História More than Rebels - The Past Changes Everything

Peridot- Montanha- Sala Desconhecida

Meus ouvidos já doem de tanto escutar a voz de Citrine me ameaçando. Minha forma física está fraca e cansada de tanto tentar mover essa parede enorme e pesada. Ela anda de um lado para o outro impaciente enquanto me apoio na parede procurando fôlego. Tento me levantar e mais uma vez forçar meus poderes para mover essa maldita parede. Por que diabos eu não estou conseguindo move-la? Será que há algo divergente em meio as camadas de metal dela? Estou fazendo o possível para move-la enquanto penso num plano de fuga. Eu vi que Pérola e Steven estão vivos, preciso encontra-los a qualquer custo!

- Eu acho que você precisa de uma motivação maior...- vejo seus olhos ficarem totalmente laranjas como fogo-... vou ali queimar um dos seus amigos.

- NÃO! Espere! Eu estou quase conseguindo.- minto.

- Está me parecendo que você foi extremamente inútil! Talvez a Roxinha fosse melhor no seu lugar.- ela cruza os braços.

- Então por que jogou ela de cima da montanha, sua Clod!- não evito xinga-la. 

- Você me chamou de que...- antes que ela terminasse, a luz da tocha que ela havia acendido se apaga do nada. Começo a escutar barulhos como se alguém estivesse brigando no meio da escuridão. Por alguns segundos vejo chamas saindo da boca de Citrine e logo em seguida serem cessadas por algo, ou alguém. Acendo minha pedra e me deparo com Citrine pendurada de cabeça pra baixo no teto, por uma corda ou sei lá o que é isso, roxa com pedras. Me parece muito com o chicote de Amethyst.

- Hey Pery está tudo bem?- tomo um susto com a aproximação de alguém e acabo dando-lhe um soco no nariz. Ao ver a silhueta no meu tamanho cair no chão gemendo percebo que se trata de Amethyst.

- Pelas minhas estrelas! Você está viva ...- agarro seu corpo e não evito que lágrimas caiam sobre meu rosto.-... me desculpe pelo soco, você me assustou.

- Está tudo bem, já fui socada em lugares piores...- ela ri.-... você está bem? Ela te machucou?

- Não, mas ameaçou machucar os outros se eu não ajudasse.- mantenho-me abraçada a ela.

- Os outros estão vivos? Todos eles?- ela questiona, segurando meu rosto com seus mãos e enxugando meu rosto com um pano.

- Eu acho que sim, vi Pérola e Steven  numa espécie de floresta artificial alguns túneis distante daqui...- ela se levanta e vai em direção a Citrine, que se debate tentando derreter o chicote dela. -... o que está esperando Amy? Vamos atrás deles e deixe essa Clod ai!

- Talvez ela possa nos ajudar...- Amy tira um pedaço do chicote da boca dela-... olha, você me jogou da montanha e eu deveria lhe socar por isso, mas ao invés de brigarmos poderíamos unir forças e sair daqui.

- Acha mesmo que depois de anos aqui dentro eu vou acreditar que alguém possa me ajudar?- ela desvia o olhar.

- Depois de anos?...- Amethyst estreita os olhos-... então quer dizer que minha teoria sobre a montanha ter uma máquina de aceleração está certa! Se você diz que passou anos aqui e por que sabe do que estou falando!

- Amy você bateu a cabeça com muita força?- digo com indiferença, ela com certeza está ficando louca.

- Peridot escute: Eu sai da montanha e dei de cara com todas as Crystal Gems no futuro, Steven e Connie tinham uma filha e Garnet não existia mais, se passamos algumas horas aqui como seria possível eu sair daqui e estar no futuro?- Amy me questiona.

- Como é... - começo a raciocinar-... você está me dizendo que estamos no presente, mas ao mesmo tempo indo pro futuro por que a montanha distorce o tempo?

- Isso mesmo! Eu voltei pra cá por que acho que podemos tirar essa distorção, deve haver algum motor aqui dentro parecido com os das naves de HomeWorld que faz a montanha viajar com a velocidade da luz.- Amy gesticula.

- Mas se estamos realmente viajando não podemos "voltar no tempo"...- faço aspas com os dedos-... se for um motor desse jeito o máximo que faremos e para-lo.

- Não é um motor...- Citrine começa a falar.-... é um tipo específico de tecnologia gem que faz o passado, o presente e o futuro saírem de órbita, assim nós podemos estar no passado e no presente, enquanto tudo lá fora está no futuro.- vejo uma lágrima descer dos seus olhos.

- Então quer dizer que não podemos reverter isso?- Amy se entristece.

- Eu tentei várias vezes desligar ou reverter a capacidade da máquina, mas há três alavancas que as próprias Yellow, Blue e White Diamond fizeram para que apenas elas pudessem desliga-la.- Citrine fala baixo.

- Nós estamos em três, talvez podemos conseguir desligar a máquina!- digo com entusiamo.

- Você não entendeu o que eu disse?! Se gems normais pudessem fazer isso eu não teria jogado a Roxinha da montanha!- ela cospe as palavras na minha cara.

- O nome dela é AMETHYST!- dou-lhe um tapa na cara.

- Pery se acalme, deixe que eu falo com ela...- Amy se aproxima dela e a solta, Citrine cai de joelhos no chão.-... eu sei que tentou várias vezes sair daqui, mas se tentarmos todas juntas eu tenho certeza que conseguiremos.

- Você tem certeza disso?- ela se levanta.

- Absoluta.- Amy sorri de uma maneira que apenas ela consegue.

- Promete isso?- Citrine demonstra sensibilidade.

- Você não tem que prometer nada a essa clod!- exibo uma carranca e cruzo os braços.

- Peridot pare de implicância! Se minha palavra importa tanto, então eu prometo que conseguiremos.- bufo com a frase dita por ela e vejo-a trocando olhares com Citrine. 

- Se é assim, então vou nos levar até a sala onde está a máquina, fica exatamente no meio da montanha, não estamos muito distantes. - Citrine começa a caminhar pelos túneis rapidamente, com Amy e eu logo atrás dela. Depois de alguns minutos caminhando damos de cara com uma porta de ferro derretida e um buraco nela. Passamos por ele e Citrine tenta fazer contato entre fios para ligar algumas luzes do local. Seguro a mão de Amy com força, se Citrine aprontar alguma sinto que não aguentar perder Amy de novo. 

- Precisa de ajuda?- Amy se aproxima dela.

- Acho que consegui.- após alguns segundos várias luzes se acendem, revelando uma sala gigantesca, cheia de painéis. Há colunas enormes em tons de azul, branco e amarelo que seguem por um corredor que dão até um elevador grande, que com certeza foi feito para as Diamonds. Começamos a andar em direção a ele, o piso está sujo, mas ainda é possível ver nossos reflexos nele. Chegando até as portas, Citrine faz contato direto com alguns fios do painel ao lado e as portas de abrem. Entramos em silêncio e de repente o elevador começa a descer muito rápido fazendo nossos corpos flutuarem no ar. Um grito fica preso em minha garganta até que o elevador para bruscamente e caímos no chão com tudo, menos Citrine que cai de pé. As portas se abrem e vemos uma máquina de mais ou menos cinco metros de altura que mostra um cronômetro na frente que passa vários números com muita rapidez.

- Eu imaginei que fosse menor.- Amy está boquiaberta.

- Se fosse menor não conseguiria mover essa montanha.- Citrine começa a se alongar.

- Onde estão essas alavancas?- pergunto.

- Estão ali...- Citrine aponta para um painel com três alavncas enormes.-... se conseguirmos calibrar tudo no momento certo, poderemos voltar ao tempo normal.

- E se não conseguirmos calibrar direito?- Amy questiona.

- Então possivelmente ficaremos perdidas entre passado, presente e futuro.- engulo em seco com a afirmativa da alaranjada.

- Beleza! É o seguinte: vamos puxar as alavancas ao mesmo tempo, e conseguiremos desligar essa máquina!- Amy nos isentiva.

- Desculpe acabar com sua frase esperançosa, mas devo alerta-las que as alavancas foram feitas para as Diamonds, isso quer dizer que quem toca-las sofrerá com a dor de pequena sondas que entram em nossas formas físicas e brincam com nossas mentes, se vocês tiverem problemas com o passado verão coisas, então por favor, se vocês tiverem alucinações não se afundem nelas.- Citrine pondera.

- Okay, como vamos calibrar a máquina para voltar ao presente?- pergunto.

- Eu só preciso colocar os números nos painéis...- Citrine cutuca algo nas telas da máquina.-... consegui! Estão prontas?...- eu e Amethyst confirmamos com a cabeça.-... em suas posições.- cada uma de nós se posiciona em uma alavanca, a minha é a amarela, a de Citrine é branca e a de Amy é azul, a roxeada amarra seus cabelos em um rabo de cavalo, devo admitir que ela está bem sexy.

- Um...- Amy começa a contar, respiro fundo-... dois... três... agora!- começamos a colocar força para mover as alavancas juntas. Por alguns segundos nada acontece, até que elas começam a se mover e por um momento sinto minhas mãos queimarem e abrindo os olhos vejo minha antiga nave. Olho para o meu corpo e vejo meus acentuadores de membros e minhas telas holográficas. Uma imagem surge na minha frente e vejo o rosto de Yellow Diamond, sua boca se move formando palavras, " Se não cumprir sua missão eu vou quebra-la", meu corpo trava, por um momento acredito que tudo isso seja verdade até que sinto as mãos de Amy me tocando.

- Peridot isso não é real!- pisco meus olhos várias vezes e volto a nossa realidade. Estamos quase conseguindo, coloco mais força ainda e quando a alavancas estão quase no lugar certo, Citrine cai no chão.

- Por favor não faça isso! Não me quebre!- ela gritava e se contorcia no chão.

- Citrine isso não é real!- grito pra ela.

- Eu não pedi pra ser feita! Pare de me humilhar assim!- agora é a vez de Amy gritar, ela está parada, olhando pra cima. Uma luz vermelha começa a piscar alertando o sobreaquecimento da máquina. Vejo que as duas gems estão chorando muito, sinto uma pontada ao ver Amy ajoelhada no chão, implorando e chorando a alguém que não consigo ver. Me concentro e respirando fundo, começo a mover as três estacas com meu poder sobre o ferro. Uso toda minha força e deixo que todos os meus problemas com o passado saiam de mim como um grito alto e agudo. 

- Amy, Citrine o que vocês estão vendo não é real!- ainda tento acorda-las. Vendo que isso não dará certo coloco mais força e consigo mover as alavancas juntas, estou quase no final. Respirando fundo concentro todo meu poder nelas, tudo a minha volta parece estar em alta velocidade, como se a montanha estivesse viajando cada vez mais rápido. Tudo está em pura distorção até que finalmente consigo voltar a realidade do presente verdadeiro. Caio no chão exausta, um suspiro de alívio passa por mim e vejo que o cronômetro da máquina parou na data que entramos na montanha. Citrine está sentada olhando para o nada, parecia ainda estar travada num antigo trauma. Olho para Amy e vejo que está esparramada no chão. Rapidamente corro em sua direção.

- E-e-eu... não pedi nada disso.- ela sussurrava pra si mesma.

- Amethyst olha pra mim, nada disso é real, acorda!- sacudo seu corpo. 

- Eu não pedi pra ser defeituosa...- ela começa a chorar novamente.

- Hey Amy, me escute: você é perfeita, todos gostam de você pelo o que você é de verdade!- abraço ela com força.

- Eu nunca pedi pra ser feita Peridot, eu nunca pedi isso...- ela soluça.

- E-eu sei, mas se você está aqui é por um motivo,  você é a melhor gem que eu já conheci e nada vai mudar isso!- acaricio seus cabelos. Assim ficamos, por alguns minutos. Ela se acalmou e junto a Citrine, nós saímos da sala e fomos atrás das Crystal Gems. Depois de sair da sala do elevador entramos em vários túneis até que um barulho nos chamou a atenção. Uma luz azulada pairava sobre um dos túneis, o som de águas tempestuosas ecoa pelos caminhos escuros, abraçada a Amy, seguimos o túnel barulhento.

- STEVEN!- uma voz familiar corta o ar, e logo percebemos de quem se trata. Pérola.

Pérola- Montanha- Caminhos Esperançosos

Estamos andando á horas, tudo a nossa volta está em completa escuridão. A preocupação já faz parte de todo meu ser, cada minuto que passa Steven e Connie podem sofrer o impacto do tempo-espaço quando sairmos daqui. Garnet está ao meu lado, ela tenta disfarçar o nervosismo, mas de nada adianta. Sabemos que esse lugar é perigoso e que Cuprita não é uma gem confiável. O silêncio do túnel só era interrompido pelo saltitar de Connie e Steven que brincam de amarelinha. Ora ou outra Azurite olhava para trás e sorria para Emerald, a mesma fazia um gesto com a mão, mandando um beijo no ar. 

Lembro-me de Rose, ela nunca entenderá o que eu realmente sentia por ela, mas eu nunca cansava de demonstrar meus sentimentos com gestos como os de Azurite e Emerald. Eu me convenci de que Rose não ira mais voltar e que Steven é o que importa agora. Porém, algo dentro de mim insiste em acreditar que isso tudo é um sonho e que Rose estará comigo assim que eu acordar. Me culpo por ainda sentir isso, eu devo aceitar de qualquer jeito que ela se foi! Me sinto parada no tempo toda vez que olho para o Steven e sinto vontade de ver Rose. A única coisa que eu quero agora e sair desse lugar que já me trás muitas memórias que adoraria esquecer.

- Escutem...- me assusto com a voz de Cuprita-... estamos indo em direção ao único caminho que falta até o laboratório, mas esse caminho é o mais perigoso, seja lá o que acontecer não derrubem nada, absolutamente nada dentro da água.

- Por que não podemos fazer isso?- pergunto.

- Isso não vem ao caso, apenas não derrubem nada.- Cuprita segue em frente, até que avistamos uma luz azul no fim do túnel. Aproximando-se cada vez mais é possível ver um enorme vórtice de água que se move exatamente como a água descendo pelo ralo, só que maior e infinitamente. Olhando pra cima vejo um caminho em espiral para cima, que vinha de várias entradas nas paredes e subia até o topo em formando uma espécie de cone.

- Steven cuidado com essa mochila.- digo.

- E mais uma coisa: ignorem qualquer som que escutarem, eles podem distorcer a visão de vocês.- Cuprita pondera, e começamos a subir os degraus da escada rochosa. Após alguns minutos subindo, um sibilo atinge meus ouvidos. Uma voz familiar parece cantar agudamente cada vez mais próxima de mim. Olho para baixo e ao invés de ver Steven vejo... Rose. Pisco várias vezes, mas a visão dela de costas não sai da minha frente, minha forma física parece se controlar sozinha e vejo minha mão tentar toca-la.

- Pérola o que está fazendo?!- Garnet me desperta e acabo de perceber que estou quase fora do caminho na beirada do degrau, sendo segurada por Garnet.

- E-eu não sei...- ainda encaro o nada a minha frente e olho para baixo, vendo várias imagens de Rose dançando debaixo d'água.-... eu quero pular.

- O que?!- escuto a voz de Steven e tento me jogar na água, mas Garnet me segura novamente.

- Rose está me chamando, eu preciso ver ela...- digo.

- Pérola ignore as vozes, elas querem que você se jogue.- Steven segura minha mão.

- Eu devo ignorar você, é por sua causa que ela não está aqui.- eu não quis falar nada disso, parece que há algo me controlando pela raiva que eu sinto. Sinto uma pontada ao ver lágrimas no rosto do pequeno, e com um movimento involuntário puxo minha mão com força, fazendo Steven se desequilibrar e cair.

- STEVEN!- pulo em sua direção e pego seu corpo no ar, um portal surge dando lugar ao Leão que nos resgata antes de cairmos na água. O que eu não esperava era que um dos seus bastões de luz fosse cair dentro do vórtice.

- PÉROLA! - uma voz vinda de um dos caminhos me desperta, e vejo Peridot e Amethyst aparecerem no exato momento que uma besta gigantesca surge de dentro da água. Parecia uma criatura marinha fundida com vários animais, tinha tamanho e proporção enormes, seu corpo subia com velocidade até parar quase no final do caminho equivalente há cento e dez metros de altura. Com um movimento rápido agarro Steven e fico na entrada de um dos caminhos analisando sua face.

- Steven me perdoe...- ele me encara e sinto meus olhos lacrimejarem.-... eu me deixei levar mais uma vez pelo passado, eu sei que você não vai conseguir entender o que eu sinto, mas saiba que eu nunca quis o seu mal e ....

- Pérola, eu sei como você se sente, eu nunca poderei substituir minha mãe, mas eu quero que saiba que eu amo você, assim como ela.- ele acaricia meu rosto.

- E-eu... tenho medo de estragar tudo por causa desse sentimento de deseja-la de volta pra mim, e eu não quero perder você Steven, eu preferiria ser quebrada ao invés de ver isso.- me ajoelho e abaixo minha cabeça. Já era possível sentir os tremores de uma possível briga entre a criatura e as gems.

- Olhe pra mim...- ele ergue minha cabeça-... você não precisa esquece-la, apenas sinta que eu e ela estamos aqui por você, por que nós realmente estamos, juntos! E tanto eu quanto ela sabemos o quanto você é maravilhosa.- ele sorri gentilmente e deposita um beijo na minha pedra. Depois disso um clarão formou-se, uma luz tão colorida e brilhante que até mesmo a besta cegou-se com ela. Uma sensação tomou conta de mim, algo novo e conhecido, algo diferente e familiar, algo forte e cheio de amor e carinho. Não é Rose, nem Steven, nem eu. É algo tão poderoso quanto a união de um sentimento recíproco.

Arco- Íris Quartz.