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História Mr Romance-Hinny - Segredos de família


Escrita por: LiviaWsleyy

Capítulo 17 - Segredos de família


Espio por trás da caçamba para ver se algum caminhão já estacionou na frente do galpão. Ainda não. Parece que quem quer que seja esse Dyson, sua noção de sete da manhã é pouco precisa. Já são 7h18 e ainda nem sinal dele.

Estou dividida sobre esta missão para espionar Harry, principalmente ao levar em conta tudo o que aconteceu entre nós na noite passada, mas eu não posso mais deixar minhas emoções atrapalharem meu trabalho. Não importa o quão encantador e magnético ele seja, eu ainda tenho um trabalho a fazer e, com o Derek fungando no meu pescoço para receber aquele rascunho na segunda, eu não tenho tempo para deixar o Harry me enrolar sobre o seu passado. Se ele tem esqueletos no armário, tudo bem, mas eu prefiro saber disso agora do que ser surpreendida depois.

— Algum caminhão? — Colin pergunta atrás de mim.

— Ainda não.

Ele dá um suspiro alto.

— Você me acorda de madrugada, me anima com esse papo de espiões e agora tudo o que fazemos é só ficar aqui sentados, esperando.

Eu me viro para ele, que está apoiado no muro atrás da caçamba, bebendo seu latte feito com leite de soja e mastigando uma barra de granola de sete dólares que comprou no caminho. Quando eu liguei para ele às 6h30 para saber se ele podia me ajudar, ele adorou a ideia, mas eu não achei que fosse se vestir com seu melhor uniforme de guerrilha. Claro que, para Colin, isso quer dizer calça skinny cor cáqui, uma camiseta preta larga, um gorro preto e um cardigã com estampa camuflada. Sim, eu disse cardigã com estampa camuflada.

— Eu já comentei o que você está vestindo? — pergunto. — Porque, de verdade... tenho muito a dizer sobre o assunto.

Ele olha para si mesmo, depois para mim.

— O quê? Você disse que íamos “fazer” um crime, então eu vesti a roupa mais criminosa que eu tinha.

— Colin, em primeiro lugar, você não faz um crime, você comete um, e a única pessoa a cometer qualquer coisa esta manhã serei eu. Você é apenas a distração. E, em segundo lugar, pode ter certeza que nunca na história do mundo um criminoso pensou consigo mesmo: hummmm, sabe o que essa infração pede? Um bom cardigã camuflado. Onde você comprou essa coisa, aliás?

— Eu tenho faz anos. Ao mesmo tempo que me faz parecer durão, é confortável, então pode parar de me encher o saco.

— Parece que você fugiu de um lar pra idosos hipsters que gostam de observar pássaros.

Ele sacode seu enorme relógio com pulseira de couro na frente do rosto.

— Xô! Xô! Acabei de desviar toda a sua energia negativa.

— Quantos cardigãs você tem, aliás?

Ele dá de ombros e bebe mais um gole de café.

— A quantidade normal. Trinta. Quarenta.

Eu reviro os olhos e volto a vigiar o galpão. Quando vejo um caminhão entrando no beco, cutuco Colin.

— É hora do show, Rambo de soja.

Ele vem até a beira e olha para fora, sua cabeça acima da minha. O caminhão dá uma ré até a porta ao lado dos murais e dois caras saem dele. Eu reconheço um deles como meu antigo parceiro de sinuca, “Pat”, o gigante irlandês. Imagino que ele seja o tal Dyson.

Hum. Ator e carregador de móveis. Um homem de muitos talentos.

— Sabe — Colin diz —, se você queria alguém pra distrair esses caras bombados, você deveria ter trazido sua irmã. Eu sei que ela está na França, mas, por mais que eu seja bonito, não acho que esses caras vão se importar muito comigo.

— Claro que vão. Sabe aquele personagem idiota que você interpreta no trabalho?

— Hertzog, o “Turista Alemão Particularmente Idiota”? Ah, ja.

Dou a ele um mapa de Manhattan que comprei em uma banca de jornais no caminho.

— Fique à vontade pra torná-lo extraestúpido hoje.

— Ja, ja, ja! — Ele pega o mapa. — Wunderbar!

Depois que o amigo dele abre a parte de trás do caminhão, Dyson vai direto até o teclado e digita um número. Ele é claramente alguém muito próximo do Harry. A porta faz um ruído quando destranca, e ele a empurra com força antes de entrar. Em um minuto, a porta deslizante se abre e ele chama o outro cara, que eu suponho ser Rosco. Eles saem de novo um tempo depois, carregando uma grande mesa de jantar que parece ser cara.

— E hoje, em Guerra dos Carregadores — Colin sussurra com um sotaque britânico: — Danny e Brett tentam o ouro com uma mesa de carvalho de oito lugares. Eles a colocam no caminhão, agora vamos ver o que vão fazer... Ah, sim, eles vão voltar para buscar as cadeiras. Muito bem, estão em forma, os garotos de Nova York. Se continuarem assim, poderemos vê-los na final.

Seguro a risada e cutuco Colin. Se eu for presa por invasão de propriedade privada, pelo menos estarei rindo no registro da polícia.

— Pronto? — pergunto.

— Eu nasci pronto, fräulein. Você quer que eu fique por aqui até você sair?

— Nah. Assim que eu terminar, preciso ir ajudar Nannabeth na feira. Obrigada, Colinzinho. Você salvou minha vida.

— É, bom, o que posso dizer? Sou altruísta mesmo. Mas, se você quiser me pagar com umas fotos suas usando a roupa de escrava da Princesa Leia, eu aceito. Te vejo na semana que vem.

Dou um tapinha no braço dele enquanto ele sai.

Quando Colin chega ao caminhão, os outros dois homens estão ocupados carregando cadeiras estofadas. Ele então balança o mapa e diz alto:

— Com licença! Vocês poder ajudar eu? Essa sistema de metrrrrô é muita confusa, ja? Onde acho o Time Squarrre? Ser perto daqui?

Os caras colocam as cadeiras no chão e riem.

— Amigo, você virou umas doze esquinas erradas. Nem está mais em Manhattan. Você precisa voltar pro metrô.

— Vocês me mostrarrr onde irrrr?

Por alguns minutos, eles tentam dar instruções verbais, mas, quando “Hertzog” não entende nada, eles descem do caminhão para apontar tudo no mapa. “Hertzog” os afasta da entrada do galpão enquanto tenta entender as instruçõese, assim que eles estão a uma distância segura, é minha hora.

Correndo o mais silenciosamente que posso, eu passo pela porta deslizante. Uma vontade de entrar rolando me toma, mas eu não tenho tempo para isso.

Assim que entro no galpão, fico impressionada com o tamanho dele. A maior parte é apenas um espaço vazio, que daria um rinque de patins genial. Noto que à minha esquerda há algumas luzes iluminando uma pilha de móveis e caixas. O final do espaço está bloqueado por uma cerca de arame, como se fosse uma jaula de segurança. Eu vejo uma coleção de mobília de escritório antiga, incluindo estantes sendo usadas como depósito.

Corro rapidamente até lá e, ao perceber que a porta da jaula está destrancada, eu entro e me escondo atrás do que parece ser uma grande arara de roupas, coberta com um pano de limpeza. Colin deve ter ido embora, porque agora posso ouvir Dyson e Rosco claramente, enquanto eles voltam para buscar mais móveis.

— Melhor corrermos — Dyson diz. — O Harry vai ficar puto se deixarmos a senhorinha esperando estas coisas. — Nenhum sinal de sotaque irlandês. Na verdade, ele parece ser do Queens.

— Por onde ele anda, aliás? — Rosco pergunta. — Ele perdeu a noite do pôquer por duas semanas seguidas.

— Ele está pirando por causa de uma repórter que anda farejando a vida dele por aí. Acho que ele está tentando se livrar dela ou algo assim.

Respiro fundo.

Essas palavras ferem principalmente as partes de mim que estão começando a confiar em Harry. As partes que querem acreditar que o que ele sente por mim não tem nada a ver com armação. É claro que, em contrapartida, meu lado amargo, que está tentando evitar se apaixonar por ele desde o início, se sente vingado por essa prova de que minha desconfiança tem fundamento.

— Vamos — Rosco diz. — Pegue as mesinhas primeiro e voltamos pra pegar o aparador.

— O que é um aparador?

— A coisa grande com gavetas.

— Então só diga “a coisa grande com gavetas”. Você é o quê? O rei da Inglaterra, por acaso?

Eu me sento de pernas cruzadas no chão enquanto eles terminam de carregar o caminhão, tentando me convencer de que ter a confirmação de que Harry estava me enganando não dói.

Viu? É exatamente por isso que eu não me abro. Os homens mentem. Eles te elogiam e flertam, te beijam e te deixam estúpida sempre que querem, mentem para que você sinta coisas. E eles te quebram, do mesmo jeito que meu pai quebrou minha mãe. Eu não deveria estar surpresa com o fato de Harry não ser diferente dos outros, mas estou. Surpresa e decepcionada como jamais estive na vida.

Fecho os olhos e reprimo a dor. Ela só alimenta minha determinação em descobrir o que ele quer tanto esconder.

Finalmente eles terminam de carregar tudo, e o galpão mergulha na escuridão quando eles apagam as luzes e fecham a porta. Assim que o barulho do caminhão desaparece, pego meu celular e ligo a lanterna.

— O.k., Harry. Vamos ver o que é tudo isso.

A primeira coisa que faço é achar o interruptor e acender as luzes, para poder fazer um breve inventário do que está por baixo dos lençóis de proteção contra poeira. Apesar de Dyson e Rosco terem levado um caminhão cheio de móveis, ainda sobrou bastante coisa e, pelo que posso notar, Harry tem uma coleção extravagante deles. Eu me pergunto por que ele quer vender justamente com a minha vó, quando ele provavelmente ganharia muito mais com um antiquarista.

Ele disse que herdou tudo isso, mas de quem?

Junto dos móveis, estão algumas caixas de papelão. Eu abro a mais próxima de mim e reviro seu conteúdo. Há vários troféus com o nome James gravado: baseball, futebol e até um de música. Parece, então, que o cara com quem passei a noite ontem era o Harry de verdade, afinal. Eu não sei como me sinto em relação a isso, ainda mais porque nunca me senti tão íntima de alguém antes. Embaixo dos troféus, está um certificado de excelência musical com o nome de Harry James Potter.

Então James é seu nome do meio.

No fundo da caixa, encontro algumas fotografias amassadas de Harry no Ensino Médio. É estranho, mas o menino das fotos parece muito diferente do Harry que conheço. O Harry adulto é um pouco convencido demais para o meu gosto, mas o jovem Harry parece apenas arrogante. E mais do que só um pouco agressivo. Na maioria das fotos, o sorriso dele parece ser de desdém.

Passo para outra caixa. Ela contém arquivos e cópias de notícias sobre algo chamado Financeira Fulcrum. Conforme leio aleatoriamente os artigos desbotados, uma das manchetes chama minha atenção. James Potter é acusado de fraude durante o colapso da Financeira Fulcrum.

Eu passo o olho pela matéria. A foto de um belo homem de meia-idade me diz que James é o pai de Harry. Nenhum dos outros artigos esclarece o que aconteceu com ele, então faço uma busca rápida no celular.

— Ah, merda.

Parece que o papai querido foi julgado por fraude e corrupção e condenado a oito anos de cadeia. A data indica que isso foi há três anos, e eu imagino que tenha sido por aí que Harry largou a faculdade.

Espalho os artigos pelo chão e tiro uma foto. Eles podem ser úteis para construir o contexto.

Olhando a hora no celular, percebo que tenho que correr, ou sentirei a ira de Nannabeth — sem mencionar o risco de ser pega. Coloco rapidamente as caixas de volta onde estavam e passo para a área cercada. Quando levanto os panos pendurados sobre a arara, descubro que ela está repleta de fantasias. Harry não estava brincando quando disse que tinha um chapéu de caubói e esporas. E, sim, ele também tem um uniforme branco de marinheiro, parecido com o que Richard Gere usou tão bem em A força do destino. Imagino que seja uma fantasia popular.

Ele também tem trajes de bombeiro, motoqueiro, soldado e vários outros. Me pergunto se ele já usou todos, então sinto uma onda poderosa de ciúmes ao pensar nele atuando com outras mulheres.

Droga.

Por que eu não consigo simplesmente resistir a sentir algo por ele? Gostar de alguém que nunca terei não é um sentimento que eu já quis experimentar.

Na lateral da sala, há um pequeno conjunto de gavetas de mogno sobre uma mesa. Quando espio a de cima, engasgo. É rasa e coberta com veludo preto, e contém uma incrível coleção de joias. Pela aparência, são de verdade.

— Uau.

Deve ser daqui que ele tirou o colar que me deu ontem à noite.

De repente, uma possibilidade horrível me ocorre. Harry seria capaz de usar a confiança dessas mulheres ricas para roubar as joias delas? Uma gorjeta involuntária por seus serviços? É esse seu grande segredo?

Meu Deus, não. Ele não faria isso.

O pensamento me deixa enjoada. Eu sei que estou especulando, mas não consigo descartar a possibilidade. O pai dele era um ladrão, um criminoso. Talvez Harry esteja seguindo seus passos.

Estou tão focada em repassar minhas memórias em busca de deslizes de caráter do Harry que dou um pulo quando ouço:

— Elas eram da minha mãe.

Eu me viro e me deparo com Harry parado ali, distante alguns metros, as mãos nos bolsos da jaqueta de couro. Sua expressão é de desapontamento profundo.

Ele parece se sentir como eu, enjoado.

— Eu não sou ladrão, Ginny.

Há uma emoção tão crua na voz dele que eu me surpreendo.

— Eu não pensei que você...

— Pensou, sim. A essa altura, eu já sei como sua mente funciona.

Sinto meu rosto corar de vergonha.

— Há várias peças lindas aqui. Sua mãe tinha bom gosto. Um gosto caro também.

— Meu pai comprou pra ela.

Eu faço que sim.

— Ah, então ele era o Mr. Romance pai?

O rosto dele se contrai e ele dá uma risada curta e amarga.

— Não. Nem um pouco. — Os ombros dele caem. — O que você está fazendo aqui?

Fecho a gaveta e coloco meu celular no bolso.

— Eu só estou tentando descobrir a verdade, Harry.

— Eu tinha toda a intenção de te contar a verdade.

— Quando? — Ele me encara sem piscar. — Eu sei que eu não deveria estar aqui, mas você é o rei da saída pela tangente. Passamos todo esse tempo juntos e eu ainda não sei praticamente nada sobre você, sobre o você real. Você se surpreende por eu achar difícil confiar em você? Sim, nos aproximamos, mas você é um excelente ator. E não vamos esquecer que você disse que me faria sentir algo por você só pra matar minha história. Então a noite divertida no apartamento do Maxwell e o beijo... Pelo que sei, isso é só parte do seu grande plano pra se proteger.

— Meu grande plano foi por água abaixo no minuto em que percebi que era eu quem estava tendo sentimentos.

— Isso é o que você diz, mas, segundo os Gêmeos Anabolizantes que carregaram seus móveis mais cedo, você está pirando por causa de uma repórter que anda farejando por aí, e está dando duro pra se livrar de mim.

Um músculo em seu maxilar pulsa enquanto ele me encara.

— E você achou bem fácil acreditar nisso, não foi?

— Eu sinceramente não sei mais no que acreditar. Meu cérebro dói e, pela primeira vez desde que eu tinha onze anos de idade, meu coração também. E nada disso é gostoso. — Eu esfrego meu rosto, me sentindo cansada e completamente confusa. — Tudo o que eu queria era uma matéria. Só isso. Não queria nada do que quer que seja isso que está acontecendo entre a gente.

— Você acha que eu tinha a intenção de me sentir assim? Porque, caso você ainda não saiba, você é um saco. Você complica a minha vida do jeito mais intoxicante possível, e tudo que eu costumava querer foi pro espaço por causa da minha maldita necessidade de você.

Cada vez que ele diz algo assim, trinca minha armadura um pouco mais. No entanto, se eu acreditar nele, tenho tudo a perder, enquanto ele tem tudo a ganhar. Admitir que o quero significa admitir que ele ganhou e, no momento em que eu suspender minha matéria, ele estará livre para dizer: “Ah, foi mal, esquece. Todos aqueles sentimentos incômodos convenientemente desapareceram. Te vejo por aí!”.

Harry espera eu dizer alguma coisa e, quando eu não digo nada, ele vai até a mesa ao meu lado e tira um porta-retrato da gaveta superior.

— O.k., tudo bem. Parece que vamos fazer ter que fazer isto. — Ele me entrega a foto. — Essa é a minha família de merda. — Eu estudo o rosto dele olhando para mim. — Pelo menos era. Eu não tenho mais uma família.

A foto foi tirada em um jardim, com pessoas que devem ser os pais dele, rindo e abraçando os filhos, dois garotos altos. Eu reconheço Harry, mas não o outro rapaz bonito.

— Esse é meu irmão mais velho, Spencer. Ele morreu de overdose quando eu tinha dezessete anos. — Harry aponta para o pai. — Esse merda é meu pai, atualmente de férias em uma confortável prisão para crimes financeiros, após ter roubado a poupança de centenas de pessoas. E essa... — ele engole em seco e passa o dedo pelo belo rosto da mulher. — Essa... é minha mãe. — Ele a encara com uma expressão sombria. — Ela se matou três semanas depois que meu pai foi preso, o que foi seis meses depois do Spencer morrer. 

Ele abre a parte de trás da moldura e retira a foto.

— Aqui — ele diz. — Você vai precisar escanear isto para a matéria. Spencer teve uma overdose de heroína, caso seu editor pergunte. E minha mãe se matou com soníferos. Meu pai tem uma audiência pra tentar a condicional em alguns meses, mas eu realmente espero que ele não consiga. Ele não merece ficar livre depois de tudo o que fez. Ele morreu pra mim. — Harry empurra a foto na minha mão. — Toma. Você está certa, eu estava te enrolando. Eu prometi uma confissão total, então aqui está.

— Harry...

Ele anda até um arquivo e puxa a gaveta com violência.

— Eu tenho mais fotos do Spencer em algum lugar. Tenho até algumas tiradas em uma festa em que ele parece estar completamente drogado, o que provavelmente estava mesmo. E tem uma boa da mamãe em um evento de caridade algumas semanas antes de ela morrer. — Ele passa o olho por uma caixa de fotos no fundo da gaveta. — Tem até algumas da minha formatura do Ensino Médio. Tenho certeza que você vai rir delas.

Quando eu vou até ele e coloco minha mão no meio das suas costas, ele congela.

— Desculpa — digo —, eu não deveria ter vindo aqui. Eu deveria ter esperado até que você estivesse pronto e eu...

É o máximo que consigo dizer antes de ele se virar, me empurrar contra o arquivo e me beijar. A surpresa me deixa paralisada por um segundo, mas, assim que meu corpo registra o calor dos seus lábios nos meus, eu gemo e abro minha boca para ele.

Jesus, este gosto. A minha fome insaciável dispara assim que ele me beija o mais profundamente que pode. Ele grunhe aliviado quando eu o beijo de volta, e as coisas vão de quentes a incendiárias quando ele me pega no colo e eu enrolo minhas pernas na sua cintura. Ele pressiona minhas costas contra o arquivo enquanto se esfrega em mim. O metal faz um barulho alto quando ele apoia a mão no topo para ter mais equilíbrio. Senti-lo duro como pedra, mesmo por baixo de nossos jeans, leva meu corpo a um nível de excitação que nunca senti antes. Eu me remexo e o puxo mais para perto, tentando conseguir algum alívio para a pulsação incessante entre as minhas pernas.

— Meu Deus... Harry.

Ancoro minhas mãos em seu cabelo, e ele beija meu pescoço, mordendo e sugando, a respiração quente e instável. Eu quero ficar nua com ele. Rasgar as roupas que nos separam e pressionar minha carne febril em sua pele quente e firme. Ontem ele falou sobre a diferença entre transar e foder, e neste momento eu não tenho dúvida alguma de que preciso que Harry Potter me foda, furiosamente e sem pudores.

Com mãos brutas e desesperadas, eu empurro a jaqueta dele para fora de seus ombros, e ele me coloca de volta no chão para poder tirá-la. Minha jaqueta é a próxima peça a ser removida, voando para a mesa enquanto eu pressiono Harry contra a cerca de arame e toco sua ereção.

Ele joga a cabeça para trás e fecha os olhos.

— Merda, Ginny.

— Eu preciso disso — digo, apreciando seu volume duro. — Por favor.

Fico de joelhos e começo a soltar o cinto dele, mas, antes que eu consiga, mãos fortes se fecham sobre as minhas.

— Espera.

Eu olho para ele, confusa.

— Você não pode me dizer que não quer.

— Não estou dizendo. Não tem nada que eu queira mais agora do que te comer até que nenhum de nós dois consiga ver direito... mas não posso.

— Claro que pode — digo enquanto o acaricio por cima do jeans grosso. As pálpebras dele ficam pesadas, e seus dedos se enroscam na cadeia da grade. — Você tira sua roupa, eu tiro a minha. E aí nós fazemos o que quisermos um com o outro, finalmente aliviando o inferno em que nossos corpos estão vivendo. Não precisa ser complicado.

Ele me coloca de pé gentilmente.

— Quer a gente goste ou não, é complicado. E eu tenho que te dizer: vai piorar. — Ele pega minha jaqueta e a devolve para mim. — Quando transarmos, Ginny, eu quero que seja o começo de algo especial. Não uma rapidinha desesperada em um galpão empoeirado. Até porque, depois que tiver ouvido minha história inteira, você pode decidir que isso é mais do que quer de mim.

Ele puxa a cadeira de detrás da escrivaninha e aponta para ela.

— Sente-se, por favor.

Ele pega outra cadeira que está próxima à parede e se senta do outro lado da mesa, me encarando. Essa disposição de lugares faz com que eu me sinta conduzindo uma entrevista de emprego. De certa forma, acho que estou. Com a maioria dos homens, eu me interesso apenas pelo corpo. Assim que a onda de tesão passa, passa também meu desejo de tê-los perto de mim. Com Harry, não. Eu o quero por perto o tempo todo, me tocando ou não, por isso eu espero vagamente que o que ele tem para me contar seja tão imperdoável a ponto de eu nunca mais querer olhar na cara dele.

Harry se inclina para a frente, antebraços sobre as coxas, mãos entrelaçadas. A expressão dele é tão grave que fico realmente preocupada.

— Eu não falei da minha família até agora porque eu estava... envergonhado. Eu não estava pronto pra te mostrar a pessoa que eu costumava ser. Mas... nada do que vou dizer agora muda o que sinto por você. Eu preciso que você saiba disso.

— Jesus, Harry, você está me assustando de verdade. Você matou alguém ou coisa assim?

Eu espero que ele ria, porque chutei algo absurdo na expectativa de aliviar o clima, mas ele não o faz.

— O que você diria se eu tivesse matado?

Procuro por algum sinal de que ele esteja brincando e engulo em seco ao não encontrar nenhum. Quando ele nota o horror no meu rosto, desvia os olhos.

— A primeira coisa que você precisa saber é que, desde que eu me lembro, meu pai sempre torturou minha mãe.

Isso faz minha pele gelar.

— Ele era violento?

— Não com os punhos, mas ele a golpeava com palavras todo santo dia. A atormentava. A diminuía. Praticava uma guerra psicológica sempre que podia. Desde então, eu descobri que ele é um narcisista maligno, o que deve te dar uma ideia do quão ruim ele era. E a confissão mais vergonhosa que eu poderia fazer pra mulher que eu gosto é que... — ele respira — ... houve um tempo em que eu quis ser exatamente como ele.

Fico chocada. Esse homem — que é cavalheiro e educado, que puxa cadeiras e segura portas com tanta deferência e cuidado —, ele admirava o pai abusivo?

— Harry, eu acho bem difícil de acreditar nisso.

A expressão dele fica ainda mais séria.

— Mas pode acreditar. Antes de tudo ir pro inferno, as pessoas achavam que éramos uma ótima família. Rica, amorosa, bem-sucedida. Era tudo mentira. — Ele foca em um ponto na parede atrás de mim, o que deixa claro que admitir tudo isso é mais fácil quando ele não está olhando nos meus olhos.

— Meu pai tratava minha mãe como se ela fosse um cidadão de segunda classe e fazia Spencer e eu pensarmos que éramos deuses. Nós fomos doutrinados a acreditar que os homens comandavam o mundo e as mulheres obedeciam, então nem questionávamos a forma como ele tratava nossa mãe. Era natural. Quando enfim crescemos o suficiente pra perceber que nem todas as mulheres eram tratadas assim, era tarde demais.

Ele sacode a cabeça, com raiva de si mesmo.

— Pra nós, o trabalho da nossa mãe era nos manter alimentados e deixar a casa organizada, além de estar sempre bonita e ser simpática com os amigos ricos da alta sociedade de papai. O mundo dela deveria girar em torno da gente, e era assim que gostávamos. Especialmente meu pai. A masculinidade tóxica em seu melhor.

Ele olha para a caixa de jóias, a vergonha estampada em suas feições.

— Na minha cabeça não há nenhuma dúvida de que nós somos o motivo pelo qual ela se matou. O sangue dela está em nossas mãos. Principalmente nas minhas. — Ele aperta as mãos como tanta força que as articulações estalam.

Não sei como ele reagiria se eu o tocasse agora, então eu só tento tornar minha voz o mais reconfortante possível.

— Harry... eu não sei por que sua mãe fez o que fez, mas você não pode assumir a responsabilidade por...

— Ela me pediu ajuda. — Ele tensiona o maxilar — Ela tentou falar comigo sobre o que estava sentindo e eu... eu a ignorei. Eu não tinha tempo. Eu tinha coisas mais importantes a fazer. — Ele fica quieto. — Ela tentou me dizer que estava lutando contra a depressão e eu a ignorei.

Eu não sei o que dizer. Como posso consolá-lo em relação a isso? É algo que ele vai ter que carregar pelo resto da vida.

— Eu sinto muito.

Ele encara um ponto no chão.

— Quando me lembro de como tratei minhas namoradas no Ensino Médio, até as poucas garotas com quem saí na faculdade, fico horrorizado. Tenho nojo de ter sido moldado à imagem do meu pai. — Ele olha para mim, um mundo de arrependimento em seus olhos. — Eu sei que você não confia em mim... que você pode nunca confiar em mim... mas eu estou realmente tentando balancear o karma e compensar o que fiz. Eu dou às minhas clientes o homem que elas precisam, seja ele quem for. Não pude fazer isso pela minha mãe, mas eu com certeza posso fazer por elas.

É difícil para mim imaginar Harry tratando mulheres como posse, mas talvez a raiva que vi nele ontem à noite, o lado duro e dominador de Maxwell, tenha sido um vislumbre de como isso seria.

— A ligação ontem à noite...

— Era meu pai. Ele fica falando sobre todas as coisas que vamos poder fazer juntos quando ele sair. Eu só quero espancá-lo pelo que ele fez com a minha mãe. No entanto, por mais satisfatório que isso possa ser, não a traria de volta. E não mudaria quem ele é. Não importa quantas pessoas meu pai ainda destrua, ele sempre vai pensar que é o sol e que todo o restante do sistema solar deve girar em torno dele. — Harry balança a cabeça. — Mas eu não me importo mais, não tenho pai.

Bom, aí está algo que nós dois temos em comum.

— Talvez seu pai e meu pai devessem se juntar e ir jogar boliche. Formar um vórtex de idiotice.

Ele tenta sorrir, mas não tem muito sucesso.

— Vivian disse que você precisou se tornar o Mr. Romance por causa de problemas financeiros.

Ele faz que sim.

— Papai jogava. Compulsivamente. Quando ele foi pego, nossa casa foi hipotecada e o negócio da família começou a morrer, então ele vendeu quase todos os nossos bens. Depois, gastou mais pilhas de dinheiro com o julgamento, e eu tive que sair da faculdade porque não podia pagar a mensalidade.

Ele faz um gesto apontando o lugar em volta.

— Mamãe me deixou este galpão no nome do irmão dela, mas ninguém quis comprar. Mesmo após vender nossa casa e a casa nos Hamptons, eu ainda fiquei com uma montanha de dívidas. Quase tudo o que ganho hoje em dia vai pra pagá-las. Outra parte vai para a fundação Valentine, pra ajudar mulheres como a minha mãe, e de alguns em alguns meses eu vendo o que sobrou das nossas coisas, pra conseguir dinheiro. Eu ainda não comecei a vender as joias por respeito à mamãe, mas um dia vou ter que vendê-las.

— O colar que você me deu...

— Era o favorito dela. Pelo menos eu acho que era. Nunca perguntei. Era o que ela mais usava.

Eu me inclino para a frente e coloco minha mão sobre a dele.

— Meu Deus, Harry. Eu sinto muito mesmo.

Ele brinca com os meus dedos.

— Ontem à noite, quando você estava falando sobre como seu pai fazia você se sentir, me soou muito familiar. Eu me perguntei quantas vezes meu pai também olhou para a minha mãe como se ela não estivesse lá. Tenho certeza que eu e Spencer também fazíamos isso o tempo todo. Nós a ferimos da mesma forma que seu pai te feriu, então... é. Acho que você está certa em ter medo de mim.

Ele se levanta e volta a pegar fotos, colocando-as sobre a mesa.

— Então, aqui está uma história suculenta pra você. Filho torturado tenta compensar os erros do pai ao ajudar mulheres parecidas com sua mãe a se sentir amadas. Seu editor vai se mijar de felicidade com as possibilidades de manchete.

— Harry, eu não preciso escrever isso. Você definitivamente me fez mudar de ideia sobre sua motivação e, segundo nosso acordo...

— Dane-se o acordo. Escreva a matéria, Ginny. Eu vou me preparar para a repercussão. — A expressão dele endurece. — Eu fugi disso tudo por tempo o suficiente. Hora de encarar e seguir em frente. Todos nós temos momentos na vida em que temos que decidir se preferimos ficar confortáveis em nossa bolha de ignorância ou se queremos melhorar. Estou determinado a ser melhor. Um homem melhor do que fui educado pra ser. Só o tempo poderá dizer se conseguirei.

Eu quero abraçá-lo e dizer a ele que, às vezes, pessoas boas fazem coisas ruins... e é tão claro que ele já conseguiu. Mas depois de tudo isso, ele se fechou e, ao tentar tocá-lo, ele se afasta de mim.

— Eu preciso ir — ele diz. — Não quero desagradar a Nannabeth por ter me atrasado pra vender meus próprios móveis. — Ele coloca a caixa de fotos sobre a mesa e olha para as fotografias por alguns instantes. — Fique o tempo que quiser. Pegue o que precisar. Me ligue se tiver perguntas. — O olhar que ele me lança é o de um homem derrotado. — Só prometa que não vai me poupar de nada. Se tem algo que eu não mereço, é misericórdia.

Então ele vai embora. Quando a porta se fecha atrás dele, eu me sinto tão vazia quanto o espaço à minha volta.


Depois do que acaba de acontecer, não tenho vontade de voltar à pesquisa. Contudo, tenho a impressão de que é importante para o Harry que eu escreva esta história, então prometo a mim mesma que o farei da forma mais sensível possível. Depois de enfiar fotos e documentos na minha bolsa, eu apago as luzes e saio.

Agora que sei como ele costumava ser, meus sentimentos são ainda mais conflitantes. Ele admitiu ter sido exatamente o tipo de homem que me causou inúmeras cicatrizes. E, mesmo assim, isso não tornou nem um pouco mais fácil ignorar a necessidade desesperada que tenho de estar com ele. Talvez eu seja mais parecida com a minha mãe do que eu gostaria. Ou talvez Harry seja menos como meu pai do que acredita ser.

Estou subindo as escadas do metrô, no caminho para o mercado, quando meu telefone toca. Eu sorrio para a tela antes de atender.

— Estou chegando, Nannabeth. Desculpa pelo atraso.

— Neta querida, está tudo bem. O dia em que você aparecer na hora é o dia em que cairei pra trás e morrerei de choque. — Ela ri, o que me faz sorrir. A risada de Nannabeth é travessa e contagiosa, capaz de tornar até a mais trágica situação suportável. — Eu só queria te dizer que Sean, o advogado, acabou de chegar, e ele está ainda mais bonito e solteiro que o habitual.

— Nan...

— Espera, só me escuta antes de dizer que eu estou me metendo nos seus assuntos. Não estou. É um conselho para a vida. Você acha que alguém como ele aparece todo dia? Porque eu estou aqui pra te dizer: não aparece. Ele é limpo, tem estilo, um cheiro fantástico, é educado com velhas senhoras — só me pare quando eu te convencer —, tem um ótimo corpo, os olhos dele são incríveis, ele tem um excelente senso de humor, ele é...

— Um impostor. — Deus, eu odeio desapontar Nan, mas aí vamos nós. — Ele não é Sean, é Harry, um dos acompanhantes mais bem pagos de Nova York.

Um silêncio paira por alguns segundos, então ela suspira:

— Ah, Ginny. Você e seu senso de humor bizarro.

— Nan, é sério. Eu estou escrevendo uma matéria sobre ele. Eu venho pesquisando a vida dele há semanas, e ele acabou de me contar que o pai era um narcisista cruel que o educou pra ser um porco machista. Ele diz que mudou  que está tentando compensar todo o mal que causou, então...

— Mas ele parece tão... amável. Você está me dizendo que ele era um babaca total e que agora faz sexo por dinheiro?

— Não. É uma longa história. De qualquer forma, eu preciso reavaliar como me sinto em relação a ele depois de ter recebido essas informações novas.

— Ele já te maltratou? Seu radar pra babacas é muito bom, querida. Deus sabe que você já dormiu com muito deles. O que seu instinto diz?

Eu olho para os dois lados antes de atravessar uma rua movimentada.

— Eu não sei, Nan. Eu acho que ele tem se esforçado muito pra se tornar um bom homem, mas parte de mim ainda não confia nele.

— Será que é a parte que tem um medo patológico de compromisso?

Eu reviro os olhos enquanto entro na fila de um café perto do metrô.

— Acho que é possível.

— Eu não estou te dizendo o que fazer, querida, mas você parece ter uma conexão verdadeira com ele. Talvez você devesse dar uma chance de ele provar que tipo de homem é.

— Isso realmente parece com você me dizendo o que fazer.

Ela faz uma pausa.

— Ginny, eu só quero ter certeza que você não vai estragar as coisas com ele só porque é muito teimosa. Não quero que você cometa os mesmos erros que eu.

— Erros com homens?

— Sim, erros com homens. Você nunca se perguntou por que eu nunca me casei de novo?

— Eu... bom, eu...

— Deixa eu adivinhar. Você acha que eu amava tanto seu avô que não conseguiria suportar substituí-lo? Ah, Ginny. — Eu ouço um suspiro baixo. — Seu avô era um bom homem, e eu o amei do meu jeito, mas sua morte não acabou comigo. Eu só nunca senti necessidade de substituí-lo. O coração é uma coisa engraçada. Se ele passa muito tempo do mesmo tamanho, acaba preso naquela forma.

Finalmente chega minha vez de ser atendida, e eu, com um sinal, peço um latte grande. Nan deve estar subindo pelas paredes por cafeína, e esse é o café favorito dela.

— Então você namorou nestes últimos anos?

— Mais do que você pode imaginar. Mas eu disse tantas vezes a mim mesma que eu não preciso de ninguém que comecei a acreditar. Parece alguém que você conhece?

— Nan... — Eu pago meu pedido no caixa antes de ir para o lado para esperar que fique pronto. Estou me sentindo sensível demais para ter essa conversa nesta manhã, especialmente depois do que acabou de acontecer.

— Querida, deixa só eu dizer mais uma coisa e aí vou calar a boca. Ficar sozinha tempo demais não é saudável. A solidão é como um quarto grande e vazio dentro de você, que ecoa o som da vida que você não está vivendo. Então você o acaba preenchendo com coisas: trabalho, amigos, bichos de estimação e, com o tempo, fica suportável, e então confortável. Depois de muitos anos, é tão seguro e quentinho que se torna o novo normal. Mas a pior parte é que esse quarto fica tão cheio de falsos confortos que não cabe mais ninguém. E você merece mais que isso. Você merece o mundo, e esse Harry...

Eu me encosto na parede e fecho os olhos.

— Nan, por favor, não me diga que ele pode me dar o mundo. Meu coração feminista não aguentaria.

— Eu ia dizer que ele pode ser o seu mundo, e você poderia ser o dele. Se você permitir.

É só isso o que preciso fazer? Deixar que ele seja meu mundo? Ela poderia me pedir também para pegar a lua e atirá-la de estilingue de volta para as estrelas.

— Eu vou pensar nisso, Nan, o.k.? — O barista chama meu nome, eu pego o café e saio para a rua.

— É só o que estou pedindo, bolinho. Eu quero te ver feliz. Quando eu tinha sua idade, eu era... — ela para abruptamente e faz um barulho que nunca a ouvi fazer antes.

— Nan? Você está bem?

— Sim — ela diz, mas sua voz falha. — Eu só estou... um pouco tonta. Não comi quase nada ainda. Nem bebi meu café.

— Eu estou levando seu café agora mesmo. Se você tiver muita sorte, eu também levo um daqueles brownies de chocolate duplo que você gosta tanto, mas você tem que me prometer parar com todas essas conversas relacionadas a homens.

— Parece... bom. Eu...

Ela fica quieta, e eu ouço um baque e gritos nervosos.

— Nan? — Meu coração vai parar na garganta. — Nan? Você está aí?

Eu ouço passos corridos e desordenados, e então a voz de Harry se destaca do restante do barulho. Há algo errado no tom dele. Duro demais, em pânico demais.

— Nannabeth! Nannabeth, acorda. Ei, vamos lá. Acorda pra mim. — Há uma pausa — Merda. Ela está sangrando. Alguém chama uma ambulância! Agora!

Ouço o som de algo arranhando e ele entra na linha.

— Ginny?

— Harry, que merda está acontecendo?

— Nannabeth desmaiou. Acho que ela bateu a cabeça na calçada.

— Ela está bem? — O meio segundo que ele demora para responder é longo demais. — Harry!

— Eu não sei. Ela tem pulso, mas está fraco. A ambulância está vindo.

Sem ouvir mais nada, eu derrubo o café no chão e começo a correr.





Notas Finais


Que Nanabeth fiquei bem🥺


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