História Motivos Para Me Amar (com ou sem você) - (Chaennie-Chaelisa) - Inesperado.

- Então você está apaixonadinha pelo corretor loiro, do cabelo comprido, alto e novinho que conheceu... – a Lara não me perdoava, mesmo quando eu já tinha repetido 500 vezes que não gostei nem um pouco dele. – Está certa, não se pode desperdiçar nenhuma chance.

Joguei uma almofada do sofá que me encontrava sentada em sua direção. Ela a agarrou e me olhou torto.

- Eu não estou “apaixonadinha” por ele! Esqueceu que eu namoro? – ergui a minha mão direita e apontei diretamente para a aliança depositada em meu anelar.

- É, mas... – ela prosseguiu. – Você não tem passado essas últimas semanas com ela.

Deitei de bruços no sofá e virei o meu rosto pro canto.

- Olha... Eu não estou falando que você precisa encontrar um novo namorado, até porque eu sei o jeito que você ama a Josie. Mas você também não precisa se privar de viver ou não ter contato com outras pessoas por ela.

- Você disse que eu parecia apaixonada pelo Luka. Eu realmente transmito isso?

- Sinceramente amiga? Transmite.

Fechei meus olhos por um instante e pensei no quanto eu era uma idiota.

- Mas não foi essa mensagem que eu quis passar.

- Eu sei.

- Eu sou uma namorada horrível. – para mim, me culpar sempre vai ser a melhor opção, independente do que for.

- Isso não é verdade. – a Lara se levantou e foi até a cozinha fuçar na geladeira. Pegou uma jarra de suco e serviu dois copos, um pra mim e um pra ela. – Você é a pessoa mais fiel e decidida sobre si mesma que eu já conheci. – veio caminhando lentamente na minha direção, antes de me oferecer a bebida. – Toma, beba. Isso vai ajudar a te acalmar.

- Obrigada. – peguei o suco e bebi. Era bom ter uma amiga como ela, estava sempre disposta à me ouvir.

- Um conselho que eu te dou agora... – ela fez uma pausa. – Vá na YG e procure se resolver com eles. Toda essa treta que você arranjou envolvendo o big brother, namoro, paqueras, tudo isso precisa ser resolvido. Se você não for lá o quanto antes, eles vão facilmente te substituir.

- Você tem razão. Eu vou lá agora.

A Lara fez um sinal positivo discretamente com a cabeça. Nos despedimos e fui direto ao prédio da empresa me resolver com o CEO.

Subi e fui diretamente até a sua sala, dei três batidinhas na porta mas ninguém atendeu, me forçando, assim, a entrar sem ser convidada.

O lugar estava vazio, um silêncio ensurdecedor reinava ali e não quis quebrar esse ponto. Me sentei no sofá que havia logo no canto direito e embaixo da janela de seu escritório, ficando imóvel e apenas esperando meu chefe voltar. Minutos depois a porta se abriu.

- Boa tarde senhor YG. – disse assim que o vi passar pela entrada e fechar a porta atrás de si, e este tomou um pequeno susto com a minha aparição “do nada”.

- Roseanne, que surpresa. – respirando fundo e fechando os olhos, ele tentou se recompor. Foi engraçado. – Não esperava por sua visita.

Me segurei para não soltar uma gargalhada com a sua reação hilária. Prossegui:

- Eu também não contava muito com aparecer por aqui hoje, mas lembrei que tínhamos coisas para acertar e decidi não adiar e acabar perdendo mais tempo.

- Pois bem. – ele foi para trás de sua mesa e se sentou em sua poltrona. – Prossiga.

Me levantei e fui até a sua frente, cruzando os braços e fazendo uma expressão séria. Seus traços também mudaram, tinha certeza que ele queria falar primeiro mas me deu uma chance, como um bom cavalheiro faria.

- Você me autorizou a participar do Big Brother.

- Sim, e me arrependo dessa decisão.

- Foi o que eu pensei que diria. – dei um passo á frente, repousei minha mão direita sobre sua mesa e me curvei um pouco mais. – Eu também me arrependo de ter me inscrevido.

- Aonde quer chegar, senhorita?

- Eu quero propor que ambos esqueçamos o que aconteceu no tempo em que estive na casa.

- É impossível. – sua expressão se tornou mais serena. – A emissora não deixará barato o que você aprontou lá dentro.

- Você esqueceu que eu sou a Rosie, aquela que você mesmo disse que era inteligente. Eu não viria aqui propor algo se não tivesse em mente um plano para que a mídia também esqueça tudo isso.

- Vai ser difícil. Dê uma olhada nas suas redes sociais.

Apesar de ter vários “contras”, também existem muitos “prós” para quem participa do reality, e um deles é a visibilidade que se é ganhada apenas pisando dentro daquela casa. E foi o que aconteceu comigo, eu me tornei famosa, muito famosa. O meu instagram naquele momento contava com mais de 10 milhões de seguidores, mesmo eu não tendo o atualizado desde que entrei na casa.

- Eu estou ciente disso, e não era o que você tinha me dito? Que uma integrante já conhecida ajudaria na divulgação do grupo?

- Claro. Mas a sua fama não é boa.

- E você queria o quê? Você conheceu a minha personalidade com os poucos dias que passei dentro daquela casa, assim como todo o país, sem contar que você já conhecia um pouco de mim antes de me inscrever. Se essas pessoas aqui me seguem, supostamente é porque algo em mim é interessante. E olha que nenhum deles sabe que eu terei a chance de estrear em um grupo que futuramente poderá ser muito famoso!

Ele me direcionou um pequeno sorriso lateral. Debochado, eu odiava aquele homem.

- Você adivinhou grande parte dos meus pensamentos.

- Então eu posso adivinhar mais um: esse tempo todo você estava interessado apenas no retorno que a minha fama poderia te dar financeiramente?

- Em parte.

- Você é nojento.

- Eu sei. Mas fiz isso pelo bem de você e das outras três meninas.

- Eu quero cancelar esse contrato.

- Essa é uma das opções, existem duas. Apenas pense no que pode acontecer se você o fizer.

- Aonde você quer chegar?

Ao ouvir a minha pergunta, ele ligeiramente levantou-se, caminhou até a sua janela e ficou olhando a rua lá fora antes de direcionar sua palavra à mim novamente.

- Elas três tem um sonho, e você topou participar dele junto à elas. E o que aconteceria se você de repente pulasse fora? Elas vão ficar anos e anos treinando, mas eu não lhes darei uma chance de debutar. Cada trainee que entra aqui, entra destinado à um grupo, e no seu caso o grupo já está formado. As quatro são importantes, e eu não abrirei outra audição mundial para selecionar apenas uma menina, o valor pago não compensará.

Respirei fundo três vezes para não acabar pulando no pescoço daquele velho seboso. Eu tinha nojo da atitude daquele homem, quando o conheci ele era o oposto de quem eu estava conhecendo naquele momento. Toda a minha admiração foi pro ralo.

Sob essa pressão, eu tinha que pensar rapidamente no que iria fazer. Não queria nunca mais pisar naquele lugar, mas se eu contasse as minhas amigas provavelmente ficariam arrasadas comigo e nunca mais voltariam a olhar na minha cara sequer. E era inadmissível que eu deixasse isso acontecer, cada uma delas havia se tornado especial pra mim de uma forma diferente.

- Tudo bem, eu fico.

- É isso que eu gosto de ouvir. – riu sarcasticamente.

- É, mas não comemore muito cedo não.

- Escute aqui, belezinha... – ele caminhou até mim e parou ao meu lado, se inclinando um pouco para cochichar a próxima frase em meu ouvido. – Você está sob o meu controle.

- Vai nessa, quanto aposta?

- Eu não preciso de apostar nada com você, você só não vai gostar do que eu posso fazer caso se volte contra mim. – fez uma pequena pausa para observar meu rosto, e eu estava indiferente com a sua fala, homem nenhum me intimida. – Agora, fale o plano que você tem em mente para a “amnésia” geral.

- Esquece isso, eu vou é embora. – sai de perto de si e me dirigi diretamente à porta.

- Psiu, mas antes só quero deixar claro uma coisinha. – ele segurou o meu braço, me fazendo voltar o meu olhar raivoso ao seu manipulador. – Nós nunca tivemos essa conversa.

Em um movimento brusco, soltei meu braço de sua pata de jumento e saí do escritório batendo a porta atrás de mim. Esperei alguns segundos no corredor antes de, cautelosamente, pregar meu ouvido por trás de sua porta e escutá-lo dizendo algo como “os pais dessa garota não a deram educação, vou mostrar pra ela quem é que manda”. Com um belo e maravilhoso grito de “vai sonhando”, saí correndo em direção ao elevador. Vi sua cara feia me encarando quando me virei para apertar o botão de descer, e ainda tive o privilégio de lhe mandar um tchauzinho acompanhado de um beijinho super irônico no ar.

Minutos depois de todo esse episódio eu já estava dentro da minha casa, deitada no tapete do meu quarto e contando tudo ao Marley. Ele se encontrava completamente atento às minhas palavras e balançava o rabo quando achava uma situação engraçada.

- Ai amigão, você acha que eu fiz bem em peitar o YG? Tipo, por mais que seja um cuzão, ele é o meu chefe e tals, e se decidir me retirar da empresa eu não vou sair prejudicada, mas sim a Lisa, Lara e Jennie.

Ele me encarou o nada por uns segundos antes de soltar um latido, que queria dizer “sim”.

- Mas e se elas se darem mal por minha causa? Eu não parei pra pensar nisso antes, sou uma péssima amiga.

Ele deu dois latidos, que indicava um “não”.

Me levantei e fui até a minha bancada pegar o meu celular para ligar pra Josie quando me lembrei que o Luka havia salvado seu número pessoal na minha agenda. Fiquei por uns segundos com cara de retardada pensando em suas falas até que liguei pra ele. Do outro lado da linha, sua voz rouca atendeu com um suave “alô” e senti um arrepio na espinha.

- O-oi. – gaguejei um pouco ao responder.

- Quem fala?

- Ah, tá ótimo, você pegou o meu celular, gravou seu número nele e ainda esperava que eu não te ligasse?

- Hahaha, eu reconheceria uma resposta como essa de longe, mas realmente não esperava que me ligasse hoje mesmo, Rosie.

Um pequeno sorriso se abriu em meu rosto. Meu Deus, será que eu estava gostando de falar com ele?

- É... Vamos dizer que fiquei entediada depois de resolver uns assuntos pessoais e queria falar com alguém, como não tinha ninguém e você era a única opção...

- Espera aí, está me dizendo que eu sou segunda opção? – seu tom era de brincadeira. – Ah, ótimo, beleza, eu nem estou magoado mesmo.

- Hahaha, calma aí menino, eu te conheci hoje.

- É, mas vejo que gostou de mim, senão não teria entrado em contato.

- Talvez eu tenha gostado e talvez eu queria ser sua amiga, algum problema?

- Nenhum, poxa, nossa. Fico lisonjeado que alguém tão chato como eu tenha despertado o interesse de uma bela dama como você.

Não sei o que eu sentia, mas ouvir a sua voz me dava uma sensação muito boa.

- Ai, nossa! Eu não sou uma bela dama, estou mais para uma amazona.

- Tudo bem, senhorita amazona! – dessa vez ele quem estava sendo irônico. – Então acho que o pedido deve partir de você.

- Que pedido? Não vá me dizer que estava pensando em me chamar pra sair?

- É, eu estava. – ele fez uma pequena pausa. – Mas como você não é uma dama, eu sou, então você pode fazer o pedido.

- Quer saber? Eu sou uma dama sim. Faça você.

Ele gargalhou alto com a minha resposta.

- Tudo bem. Então, Rosie, será que uma bela dama como você concordaria em almoçar fora com um cavalheiro como eu amanhã?

- Amanhã!? Espere um momento. – fui até o calendário pregado atrás da minha porta para conferir se tinha algum compromisso marcado. – Aceito, estou livre amanhã.

- Então te mandarei o endereço por mensagem daqui a pouco, temos um encontro marcado para amanhã ao meio dia. Tchau!

- Tchauzinho! – desliguei. Peguei um canetão jogado em meu guarda roupa, circulei o dia seguinte no meu calendário e anotei a seguinte frase: “12h, almoço com o Luka”.