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História Mr Romance-Hinny - Rock Shop


Escrita por: LiviaWsleyy

Capítulo 9 - Rock Shop


— Ginny, você quer outra bebida? — Asha enfia a cabeça pela porta do meu quarto e franze a testa quando me vê no computador trabalhando. — Ei, é domingo à noite. Hora de parar um pouco e soltar esse cabelo.

Eu aponto para o penteado estiloso que ela e Joanna cismaram de fazer em mim meia hora atrás: com uma chapinha, meu frizz de sempre foi moldado em cachos suaves e sensuais.

— Está solto. Embora eu preferisse ter feito só um rabo de cavalo e pronto.

— Não seja ranzinza. Nós vamos pra balada, então você precisa estar tipo“gata da balada”.

— Isso é diferente de “gata normal”?

— Claro que sim. Como você não sabe disso?

— Porque eu não vou pra balada.

— O.k., só acredita em mim. Você quer outro drinque? Temos tempo pra mais um antes de sair.

Eu olho de volta para a tela do computador e balanço a cabeça.

— Não, tudo bem.

— Tá, esteja pronta pra sair em vinte minutos.

— Estarei.

Quando ela sai, eu continuo peneirando as informações que Colin me mandou sobre o galpão que achamos em Greenpoint. Tem tanta coisa que nem sei por onde começar. Tem a escritura do prédio, contratos de aluguel, inquilinos anteriores... Mas tentar achar algo que me leve à identidade verdadeira de Harry é como procurar uma agulha num palheiro. Ele deve ter alguma ligação com Reggie Baker, se não por que o nome dele estaria registrado naquela caixa postal?

Estou procurando mais informações sobre Reggie quando uma notificação de

e-mail aparece. Eu abro a mensagem.

De: Harry Potter <[email protected]>

Para: Ginny Weasley<[email protected]>

Assunto: Orientações de comportamento

Data: Domingo, 7 de maio.

Cara senhorita Weasley,

Conforme a nossa conversa ontem, segue uma lista de orientações para nossos próximos encontros. Por favor, faça o possível para cumprir rigidamente todas elas.

1. Quando você me encontrar nos próximos dias, eu posso parecer/soar/agir de forma diferente do que você espera. Por favor, respeite a integridade do meu personagem e não rejeite ou questione o que eu disser.Para qualquer interpretação ser bem-sucedida, os participantes precisam suspender sua descrença. Eu sei que você é naturalmente cética, então aceitar um personagem diferente pode ser difícil, mas eu peço que faça o possível para mergulhar na experiência.

2. Qualquer personagem que eu escolha para nosso encontro estará atraído por você. Por favor, deixe de lado sua desconfiança em relação a mim e aceite esse cenário. O único jeito de escrever uma matéria equilibrada sobre mim e minha popularidade é entendendo completamente minhas clientes e a mentalidade delas — e isso significa abrir sua mente para um mundo de romance animador e vivaz. Fingir e enganar são duas coisas completamente diferentes e, para que você entenda por que eu não acredito que meu trabalho seja imoral, é importante aprender a diferença.

3. Tentar atrapalhar minha concentração ou me tirar do personagem não vai funcionar. Aconselho você a fazer uma lista mental de perguntas sobre o meu método, e eu as responderei em uma entrevista separada, depois do encontro. Me chamar de Harry ou quebrar a ilusão, por qualquer motivo que seja, implicará o fim do encontro e do nosso acordo.

4. Até que tenhamos chegado ao fim deste experimento, é estritamente proibido descrever meus métodos para terceiros. Entendo que sua irmã está a par de informações sensíveis que dizem respeito a mim e à minha identidade— e isso em parte tem a ver com minha escolha de envolvê-la na situação com Kieran — mas, por favor, ninguém além dela deve saber. Fique à vontade para fazer anotações do que descobrir para a sua pesquisa, mas assegure-se de que elas permaneçam sob sigilo.

5. Nossos encontros podem envolver contato físico. Quero te garantir que não te forçarei a fazer nada que você não queira. Eu não pratico nem aceito assédio sexual. Ontem eu posso até ter ameaçado te beijar sem consentimento mas eu não tinha intenção de seguir em frente. Sendo assim, se em qualquer momento você achar que estou passando dos limites, simplesmente use a palavra “veto” e eu pararei. Essas experiências devem te empoderar, não te fazer sentir ameaçada ou com medo. Se você estiver extremamente incomodada, diga “veto” três vezes seguidas, e a interpretação terminará. Como você deixou claro que não quer ser beijada durante nossas interações, essa decisão só poderá ser revertida com uma ordem verbal sua.

6. Como mencionei anteriormente, as clientes têm liberdade para tocar a maior parte do meu corpo. Isso inclui, mas não está limitado a, meu rosto, cabelo, braços, peito e costas. Você não pode me tocar abaixo da cintura sem permissão verbal explícita. Qualquer violação dessa regra resultará no fim imediato do encontro. Eu também limitarei meu contato físico com você às áreas acima citadas. Naturalmente, eu não tocarei seu peito em momento algum, a não ser que você explicitamente me convide a fazê-lo. Contato sexual explícito não é parte dos meus serviços. Você pode me pedir para tocá-la de forma mais íntima, mas é uma decisão minha fazê-lo ou não.Minha decisão quanto a esses assuntos é final. Coerção prolongada ou contínua da sua parte acarretará o fim imediato do encontro.

Se você tem problemas específicos ou objeções em relação a qualquer coisa contida nesta mensagem, por favor, responda este e-mail o quanto antes. A ausência de resposta será interpretada como um acordo verbal tácito de agir conforme este documento.

Ansioso para vê-la em breve,

Saudações,

Harry

Quando termino de ler, balanço a cabeça. Como as mulheres podem achar isso romântico? Tem tantas regras sobre como se comportar e o que pensar que toda a alegria de ser espontânea deve ser sugada. Eu sei que devo manter a mente aberta para conseguir a matéria, mas ainda estou cética de que ir a esses encontros vai causar algo além de reforçar minha ideia de que o que Max faz é brega e inescrupuloso. Eu não ligo para o quanto ele é atraente. De jeito nenhum ele consegue estabelecer uma conexão real e significativa com alguém ao estar restrito por toda essa baboseira. Eu admito que as mulheres podem desejá-lo, mas duvido que o amem.

Levanto a cabeça quando Joanna bate na minha porta.

— Oi! Pode trocar de roupa, vamos sair daqui a pouco.

Eu olho para meu jeans skinny e minha camiseta cinza de gola V:

— Já estou vestida.

Joanna ergue as sobrancelhas e me dá um daqueles sorrisos com uma ponta de Meu Deus, sério?

Ela sorri para mim e eu sorrio de volta, até que ela finalmente diz:

— O.k., então. Vamos curtir!

Asha diz que nosso carro vai chegar em dez minutos, então guardo meu computador e coloco minhas botas.

Sabendo que Asha e Joanna parecem protagonistas de uma série chamada Jovem, bonita e descolada em Manhattan, dou uma esfumada no olho e passo um gloss antes de elas me arrastarem escada abaixo e depois para dentro do carro. Meia hora mais tarde, paramos na frente do Rock Shop, um dos lugares de música ao vivo mais badalados da cidade. Apesar de estarmos uma hora adiantadas para o show principal, o lugar já está lotado.

— Eu estou tãããããão animada — Joanna diz, ignorando a fila de pessoas que esperam para entrar. Ela nos leva direto até dois seguranças enormes. — Esta noite vai ser incrível.

Os seguranças mal olham para ela e levantam a corda de veludo vermelho, nos deixando entrar. Asha e eu nos entreolhamos.

— Como? — sussurro.

Ash dá de ombros.

— Não tenho ideia, mas quanto mais tempo passo com ela, mais eu percebo que ela conhece todo mundo. Talvez todas aquelas histórias mirabolantes sejam verdade no fim das contas.

Empurramos a pesada porta da entrada e somos imediatamente atingidas por uma muralha de som. Cinco minutos depois de ter entrado no lugar, me lembro do porquê raramente vejo bandas ao vivo. Como se o barulho ensurdecedor, o chão grudento e a multidão não fossem o suficiente para me irritar, ainda tem os apertões anônimos na minha bunda enquanto abrimos caminho até o bar.

— Vamos virar uns shots! — Joanna grita por cima da música. — Eu pago!

Nós três já bebemos dois drinques cada uma, mas eu ainda me sinto completamente sóbria. Sorrio quando Joanna faz o barman alinhar três doses de tequila.

Eu me recosto nela.

— Agora sim! — Se nada mais der certo, posso pelo menos confiar na tequila para me divertir.

Todas nós viramos uma dose, e tremo um pouco quando ela queima em todos os lugares certos.

— Uau, esses caras são muito bons! — Asha diz no meu ouvido, apontando para as pessoas que estão tocando no palco. — Eles são só uma das bandas de abertura, mas realmente animaram a plateia.

Eu olho para o mar de corpos em frente ao palco. Eles realmente parecem estar se divertindo.

Depois que viro minha segunda dose, paro de sofrer. Joanna sugere que a gente vá mais para perto do palco, então nos damos as mãos e abrimos caminho pela multidão dançante.

Tenho que admitir que a música está me ganhando. Com um pouco de álcool no meu sangue, eu consigo entender porque a energia deste tipo de evento anima as pessoas. As luzes, o som, a massa de pessoas empolgadas. Está funcionando para mim.

Dou uma rápida olhada em busca de Harry, mas não o vejo em lugar algum.Na verdade, há pouquíssimos homens aqui hoje, e todos parecem ter armado acampamento no bar. Muitas das mulheres em volta, porém, parecem sofisticadas o bastante para serem clientes do Harry. Eu me aproximo de uma que está usando diamantes demais para alguém que curte este tipo de música.

— Eles são ótimos! — digo a ela, que sorri e confirma. — Você veio com alguém?

Ela me dá um sorriso de pena.

— Ah, querida, você é uma graça, mas eu estou esperando meu namorado.

Ele vai chegar em dez minutos.

Eu dou um falso suspiro de decepção.

— Ah, bom. Azar o meu. Aproveite a noite.

O.k., ela tem potencial.

Eu me afasto, mas continuo mantendo uma boa visão dela, só por garantia.

Asha me cutuca.

— O que você está fazendo?

— Nada.

— Então para de assediar estranhas e vem dançar com a gente.

Eu continuo vigiando a área enquanto danço com as garotas, tentando me divertir. Quando conseguimos chegar na frente do palco, nos juntamos a todo mundo, jogando os braços para o alto no ritmo da música. Acho que nunca fiz isso antes e, neste momento, não consigo imaginar por que demorei tanto. Talvez Harry estivesse certo quando disse que eu não me divirto o suficiente.

Eu grito e bato palmas com todas as outras pessoas quando a banda termina.

Alguém sobe no palco para falar com a plateia e anunciar a próxima banda, e nós silenciosamente concordamos em fazer uma merecida pausa.

— Vocês querem água? — Asha pergunta.

Joanna e eu assentimos vigorosamente.

— Eu vou com você — Joanna diz.

Elas se viram para ver se eu quero ir junto, mas prefiro ficar à espreita do sr.Potter.

— Valeu — digo —, vou esperar aqui.

Mantenho os olhos na minha presa, que agora está falando com outras mulheres igualmente luxuosas. Talvez todas elas façam parte do exclusivo fã-clube de M.R.

Enquanto elas conversam, levanto meu cabelo com as mãos e me recosto na enorme torre de caixas de som para recuperar o fôlego. Há uma onda de movimento no palco por causa da troca de equipamentos.

Depois de alguns minutos, o produtor volta ao palco e anuncia:

— E, agora, um dos nossos cantores/compositores mais populares vai nos entreter até a hora do show. Por favor, deem boas-vindas a Caleb Skyes!

As mulheres em volta de mim gritam sem parar, o que me faz desejar ter trazido tampões de ouvido, como tinha planejado.

Eu olho para o palco no momento em que uma batida começa, acompanhada de uma voz tão sedutora que ganha imediatamente toda a minha atenção.Quando eu me movo para ter uma visão melhor, sou atingida por uma onda de choque e descrença. O cantor alto e musculoso com essa voz de sonho, cabelo bagunçado e barba por fazer é... Harry.

— Puta merda do cacete.

Minha cabeça está girando. Que merda está acontecendo? Talvez seja só alguém parecido com o Harry, e eu esteja tão obcecada com ele e essa história toda que esteja vendo coisas.

Estudo o cara na minha frente. Jeans escuro e meio caído, com um cinto grosso. Camiseta preta justa que deixa à mostra uma coleção impressionante de tatuagens. Braços musculosos tocam uma Gibson, enquanto lábios sensuais roçam o microfone. É impossível negar: é o Harry. Só que em uma versão totalmente diferente daquela que conheço.

Olho em volta, desesperada para que Asha confirme o que estou vendo, mas não consigo encontrá-la em lugar nenhum. Não ajuda em nada o fato de as mulheres em volta de mim terem decidido cercar o palco e, mesmo quando eu tento me mover na direção do bar para encontrar minha irmã, sou carregada para a frente, até ficar a apenas alguns metros das pernas de Harry.

Fico parada ali, de boca aberta, enquanto a primeira música termina e a próxima começa. Então este é o encontro que ele planejou para sua cliente? Uma clássica fantasia de rockstar? Cara, a Asha estava certa. Todo mundo mesmo tem uma dessas. E, a julgar pelo jeito como meu corpo está reagindo a tudo isso, isso me inclui.

As mulheres chiques ainda estão reunidas em um grupinho, olhando para ele com uma adoração feroz. Harry parece completamente alheio a tudo, menos à música. Gosto disso, porque tenho uma forte suspeita de que, se ele olhar para baixo e me vir, sua reação não vai ser muito boa. Eu disse a ele com todas as letras que eu não viria para que ele pudesse trabalhar sem ser observado, e ele não me parece o tipo de homem que aprecia mentiras deslavadas como essa.

Por precaução, tento me esconder atrás da garota na minha frente. Ela é mais baixa que eu, então não funciona muito bem, mas eu faço o que posso. Tentando parecer o menos suspeita possível, eu me viro para a loura ao meu lado, que está olhando para Harry como se ele fosse um Messias roqueiro sexy.

— Você conhece esse cara? — pergunto.

Ela confirma.

— Já vi ele tocando aqui algumas vezes. Lindo, né? E essa voz...

— Sim, ele é ótimo. Você já o viu tocar em outro lugar? Ele tem algum álbum? — Quero saber exatamente quão elaborada é essa coisa toda.

Ela faz que sim.

— Ele vende CDs depois do show. Autografa e tudo. Na minha opinião, vale gastar os vinte dólares só pra conversar um pouco com ele. — Então além de vender móveis ele também vende CDs? Quantas fontes de renda esse cara tem?

A mulher olha por cima do meu ombro.

— Não conta pro meu namorado, mas eu comprei o CD dele três vezes nos últimos meses. — Ela pisca para mim, e isso não ajuda em nada a me convencer de que não caí em algum tipo de buraco negro e fui parar em um universo paralelo.

Eu olho de volta para Harry, o deus do Rock. Ele parece tão confortável lá em cima, cantando e tocando como se tivesse nascido para isso... Nada parece nem remotamente falso. Eu achava que a voz dele era sexy ao falar, mas não tenho palavras para descrevê-la cantando. É áspera e suave ao mesmo tempo. Como veludo negro envolvendo uma lixa.

Não tenho ideia se foi ele mesmo quem compôs as músicas que está cantando mas ele com certeza é convincente. Harry é uma dessas pessoas que faz cada palavra parecer vir de um lugar profundo em seu interior. Ele não está apenas cantando letras, mas expressando emoções.

Enquanto continuo maravilhada com o tamanho dessa ilusão, e com o talento dele, ele e a banda tocam mais quatro músicas. No fim, eu já nem ligo mais se é tudo fingimento. Sou fã de Caleb Skyes e sua música comovente e sensual.

Quando termina a quinta música, Harry tira o cabelo dos olhos e sorri. As mulheres à minha volta gritam e aplaudem.

— A gente só tem tempo pra mais uma. Algum pedido?

Sem hesitar, pelo menos uma dúzia de vozes grita:

— “Deep”!

Harry ergue as sobrancelhas.

— Vocês querem “Deep”? — Todas elas gritam que sim. — Mesmo? — Elas gritam de novo. — Têm certeza? Quer dizer, a gente sempre toca “Deep”. Vocês não querem algo diferente hoje? — Elas gritam que não, então Harry dá de ombros derrotado. — Bom, o.k., mas vocês sabem o que isso significa, certo?

— Todas gritam de novo. Deus, eu vou mesmo ficar surda aqui. — Significa que preciso chamar uma adorável moça pra subir no palco. — Mais gritos, ainda mais altos desta vez, e elas todas pulam e jogam as mãos para o alto, tentando ser escolhidas.

Oooook. Agora eu vou descobrir quem ele trouxe para o encontro. Já fico preparada, com o celular na mão. Se eu conseguir uma foto, talvez possa descobrir a identidade dela. Duvido que alguém muito importante permitisse algo tão público, mas nunca se sabe. Algumas dessas mulheres da alta sociedade têm contatos influentes. Pode ser alguém famoso por associação.

Harry escaneia a plateia, fingindo considerar suas opções.

É, bela atuação, amigo.

Eu fico de olho nas garotas ricas. Como todas as outras mulheres, elas estão com os braços levantados e pulando, desesperadas para serem escolhidas.

Quando a plateia chega ao auge da excitação, Harry me olha bem nos olhos e aponta para mim.

— Você, ruiva bonita. Sobe aqui.

Meu queixo cai no chão.

— Ah... eu... hum...

— Agora, linda, por favor. Não me faça esperar.

A plateia grita e assobia em aprovação e eu sinto mãos me empurrando para a frente, enquanto vozes gritam quanta sorte eu tenho e como estão com inveja.

Deus. Isto definitivamente não é o que eu esperava desta noite. Harry anda até a beirada do palco e estende a mão.

— Não fique nervosa — ele me dá um sorriso sedutor —, eu vou cuidar bem de você.

Merda maldito cretino bosta. Então eu sou a cliente dele? Pelo amor...

Ele fez toda aquela cena na feira só para jogar uma psicologia reversa em cima de mim? Me disse para não vir porque tinha certeza de que eu viria?Cara, eu me sinto tão estúpida. E agora, uma casa noturna lotada está vibrando ao me ver dar a mão para Harry e subir os degraus até o palco. 

Isso é loucura.

Estou à beira de um ataque histérico de riso quando Harry me coloca atrás de um microfone. Ser o centro das atenções nunca foi algo de que eu gostasse.

— Então, qual é o seu nome? — ele pergunta, inclinando o microfone para mim. Eu o olho com raiva, mas ele não reage.

— Ah, oi... eu sou... hum... Ginny. — Todos gritam. Meu Deus do céu, nenhuma dessas mulheres vai ter voz amanhã.

— Prazer em te conhecer, Ginny. — Harry lança um olhar lânguido que me faz pensar que ele está me imaginando nua, mas não de um jeito nojento. De um jeito meio eu quero saber se você é tão gostosa quanto parece.

Reforçando minhas suspeitas, ele lambe os lábios antes de dizer:

— Então, você toca guitarra, Ginny?

Quando engulo em seco e balanço a cabeça, ele me dá um sorriso malandro.

— Agora toca.

Ele me coloca na frente dele e passa a guitarra pelo meu ombro.

— Vamos te arrumar aqui.

Fico arrepiada quando ele tira meu cabelo de debaixo da faixa de couro. Ele está logo atrás de mim, e o calor dos holofotes não é nada comparado ao que emana dele. Fico tensa quando ele coloca uma palheta na minha mão e começa a guiá-la pelas cordas.

— Bem assim — ele murmura, envolvendo minha mão com a sua e me fazendo tocar as cordas em um ritmo constante. — Muito bem, você nasceu pra isso. — A cabeça dele está quase no meu ombro, e as mulheres na plateia assobiam para nós. Eu fecho os olhos e tento respirar regularmente.

O.k., é agora que eu preciso me lembrar de que é tudo fingimento. Eu sei que Harry me disse para suspender minha descrença, mas isso foi antes de eu entender direito no que estava me metendo. Eu achei que Kieran fosse um dos homens mais sexys que eu já tinha visto, mas esse Caleb o faz parecer um coroinha de igreja. Ele até cheira diferente. Kieran cheirava a capim-limão, e Caleb tem um cheiro amadeirado. Como um pinheiro fresco, sexy e fálico.

— Perfeito — Harry sussurra quando eu continuo a tocar depois de ele ter tirado sua mão. — Se você continuar tocando assim, eu serei um homem muito feliz.

Minha Nossa Senhora do tesão.

Ele pega a minha mão esquerda e a coloca em seu pulso esquerdo.

— Agora segura firme, Ginny. Nós vamos nos divertir juntos.

Ele coloca os dedos em volta do braço da guitarra e vai trocando os acordes enquanto eu continuo a batida nas cordas. O baixo e a bateria entram, lentos e sedutores. Eu mal tive tempo de processar a euforia de estar tocando uma música quando Harry pressiona seu corpo contra minhas costas e se inclina para o microfone.

Eu posso te sentir por dentro. Eu perco meus dedos no seu cabelo. Seu corpo é minha religião. Seu nome, minha oração 

Meu Deus, a sensação do seu peito e garganta vibrando contra mim, sem falar no timbre da sua voz... essa voz perversamente obscura e sensual.As mulheres na plateia não estão mais gritando. Agora estão todas assistindo fascinadas  hipnotizadas por “Caleb” e seu sex appeal insano. A letra e a música vibram em mim de um jeito tão poderoso que meu corpo sente.

No fundo é como te quero.

No fundo é onde você vive.

Me envolva em suas pernas,

Me afogue no seu beijo.

Me guarde dentro de você.

Me deixe ver sua alma.

Eu sou um monstro sem você.

Quando estou no fundo, você me torna inteiro.A música continua a crescer e, quando termina, logo após o clímax, eu preciso de um cigarro mais do que nunca na minha vida. Conforme o último acorde desaparece, há um silêncio de três segundos antes de a plateia explodir. Minhas mãos tremem por conta da adrenalina fervendo no meu sangue. Eu nunca senti nada parecido com isso antes. É por isso que os músicos são tão intensos? Porque tocar ao vivo faz com que eles sintam como se tivessem tomado uma caixa de drogas das boas?

Harry ainda está perto e, com a boca na minha orelha, diz:

— Você foi incrível, Ginny, obrigado. — Então ele tira a guitarra de mim e se afasta, mas eu ainda posso sentir o eco do seu corpo na minha pele.

— Batam palmas para a Ginny. Ela não foi ótima?

Todos gritam de novo, e eu olho em volta como se estivesse em um devaneio.Quando Harry me acompanha de volta à plateia, me sinto tonta e um pouco grogue, como se tivesse acabado de acordar de um sonho muito real.

O que foi que eu acabei de experimentar?

Abro caminho até o bar, enquanto o produtor sobe ao palco: mais uma salva de palmas para Caleb Skyes! Se vocês quiserem comprar o álbum de Caleb, em alguns minutos ele estará na entrada para autografá-los. Nós faremos uma breve pausa enquanto arrumamos o palco para o grande evento da noite, Kingdom of Stoooooone! Então, bebam um pouco mais e nos vemos de novo em trinta minutos.

As luzes se acendem e música gravada invade o ambiente. Pessoas conversam e riem enquanto deixam a pista de dança.

Eu procuro por todo o bar, mas nem sinal de Asha e Joanna. Com as pernas ainda bambas, faço sinal para o barman me trazer uma cerveja.

— Qual?

— Qualquer uma, não me importa.

Ele coloca uma garrafa de cerveja artesanal na minha frente e eu bebo metade dela de uma vez. Não me ajuda em nada a voltar para a realidade.

Quinze minutos mais tarde, estou finalmente descendo da nuvem bizarra em que minha experiência de estrela do rock me colocou, quando começo a me sentir normal de novo. Algumas mulheres vêm até mim e me dizem o quanto estão com inveja por eu ter chegado tão perto de Caleb, e eu tento ser educada, embora esteja começando a entrar em pânico por não conseguir encontrar Asha e Joanna.

Eu mandei três mensagens para Ash nos últimos cinco minutos e ainda não recebi uma resposta, o que é preocupante, porque eu sei muito bem que ela não desgruda do celular nem dormindo. Ela não responder é definitivamente um sinal de alerta.

Eu deixo o bar para trás, vou para a entrada e procuro em cada canto. Nada da Asha.

— Merda.

Estou quase saindo quando vejo “Caleb” cercado de mulheres, autografando CDs e camisetas do Rock Shop. Tenho que admitir que a produção é muito bem-feita. Ele com certeza faz um esforço extra para tornar esses cenários críveis.

Ele olha para mim.

— Ginny, oi. Obrigado por me esperar, amor.

Um grande “que merda é essa?” está pronto para sair da minha boca enquanto ele entrega um CD a uma morena peituda. Ela olha para ele do mesmo jeito que a Asha olha para os cupcakes da Sprinkles: com um desejo profundo e devastador. 

Todas as mulheres fazem um barulho de lamento quando ele se separa delas e vem na minha direção.

— Desculpem, senhoritas. Eu adoraria ficar e conversar, mas prometi à minha bela namorada que iríamos jantar depois do show.

Parece que a participação no show não era tudo, afinal. Acho que faz sentido.Não que eu queira diminuir a experiência extremamente quente do Harry enrolado em mim enquanto cantava sobre ser profundo, mas como cliente eu ficaria puta de pagar cinco mil por só quatro minutos.

— Ah, ela é sua namorada? — a morena pergunta, sem nem tentar disfarçar a inveja. — Bem que eu achei que vocês pareciam íntimos demais pra não se conhecerem.

— O que posso dizer? — Max diz, passando o braço pela minha cintura. —Não consigo esconder meus sentimentos quando ela está por perto, mesmo que tente.

Ele se abaixa e me dá um beijo na bochecha. Isso faz um formigamento tão forte correr pelo meu corpo que preciso me segurar para não tremer.

A amiga da morena faz um barulho de desprezo.

— Ah, aposto como é duro quando ela está por perto. — Todas olham para a calça dele e soltam risinhos.

Viu? É exatamente isso que não quero ser. Eu tenho certeza de que todas essas mulheres são fortes, bem-sucedidas e inteligentes à maneira delas. E mesmo assim, nesse momento, parecem garotinhas de escola.

Meu rosto deve estar expressando exatamente os meus pensamentos, porque

Harry sussurra:

— Só sorria e concorde. E não demonstre medo. Elas conseguem farejá-lo.

Ele então se volta para suas admiradoras.

— Bom, tenho que ir, senhoritas. Ótimo ver todas vocês. Tenham uma boa noite.

Há um ruído geral de decepção quando ele pega minha mão e me guia pelos dois enormes seguranças que guardam a porta dos bastidores.

— Obrigado pela cobertura — ele diz enquanto andamos por um longo corredor. — Escapar delas pode ser difícil.

A mão dele é quente em volta da minha.

— Pra onde você está me levando? — pergunto.

Ele para com uma expressão confusa.

— Pra trepar no meu camarim, é claro. Desculpa, você não leu o guia da groupie? Essa é uma das primeiras lições.

Eu puxo minha mão.

— O quê?!

Ele mantém a expressão séria por meio segundo antes de sorrir.

— Jesus, eu estou brincando. Eu ia te levar pro salão verde, pra tomar algo. Não se preocupa. É estritamente proibido trepar lá.

Ele tenta pegar minha mão de novo, mas eu a puxo para trás.

— Não posso. Desculpa. Preciso encontrar a Asha.

— E a Asha é...?

Ah, certo. Embora o Harry conheça a Ash, o Caleb não sabe quem ela é. Eu ainda preciso me ajustar a essa nova realidade.

— Ela é minha irmã. Eu vim com ela e uma amiga, e agora elas desapareceram.

— Como ela é? Talvez eu possa ajudar.

— Um metro e setenta. Cabelos vermelhos. Lábios vermelhos. Linda.

— Você acabou de se descrever. Vocês são gêmeas?

Eu reviro os olhos. Ele é rápido no gatilho de elogios bregas. Assim que penso nisso, ele me acerta com um sorriso autodepreciativo e de alguma forma,“brega” se transforma instantaneamente em “encantador”. Que coisa estranha.

— Espera — ele diz, estalando os dedos —, ela estava com uma garota loira usando.um colar dos anos 1980 muito feio?

Eu confirmo.

— Você as viu?

Ele faz um gesto para eu acompanhá-lo.

— Imagino que sua irmã seja fã dos Stoners?

— Sim, ela tem uma queda pelo baixista.

— É, eu já tinha adivinhado isso.

Ele me leva até uma sala cheia de sofás, cercada por mesas com comida e bebida. Ele então aponta para um canto, onde Asha está engolindo a cara de alguém que nunca vi antes.

— Aquela é ela?

— Puta merda, sim.

Minha primeira reação é ficar surpresa por ela estar agindo, pra variar, como uma garota de vinte três anos normal e com tesão, mas logo quero matá-la por não ter me avisado onde estava. Porém, antes que eu possa abrir a boca para gritar com ela, Harry toca meu braço.

— Eu não conheço sua irmã, mas ela parece estar se divertindo. Talvez agora não seja o melhor momento pra bancar a irmã mais velha.

— Então, aquele é o baixista?

— Bingo. — Ele aponta para outro canto, onde posso ver a parte de trás da cabeça da Joanna, que está sentada em um sofá gigante ao lado de outro membro da banda. — E aquele é o baterista. — Ele anda até a impressionante mesa de bebidas e pega algumas cervejas. — Eles vão tocar daqui a pouco, então sua irmã e sua amiga estarão livres, mas até lá... Por que você não vem até o meu camarim pra uma bebida?

Eu olho de novo para elas.

— Você tem certeza que nada estranho acontece aqui?

— Positivo. Tem câmeras de segurança em todo lugar, e eu já vi eles partirem pra cima de um cara por ele arrumar a calça o tempo todo. Elas estão a salvo.

— E o seu camarim? Ele é seguro?

Ele levanta um ombro.

— Não tem câmeras lá, mas também nada de sexo. Só bebidas. Talvez um pouco de arrumação na calça, se eu quiser.

Os olhos dele brilham ao dizer isso e, mesmo sabendo que não devo, eu sorrio. Suponho que “Caleb” seja uma parte necessária da minha pesquisa, e eu consigo pensar em maneiras bem piores de passar o tempo do que tomando uma cerveja com ele.

— Claro. Por que não?

Harry faz que sim com a cabeça e me leva para fora do salão verde, me guiando para dentro de um camarim. Ele abre a porta e a segura para eu passar.

— Bonito — digo ao examinar a decoração surpreendentemente limpa e estilosa. — Mas desculpa dizer, não parece muito rock’n’roll.

Ele abre duas cervejas e me entrega uma.

— Mesmo? Por que não?

Eu dou um gole na cerveja gelada enquanto ando pelo lugar.

— Onde está o harém de groupies? As montanhas de cocaína? Não tem sequer móveis quebrados.

Ele apoia a cerveja sobre uma mesa e guarda no estojo a guitarra antes jogada no sofá.

— Bom, a mobília é mais dura do que parece, então quebrá-la dá trabalho demais, eu não uso cocaína há quatro anos já, de modo que isso está fora de questão; quanto às groupies... — Ele fecha o estojo da guitarra e se levanta. —Nunca estiveram na minha lista de objetivos de vida. Seria difícil manter alguma integridade artística se eu virasse um adolescente excitado toda vez que ganho alguma atenção feminina.

— Então... você está me dizendo que realmente está nessa pela música? Que tipo de psicopata é você?

Ele ri e guarda o restante de seus pertences em uma grande bolsa.

— Meus colegas de banda se perguntam a mesma coisa. É por isso que não dividimos um camarim. Eu gosto de ter meu próprio espaço, e toda aquela cocaína, móveis quebrados e groupies atrapalham meu estilo.

Eu rio e me sento no sofá de couro branco, enquanto Harry termina de arrumar as coisas. É impressionante o quanto ele é diferente como Caleb. Não tenho experiência alguma com interpretação ou role-playing, mas nunca achei que pudesse ser tão crível. Para ser sincera, eu realmente gosto de Caleb. Ele tem algumas arestas e um bom senso de humor, e essa barba por fazer é muito sexy.Ele também é mais aberto do que o Harry tradicional, o que não é ruim.

Quando está tudo arrumado, o Harry roqueiro se junta a mim no sofá. Assim de perto, eu consigo ver melhor as tatuagens no braço dele. Não tenho ideia de como elas surgiram de repente, mas são bem convincentes.

Eu contorno um dragão que sobe do seu pulso até o bíceps.

— Isso é incrível. O que é?

Eu levanto os olhos e vejo Harry me encarando, sua expressão intensa.

— Eu nasci no ano do dragão, então...

— Não — digo, incapaz de desviar meus olhos do dele —, a... hum... tinta. Como isso tudo foi parar na sua pele? — Ele só pode ter feito isso em algum momento entre ontem de manhã e hoje à noite.

— Um troglodita chamado Brian me amarrou numa cadeira e me atacou com uma agulha por horas sem fim.

Ah, sim. As orientações diziam que se eu perguntasse coisas que o fizessem ter que sair do personagem, ele não responderia. Muito bem.

— Doeu? — eu pergunto, erguendo as sobrancelhas com uma cara de entendiada, esperando que esse novo golpe cause nele um flash de irritação, mas, de novo, nada.

Ele continua me encarando.

— Eu não me importo de sofrer de vez em quando. A dor nos faz lembrar que estamos vivos.

— E isso é algo que você costuma esquecer?

Ele baixa os olhos para a cerveja e fica mexendo na borda do rótulo.

— Eu acho que, quando somos crianças, nós começamos a vida sentindo tudo. O mundo todo é mágico e incrível. Mas, quando crescemos, somos condicionados a acreditar que tudo é ordinário e que magia só existe em contos de fadas. É uma mentira completa, é claro, mas é assim que as coisas são.

Eu me recosto e o examino.

— Você acredita em mágica?

Ele faz que sim.

— Claro. Não mágica tipo animais fantástico, mas mágica mesmo assim. Quer dizer, olha pra isso... — Ele estende um dedo e então, lenta e suavemente, percorre o trajeto do meu cotovelo até meu pulso. O toque é tão leve que mal percebo, mas ainda assim consigo sentir o pulsar da sua energia no meu corpo inteiro. Todos os meus pelos se arrepiam, e eu noto arrepios se formando na pele dele também.

— Eu mal estou te tocando. E mesmo assim estamos gerando eletricidade.Está acendendo cada centímetro de pele. — Ele desce o dedo mais uma vez, observando durante todo o caminho. — Edison e Tesla passaram anos tentando  produzir algo assim, e nós conseguimos sem fazer quase nada. — Sua voz fica mais suave, e ele me olha com uma ponta de espanto. — Se isso não é magia, eu não sei o que é.

Ele se afasta um pouco, mas ainda continua perto demais. Se ele fosse qualquer outro homem, sentado tão perto e com esses olhos cheios de desejo, eu á teria rastejado para o colo dele e arrancado sua camiseta. Mas ele não é outro homem. Ele é o único cara de quem preciso manter distância, por motivos pessoais e profissionais.

Ele mantém contato visual enquanto bebe um gole da cerveja, e então dá uma olhada no meu corpo.

— Desculpa. Eu meio que sequestrei a conversa. A gente estava falando sobre tatuagens. E você? Tem alguma que gostaria de me mostrar?

Eu me recosto e digo:

— Você está vendo alguma?

— Não, mas você me parece o tipo de mulher que pode ter alguma escondida. — A voz dele fica baixa. — Você não sentiria a necessidade de exibi-la. Seria algo só seu.

Ele não está errado e, por alguns segundos, eu considero o que fazer.

— Você não precisa me mostrar — ele diz. — A gente mal se conhece e já estou basicamente pedindo pra você tirar a roupa, mas... eu adoraria vê-la.

Ele está me olhando com tanta sinceridade que me desarma. Eu nunca mostrei minha tatuagem para alguém antes. Ela já foi vista, claro, afinal eu já fiquei nua diante de uma boa quantidade de homens. Mas nenhum deles me conhecia.

É por isso que estou hesitando? Porque, em algum grau, eu acho que esse homem que está aqui sentado fingindo ser outro homem, consegue ver através da pessoa que eu finjo ser?

Deixando toda a cautela de lado, eu coloco minha cerveja na mesa e me ajoelho no sofá. Então respiro fundo e levanto minha camiseta.

Harry se inclina para examinar as duas linhas escritas em letra cursiva que se estendem pela lateral da minha costela, desde o meu quadril até a linha do sutiã.

Ele me olha.

— Posso?

Quando eu faço um sim tenso com a cabeça, ele passa os dedos pela caligrafia elegante. Péssima ideia, deixá-lo me tocar. Minhas reações físicas são absurdas. De jeito nenhum um homem deveria conseguir me afetar assim.Nenhum homem. Mas principalmente não um homem a respeito de quem estou tentando me manter objetiva.

Ele passeia pelas letras de novo, e eu fecho meus olhos e cerro os dentes.

— Foda-se você e todos os jeitos que você não me amou. — Quando abro os olhos, eu o vejo me encarando.

— Relacionamento ruim?

— Pode-se dizer que sim. — Eu não aguento mais o toque, então baixo minha camiseta, me sento e dou um grande gole na cerveja, tentando acalma meu coração acelerado.

— Ele te machucou? — Há algo em sua voz e, quando olho para ele, fico surpresa de ver que ele está com uma expressão dura.

Eu pisco enquanto velhas memórias se agitam, ameaçando acordar.

— Já faz muito tempo.

Ele segura a garrafa com mais força.

— Você ainda pensa nele?

— Faço o melhor pra evitar. — Quanto menos penso nele, mais fácil é ignorar a raiva que sinto o tempo todo.

Quando o rumor de música ao vivo começa, Harry termina sua cerveja e suspira.

— Parece que os Stoners finalmente subiram ao palco.

Quase ao mesmo tempo, meu telefone vibra com uma mensagem.

 Ginny, cadê você?! A banda entrou. Estamos esperando na porta.

Eu me levanto e coloco o celular no bolso de trás da calça.

— Bom, obrigada pela cerveja.

Harry também se levanta.

— Aonde você vai?

— Minha irmã está esperando.

Quando toco a maçaneta, ele cobre minha mão com a sua e, pela segunda vez esta noite, minhas costas formigam onde o peito dele encosta.

— Não vá — ele diz, em voz baixa. — Vem comigo.

Eu olho para baixo, para seus dedos que preguiçosamente acariciam os meus.

— Pra onde?

— Minha casa.

— Eu pensei que você não gostasse dessa coisa de groupies.

— E não gosto. Você acha que todos os músicos só querem saber de mulheres pra sexo fácil?

— Parece ser um dos benefícios do emprego.

— Você acha que é isso que eu quero de você?

— Eu não sei o que você quer de mim.

Ele olha para as nossas mãos.

— Nem eu. É por isso que você deveria vir comigo. Eu realmente gostaria de descobrir.

Ele tira meu celular do meu bolso.

— Manda uma mensagem pra sua irmã. Ela vai sobreviver a uma noite sem você.

Eu pego o telefone e me surpreendo com o quanto minha respiração fica tensa com ele me observando digitar a mensagem.

Você e a Joanna se divirtam. Eu encontrei com um amigo. Te vejo em casa.

Eu aperto “enviar”.

Sem dúvida, a Asha vai deduzir que eu peguei alguém e não vou voltar antes de amanhã de manhã para casa. Deixa ela pensar isso.

Eu prefiro que ela ache que vou transar com um estranho do que saiba que vou ficar completamente vestida com o Harry, e não tenho ideia do porquê.

Harry se afasta e pega sua bolsa e o estojo da guitarra.

— Vamos, bela Ginny. Vamos sair daqui.




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