expressão estranha, e ao notar isso, Junmyeon também parou de rir.

— Aconteceu alguma coisa, Kyung?

O ômega o olhou.

— Eu não tô pronto pra isso. — foi a única coisa que o menor disse.

Ao olhar melhor para ele, Junmyeon finalmente percebeu o líquido que escorria entre suas pernas, e por dois segundos ficou sem reação nenhuma. Era como esperar bater o gosto de uma bebida amarga, e quando batia, a reação vinha junto.

— O bebê vai nascer. — o ômega Kim abriu a boca, fazendo os outros olharem primeiramente para ele, e só depois para Kyungsoo, que mantinha uma expressão apavorada, e estava muito quieto — Faz alguma coisa, Baekhyun!

— Por que eu? Eu nunca pari, vocês já.

Zitao rapidamente colocou seu filho dentro da cestinha que havia usado para o trazer, sendo o único a ter alguma reação. Foi até Kyungsoo para poder o erguer da cadeira e leva-lo para o quarto, que seria um lugar bem melhor para ter seu filho.

— Baekhyun, vai atrás do Jongin. — ele pediu — E Junmyeon, procure a parteira.

Aquela parteira já deveria estar odiando-os.

Zitao conseguiu levar Kyungsoo até a cama, o mesmo estava muito pálido, provavelmente por estar apavorado. E no momento em que o outro fez menção de deixa-lo sozinho, Kyungsoo quase gritou desesperado para não ser deixado ali sem ninguém.

— Calma, eu só vou pegar os bebês.

O mais alto saiu e logo voltou, colocando a cestinha com seu filho em um local seguro, onde ele não fosse cair, e literalmente prendendo Young Ho dentro do berço que havia sido destinado para Jaehyun, o bebê que Kyungsoo carregava.

O menor já havia começado a gritar, estava começando a ficar desesperado pela demora, a parteira e Jongin estavam demorando demais para chegar, e era um tempo e uma dor que Kyungsoo não estava suportando mais. Ele queria ter seu alfa ali com ele, ter o apoio e o amor dele ali perto, aquela demora toda estava o deixando aflito.

— Zitao... — mais um grunhido de dor escapou — Eu não tô mais aguentando.

Sem ter muitas opções, o outro ômega se colocou entre as pernas de Kyungsoo, se a parteira não aparecesse, ele teria que fazer o parto, mesmo não tendo a mínima ideia de como fazer isso.

— Vamos, Kyungsoo, precisamos fazer isso.

Mesmo desesperado, em vista das circunstancias ele não tinha como negar ajuda. A única coisa que conseguia fazer naquele momento, era empurrar seu filho para fora, enquanto Zitao lhe incentivava, em vista de que era a única coisa que sabia e podia fazer.

A parteira apareceu minutos depois, com os cabelos bagunçados e o aspecto de quem tinha corrido, logo tomando posição para o alívio de Kyungsoo.

Mas Jongin estava demorando demais, demorou quase duas horas para aparecer. E por duas longas horas, o parto perdurou, sendo que o ômega já se sentia sem nenhuma força e totalmente desacreditado. Se seu alfa estivesse ali as coisas seriam diferentes, mas ele não estava, onde ele estava?

— Jongin... — sussurrou seu nome enquanto uma lagrima escorria.

Estava com medo, só queria ter seu marido ali com ele, e quanto mais a demora aumentava, mais agoniado seu coração ficava. Seus olhos se fecharam, ele já não tinha nenhuma força para empurrar, sequer tinha forças para continuar respirando.

Queria chorar.

Uma mão tocou a sua, e ao abrir seus olhos se deparou com os olhos negros de Jongin o encarando ali de perto, com um sorriso sem jeito nos lábios, e algumas lágrimas molhando seu rosto.

— Me perdoe, meu amor, eu estava resolvendo algumas coisas, me perdoe por ter demorado, eu não deveria-

— Jongin... — sussurrou seu nome, levando sua mão para o rosto do alfa — Você está aqui.

O moreno segurava forte em sua mão, sorrindo na tentativa de passar confiança para o menor, que voltara a colocar força. Agora ele tinha a força de quem mais amava ali com ele, e isso já era o suficiente, a força e o amor de Jongin sempre seriam o suficiente para ele.

Sempre.

O tempo se escorreu ainda mais, já não havia mais cor no rosto do menor, além de sua testa estar a pingar suor, seus lábios secos e rachados. Os demais esperavam do lado de fora, mas Jongin não saiu de perto dele, sempre segurando firme em sua mão, sempre lhe dizendo palavras amorosas, repetindo um milhão de vezes o quanto o amava, e o quanto era feliz com ele.

O coração de Kyungsoo estava quente.

Até que finalmente um choro invadisse o quarto, e um bebê de olhos negros, envolto de um pano que já havia sido deixado exclusivamente para isso, fosse entregue nas mãos de Jongin. Ele estava chorando de novo, chorando pelo filho que poderia ser considerado um milagre, e que havia chegado no momento certo. Jongin amou seu filho com total intensidade no momento em que seus olhos guardaram a primeira imagem dele, e esse era o amor mais puro.

— Veja, meu amor, o nosso filho. — ele dizia enquanto mostrava o bebê alfa para o esposo — O nosso Jaehyun.

Kyungsoo sorriu feliz ao ver seu filho, iria pega-lo no colo, mas uma contração forte o impediu de fazer isso.

— O que houve?

— Eu não... — tentou falar, mas fortes dores o tomaram novamente — De novo...

— Está vindo outro bebê. — a parteira os informou, deixando Jongin completamente desnorteado, ele não havia notado o cheiro e nem a batida do coração de mais nenhum.

A verdade era que Kyungsoo já suspeitava que fossem dois, todavia, essa ideia lhe parecia absurda demais, por isso acabou deixando para lá, pois acreditava não passar de uma ilusão de sua cabeça, por querer demais ter um filho. Mas agora, quando sentia outra criança sair de dentro de si, ele podia ter a certeza de que nunca foi uma ilusão, ele realmente estava carregando dois filhos.

Provando de uma vez por todas que nada seria mais forte do que a fé que eles tinham.

O segundo não deu muito trabalho, um ômega, um bebê bem menor e bastante clarinho, o mesmo possuía os mesmos olhos negros de Jongin, porém herdando mais características vindas de Kyungsoo. Este foi entregue diretamente para o ômega, que o segurou cheio de lágrimas nos olhos.

Ele tinha dois filhos agora.

Ele estava completo.

— Precisamos escolher um nome para ele. — disse Kyungsoo, sentindo seus últimos segundos de consciência, o cansaço estava o domando.

— Bem-vindo ao mundo, Chittaphon.

[... Mordida de Alfa ...]

Passados alguns meses, os preparativos para que Jongin assumisse a liderança da alcateia começaram, e como esperado, por de uma boa família e já um homem bem visto pelos demais, ele estava sendo aceito com muita facilidade, e com a notícia de que o mesmo já era pai de um alfa, as coisas só se intensificaram.

A alcateia inteira estava eufórica com o dia em que a liderança seria passada para as mãos de um líder jovem, o que para alguns significava o início de um novo ciclo. Quando novos líderes assumiam, começava o período de invasões, onde os alfas saiam da alcateia para conquistar novas terras e expandi-la, o que era algo esperado por muitos, inclusive pelo próprio Jongin.

E quando o grande dia chegou, em pleno inverno, Kyungsoo vestiu sua melhor capa, feita da pele do animal que seu marido havia caçado para corteja-lo, assim como mandava a tradição. A pele da pantera havia ficado perfeita em seu corpo, o deixando com um aspecto ainda mais elegante. Colocou seus filhos dentro de suas cestas, ambos muito bem arrumados e alimentados o suficiente para não atrapalhar a cerimônia.

O mesmo lugar onde havia sido marcado por Jongin, o lugar perfeito para aquele passo em suas vidas, final, fora bem ali que sua vida havia dado um giro de 180°. Seu coração palpitava só por colocar novamente os seus pés ali, sentia seus dedos suarem, e se Minhyuk não estivesse o ajudando a carregar as cestas com os bebês, ele as teria deixado cair.

Seu pai, que havia permanecido distante por um longo tempo, estava ali, pronto para passar a liderança para o seu genro. O mais velho sorriu pequeno e um tanto sem jeito para Kyungsoo, que respondeu com o mesmo tipo de sorriso, enquanto Jongin não esboçou reação nenhuma. Minhyuk também estava ali, bem ao lado de Kyungsoo e junto aos dois filhos do casal, como sendo um deles, assim como Jongin havia dito antes de subirem. Minhyuk era filho deles, e ninguém mudaria isso.

— Nós estamos aqui para prestigiar o início de uma nova Era, um novo Ciclo e um novo Começo. — o líder Do havia começado o seu discurso, ao qual refizera em sua mente a noite toda — Um novo líder, meu genro, Kim Jongin!

Os gritos de todos da alcateia foram ouvidos, além de uivos e batidas em tambores ou objetos parecidos, o som estrondoso ecoava por toda parte.

Jongin ficou de joelhos no centro do palco, removeu sua camisa e ergueu bem a sua cabeça. Se havia um momento desagradável na cerimônia, com certeza era aquele, onde o novo líder recebia no peito o símbolo da alcateia, o marcando como líder da mesma. Era doloroso ter sua pele marcada com um ferro quente, formando um circulo com um risco no meio. Kyungsoo fechou seus olhos para não ver seu marido passando por aquilo.

Logo após, o Kim ficou de pé, sendo ovacionado por todos novamente, os gritos ecoavam cada vez mais altos e mais fortes.

Os ossos de Jongin logo começaram a sair do lugar, iniciando sua transformação lupina, e sendo imitado pelos demais membros da alcateia, tanto pelos alfas, como também pelos ômegas e pelos betas. A alcateia inteira estava entrando em sua forma lupina, e logo a montanha de lobos de diversas cores começou a surgir no meio do arraial. Foi a primeira vez que Jongin viu seu ômega em sua forma de lobo, ficando maravilhado com o lindo lobo branco que ele era, com uma macha preta ao redor do olho direito.

O lobo negro estava em sua transformação completa diante dos demais, e em um uivo longo o Kim mostrou toda a sua presença e essência de alfa, sendo acompanhado pelos uivos de toda a alcateia, que recebia e aceitava seu novo líder: Kim Jongin.