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História Morituri - Décimo Primeiro


Escrita por: Kashi_

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 12 - Décimo Primeiro


Décimo Primeiro

 

Harry Pov

 

 

Eu ainda não entendia direito o que havia acontecido. Num instante fui buscar uma poção para Scorp, e no outro ele havia sofrido uma parada cardíaca.

Mesmo sendo médico, me empurraram para fora do quarto juntamente com Malfoy, o que eu agradeci. Mesmo sabendo os procedimentos, eu me sentia desnorteado e sem rumo, eu não seria de grande ajuda médica agora. Só nesse instante eu consegui entender porque médicos que se apegaram não têm condições de ajudar seus pacientes

– Harry?

Me virei mecanicamente na direção da voz, vendo Hermione aparecer. Eu não lembrava direito do que havia feito desde que sai do quarto de Scorpius, mas vagamente sabia ter chamando Hermione.

– O que houve?

– Hermione... – Olhei para ela de forma perdida vendo-a intercalar os olhares entre mim e Draco, que decididamente precisava de ajuda.

– Ronald! – Bradou – Traga poção calmante. Tem em casa, segunda prateleira da cozinha. – Falou antes de puxar eu e Draco para minha sala.

Resolvi ajudar mesmo estando desnorteado, e fiz o loiro sentar no sofá de canto, entregando um copo de água para ele, que ficou encarando minha mão estendida parecendo não associar o que eu estava fazendo. Rony chegou instantes depois por minha lareira com a poção, que eu enfiei na boca de Draco após erguer o pescoço dele para garantir que o mesmo iria engolir.

– Achou alguma coisa nos livros?

– Não – Hermione respondeu e eu bufei irritadiço – É pouco tempo para...

– Não quero saber do tempo.

– Eu estou fazendo tudo o que posso! – Se defendeu e eu me virei para ela.

– Então está fazendo muito pouco! – Praticamente gritei de volta, sentindo tantas coisas dentro de mim que era difícil distinguir.

– Ele está meio verde, não acha? – Rony interrompeu olhando para Draco e eu mordi o lábio inferior, mas por fim peguei minha varinha – Desmaius. – Apoiei o corpo dele quando o mesmo pendeu para o lado e o fiz deitar no sofá.

– Harry, quer me contar o que está havendo?

– Mione... Desculpa ter falado daquele jeito. Ainda estou perdido – Falei suspirando.

Contei sobre o teste que havia feito, sentindo o pânico me encher ao pensar que Scorp havia piorado por causa da minha ideia idiota de fazê-lo tentar um feitiço para testar minha teoria. Eu já estava começando um ataque de pânico quando meu supervisor bateu educadamente na porta e entrou, com o cenho franzido.

– Potter...

– E o Scorpius? – Me ergui rapidamente da cadeira, parando a sua frente, vendo-o olhar pela minha sala, pousando os olhos em Draco desmaiado no sofá – Anda! Diga logo!

– Eu ainda sou seu supervisor, Potter. Não aumente o tom de voz – Falou e eu engoli seco – Ele teve uma parada cardíaca. Seus órgãos internos pararam de funcionar. Nós o colocamos numa redoma mágica.

Senti minhas pernas falharem. Agradeci ao ótimo reflexo de auror que Rony tinha adquirido, pois não demorou para ele me apoiar, evitando que eu fosse ao chão.

– Harry? – Hermione pareceu confusa, e se virou para o médico – O que houve?

– Ele não tem condições de permanecer. Colocamos na redoma apenas por procedimento. Ela vai estabelecer energia e substituir os órgãos dele.

– Mas o que tem de errado? Ela pode substituir enquanto procuramos uma cura e...

– A redoma tem validade de 24 horas. E não pode ser substituída – Falou pausadamente, olhando diretamente para mim – Eu sinto muito, Potter.

E então, eu caí.

– Scorpius... – Ouvi ao fundo Draco murmurar num gemido de dor e agonia, me virando para ver os olhos dele bem abertos.

– Harry, vamos voltar ao ministério – Hermione falou – Vou chamar Gina, Dino... Ah, vou chamar quem eu conseguir contatar. Nós vamos continuar tentando. Leve o Malfoy daqui e faça ele se acalmar.

– Hermione... eu...

– Levante deste chão agora mesmo, Harry Potter! É você que tem que ajudar o Draco. – Ela falou de forma séria – Assim que fizer dormir, vá para o Ministério.

– Eu vou ajudar... – Draco tentou intervir, e eu quase ri. Ele mal conseguia se manter em pé.

– O ministro foi taxativo ao dizer que você não pode entrar. Desculpe-me, Malfoy, mas primeiro precisa descansar. Eu sei que não tem motivos para confiar em nós, mas seu filho é importante para Harry, e o que é importante para Harry é importante para mim. – Falou séria.

– Hermione, estamos perdendo tempo. – Rony falou puxando o braço dela, que me fitou séria novamente e se deixou levar, sumindo pela lareira.

Fui até meu armário, pegando um frasco pequeno de poção revitalizante, que eu usava quando trabalhava muitas horas seguidas e fiz Draco beber: – Melhor?

– Muito! – Concordou e eu assenti – Posso ver Scorpius?

– Não. Ninguém pode entrar onde ele está senão os feitiços que mantém ele bem serão quebrados. Você precisa descansar.

– Eu não vou descansar enquanto meu filho...

– Hermione mandou eu te colocar para descansar. Eu não estou louco o suficiente para desacatar uma ordem direta dela. Vamos – Falei fazendo ele se erguer.

– Onde? – Puxei ele para debaixo da lareira.

– Casa Potter – Falei, e logo chegamos ali.

– Porque me trouxe aqui?

– Você precisa descansar. E não vai fazer isso na sua mansão enorme, vazia e nojenta, Malfoy. Minha casa é simples, mas ao menos está arrumada. – Falei suspirando – Vá tomar banho, eu vou fazer algo para comermos.

– Eu não...

– Malfoy, por favor. Mantenha minha mente ocupada, se eu parar para pensar vou ficar inútil e sem poder ajudar. Estou tentando evitar um colapso. – Ele engoliu seco quando voltei a apontar para o corredor.

– Meu quarto é na primeira à esquerda. Pode usar o banheiro.

Ele seguiu até lá em passos incertos, e eu me permiti ir para a cozinha, começando a preparar algo leve para comermos, juntamente com um café forte. Após tomar a bebida fumegante, minhas energias pareceram aumentar, e logo me apressei ali. Não me surpreendi quando um elfo doméstico aparatou no meio da sala, e coloquei a cabeça para fora.

– Primeira porta à esquerda. – Avisei ao serzinho que trazia uma pequena valise nas mãos, sorrindo ao pensar que Malfoy sempre seria Malfoy. Estava tão inerte pensando nisso que me assustei quando meu celular tocou.

– Alô?

– Harry? Onde está?

– Na minha casa. Vou dar algo para o Malfoy comer e depois faço tomar a poção dos sonos e vou ajudar você.

– Certo. Estamos no mesmo lugar de hoje cedo. Nevile, Gina, Dino, Molly, Artur, Luna e alguns colegas nossos estão aqui ajudando.

– Scorp ai gostar de saber que a AD se reuniu novamente. – Falei sorrindo fracamente – Obrigado. Agradeça a todos. Logo estou ai novamente.

Desliguei, terminando de olhar as panelas, e ajeitei rapidamente a mesa, sem grandes coisas, me assustando novamente ao dar de cara com Malfoy na porta. O cheiro suave de alguma erva estava ao redor dele, que vestia uma calça simples e uma camisa bege de botões.

– Não é algo muito requintado. E é trouxa – Resmunguei fazendo um gesto para ele, que sentou em silêncio.

Nos servimos naquele clima quase morto, e eu até pensei em reclamar que ele mal comia, mas eu também não sentia vontade de ingerir nada. Fingir que tudo estava bem definitivamente não estava funcionando.

– Eu preciso fumar. – Falou de forma quase automática, e eu suspirei. – Não tinha forças para dar um sermão sobre fumar.

– Vai lá fora. – Falei vendo ele se erguer, ainda agindo mecanicamente ao seguir para a sacada.

Ainda fiquei parado na cozinha tentando sentir vontade de comer, mas por fim larguei tudo ali e segui o loiro, vendo-o com um olhar perdido no céu, tragando o cigarro como se sua vida dependesse daquilo.

– Então é isso. Depois de todos esses anos meu filho simplesmente vai morrer. – Falou baixo, forçando uma risada estranha, e eu suspirei.

– Ainda não acabou, Draco.

– Vinte e quatro horas, Harry. Eu tenho vinte e quatro horas para salvar meu filho. – Voltou os olhos cinza para mim, e eu senti algo me sufocando na garganta.

– Nós vamos continuar tentando. – Falei e ele riu mais uma vez antes de voltar a tragar.

Eu já havia fumado uma vez, e quase morri de tanto tossir. Mas a forma elegante e charmosa que ele fazia aquilo me dava uma vontade absurda de afundar toda a agonia naquele cilindro de nicotina.

Dei vazão aos meus desejos e estiquei a mão, tomando o cigarro dos dedos dele, tragando com calma para não engasgar. Senti Draco me encarando profundamente, e fechei os olhos, assoprando a fumaça, sentindo até uma letargia me preencher. Aquilo era bom.

Não sei ao certo quantos cigarros foram, mas julguei ser muitos os quais dividimos. A caixa deles estava jogava vazia ao lado de nós, enquanto nos encarávamos, tentando pensar algo para dizer. Mas eu não sabia o que fazer para consolar ele, se estava tão perdido quanto o loiro.

– Eu não sei o que fazer. – Falei por fim, vendo-o suspirar.

– Não faz nada, Harry – Meu nome soou estranho na voz dele – Só me fez pensar em outra coisa.

E eu não pude deixar de pensar no quanto era certo quando nossas bocas se encontraram.


Notas Finais


Scorpius 'ta morrendo.


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