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História Mortal loucura - Lar


Escrita por: Mione16

Notas do Autor


Eu sou uma fênix na água
Um peixe que aprendeu a voar
E eu sempre fui uma filha
Mas penas foram feitas para o céu
Então eu estou desejando, desejando além
Pela empolgação de chegar
É só que eu prefiro estar causando o caos
Do que deitar na ponta afiada desta faca

Com cada pequeno desastre
Eu vou deixar as águas paradas
Me levar para algum lugar real

Porque eles dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra
É onde você vai quando está sozinho
É onde você vai para descansar seus ossos
Não é apenas onde você deita sua cabeça
Não é apenas onde você faz sua cama
Contanto que estejamos juntos, importa pra onde vamos?
Lar
(Lar-Gabrielle Aplin)

Capítulo 30 - Lar


Olívia vinha rindo juntamente com Miguel,mesmo que tivessem chegado no dia anterior estavam cansados da viagem .

Acabaram acordando tarde e almoçando mais ainda por causa disso. Foram rumo à fazenda Piatã lá pelas quatro da tarde,ainda não haviam voltado pro trabalho, então passaram apenas para ver os familiares.A casa deles era consideravelmente próxima, então acabava sendo uma caminhada agradável.

Entraram ainda com as barrigas doendo de tanto rir.Ele havia levado uma topada daquelas e passou o resto do caminho fazendo graça com a própria(quase )queda.

De mãos dadas passaram pelo arco da porta,pararam de sorrir quase automaticamente.O clima era estranho na casa,quase um silêncio fúnebre.Piedade estava sentada na ponta do sofá,Bel chorava em seu ombro,quase soluçando na verdade.

Santo estava do outro lado da sala.Encostado na parede e com rosto sério,braços cruzados no peito.

-Aconteceu alguma coisa?-Miguel se aproxima de Isabel,que não fala nada a ele.

-Foi alguma coisa com alguém?-ela pergunta nervosa.

Escutam o barulho dos paços pelo corredor ,Luzia aparece.Ela sorri fracamente para os recém-chegados,em especial para a filha mais velha.

-Eu preciso falar contigo, Olívia.Já falei com tua irmã..-ela fala aquilo com a voz cheia de convicção.Imediatamente Olívia sente uma sensação estranha.Ela já sabia o que a mãe queria lhe falar...ou pelo menos pensava que sim.

Soltou a mão do marido,o olhando apenas por um segundo,ele retribuiu o olhar e foi postar-se próximo ao pai.

Acompanhou a mãe a seu quarto.

As duas sentaram-se próximas no colchão macio.No rosto de Luzia o sorriso de consolo materno já pairava e Olívia respirou fundo assim que o avistou.

-Você é inteligente,minha filha.Muito,mais do que eu jamais fui...eu sei que tu já deve saber o que eu tenho pra lhe falar,mas não é só isso.-ela fala,olhando para as próprias mãos enquanto falava.As mesmas tremulavam.

Por um instante somente ela quis estar errada,quis realmente se enganar com aquilo..foi aí que avistou,num ponto mais distante do quarto as malas prontas da mãe.

-Quando a senhora vai embora?-ela encara o rosto da outra mulher,que ergue-se com a sua pergunta.

-Amanhã cedo eu parto.Já tá na hora de eu ir embora pra viver a minha vida sem atrapalhar a de seu pai.Eu mereço essa chance,ele merece.Nós já estamos separados há muito tempo.Chegou a hora de eu deixar essa casa.-ela fala,uma lágrima desce de seu rosto.

-A senhora vai ficar na cidade?-ela pergunta,achando que a resposta era quase certa.

Luzia fecha os olhos devagar.puxando ar para falar tudo o que queria.

-Eu vou embora da Bahia,vou pro Sul... já faz anos que eu procuro o rastro dos meus pais biológicos e agora eu finalmente consegui com a ajuda de Tereza.Eu preciso disso,saber quem eu sou,de onde eu vim, é importante pra mim. -ela observa a reação da filha.

Olívia a olha mais do que surpresa.Quase chocada,sua mãe nunca nem tinha saído mais longe do que pra Salvador,e agora iria embora,pelo que parecia para não voltar mais.

Sem conseguir evitar os olhos úmidos ,ela sorri.

-É a sua chance,de fazer uma coisa por si mesma.Vá.-ela reprime as lágrimas e faz a mãe sorrir.

-Eu nunca iria se soubesse que isso prejudicaria vocês... estão as duas criadas,Isabel já é uma moça e você vai se tornar mãe, é casada agora.. vocês não precisam mais de mim pra nada.-sua voz sai triste e isso dói em Olívia.

Ela sempre fora independente,altiva,segura de si.E,mesmo que às vezes se irritasse com algumas atitudes da mãe, a amava profundamente.

-A senhor vai voltar pra nos ver?-a emoção fala mais alto,e ela deixa que algumas lágrimas caiam livremente agora.

Luzia a puxa devagar para um abraço.De modo que ela abraça as costas da filha,quase como se fosse menina de novo e se sentasse em seu colo.Encosta o queixo no ombro da morena,enquanto mexe carinhosamente em seus cabelos.

-Claro que eu venho visitar vocês,principalmente minha neta,que eu faço questão de segurar novinha,quero ver bem se vai ser gorduchinha que nem tu.-ela fala rindo e fazendo a mais jovem rir um pouco também.

Um silêncio preenchedor as cerca por menos de um minuto.

-Tu foi o meu primeiro amor, Olívia...era só eu e você no mundo no começo disso tudo.Como sempre é de qualquer jeito pra toda mãe ,inclusive pra ti vai ser também.Eu me tornei uma pessoa melhor por sua causa.Eu fico muito feliz em ver no que tu se tornou,me lembro até hoje do dia que você nasceu,eu quase não acreditei que aquela coisinha tão perfeitinha tinha saído de mim... você e sua irmã são tudo na minha vida e não importa pra onde eu for,eu vou pensar nas duas todos os dias,todos os minutos.Por quê eu vou ser sempre tua mãe,filha.-ela fala,enxugando o rosto de Olívia e beijando a sua testa.

 

Após sair do quarto Olívia vai diretamente até a irmã caçula.A pega pela mão e as duas vão caminhar e conversar.Isabel estava inconformada com a partida de Luzia.Não exatamente sua saída de casa,os pais já não estavam juntos e ela particularmente gostava muito de Tereza e apoiava que eles restassem o romance da juventude.Mas ela era bastante apegada à mãe.

-Tu sabe que mainha precisava reconstruir a vida dela,Isabel.Ela precisa agora pensar nela também.-ela fala mansamente,enquanto as duas se escoravam nos cercados de madeira que cercavam o antigo celeiro da propriedade.

-Eu vou sentir muita falta dela,eu sempre fiquei junto dela e ela comigo.Você sempre foi mais próxima de painho, às vezes só eu que entendia ela.-a caçula reprime um soluço.Por um segundo,era como se elas voltassem a ser crianças de novo,e a mais nova viesse chorar no seu colo algum machucado.Ou mesmo poucos anos atrás,quando ocorriam as primeiras desilusões amorosas e ela buscava colo e consolo na mais velha.Mesmo que ironicamente,Bel fosse mais avançada nisso do que a outra.

-Você vai ficar bem,a saudade vai existir.Mas pense que ela vai estar sendo feliz ,ela também quer ver a mãe dela,de certa maneira.-fala,olhando ao longe para o balanço das árvores com o vento,o barulho da água do velho Chico e os anos que haviam se passado tão depressa entre elas duas.

-Eu sei disso,tomara que ela receba mainha bem...-ela fala,apoiando os braços na madeira escurecida.

-Tomara...mas a nossa despedida de mainha não precisa ser triste.Podemos aproveitar as últimas horas com ela ainda.-Olívia sugere de sobrancelhas erguidas.Isabel sorri devagarinho.

 

Pouco tempo depois as três já estavam na estrada juntas,rumo à Salvador e rindo bastante das velhas histórias engraçadas ,relembravam os paqueras que havia tido a mais nova.A mãe dirigia,sorridente.Enquanto Olívia ia no banco do passageiro e a outra atrás,implicando uma com a outra como quando iam à escola,justamente como costumava ser.

 

Chegaram já de noite ao parque de diversões, lá elas ainda riam,haviam se negado terminantemente a ficar tristes enquanto juntas ali.Nem falavam da partida da mãe,apenas eram como crianças grandes,rindo e até zoando uma a outra.Foram primeiro no bate-bate.haviam só elas três e algumas crianças brincando com seus pais.Olívia ria alto ao pensar na expressão de Miguel se a visse naquilo,chocando seu carrinho nos outros.Mas estava divertido e ela não chegava a bater com força em ninguém,havia um cinto e ela estava grávida, não morta!na verdade a pequena mexia sem parar enquanto a mãe ria,quase como se sentisse sua felicidade também.

Sairam dali passado pouco tempo,foram ao tiro alvo. Que no caso eram de espingardas com água,para encher a bexiga pela boca do palhaço.

Das três rodadas,Luzia ganhou duas e Olívia uma.Isabel bufou irritada,no que a mãe em seguida deu um de seus ursinhos azuis(que no caso eram o brindes)a ela.Fazendo a mais velha gargalhar e a mais nova aceitar mesmo assim,mesmo depois de praticamente fazer pirraça de criança.

Forma em seguida ao trem fantasma...que de fantasma mesmo só tinha o nome,era tão ridículo o negócio que elas apenas riam e tiravam sarro do quão bizonhos eram os “sustos”.

Enquanto Olívia esperava comendo um algodão doce rosa e bem sentadinha numa cadeira ,Luzia realizou a vontade de Bel e foi com ela na montanha-russa.Nessa daí tanto ela tinha medo de ir,quanto ela teria certeza de que caso fosse ficaria enjoada... então, achou melhor ficar por hora em terra mesmo.

Foram na roda-gigante ,na cabine verde.Essa não era muito alta,mas mesmo assim deu para as três apreciarem a vista pras luzes da cidade à noite.Esse foi ,muito provavelmente o único momento da noite em que ficaram completamente em silêncio por quase todo o percurso do brinquedo.Não estavam pensando em coisas tristes,talvez todas pensando nas mudanças de suas vidas dali pra frente.Acontecia com elas o inverso agora,depois das filhas crescidas era a mãe que deixava o ninho.

Desceram quase que mais leves,tudo continuava à final e elas não precisavam sentirem-se mal por continuarem sua vidas sem a mãe por perto.Muito menos a mãe deveria se sentir culpada por ir atrás da própria vida sem elas à seu lado.A ligação que as três tinham era inquebrável e eterna.

Sairam do parque diretoa uma lanchonete movimentada,foram de carro mesmo.Era uma que gostavam de ir na infância,mesmo que raramente o fizessem.Comeram pizza e jogaram mais conversa fora.Agora,o tema era como com toda certeza a filha de Olívia teria a personalidade forte dela.Bel provocava e dizia que a sobrinha não seria assim tão chata.

Sentaram numa mesa afastada e escondida por uma grossa pilastra.á vendiam por pedaços e cada uma pediu o sabor que mais gostava, Luzia de carne de sol(a chamada nordestina), Isabel de queijo com Catupiry e Olívia tinha os olhos brilhando quando chegou sua parte de pizza de brigadeiro.

 

Mais alguns pedaços repetidos depois,elas compraram um pedaço bem grande de torta de chocolate , três garfos e logo depois o resultado foi o sumiço quase repentino do doce.Grande parte pela primogênita,que se defendia,alegando que também comia pela filha ainda não nascida.

A volta foi tranquila,as duas dormiam cansadas,cada uma no seu canto.Luzia dirigia saudosa e já olhava para os rostos adormecidos das filhas com uma dorzinha no peito, é, definitivamente ela havia feito um bom trabalho ao todo,apesar de tudo...

 

Olívia despertou com um susto no meio da noite.Olhou ao seu redor,os braços de Miguel a rodeavam.Estava ainda sonolenta quando chegou da cidade.Deu um abraço e um beijo apertado na mãe e voltou pra sua própria casa sem nem prestar atenção de tão cansada.Quase como se Miguel a carregasse , já que ele a apoiava para que não topasse no meio do caminho.

Ela o abraçou mais fortemente,descansando bem a cabeça em seu peito.Apesar de tudo a vida com suas mudanças ,sempre que tirava algo de nós acabava nos recompensando de outra forma.Ela estava formando a sua própria família agora é isso sim era algo para se pensar ,as tristezas ela deixaria para lá,cada um seguia aquilo que o faria feliz.E isso era acima de tudo,o mais reconfortante de se viver.


Notas Finais


ESCUTEM A MÚSICA DO INÍCIO (LOGICAMENTE EU SEMPRE BOTO NA ESPERANÇA DE QUE VCS OUÇAM...)ELA É TÃO LINDA,DIZ MUITO DE TODOS NÓS...
Tchauzinhooooo,babyssss
Bjs💕💕💕


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