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História Mp - Amantes III


Escrita por: IsisChan015

Notas do Autor


Boa leitura...

Capítulo 7 - Amantes III


As longas pestanas negras estremeciam à medida que o já tão conhecido debate interno sobre o dever de recobrar a consciência e o poder hipnotizante do sono decorria na mente de Sasuke. Não se lembrava de ter adormecido… e o sentimento de aconchego que sentia tendo aquele corpo esguio de encontro ao seu tornava o convite de João Pestana consideravelmente apetecível. Abraçou delicadamente o corpo em seus braços, melhor que qualquer ursinho de peluche, e enterrou o rosto nos fios de cabelo dourados sentindo o aroma doce que se desprendia dos mesmos.

No entanto, o seu agarre foi correspondido por um leve gemido de dor, e este pequeno som que ousou quebrar o silêncio tumular até então instalado, foi o suficiente para lhe trazer à memória o pesadelo da realidade. Abrindo os olhos repentinamente, afastou o sono por completo e acrescentou a sua lista de culpabilizações o facto de ter adormecido tão despreocupadamente quando o outro poderia estar a necessitar de mais cuidados. Afastando-se com cuidado, levou uma das suas mãos à testa do pequeno anjo adormecido, soltando um curto suspiro de alívio ao constatar que este não parecia mais febril.

Ele sabia que nada estava bem ainda… Talvez nunca mais voltasse a estar… A mancha arroxeada sobre a pálpebra esquerda do menor tomava agora um tom mais evidente, os hematomas escureciam sobre a pele morena, e as feridas estavam longe de cicatrizar completamente… Mas se não fossem estas evidências da violência vivida, todos diriam apenas que Naruto se encontrava a repousar após mais um dia de traquinices intensas. A respiração calma, a cor dourada que havia voltado à pele antes fantasmagoricamente pálida, e acima de tudo a ausência de febre afastavam da mente do moreno a possibilidade de ver o seu anjo sucumbir às agruras passadas, e um pequeno sorriso acabou por surgir no seu rosto.

Este sorriso que começou por ser uma demonstração de alívio pouco depois tornou-se amargurado. Se era verdade que o tormento vivido parecia ter sido superado fisicamente, nada poderia ser dito quanto ao futuro. E a ideia de ter em seus braços um ser despedaçado internamente mostrava-se muito mais assustadora do que uma simples febrícula resolvida pela toma de um mero comprimido.

Não aguentando mais esta linha de pensamento e a sensação de culpa que quase o fez voltar tantas vezes atrás… O que teria acontecido se tivesse simplesmente se afogado nos seus sentimentos de autocomiseração e não tivesse corrido até aquela casa? Se não tivesse reparado na porta de entrada entreaberta e tivesse recuado face ao portão verde-escuro convencendo-se de que não poderia ser perdoado? Se não tivesse percebido que mais importante do que adquirir o perdão era procurar ajuda-lo a ultrapassar algo que ele mesmo tinha trazido sobre ambos? Deus se não o tivesse encontrado, talvez agora Naruto pudesse estar morto!... Não, agora não era altura de pensar nisso… E nem adiantava estar a prender-se aquele assunto quando o resultado só seria conhecido no momento em que Naruto acorda-se e pudesse falar com ele conscientemente. Ele havia-se deixado enganar quando aquela versão infantil concedida pelo estado de delírio do menor havia dito que o perdoava. Mas aquele ainda que adorável, não era o seu Naruto e enquanto não ouvisse essas mesmas palavras da boca do mesmo não iria descansar. Aliás até poderia não ouvi-las mas se o menor fosse capaz de se levantar e ter força para reagir face ao acontecido, mesmo que a resposta do outro fosse soca-lo até a morte, então a morte seria muito bem-vinda.

Erguendo a cabeça espreitou por entre o emaranhado de cabelos loiros verificando o horário no relógio sobre a mesinha de cabeceira onde os números 13:27 brilhavam num tom de vermelho. Ah… precisava ligar a sua mãe desculpando-se por ter faltado ao almoço e tentando contornar a provável irritação da morena quem sabe inventar uma desculpa que lhe permitisse ficar junto a Naruto por um pouco mais de tempo. Quem sabe até o outro acordar e expulsa-lo de sua casa e vida.

Com a mão que havia ficado esquecida vagueando na face adormecida à sua frente desde que havia verificado a temperatura, tateou os bolsos da sua calça à procura do telemóvel que normalmente traria consigo. Normalmente... Porque desta vez havia saído em tamanha correria que de certeza que este tinha ficado para trás jugado em algum canto do seu quarto. Resignado com a ideia de ter que procurar um telefone algures pela casa para que pudesse fazer a tal chamada ergueu o seu tronco tomando cuidado para não acordar o menor ao lhe roubar a sua almofada, ou seja o seu outro braço que agora se encontrava com aquela estranha sensação de formigueiro, enquanto o sangue voltava a circular livremente.

Nesse momento ouviu um pigarrear e ficou estático ao perceber que ele e Naruto não se encontravam mais sozinhos naquele comodo. Voltado a cabeça para trás na direção do som encontrou sentado numa cadeira junto a janela aquele que sabia ser o tutor de Naruto por já ter visto a foto do mesmo, estampada na contracapa dos livros que o seu professor de literatura lia e relia tão afincadamente em todas as aulas.

_Eu realmente preferia encontrar o meu sobrinho-neto na cama com alguém com mais curvas…_O velho disse fingindo um tom desapontado mas sem esconder um certo brilho recriminatório no olhar. Não pela observação de falta de curvas (digamos mais concretamente seios) no rapaz à sua frente mas sim porque compreendia que aquilo que encontrou quando chegou a casa naquela manhã era muito mais do que aparentava… Porque convínhamos… Ou o seu sobrinho-neto era um verdadeiro sadomasoquista e gostava de ser espancado até à inconsciência ou algo muito errado se passava.

Sasuke sem conseguir perceber que o que o olhar perspicaz do mais velho lhe havia revelado, encarou tal reparo de forma trivial e corou ao cogitar que o grisalho pensava que eles pudessem se ter relacionado de tal forma.

_Não é isso que está a pensar, senhor…_tentou se desculpar, mas honestamente… que frase mais cliché… opinião partilhada pelo novo ocupante do quarto que riu do embaraço do menor.

_Eu já perdi a conta de todas as vezes em que disse isso… E acredita… Em cada uma delas era exatamente o que estavam a pensar… _Deixando o tom de gozação de lado tomou uma postura mais seria inclinando-se sobre a cadeira e prendendo os olhos nas safiras negras que o olhavam envergonhadas._ Mas tudo bem… vou-te dar uma oportunidade. Em que exatamente estou eu a pensar?

_Que eu… bem eu e o Naruto… Nós…_Sasuke não se lembrava de alguma vez ter corado na vida… Quer dizer… até podia ter acontecido… Mas não ao ponto de parecer um verdadeiro tomate, fruto que vamos dizer adorava, tal como agora. Procurando controlar o nervosismo e recriminando-se por estar a gaguejar tal e qual Hyuuga Hinata, prima de um dos poucos amigos de infância que possuía e que teve que afastar de si devido ao seu irmão, respirou fundo, e olhou o corpo que permanecia adormecido aninhado sobre o leito onde se encontrava agora sentado. Conseguia perceber o porquê de o tutor do loiro pensar que eles fossem… namorados?...ficantes?... sei lá… amigos com privilégios ou algo assim… afinal apesar de ele permanecer vestido o outro encontrava-se completamente nu deitado sobre a cama e ainda à momentos atrás os dois dormiam agarrados. Mas tinha que mostrar que existia uma explicação logica para tudo aquilo e que não passava por um envolvimento sexual… Se bem que isso é mentira… afinal tinha existido um envolvimento sim com o seu irmão ainda que não consentido… E porque é que não só o facto de ter sido um ato de violência mas também o facto de não ter sido consigo o perturbava? Deus ele estava com ciúmes por o seu irmão ter tido o loiro, mesmo conscientemente sabendo que havia sido de forma forçada?... Ok calma Sasuke calma… O homem já está a olhar para ti há muito tempo sem resposta… Esta na hora de contar meias verdades….

_O Naruto… bem ele não foi muito bem recebido na escola. Não percebi muito bem porquê mas acho que em parte é por demostrar-se um pouco desleixado face aos estudos ao ter faltado aqueles três dias e ter afirmado que o fez porque não lhe apetecera ir…_Sim ele conhecia muito bem os rumores sobre o loiro mas era melhor manter-se nos menos exagerados…_ em parte também porque existe um certo preconceito face ao seu trabalho… não que eu o esteja a recriminar…_boa… não devia falar como se tivesse o direito de dar uma lição de moral ao mais velho… isso definitivamente não ia ajudar a ganhar a sua confiança…_Enfim… depois de tudo ele acabou por se aproximar de mim… mas eu sou um pouco antissocial então acabamos por discutir em frente a todos…_lembrar-se das palavras cruéis que havia usado contra o loiro na tentativa de o humilhar para que este se afasta-se de si ainda o magoava… mas agora começava a pensar que talvez tivesse sido melhor se isso realmente tivesse acontecido… pelo menos agora o loiro não estaria naquele estado nem os dois naquela situação._Não foi nada demais e fizemos rapidamente as pazes… mas… e não me pergunte porquê… eu nunca pedi por isso… mas existe um certo sentimento de proteção face a mim naquela escola… eu realmente não percebo porquê porque eu não me dou com ninguém… bem ninguém até o Naruto chegar… De qualquer das formas e não sei se foi por algum destes motivos ou o conjunto de todos que fizeram os outros estudantes ter uma visão negativa do Naruto… eu fiquei a saber que ele se tinha envolvido numa luta ontem à saída da escola… Tentei entrar em contacto com ele ontem mas não obtive resposta… então comecei a ficar preocupado e decidi vir procurá-lo… Encontrei-o no chão do chuveiro desmaiado e decidi então tratar dos seus ferimentos... entretanto ele acordou… e como parecia estar melhor acabei por não chamar um médico… no entanto, no final acabamos os dois por adormecer…

Bem era uma boa desculpa… Era algo credível tendo em conta a forma como Naruto era visto na escola e justificava todos os ferimentos do loiro… quer dizer todos exceto aqueles provocados pela penetração… e convínhamos que mordidas também não são muito utilizadas em lutas pelo menos não entre rapazes de dezasseis anos… mas ele esperava que o mais velho não percebesse tal coisa e nem fosse observar as zonas mais íntimas do menor…

Não sabia porque fazia aquilo… Porque mentia para proteger o seu irmão… Assim que Naruto acordasse todos saberiam a verdade... Mesmo assim sentia necessidade de o proteger… Devia-lhe isso… afinal Itachi já o havia protegido tantas e tantas vezes… Mesmo que Naruto conta-se tudo tal como estava no seu direito… Pelo menos não seria ele a denunciar o mais velho… Não isso não… Nunca seria capaz de o fazer afinal nunca denunciou o seu pai quando…

_Hm… então foi isso…_Jiraya disse despreocupadamente mas a desconfiança podia ser lida no seu olhar…_ Naruto já não se metia em confusões há algum tempo… Deves ser alguém realmente importante para ele se ter dado ao trabalho de lutar por tua causa…

_Tal como disse não tenho a certeza do motivo… Pode não ter tido nada haver comigo ou com a nossa discussão…

_E no entanto pareces sentir-te culpado…_ Sasuke emudeceu as suas explicações. Poderia ser que toda a gente naquela família possuía o dom de conseguir ler para lá das suas mentiras e desculpas falsificadas?_Não te culpes… Tenho a certeza que se fores realmente o culpado Naruto irá se encarregar de fazer isso por ti. _Sim ele sabia que Naruto o iria culpar mas ouvir isso de outra pessoa… alguém que nem conhecia verdadeiramente a extensão dos fatos tornava tudo ainda mais aterrador…_No entanto, agradeço teres cuidado do meu sobrinho-neto… Isso faz-te parecer um bom… amigo?

_Eu… eu só fiz o que qualquer pessoa faria…_Sasuke escondeu o seu olhar por baixo da sua franja, agarrando o lençol da cama onde permanecia sentado com as pernas para fora, com ambas as mãos… por quanto mais iria aguentar aquela mentira?… Ser parabenizado por ajudar a diminuir um sofrimento que em primeiro lugar poderia ter evitado fazia-o sentir-se ainda mais deplorável.

_Isso não é verdade… afinal foste o único que se preocupou em vir ver como Naruto estava._O tom apesar de calmo possuía uma nota de acusação, como se disse-se "talvez porque apenas tu sabias que ele estava a precisar de ajuda". Sim Jiraya não confiara em uma única palavra do que havia sido dito, mas iria conhecer a verdade assim que falasse com Naruto então de nada adiantava continuar a pressionar aquele rapaz, já tinha percebido desde o começo que ele não lhe diria nada, no entanto sentia-se no dever de torturar um pouco mais a mente confusa do moreno mentiroso. Alheio que as palavras falsamente gentis do maior escondiam a sua desconfiança, Sasuke foi levado a pensar exatamente o que o outro esperava… Que apenas ele sabia do sofrimento do seu anjo, que apenas ele o poderia ter ajudado… e recriminou-se mais uma vez por tantas vezes ter excitado em o procurar…

Apesar de parecer impassível Jiraya conseguia perceber as pequenas mudanças no comportamento e feições do menor… a maneira como apertava mais firmemente os lençóis aplacado pela culpa… Como o seu olhar não era sustentado por muito tempo… como os seus músculos da face eram tencionados pelo esforço de se manter indiferente à cascata de sentimentos que o assolavam… É… se o ero-sennin não fosse tão observador Sasuke poderia ter enganado qualquer um… mas que grande mentiroso foi descobrir na cama do seu sobrinho-neto.

_Bem… Apesar de agradecer a ajuda… e tendo em conta que tu mesmo disseste que Naruto já parecia melhor… se calhar era melhor retirares-te para o deixar descansar… Tenho a certeza que um rapaz como tu terá coisas muito melhores para fazer, num sábado há tarde, do que cuidar de um colega tolo o suficiente para andar à porrada… uma namorada talvez?_Enquanto dizia isto, o grisalho foi até Sasuke e colocando a sua mão sobre o ombro do menor procurou guia-lo para fora do aposento.

_Na verdade não… Se não se importasse eu gostaria de ficar caso Naruto precise de alguma coisa._Não queria deixa-lo… Não podia… Ele tinha que garantir que o outro ficaria bem… tinha que se desculpar… tinha…

_Ora… mas para isso estou cá eu agora._ Ele não era mais necessário… Este pensamento foi como um baque na sua mente e Sasuke viu-se incapaz de revidar… Mesmo excitante foi-se deixando guiar até a porta de saída… Não sem antes lançar um último olhar de pesar sobre o seu anjo adormecido_ Vá lá… Não te preocupes… Acredita aquele ali quando pega no sono não acorda nem que um furacão lhe bata à porta. Seria um desperdício ficares aqui a "adorá-lo" sabe-se lá por quanto tempo com um dia tão lindo aqui fora.

Eles haviam finalmente alcançado a porta de saída e sentindo-se derrotado Sasuke apenas acenou concordando à mediada em que a traspunha, dando costas aquela casa, após esta ter sido aberta por Jiraya num convite mudo para que fosse embora.

_Ah… Sasuke…

Voltou-se nova e rapidamente para o mais velho na esperança que este pudesse ter mudado de ideias quanto a sua permanência junto ao loiro.

_Se quando chegas-te ele estava desmaiado no duche… Como é que conseguiste entrar?

_Ah…_O moreno não conseguiu esconder o som de desapontamento ao ver a sua esperança de há segundos atrás frustrada. _Ele tinha deixado a porta entreaberta.

_A sério?_Jiraya parecia surpreso mas em seguida escondeu o estranhamento com um sorriso._É parece-me algo que ele faria… Sempre tão descuidado… _O olhar acusador voltou agora sem qualquer tentativa de ser ocultado enquanto a porta era fechada sobre o olhar sofrido de Sasuke que permanecia imóvel aterrado pelo momento. Era como se estivesse a ser para sempre separado de um mundo à parte… Um mundo que pertencia ao seu anjo o qual não era mais digno de tocar.

E Sasuke percebeu pela primeira vez a verdade oculta nas palavras do mais velho… Elas sussurravam-lhe certeiras e ameaçadoras…

"Talvez o seu maior descuido tenha sido aproximar-se de ti…"

Após dar as costas à porta fechada Jiraya retirou o sorriso falso, com que havia presenteado o pequeno mentiroso no ato de despedida, deixando que um semblante sério toma-se o seu rosto. Dirigiu-se então a passos pesados até ao quarto de Naruto e recostando-se no batente da porta observou o corpo do loiro ainda aninhado de olhos fechados na mesma posição em que o havia encontrado.

_Podes parar de fingir. Eu sei que acordas-te bem antes daquele teu amigo.

Abrindo os olhos como se lho tivessem ordenado Naruto ergueu o seu corpo no leito, tomando cuidado para não acrescentar ainda mais dor aquela que já estava a sentir com movimentos imprudentes, sentando-se sobre o mesmo, mas deixando que grande parte do seu peso fica-se apoiado no seu braço direito que o sustentava, enquanto a mão esquerda era fechada ao redor dos finos lençóis de maneira a mante-los junto ao peito cobrindo assim o máximo que podia das marcas que o seu corpo ostentava.

_Vais-me contar o que se passou?_Jiraya questionou não seu antes perceber que o olhar do seu sobrinho-neto apesar de lho ser dirigido encontrava-se preso num qualquer lugar muito longe dali.

_Já te contaram o que se passou._Naruto respondeu simplesmente numa voz calma que em nada ocultava o tom de revolta.

_Se te referes ao que aquele mentiroso me tentou fazer engolir fica já a saber que até tu consegues ser mais dissimulado.

O olhar de Naruto até então distante retomou ao presente e adquirindo um brilho astucioso foi cravado de encontro ao inquisidor do mais velho.

_Suponho que não vá adiantar reafirmar que é a verdade?... _Apesar de não obter resposta o loiro conseguia lê-la no olhar do grisalho, não ele não acreditaria…. Suspirando e afastando o seu olhar, Naruto começou então a arrastar-se até ao beiral da cama, trazendo o lençol consigo buscando-o enrola-lo no seu corpo de modo a esconder a sua nudez. Num qualquer outro dia não teria problema em andar completamente nu aos saltos pela casa mesmo que na presença do seu tutor… Pelo amor de Deus o homem tinha-lhe mudado as fraldas! Não havia nada ali que o outro não conhece-se… Pelo menos não até à noite anterior… Pois agora o corpo do menor mostrava provas de algo que ele não queria dar a conhecer ao outro… Ele poderia até imaginá-las, mas pelo menos não lhe iria revelar a extensão dos estragos. _Então nesse caso vais ficar sem resposta.

_Naruto…_Jiraya adverteu numa voz autoritária exigindo uma explicação. Como poderia não o fazer quando via aquele a quem criou como um filho tremendo de dor com o simples ato de se manter firme sobre as pernas?

_Uma semana._O loiro disse conseguindo finalmente permanecer em pé ao lado da cama e começando-se a dirigir em passos lentos até à casa de banho._Em uma semana terás as tuas respostas, assim que eu também tiver as minhas. Até lá preciso que saias em mais uma jornada de reconhecimento feminino e me deixes sozinho.

_E porque deveria fazer isso?_A voz do mais velho elevou-se quebrando aquela aura de falsa compostura até então instalada._Olha para ti. Nem te consegues manter em pé direito! Como é que eu posso simplesmente desaparecer por uma semana e deixar-te nesse estado, sem nem sequer saber o que se passou?

_Porque pela primeira vez sou eu que te estou a pedir para me deixares sozinho!_Naruto gritou agarrando-se à aldraba da porta da casa de banho extravasando assim um pouco da revolta que estava a sentir. Da mágoa que nunca mostrou mas que sentia de cada vez que era deixado para trás num lugar que mal conhecia para que o outro não tivesse qua abdicar ainda mais de um estilo de vida a que se tinha habituado muito antes ter-lhe sido dada a responsabilidade de o criar. Acalmando-se voltou novamente a mirar nos olhos do outro._Pela primeira vez eu quero estar sozinho. Eu preciso de estar sozinho. Preciso entender o que aconteceu e porque é que aconteceu. Preciso de me entender a mim mesmo e decidir como continuar daqui para a frente. Preciso de encontrar as respostas às minhas perguntas. Só quando as encontrar saberei o que fazer e poderei responder as tuas. Mas para isso eu preciso de as procurar… sozinho. Por favor, confia em mim, pai.

Jiraya arregalou os olhos em descrença enquanto a sua boca se abria tremendo como se procura-se as palavras certas que não chegaram a sair… Era a primeira vez que Naruto o chamava de pai. Um sorriso tímido mas verdadeiro formou-se nos lábios rosados do loiro e o mais velho ficou paralisado assistindo o mesmo desaparecer à medida que este transponha a porta da casa de banho fechando-a atrás de si.

Encontrando-se sozinho naquele aposento Naruto deixou finalmente o lençol escorregar por entre os seus dedos e voltando-se para o grande espelho que cobria toda a extensão da parede em frente ao chuveiro ficou ali a analisar o seu corpo. Como se cada ferida, hematoma ou escoriação fosse uma espécie de código que lhe revelaria o que ele precisava descobrir. E na verdade eram. Cada uma delas havia sido feita pelas mesmas mãos que as cuidaram tão diligentemente. Ele não se lembrava muito bem do que havia acontecido após ter abandonado a casa dos Uchihas. A retoma da consciência em plena extensão da palavra havia acontecido apenas naquela manhã já após os seus ferimentos terem sido cuidados, e dando por si sendo rodeado braços carinhosos de Sasuke. Mas ele tinha lampejos de memória dos acontecimentos anteriores toldados pela febre. Eram visões desfocadas, palavras desconexas, que ao todo não lhe mostravam uma cronologia certa dos acontecimentos. Do que foi dito ou feito. Mas a sensação do leve roçar das mãos untadas de pomada sobre a sua pele ainda se encontrava presente. Se fecha-se os seus olhos ainda conseguia ouvir os inúmeros pedidos de desculpa sussurrados, a voz apavorada de quando o outro o encontrou pensando o ter perdido para sempre. Conseguia ver as lagrimas que caiam tão silenciosamente pelo belo rosto do moreno, e os afagos delicados que este procurava fazer-lhe para o acalmar nos seus momentos de delírio. Era isso que melhor recordava. Do toque dele, ainda presente quando acordou, a maneira como verificou a sua febre e se perdeu de seguida agraciando os seus cabelos. Aquele era o toque de Sasuke. Um toque tão diferente do outro e que no entanto era-lhe proporcionado pelas mesmas mãos.

E ali olhando atentamente para a imagem refletida no espelho, olhando as chagas provocas por um, e os cuidados dispensados por outro, Naruto chegou a uma certeza. Sasuke e Itachi eram sem dúvida seres diferentes. Um brilho decidido iluminou as obres cor de céu mostrando a determinação tão característica do possuidor das mesmas. Ele iria conhecer a história daqueles dois irmãos, só assim poderia descobrir também a sua.

Após tomar um longo banho, dedicando-se a lavar cuidadosamente cada um dos seus estigmas e em especial a sua zona mais intima que ainda o fazia tremer ao mais mínimo toque, tanto pela dor como pela recordação, Naruto abandonou aquele aposento agora enrolado numa longa toalha fofa, voltando ao seu quarto. Ao encontrar o mesmo vazio, e com a porta de entrada fechada, despôs-se da toalha após se ter secado à sua maciez, e encontrado a malinha de primeiros socorros, que deveria de estar na casa de banho pousada sobre uma das suas mesinhas de cabeceira, dedicou-se calmamente ao tratamento das suas feridas.

Um sorriso bobo e que qualquer um teria achado totalmente fora do contexto formou-se no seu rosto ao imaginar as mãos de Sasuke a unta-lo com pomada tal como fazia agora. Sem dúvida que teria sido ele a colocar a sua maleta de primeiros socorros ali… Deus a sua casa de banho e quarto estavam tão reviradas… Por um momento quase riu ao imaginar como seria a cara de Sasuke em desespero, devia de ser engraçado vê-lo de um lado para o outro completamente desorientado sem saber o que fazer… No entanto, novamente a imagem das bochechas pálidas do moreno banhadas de lágrimas assolou a sua mente e ele recriminou-se por ter pensado que colocar o outro sobre tamanha agonia podia ser motivo de riso.

Procurava a todo o custo não pensar no ato que desencadeou todo aquele sofrimento. Recusava-se recordar o rosto do outro sobre contornos de ódio e malícia enquanto investia selvagemente sobre si. Não aquele não era Sasuke. Era Itachi. E esta nova personalidade que se escondia por trás do rosto do outro só lhe havia dado a conhecer uma dor que ele tentava toldar pelas lembranças nebulosas dos cândidos toques de Sasuke. Por isso, e ao contrário do que havia acontecido momentos antes enquanto se banhava, em que as memórias da noite anterior retomavam a sua mente de forma tão intensa, que se não fosse a sua determinação recentemente adquirida, em seguir em frente e desvendar aquele mistério, o teriam feito cair novamente de joelhos deixando mais uma vez que a água que corria dos seus olhos se misturar com aquela caia sobre si, agora, no entanto ao tocar aquele local tão mal tratado entre as suas nádegas, o que fez foi corar ao pensar nos dedos longos de Sasuke cuidando também daquele pedaço de si. Afogava assim as lembranças tenebrosas com imagens que não recordava verdadeiramente mas que sabendo terem ocorrido lhe passavam um sentimento, ainda que embaraçante, de bem-querer.

Voltou a desinfetar os cortes nos seus pulsos provocados pelo roçar das cordas que o mantiveram cativo, e enfaixou cada um deles tal como Sasuke havia feito (faixas essas que haviam sido retiradas antes do banho). Tal como Sasuke havia feito…. Sasuke havia cuidado de si… Sasuke afastava a dor e oferecia-lhe cuidados… Trazendo os seus pulsos junto ao peito repetia isto para si mesmo, buscando afastar a escuridão que o consumiu com aquela pequena réstia de luz. Só assim seguiria em frente.

Vestiu-se… Algo simples… Apenes uma T-shirt e um calções largos e dirigiu-se até à cozinha, procurando encontrar um pouco de gelo para colocar sobre a sua pálpebra esquerda que agora além de roxa estava a começar a inchar…. Foi lá sobre a mesa de refeições que encontrou este bilhete:

"Naruto,

Tal como pediste tens uma semana. Regressarei no próximo sábado à noite. Qualquer coisa que precisares telefona-me.

9XXXXXXXX… Este é o número de um médico amigo meu. Se precisares não hesites em telefonar-lhe. Prometo que não lhe faço perguntas e nem ele mas iria responder.

Já liguei para a Tsunade e disse-lhe que não ias à escola na próxima semana, não me parece que estejas em condições, e segundo percebi há coisas que precisas de fazer. Ela quase me matou via telefone para lhe dizer o porquê então eu disse-lhe que precisei viajar e não te queria deixar sozinho. Pela primeira vez ela elogiou-me por ser um bom pai, espero não estar a ser o exato oposto.

Eu sei que nem sempre fui o melhor modelo a seguir… Sei que muitas vezes coloquei os meus interesses sobre os teus. Acho que apesar de ser mais velho que os teus verdadeiros pais nunca me senti verdadeiramente preparado para assumir essa responsabilidade. Pensava que não havia como substituir o pai que Minato teria sido e tentava encarar a nossa relação como algo mais amigável. Esquecia-me que ser pai é muito mais do que isso. Vou aproveitar este tempo e pensar sobre isso entre as saias de alguma mulher… (não posso mudar tudo, também!)…

Eu confio em ti. E orgulho-me muito de te ter como filho.

Por favor cuida-te, da desgraça do teu pai,

Jiraya Ero-sennin."

Naruto, prendeu a carta junto a si, com um sorriso no rosto mesmo que algumas lágrimas buscassem escapar dos seus olhos. É… ele sabia que havia coisas que nunca mudariam. Mas pelo menos havia ganho alguma coisa no meio daquilo tudo. Um pai.

Uma semana… Uma semana havia-se passado desde a noite em que mais uma vez fora fraco demais deixando o seu irmão afastar para sempre qualquer resto de esperança de que a sua vida pudesse ter algum significado para lá dos muros da mansão Uchiha. Sim porque ele sabia agora que essa pequena esperança que havia surgido desde que Naruto entrará na sua vida à pouco mais de uma semana atrás, se fora no momento em que o seu irmão a havia descoberto.

E no entanto, tudo se desenrolava como se essa esperança nunca tivesse sequer existido.

Não foi preciso sequer perguntar para tomar conhecimento de que Naruto não havia mais frequentado nenhuma das suas aulas. E se aquela tarde de sábado e domingo sem notícias do loiro já foram totalmente agoniantes o sentimento só se intensificou quando à hora de almoço de segunda-feira a cantina se encheu de comentários sobre a ausência do loiro às aulas da manhã. A maioria encarava o fato como se já estivesse à espera por algo assim e tirando a tímida Hyuuga Hinata que se tentava sobrepor a sua voz normalmente baixa às outras para defender o loiro, e Mitsashi Tenten que apoiando a amiga buscava argumentar que não deveriam falar das pessoas pelas costas quando tanto quanto sabiam o loiro até podia estar doente ou com algum problema que o impossibilitasse de vir à escola, mais ninguém parecia encarar a ausência do Uzumaki com preocupação. Os de melhor coração pensavam apenas que mais uma vez o problema de Naruto era a falta de vontade de vir à escola enquanto as línguas mais maldosas inventavam histórias sobre o envolvimento do loiro com drogas, jogo e prostituição.

Começou então a correr de boca em boca que não sei quem primo de não sei mais quem e colega de classe de um outro alguém no regresso a casa após uma noite de festa, havia visto o Uzumaki a deambular pelo meio da estrada, na noite de sexta para sábado e o relato do estado do loiro que não parecia sequer saber onde estava andando aos S's como se não tivesse forças para se aguentar sobre as pernas apenas ajudava a dar mais certezas a quem defendia que o mesmo se devia de encontrar podre de bêbado ou quem sabe com mais uma ou duas substâncias altamente recreativas no sangue.

Maldito!... Se Sasuke soubesse quem tinha sido o filho da puta que havia passado e andado mesmo após encontrar o seu anjo naquele estado sem sequer ter parado para pensar em o ajudar ele mesmo se teria encarregado de o deixar num estado ainda mais deplorável… Um que com certeza lhe renderia varias visitas ao hospital para cirurgia reconstrutiva. Mas infelizmente, ou felizmente dependendo da perspetiva, e tendo em conta de que ninguém aqui quer ver o nosso querido moreno atrás das grades, estas histórias espalham-se tão facilmente que no final descobrir a sua origem se mostra uma tarefa praticamente impossível.

No entanto, Sasuke sabia que nada daquilo era verdade. Ele era a única pessoa naquele lugar a conhecer a verdade, e mesmo assim era a única que não se poderia levantar para defender o menor. Preso nos seus remorsos e incapaz de denunciar a atrocidade que o irmão havia cometido com o loiro expondo assim não apenas o seu irmão à justiça mas também a própria privacidade de Naruto, calou-se temendo que se abrisse a boca a verdade fugiria desta sem o seu consentimento. Mesmo assim, assolado pela preocupação procurou descobrir se alguém ali saberia algo de mais concreto. Alguma noticia que fosse mais que mera especulação.

Nesse almoço e tendo deixado o seu prato intacto sobre a mesa que agora dividia com ninguém, engraçado como haviam sido apenas duas refeições mas na sua mente já se referia aquela mesa como sua e de Naruto, dirigiu-se há mesa onde Hinata comia com as suas amigas. Apesar da aparência frágil a pequena rapariga parecia ter deixado a timidez de lado e insurgia-se para defender Naruto contra aquelas que chamava de amigas… Mais especificamente contra Sakura que parecia guardar um ódio pessoal do loiro, muito provavelmente devido às palavras cruéis que Sasuke lhe havia dirigido em defesa do mesmo. A morena de cabelos curtos chegou mesmo a levantar-se da sua cadeira batendo as mãos fracas contra a mesa e usando um tom firme que não condizia com o timbre suave que a sua voz possuía naturalmente, ordenou que a rosada se cala-se alegando que esta não deveria inventar falsas afirmações quando não sabia de nada!

Esta frase de defesa fez o moreno pensar que ao contrário da cabeça chiclete de morango grudenta e mastigada, que começava agora a chiar feito um porco na matança tentando insultar a dita amiga que apenas lhe tentava abrir os olhos, talvez Hinata pudesse saber de algo. Dirigiu-se então junto a ela e tocou-lhe no ombro para chamar a sua atenção uma vez que esta continuava de pé a fulminar com o olhar a peixeira rosa a sua frente que também se havia levantado esbracejando em cólera. Sakura na sua burrice e iludida como sempre, por momentos pensou que o seu príncipe Sasuke-kun pudesse ter vindo em sua defesa, mas assim que este com um tom de voz cordial que nunca havia usado consigo perguntou a Hinata se poderiam falar a sós, o sorriso presunçoso que havia surgido no seu rosto esvaneceu e ela ficou a vê-los afastarem-se de si rumo a um local mais privado, antes de correr indo-se trancar numa das casas de banho da escola onde chorou o seu amor não correspondido. Sorte a sua de que Ino era uma boa amiga e teve a paciência de a ir consular.

Mas não vamos perder mais tempo falando de Sakura que em muito pouco ou nada contribui para esta história e a nossa felicidade.

A conversa de Sasuke com Hinata foi curta. A rapariga não sabia de nada. Não fazia ideia do porquê de Naruto ter faltado, apenas se preocupava porque ao contrário de todos os outros via o loiro como alguém bondoso e cumpridor que não faltaria a escola sem um bom motivo. Era verdade que ele havia justificado os três primeiros dias de ausência como falta de apetite, mas ela havia percebido que tudo se devia à revolta pela mudança repentina e, tendo ultrapassado isto como parecia, preocupava-se com a razão que o faria mais uma vez se afastar da escola. No entanto, desconhecia tal razão e não possuía nenhuma notícia do loiro apenas o defendendo por amizade. E Sasuke mesmo sem o pronunciar ficou lhe grato por isso. Por aquela franzina menina se mostrar mais forte que ele mesmo, defendendo o seu anjo quando ele não encontrava em si forças para o fazer, mesmo que desconhece-se os motivos por ele infelizmente tão bem conhecidos.

Naruto poderia ainda não saber mas havia encontrado naquela escola uma boa amiga.

A campainha tocou e Sasuke viu-se obrigado a voltar para as aulas sem mais notícias. Ou melhor… Sem nenhuma… porque "mais" seria se ele tivesse conseguido alguma coisa.

A última aula de Sasuke era literatura e isto lembrou-o que Naruto também tinha aulas com Kakashi-sensei já que o mesmo o reconheceu quando lhe falou do professor que lia os livros eróticos do seu tio-avó. Assim sendo, após deixar os seus colegas saírem da sala numa correria tal que mais pareciam uma manada de gnus, dirigiu-se ao professor e, como quem não quer a coisa, questionou-o sobre notícias do seu colega. Apesar do semblante de Kakashi mostrar supressa pela súbita curiosidade do seu aluno mais antissocial em relação à vida de um comparsa ser humano, não viu problema nenhum em lhe revelar que segundo a informação que lhe havia chegado Naruto havia viajado com o seu tutor, o brilhante mestre da literatura mundial que havia dado ao mundo a maior obra jamais vista Icha Icha Paradise, Jiraya-sama, e só voltaria dali a uma semana. Talvez ao facultar-lhe aquela informação os rumores sobre o novo aluno parassem, se bem que Sasuke não era o tipo de pessoa que sairia por ai a comentar a vida alheia.

Sasuke ainda insistiu questionando-o sobre o estado de saúde do loiro, se o motivo da viagem não poderia ser algo relacionado com a necessidade de cuidados médicos, mas o professor estranhando cada vez mais a atitude do moreno apenas lhe respondeu que ao que sabia não havia nada de errado com Naruto, este estava bem e viajou com o tutor apenas para não ficar sozinho, já que este não podia adiar de maneira alguma aquela importante viagem de negócios.

Sasuke sabia que era mentira. Que Jiraya não teria qualquer problema em viajar deixando o loiro sozinho como já havia feito muitas outras vezes. No entanto, aquela vez era diferente. Em nenhuma das anteriores Jiraya havia chegado a casa para encontrar Naruto adormecido junto a um estranho tendo o seu corpo completamente coberto por marcas de violência e abuso. Talvez Naruto tivesse contado toda a verdade e o seu tutor tivesse decidi-lo afasta-lo daquele lugar enquanto ainda se recuperava e enquanto esperavam que justiça fosse feita.

E Sasuke esperou… Mesmo sabendo que tudo indicava que no prazo daquela semana Naruto não ia comparecer as aulas Sasuke esperou encontra-lo… Esperou que os rumores na escola acalmassem mas estes só se tornavam mais ensurdecedores a cada dia... Esperou que a culpa dentro do seu peito se ameniza-se mas esta só aumentava em conjunto com a sua preocupação por não obter qualquer notícia… Esperou por ouvir o riso sádico de vitória do seu irmão e que este viesse mais uma vez reafirmar a sua posse sobre si, mas este parecia também ele ter desaparecido… Talvez escondido em algum lugar temendo pela chegada da polícia que nunca chegou a vir prende-lo… Sasuke esperou pela intimação de ida a tribunal… Pelo interrogatório… Pensou e repensou o que dizer… O que poderia dizer sem trair nenhum dos dois nem Itachi nem Naruto, e chegou a conclusão de que se chegasse a altura permaneceria calado que nem o rato que era sem coragem para denunciar o irmão mas muito menos vontade de mentir em seu nome… Contaria toda a verdade apenas a uma pessoa e essa pessoa era Naruto, isto se este quisesse ouvir os segredos que escondia e que transformaram o seu irmão no monstro que o havia tomado.

Sasuke esperou e esperou… sem notícias e sem consequências… Como se nada tivesse acontecido. Como se não houvesse motivo para esperar… para aquela culpa que o corroía a cada dia que passava… para aquela preocupação que não via resposta… por muito que perguntasse, fosse a quem fosse que perguntasse…

E quanto mais esperava... Em todos os dias em que voltando da escola passava por aquela casa laranja que permanecia de precianas serradas como se lhe avisasse que ninguém mais a habitava, e voltava para trás rumo aquela qua era sua, em ocasiões sem coragem de tocar a campainha, outras tocando inúmeras e inúmeras vezes na esperança de obter uma resposta que não vinha… ia crescendo também em Sasuke uma certeza. O seu anjo se fora e não havia mais lugar para si junto a ele. O lugar dele fora, era e seria aquela mansão. Estava preso aquelas paredes da mesma forma que se prendia as memórias do passado, aquelas mesmas memorias que o manteriam para sempre preso a Itachi.

No entanto, foi ao reentrar em sua casa, naquela noite de sexta-feira, uma semana depois, que voltou a ouvir os mesmos risos da semana anterior, e por momentos ficou feliz com a possibilidade de estar a enlouquecer.

Continua…


Notas Finais


Espero que tenham gostado... ;)


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