História MOVA - Bloco M - O que o burro disse pro outro burro?

Me mexi na cama e estremeci preguiçoso. Meu braço estava dormente e provavelmente sem sangue nenhum. Então tirei-o de baixo da cabeça de Kwon, sentindo-o formigar lentamente. Kwon pegou essa mania de sempre que eu dava alguma pequena brechinha, se enfiar na minha cama. E ele estava tão tristinho ontem, não tive como proibi-lo de deitar comigo. Mas a minha raiva já voltou, agora que meu braço estava quase amputado.  

-"Vai pra sua cama!"- Reclamei empurrando-o com força. Kwon fingia dormir, mas quem dormindo faz força pra ficar no lugar? 

-"Estou dormindo..."- Murmurou baixo pra tentar me convencer, rolei os olhos impaciente e impulsionei meu corpo pra cima, levantando de uma vez. Dei dois passos e cai deitado na cama dele, de bruços por preguiça de deitar direito. Fechei os olhos calmamente, finalmente sem ser imprensado por nada.  

Era muito iludido por ter acreditado que finalmente ia dormir em paz. O loiro achou uma ótima ideia deitar completamente sobre minhas costas, pesado.  

-"Sai Idiota!"- Reclamei alto me balançando.  

-"Estou dormindo... rrrooonc..."- Falou e imitou um ronco que eu sabia que ele não tinha.  

-"Se você não sair de cima de mim..."- Ameacei nervoso.  

-"Vai fazer o que?"- Desafiou sem se mexer um milímetro, eu conseguia saber que ele estava sorrindo só pelo seu tom de voz. Estava mimando demais esse garoto.  

-"Isso!"- Gritei empurrando-o com força, ele caiu deitado no chão e começou a resmungar e rir ao mesmo tempo. Olhei feio pra ele e fui pro banheiro, estava acordado.  

-"Minnie..."- Kwon chamou ainda sentado no chão. Eu estava cheio de pasta de dentes na boca, mas olhei na direção dele. 

-"Hum?"- Murmurei. 

-"Você não quer aproveitar o sábado pra ir conversar com o Pyo?"- Perguntou inocentemente. Franzi o cenho e continuei minha ação demoradamente, olhando meu reflexo no pequeno espelho a cima da pia.  

Toda hora Kwon vinha com esse papo. Já não bastasse ele ir sempre lá pra consolar Taeil e ficar o dia todo conversando com o pequeno, agora queria me meter na história. Na cabeça dele eu posso conversar com Pyo de um jeito que faça eles dois se acertarem. Pra falar a verdade, não importa o quanto o loiro me explique a situação, Pyo parece apenas um burro por ficar se segurando sem motivo nenhum, não consigo entender e não sei porque esses dois acham que se eu falar alguma coisa, o grandão iria me escutar. Eles me tem como um tipo de adulto que sempre vai dizer a coisa certa, mas eu não era tão maduro assim, o problema é que eles são tão imaturos que qualquer maturidade se destaca.  

Depois de enxaguar a minha boca, dei alguns passos saindo do banheiro e encarando aquela pessoa. Sua pele bonita estava descascando pela falta de protetor solar do fim de semana passado. Suspirei. O que mais eu poderia fazer, se ele queria eu ia fazer. Continuar negando isso ia apenas atrasar algo fatídico. Sempre sedia aquele idiota. Talvez se eu o matasse e jogasse seu corpo no banheiro eu não precisaria mais continuar cedendo a ele, mas bem... Quem resistia? 

-"Vamos fazer um acordo!"- Falei apontando um dedo pra ele. Eu tomaria toda e qualquer autoridade naquele momento. Eu precisava de um mínimo de controle sobre a situação que se encontrava a minha vida. Não é possível que esse menininho bonito fique por ai me controlando.  

-"Tudo bem! Eu sei que o você quer e..."- Bateu palmas animado e sorriu de um jeito pervertido. Arregalei os olhos, se ele viesse com aquela história de bunda de novo, eu não me seguraria, mataria ele usando a porra da pasta de dentes, apenas para que fosse bem demorado e doloroso.  

-"Não quero isso seu imbecil!"- Gritei interrompendo-o, antes que ele externasse aquele absurdo. Minhas bochechas deveriam estar vermelhas suspirei vendo-o segurar sua mão na própria boca e rir contra a palma com seus olhinhos brilhantes.  

-"Eu aceito qualquer condição!"- Falou assim que conseguiu controlar a risada. Colocou sua mão sobre o peito, simulando uma promessa. 

-"Quero que ensaie comigo o dia todo com muita vontade! Vai ter que dançar muito! Ai mais tarde você liga pro seu amiguinho e diz pra ele que pedi pra gente ver um filme ou sei lá. Algo que junte nós quatro. Vou dar um jeito de conversar com Pyo!"- Externei meu plano e ele sorriu grande, como se fosse um gênio.  

-"Perfeito! Você é a melhor pessoa do mundo inteiro, vem cá e me da um beijinho!"- Kwon gritou enquanto levantava e vinha na minha direção. Arregalei os olhos e corri pro lado oposto.  

-"Nem vem seu idiota!"- Gritei, sem muito o que fazer. Aquele quarto era minúsculo afinal. 

-"Mas a gente namora Minnie! Você é meu!"- Gritou o idiota. Eu arregalei meu olhos tropeçando quando fui subir a cama tentando fugir dele. Fiquei em choque completo por suas palavras e quase engasguei. Ele não perdeu tempo e se jogou em cima de mim me abraçando e beijando tudo que alcançava do meu rosto.  

-"Kim Yu Kwon!"- Gritei tentando fugir, com os olhos fechados com força. Meu. Santo. Deus.  

-"Lee Min Hyuk!"- Falou como se não estivesse fazendo nada. Me soltou por um momento, apenas pra conseguir me empurrar mais na cama e quando eu tentei sair ele sentou em cima de mim. Soltei um arfar com aquilo. Alguém me salve por favor? Eu não quero ser zoado de novo por gozar rápido demais... Preciso manter o mínimo de contato com esse idiota bonito. 

-"Por favor... Por favor..."- Choraminguei quando ele se mostrou irredutível em sair do meu colo. Segurei suas coxas, o que foi uma péssima ideia. Que coxas gostosas meu deus, apertei levemente e mordi o lábio. Um súbito desejo de morde-las me tomou. Apertei-as com mais força, arrastando minhas mãos por sua carne até sua bunda. Prensando-o contra meu pau com mais força. O idiota gemeu com minha atitude.  

-"Você disse que me achava bonito..."- Ele comentou abaixando um pouco e beijando meu maxilar, meu queixo e por fim minha boca. Um beijo lento e intenso. Passei minhas mãos por suas costas e o desgraçado tinha coragem de gemer durante o beijo e rebolar aquele rabo em cima de mim. Que absurdo. 

-"Você é, mas escute..."- Falei ainda de olhos fechados por causa do beijo. Se eu ficasse encarando aquela carinha de gatinho pornô, ia morrer. Precisava convencê-lo que me assediar era uma péssima ideia. 

-"Escutar o que Minnie? Vamos brincar um pouquinho..."- Comentou mordiscando o lóbulo da minha orelha. Prendi a respiração. Ele mexeu mais aquela bunda e tive que pôr minhas mãos nela de novo, levantando meu quadril. Febril por mais contato. -"Humm... Minnie..."- Kwon gemeu de um jeito manhoso e arrastado, bem contra meu ouvido. Foi o meu fim.  

Virei-o com violência na cama, trocando as posições. Ele arregalou os olhos me olhando assustado. Como se fosse realmente tão inocente como seu rosto aparentava ser. Seus lábios entreabertos e cabelos bagunçados. Afastei suas pernas com meus joelhos empurrando meu corpo apara encaixar-se ao dele. Os olhinhos puxados olharam meu corpo com vontade e uma das suas mãos divagou na minha barriga. Estendi minha mão para tocar-lhe o rosto, massageando seu queixo com meu polegar, o loiro mordeu o lábio e sorriu de leve. Abusado. Desci sobre ele e selei meus lábios nos seus, aproveitando a macies, o contato. Impaciente ele abriu a boca e sugou meu lábio inferior, incapaz de me deixar aproveitar um pouquinho. Me afastei um pouco, com um semblante sério. 

-"Está..."- Selei seus lábios. -"Na hora..."- Selei-os mais uma vez. -"De ensaiar!"- Beijei-o com vontade. 

○○○ 

Certo, Kwon dança bem e sempre se esforça ao máximo, mas hoje ele estava fazendo isso com um desempenho exemplar. Sem reclamar e sem querer o dobro de pausas. Talvez por isso fosse impossível dizer que não queria mais ir no bloco O, conversar com o gigante covarde. Bem, estávamos bem suados e nem o almoço quilométrico de Kwon me deixou tranquilo sobre ele acabar desmaiando. Estava satisfeito. Gosto de perder um dia inteiro dançando. Mesmo sem um objetivo claro como hoje. Kwon apenas me auxiliou tentando me ajudar com os movimentos. Eu me esforcei bastante e Raquel com certeza ia ver meu esforço e reconhecer meu talento na segunda.  

-“Tudo bem... Pode ligar pro baixinho e avisar que vamos tomar banho e ir pra lá.”- Avisei desligando o som. Kwon se jogou no chão dramaticamente suspirou cansado.  

-“Meu deus! Acho que nunca dancei tanto na minha vida...”- Comentou largado e ofegante. Eu nem tinha pegado tão pesado assim. Ri um pouco.  

Kwon ligou primeiro, depois fomos comer e finalmente pro quarto nos arrumar. O loiro foi primeiro e eu estava esperando-o para tomar meu banho.  

-“Você está tomando banho ou está renovando o pacto pra ser bonito? Bora logo.”- Gritei entediado.  

-“Vem tomar banho comigo!”- Escutei ele dizer e depois gargalhar. Imbecil.  

Encarei o teto. Estava tentando evitar Kwon e a lembrança depressiva da minha fraqueza em relação a ele, mas ele não me ajuda. Finalmente ele saiu do banheiro enrolado precariamente com a sua toalha branca. Encarei sua barriga. Ele realmente não ajudava. Seus dedos bonitos pousaram na barra da toalha e eu arregalei os olhos, mirando seu rosto. 

-"Não precisa ficar só olhando!"- Comentou mexendo as sobrancelhas de um jeito que seria cômico se não fosse trágico.  

-"Mas hoje você está impossível né Kwonnie!"- Falei rindo, pra dissipar aquela tensão sexual, pronunciando seu apelido de forma exagerada. 

-"Você é impossível todos os dias e eu nem reclamo!"- Comentou andando até sua cômoda pra se arrumar. Pensei em dizer que ele reclamava sempre, mas escolhi ficar mexendo no meu celular e esperando-o ficar pronto. Aproveitando o cheirinho do seu xampu pelo quarto.  

Não demorou pra estarmos andando até o bloco O, todo arrumadinhos. Kwon enlaçou seu dedo mindinho no meu e eu ri. Era como se ele quisesse pegar minha mão, mas algo o impedisse. Talvez eu fosse realmente chato com ele? Desvencilhei nossos dedos e juntei nossas mãos, entrelaçando os dedos. O garoto não disse nada, mas ficou assobiando e isso era um claro sinal de que estava satisfeito.  

Batemos na porta e esperamos.  

-"Minnie!"- Pyo gritou no momento em que abriu a porta, se jogando em mim com todo o seu tamanho. Dei alguns passos pra trás com seu peso e a mão de Kwon foi arrancada da minha pelo impulso. -"Estava com tanta saudade!"- Ele gritou dando pulinhos. Não adiantava querer fazer essa ceninha de criança inocente com aquela voz de vendedor de pamonha.  

-"Me solta!"- Gritei e ele apenas ouviu isso como um: "Me aperta mais!".  

-"Da pra você soltar o Minnie?"- Kwon perguntou e sua voz soou tão ciumenta que tive que rir. Pyo me soltou e olhou pro loiro, tocando o queixo de um jeito dramático, como se o avaliasse.  

-"Está com ciúmes de mim?"- Perguntou o grandão e Kwon bufou entrando no quarto e abraçado o pequeno que apenas olhava a situação achando graça.  

-"Cara, ele tem um crush em você! Certeza!"- Pyo falou animado empurrando meu ombro e eu pisquei pra ele.  

-"Kwonnie o Minnie é o seu crush? Seu senpai? Nossa que embaraçoso!"- O crianção gritou quando entramos. Kwonnie levantou uma sobrancelha pra ele.  

-"Realmente embaraçoso em Kwonnie!"- Brinquei gargalhando!  

-"Minnie não é meu crush! Ele é meu namorado!"- Falou como se isso fosse a coisa mais legal do mundo e Pyo parou de brincar abrindo a boca em surpresa, junto com Taeil. Os dois olharam pra mim, como se esperassem que eu confirmasse aquilo. Me fingi de inocente caladinho.  

-"É verdade Minnie?"- Pyo quebrou o silêncio. 

-"Pois é... "- Assenti como se não fosse nada demais e peguei uma embalagem de salgadinho que estava jogada na cama, analisando-a como se fosse realmente interessante. Nossa, não tem gorduras saturadas, genial. 

-"Meu Deus Kwon! Me da um autografo! Como você conseguiu?"- O grandão gritou e eu ri da cara dele. O loiro deu uma risada sarcástica e mexeu no cabelo fazendo uma careta esnobe.  

-"Nossa Kwon você nem me contou! Eu escutei sobre como você achava ele incrível umas mil vezes, merecia saber disso antes!"- Taeil falou alto enquanto olhava pra mim. Eu ri.  

-"Hyung!"- Meu colega de quarto protestou e olhou feio pro amigo dele.  

-"Que embaraçoso Kim Yu Kwon!"- Pyo gritou de novo e o loiro chutou a bunda dele. Pyo era realmente uma criança.  

Olhando os dois assim, nem parece que eles tem tanto dentro do coração. Talvez seja por isso que eles tem dificuldade em se expressar, tudo nesses dois parece acabar em uma piada. Como se encarar a realidade fosse amedrontador demais. Eu os compreendia muito e caso Kwon não fosse tão tapado, poderíamos estar na mesma situação.  

Os dois doidinhos ligaram a Grande TV e colocaram uma animação que Pyo queria ver. O grandão ria debochado, enquanto descansava a cabeça intimamente nas coxas de Taeil. Kwon ficava me cutucando com seu cotovelo toda hora, querendo que eu chamasse Pyo para conversar.  

-“Pyo, vamos ali comigo?”- Chamei já ficando de pé. Taeil deu um olhar significativo pra mim e depois pra Kwon. 

-“O que Minnie?”- Perguntou confuso quando Taeil o fez levantar a cabeça do seu colo.  

-“Você vai me negar sua companhia?”- Chantageei de brincadeira e o grandão aumentou o sorriso levantando.  

-“Claro que não! Vamos...”- Concordou e saímos do quarto. Claro que o mais alto não saiu antes de piscar para irritar Kwon. 

As luzes amareladas eram as mesmas do bloco M e os bancos de cimento tão acolhedores quanto. Decidi não prolongar muito a caminhada e sentei em um, seguido por Pyo.  

-“Você tem algo pra me dizer não é?”- O grandão perguntou olhando pras próprias pernas. Elas mexiam de um lado pro outro, num claro sinal de nervosismo.  

Apesar de tudo, Pyo costumava me dar vários concelhos bons. Era bom poder tentar ajuda-lo. 

-“Cara... Eu não sei porquê fui o escolhido pra dizer isso pra você... Acho que somos parecidos na verdade. Mas não sei negar nada ao Kwonnie...”- Comentei e ele riu um pouco.  

-“Entendo como se sente...”- Brincou piscando pra mim.  

-“Você é meio burro Pyo... Até eu criei coragem e pedi o Kwonnie em namoro...”- Divaguei olhando pro céu já escuro. Pyo deu um suspiro longo e cansado. 

-“Minnie. Você é lindo, talentoso... Porra, você tem alguém como Kwon atrás de você que é tão bonito e talentoso quanto.”- Ele começou e tive que engolir o ciúme pra continuar ouvindo. –“Mas porra... Eu sou só um cara que entrou na faculdade novo demais, bolsista, feio e sem talento. Se não fosse mero acaso do destino que eu ficasse sem dormitório por número ímpar de alunos, nunca ficaria junto com o Tae... Ele canta maravilhosamente bem, é mais velho, rico e caramba... A pessoa mais linda do mundo. Como se cada parte do seu corpo pequenininho fosse feita a mão... Nós demoramos tanto pra dar um beijo e coisas assim... Eu até mesmo tirei a virgindade de uma pessoa tão pura como ele... Tudo que eu faço é atrapalhar. Sujar a imagem dele. Taeil não consegue ver... Mas eu concordo com os pais dele. Taeil merece muito mais do que um idiota...”- Tagarelou sem olhar pra mim. Foi tão fácil fazê-lo se abrir. Quase como se ele realmente estivesse precisando de alguém para ouvi-lo. Suspirei alto. 

-“E se esse cara que não é um idiota, não amar Taeil de verdade? Se ele o fizer sofrer? Pior... E se ele o fizer feliz? Você vai conseguir viver com alguma dessas hipóteses?”- Indaguei de forma dura. Pyo apertou os punhos e parou de mexer as pernas. 

-“Eu não posso ser egoísta...”- Falou baixinho sem olhar pra mim.  

-“Mas é exatamente isso que você está fazendo!”- Falei ele olhou pra mim magoado.  

-“Claro que não... Estou fazendo isso por ele.”- Tentou me convencer,  mas apenas soava como se ele quisesse convencer a si mesmo.  

-“Taeil gosta de você e você gosta dele. Eu não acho que alguém vai ama-lo com tanto cuidado como você faz...”- Devaneei pensativo. Ele ficou em silêncio alguns minutos.  

-“Apenas fique aqui comigo enquanto eu penso...”- Pediu.  

-“Como você aguenta?”- Indaguei enquanto esperava ele estar pronto pra voltar.  

-“O que?”- Perguntou confuso.  

-“Sabe... Não acabar antes do tempo...”- Olhei sugestivamente pra ele e Pyo finalmente riu quando entendeu o que eu queria dizer. Nem me importei que ele estivesse rindo de mim.  

-“Bem... Eu acho Taeil o cara mais sensual do mundo...”- Começou e eu ri interrompendo. 

-“Lee Taeil, sensual?”- perguntei desacreditado.  

-“Eu sei que parece loucura... Mas ele tem uma bunda e umas coxas sabe... Ela fica usando minhas camisas... Tipo apenas minhas camisas e andando pelo quarto. Dorme na minha cama e fala daquele jeito meigo.”- Explicou e fiz uma careta.  

-“ Não sei se concordo com esse relacionamento, você soa como um pervertido.”- Brinquei e ele riu.  

-“ Enfim... Eu passei muito tempo segurando sabe? Eu tive que aprender técnicas pra não ficar animado demais!”- Comentou e fiquei interessado. 

-“Quais?”- Questionei ansioso.  

-“Eu assisti Glee e...”- Começou e olhei feio pra ele. –“Deixa eu falar! No Glee o carinha tem uma ótima técnica pra broxar. É só pensar em algo realmente triste. Ele pensava no acidente de carro com a mãe dele. Entendeu?”- Perguntou mexendo as mãos.  

-“Entendo... Vou testar.”- Comentei. Mais tarde pensaria em alguma coisa.  

-“Então... O que você acha que eu devo fazer hoje?”- O grandão perguntou após algum tempo em silêncio. 

-“Hum...”- Murmurei pensativo. Olhei a redor e levantei, arranquei duas florezinhas da grama. –“Faça um pedido!”- Respondi estendendo as flores para que ele pegasse. Pyo me encarou e sorriu, pegando as flores de mim.  

-“Tem certeza?”- Perguntou animado levantando. Eu ri da cara dele.  

-“Vai logo idiota!”- Falei chutando a perna dele e o grandão assentiu sorrindo e começou a correr. –“Avisa pro Kwon onde eu estou!”- Gritei antes que ele sumisse e o louco levantou o dedão concordando.  

Fiquei sorrindo sozinho. Pyo era realmente uma pessoa doce. Do fundo do meu coração, faria qualquer coisa que estivesse ao meu alcance para que fosse feliz e tivesse coragem pra isso. Por dentro, o entendo completamente. Essa sensação de desmerecimento. Como se eles fossem lindos demais pra nós. Mas isso era apenas medo, de que um dia eles também achem que somos pouco. Suspirei. Está na hora de seguir meus próprios conselhos. Acreditar que o apego dele é sincero.  

-“Minnie?”- Chamou e virei para encara-lo. Ele andava até mim com um sorriso calmo. Parecia parte de um sonho. Tirei a mão do bolso e estendi na sua direção, o loiro deu uma corridinha e segurou com força. Então virou para encarar o céu comigo.  

-“Eu sabia que você ia conseguir! Quando é você quem diz, ninguém consegue duvidar...”- Comentou satisfeito e quando olhei em sua direção, vi suas bochechas vermelhinhas.  

Sorri feito um bobo. Era fácil se sentir amado por aquele garoto. Simplesmente corajoso o suficiente pra amar. Amar mesmo, sem joguinhos e sem mentiras. Deixando claro e te fazendo lidar com verdades que nunca pensou que lidaria. Ele não ficava menor expondo seus sentimentos, ficava apenas mais brilhante. Me acostumando ao seu carinho. Me fazia sentir como um bobo ao pensar o quão imenso era o que sentia por ele. Não precisávamos de tempo. Porque ele não colocava muros para que eu demorasse a quebrar. Ele me deixou entrar. Confiando mesmo. 

-“Você ta fazendo aquilo de novo...”- O loiro comentou tranquilo.  

-“O que?”- Indaguei sem desviar o olhar. 

-“Me encarando! Acho que sou seu crush em! Que embaraçoso!”- Brincou fazendo referência a loucura que Pyo disse mais cedo. Sorri.  

-“Bem... Contra fatos, não há argumentos.”- Disse sabiamente e o loiro olhou na minha direção meio surpreso.