Acordei com o som do despertador. Usei toda a energia que tinha para esticar o braço até minha mesinha de cabeceira, tateei o topo do relógio, à procura do botão, ao achá-lo apertei-o e enterrei a cabeça no travesseiro. Um. Dois. Três. Me descobri e levantei rapidamente da cama. No minuto seguinte senti um tremor percorrer meu corpo todo, mas logo me acostumei à temperatura do quarto.
Joguei todos os cobertores que estavam na minha cama no chão, depois, peguei um de cada vez e o estendi novamente sobre ela. Abri meu armário e peguei a primeira blusa de uma das pilhas, uma calça jeans, e meu casaco que estava pendurado no cabideiro.
Abri a porta de meu quarto e senti outro tremor, todas as janelas do corredor estavam abertas. O que seria apenas uma. Corri até a porta do banheiro, que ficava à frente da do meu quarto e fechei assim que entrei. Felizmente o banheiro tinha: 1.uma pequena janelinha, que no momento estava fechada, o que ajudava no processo de "abafação", e 2.um chuveiro à gaz. Rapidamente corri até o chuveiro, e o liguei.
Algumas gotas de água gelada caíram em minha mão antes que eu pudesse tirar ela de lá, ocasionando outro tremor, dessa vez apenas em minha mão. Tirei meu pijama e entrei no chuveiro, uma onda de calor passou pelo meu corpo. Queria poder ficar ali por mais tempo. Fechei o chuveiro e peguei a toalha, me sequei e pus minha roupa. Voltei ao meu quarto, enquanto secava meu cabelo com a toalha.
Lá calcei um tênis, e sequei o cabelo com o secador. Me olhei no espelho uma última vez, antes de ir para a sala. Nela, encontrei minha mãe sentada no sofá, vendo tevê. Dei um beijo em sua bochecha.
— Bom dia. — Eu disse.
— Bom dia. O café já está na mesa da cozinha. — Ela disse. Assenti em resposta.
Caminhei até a cozinha, e encontrei meu irmão sentado na mesa devorando um pedaço de pizza, que havia sido o jantar da noite anterior.
— Bom dia. — Eu disse, pegando a garrafa de suco de maçã, e me sentando.
— Bom dia. — Ele respondeu com a boca cheia, enquanto escrevia algo em seu celular.
Coloquei um pouco do suco de maçã em um copo, e bebi o conteúdo, peguei uma pera da fruteira e a mordi. Depois de terminar de comer a fruta, fui até o banheiro para escovar o dente. Peguei minha mochila, em meu quarto, e me direcionei à sala.
Meu irmão me esperava impacientemente perto da porta.
— Até que enfim! — Ele exclamou, enquanto abria a porta.
Revirei os olhos.
— Tchau. — Eu disse para minha mãe, que respondeu com um sorriso.
Ao chegarmos na minha escola sai do carro de meu irmão e me apoiei na janela do mesmo.
— Obrigada pela carona. — Disse ao meu irmão.
O mesmo assentiu, e saiu dali o mais rápido possível.
Entrei na escolar e fui em direção aos armários. Abri o meu, e de lá puxei o livro de geometria e o de inglês. Ao fechar a porta do armário me deparei com um garoto. Dez centímetros mais alto que eu, peitoral largo, olhos com o mesmo tom de mel que os meus, cabelo loiro bagunçado. James.
— Oi.— Disse cumprimentando-o.
— Oi. — Ele respondeu.
Encarei-o, semicerrando os olhos. Havia algo de errado.
— Vamos? — Ele perguntou, apontando para o corredor com a cabeça.
Assenti, e começamos a caminhar pelo corredor
— Final de Semana? — Perguntei.
— Pai.
— Ruim?
— Péssimo.
— Você? — Ele perguntou.
— Maratona de...
— ...Harry Potter...? — Ele disse antes que eu pudesse terminar a frase.
Sorri amarelo.
Paramos em frente à porta da sala de inglês. James abriu aporta para mim, e fez uma breve referência:
— Primeiro as damas.
Revirei os olhos, e entrei na sala. Ouvi a fraca risada de James atrás de mim, e sorri. Me sentei em uma das cadeiras, e James se sentou ao meu lado. Ele deu um "leve" cutucão em meu braço. Direcionei o olhar para o mesmo que estava com o braço esticado na minha direção, na palma de sua havia um Halls. Olhei para cima, na direção de James, e sorri. Peguei a bala que estava em sua mão e pus na boca.
James começou a rir, então o encarei, não entendi o por quê dele estar rindo, então comecei a rir também. Ele tinha uma risada tão estranha e engraçada. James parou de rir por falta de ar, e logo depois eu também parei de rir. De repente seu rosto ficou sério. Estava tenso. Alarmado. Ele olhava na direção da porta. Olhei para o local, uma mulher loira, alta, que usava óculos, um blazer cinza, e uma saia, da mesma cor, na altura do joelho. Diferente do que qualquer outra de nossas professoras usavam. E principalmente diferente do que nosso professor de inglês usava.
— Bom dia, classe. — Ela disse, enquanto adentrava a sala de aula. — Eu sou a professora substituta de vocês. — Ela colocou sua bolsa e as pastas que segurava em cima da mesa do professor, pegou um giz, de uma caixinha sobre a mesa, e se direcionou ao quadro. — Meu nome é Elize Forman. — Ela escreveu no quadro em uma linda letra cursiva: "Srtª Forman". — Mas me chamem de Srtª Forman. — Ela forçou um sorriso e passou seus olhos pelos alunos. Não sei se foi coisa da minha cabeça, mas senti que ela demorou um pouco enquanto me olhava. Olhei rapidamente para James, que continuava a encarar a professora.
— Nós vamos dar continuidade ao conteúdo que vocês estavam vendo com o Sr. Bow...— Ela continuou a falar, mas não prestei atenção. Por algum motivo, não havia nada em minha cabeça. Nada.
Sem eu perceber, o sinal bateu, declarando o fim da aula. Guardei meu estojo e caderno em minha mochila.
— Ei, vamos almoçar no Lana's? — James perguntou.
— Pode ser. A gente se encontra no estacionamento?
— Como sempre. — Ele sorriu. — Qual a sua próxima aula?
— Matemática avançada.
Ele riu, como se tivesse pensado em algo engraçado, mas não disse nada:
— Até lá então.
— Até. — Respondi.
Ele saiu enquanto eu guardava o resto das minhas coisas em minha mochila. A professora substituta caminhou até a mesa onde eu estava.
— Oi. — Ela disse. — Emma, certo?
— Sim. — Respondi, meticulosamente.
Ela encarou-me, depois olhou para minha mão.
— Que anel bonito. — Ela comentou. — Posso ver?
Entendi que ela queria que eu desse o anel para ela, mas apenas estiquei minha mão, o que pareceu satisfazê-la. Ela pegou minha mão, e com sua mão livre começou a traçar os detalhes.
— Era do meu pai. — Comentei. Pelo o que minha mãe havia me dito o anel com o F cercado de galhos e flores, estava na família do meu pai fazia gerações. O anel era passado para o filho ou filha do seu dono atual. Quando eu nasci meu pai disse à minha mãe que o anel me pertencia, e desapareceu de nossas vidas. Minha mãe pediu para que não comentasse sobre o anel com Logan, meu irmão, pois poderia deixá-lo um pouco ressentido. Mas nunca intendi como ele não reparava no anel, afinal ele não era pequeno.
— É lindo. — Srtª Forman comentou.
Sorri.
— Obrigada. Hmm, eu preciso ir.
— Claro, pode ir. — Ela respondeu sorrindo.
Peguei minhas coisas e me direcionei à porta.
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