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História Mr. Stalker - Não consigo entender.


Escrita por: yonasuki

Notas do Autor


Oie! <3 Segue o próximo capítulo. :D
É pelo ponto de vista do Sergei e aqui veremos um pouco de sua ligação com Dimitri, a continuação da conversa do nosso stalker com Nikolai e uma surpresa do Ivan.
Achei que não ia dar tempo de postar, mas está aí. Perdoem qualquer erro de escrita, não deu tempo de editar.

*Como tenho compromisso hj, não consigo colocar os links que inspiraram os personagens originais. Prometo que no próximo eu compenso essa falha. Espero que gostem.

Capítulo 4 - Não consigo entender.


Não consigo entender.

(Sergei Ivanov)

"O que está acontecendo com as pessoas a minha volta?É tudo tão estranho..."

Esse é o tipo de pensamento em minha cabeça todo maldito dia em que levanto da cama depois de todas as mudanças que venho observando nesses últimos dois anos. As vezes me pergunto se as pessoas enlouqueceram ou se o mundo foi abduzido por ET's e esqueceram de me avisar. São coisas que vão muito além da minha capacidade de compreensão. Bom... sei que as pessoas estão propensas a mudanças, que mudam os ideais conforme os anos vão passando... Eu mesmo mudei de opinião muitas vezes com coisas que achava que eram certas mas que no final via que não passava de ilusão da minha parte. Eu entendo isso, mas... "A mudança dele foi gritante demais. Absurda demais."  Sim... mais do que todos que me rodeiam, ele foi o que mais mudou. Não digo só por questões de preferência sexual, Dimitri em questão de 2 anos mandou toda sua conquista moral às favas. A imagem de uma pessoa idônea, um exemplo para os conservadores da moral e dos bons costumes, alguém que mesmo longe de ter a família perfeita sempre foi invejado por sua postura, uma pessoa invejada por tudo o que conquistou ao longo da vida sem precisar como muitos filhinhos de papai, do empurrãozinho de alguém importante para alcançar o sucesso. Foram mudanças que bateram de frente com tudo o que achei que ele fosse. "É como se eu tivesse sido enganado a vida inteira.... Tem momentos em que me sinto traído de muitas formas, Dimi. Eu perdi tudo muito jovem e você era minha inspiração. Era tudo o que eu gostaria de ser. Consegue entender como fiquei sem chão quando você resolveu virar viado? Eu idealizei uma imagem sua durante toda minha vida, e então puf! Do nada todos os meus ideais se transformaram em fumaça..."

Sou descendente de uma família de comerciantes que era muito conceituada até a Revolução Russa e implantação do socialismo que tirou tudo que tinham. Segundo o que minha mat' contava quando eu era criança, nossos avós foram mortos na época do governo Stalin por se oporem ao regime  e meus pais foram acolhidos pela família Nikiforov, onde somente Dona Olga sabia de seu passado. Sendo assim, se iniciou nossa ligação com essa família. Nasci na casa deles com minha mat' trabalhando de empregada e meu otiets, que queime no inferno, como motorista. Não tenho muitas recordações de minha infância além das canções que minha mãe cantava em meio a soluços e olhos inchados das surras do marido... Lembro também do conforto de uma mão que sempre afagava minha cabeça quando eu me escondia em algum canto da casa para chorar logo após esses momentos. Nunca consegui me lembrar do rosto, mas a sensação daquelas mãos cálidas e jovens me dando conforto sempre me livravam dos tormentos por ser incapaz de fazer algo por minha mãe. "Minha mãe e essa mão que me acalentava.... essas são as únicas coisas boas que me recordo daquele tempo. Hoje não tenho nenhuma delas."  A última vez que essa mão me acalentou foi quando mat' morreu quando eu tinha 15 anos em meio a um pesadelo durante o sono...

As primeiras lembranças que tenho de Dimitri eu tinha 8 anos... Eu o adorava pois sempre que podia, em seus poucos momentos livres por conta da faculdade, ele lia histórias para mim ou mesmo me ajudava nas lições de escola. Pensando bem sobre aquela época, acho que ele sorria mais, possuía os olhos mais brilhantes. "Sim... ele era aconchegante sempre me chamando de Sergy... Me fazia esquecer um pouco da violência da qual minha mãe era submetida, encoberta por panos quentes pela família Nikiforov, sempre me dizendo que tudo ia melhorar." Ele era assim... Até o dia em que foi espancado por seu pai na frente de toda sua família. Lembro de ter ficado desesperado para ajudar e meu pai me segurar dizendo que eu não devia me meter pois era assunto de família. Até hoje não esqueço o estado deplorável que ficou depois. Depois desse incidente ele se distanciou de todos passando a ser frio, calculista e com a cabeça erguida, lutou por seus ideais e sempre resmungava baixo de que calaria a boca de todos. Eu não entendia seu distanciamento, mas achei ele tão forte. "Será que quando ele disse pra mim em nosso primeiro encontro com o idiota do Myers, que desempenhou um papel a vida inteira era isso?" De qualquer forma, cresci observando como levava sua filosofia de líder de família, seus métodos pra manter uma boa imagem, coisas nem sempre convencionais mas ainda sim que só demonstravam o quanto ele queria que seu nome estivesse no topo. Ele se tornou grande pelos seus próprios meios e calou a boca de muita gente que estava no dia em que foi espancado. E observando todas as coisas que conquistava, me esforcei para estar ao seu lado como alguém de confiança do homem que eu gostaria de ser...  Isso fez com que eu parasse de lamentar a morte da minha mat' e seguir em frente mesmo lidando com um pai escroto. "E o que tudo isso resultou, Dimi?"

Observo o jardim ao lado desse 'novo' Dimitri e não consigo disfarçar o quanto me sinto traído. É, acho que a palavra certa é essa mesmo. Estou revoltado com ele mas ao mesmo tempo confuso e revoltado comigo mesmo por não conseguir me afastar. Como se quisesse provar para ele que não precisa de ninguém de confiança ao seu lado além de mim, o que me faz ser ridículo ao pensar assim. Afinal, não concordo com praticamente nada do que ele faz atualmente... "Como se não bastasse ele ter jogado tudo o que conquistou pela janela depois que segundo ele, resolveu ser ele mesmo, agora tem essa coisa com Ivan... Desde quando aquele viado passou a ser alguém mais confiável do que eu? Agora que passou a dar a bunda pra ele que... Argh! Isso tudo me deixa tão puto!" São mudanças demais! Sinto falta daquele homem que me inspirei e sinceramente fico sem chão em alguns momentos com esse novo Dimitri que me deixa tão nervoso em várias situações. Posso ser do tipo que age primeiro pra depois pensar, mas não sou nenhum idiota. Já notei os olhares que lança pra mim, inclusive já me amaldiçoei muitas vezes por meu corpo inconscientemente corresponder ao seu olhar ou de dar abertura para atos de sua parte que vão totalmente contra a forma como penso. Tentei culpar o moleque Katsuki pelo seu jeito de hoje, mas no fundo acho que começo a entender que ele na verdade sempre foi assim. E mesmo todas as suas mudanças ou seu assédio mascarado, não foram nada perto do fato de ele esconder as coisas de mim. Foi como se tudo o que fiz durante todos esses anos tivesse sido em vão. Meu lado explosivo ficou com vontade de socar sua cara junto com Ivan, mas meu lado sentimental se sentiu tão magoado por ter perdido sua confiança, que mesmo indo contra meus conceitos,  resolvi lutar para reconquistá-la de novo.  "Nem que isso me transforme em um Sergei que não me orgulhe, não posso abrir mão disso. Ele é o único que me restou."  Chegar a essa conclusão me assusta e seu olhar que agora me queima, me deixa nervoso. Sim... Ele me encara... é tão óbvio que eu poderia chamá-lo de agente Myers se me lembrar daquele idiota também não me tirasse do sério. Não sei o que se passa por sua cabeça nesse momento e sei que se eu abrir a boca não acabará bem. É sufocante... "Pare com isso, Dimi! Que merda!"  Antes que a tensão transborde, levo o maior susto da minha vida...

-Há quanto tempo, aberração. - fala a voz que me faz automaticamente olhar para trás com um olhar mortal. O chefe continua virado e por um momento vejo que respira fundo... Seus punhos fechados e sua veia jugular que pulsa loucamente só me dizem o quanto esse cara o afeta. "Quem é esse cara que te deixa assim, chefe?" Não consigo deixar de pensar amargamente. Pelo que vejo é alguém que não traz boas recordações a ele, que respira mais algumas vezes e se vira dizendo cinicamente...

-Tem razão, Nikolai. - o nome sai de sua boca como um palavrão. Eu o conheço há muito tempo e sei que esse cara que o olha com raiva e nojo é alguém que o odeia. Não consigo me controlar...

-Quem é você, idiota? Quem pensa que é para chamar o chefe de aberração? - digo me colocando entre o chefe e esse tal Nikolai, que pela primeira vez olha pra mim franzindo o cenho...

-Oh, então você é tão dependente assim, Dimitri? - diz ironicamente olhando entre mim e o chefe - Para alguém que ao longo dos anos seguiu a fachada de 'conservador', permitir que um segurança bronco desses interfira em nossa conversa só mostra o quão mulherzinha você se tornou, hein? Agora me diz, Sergei é seu nome certo? - diz agora focando seu olhar irritante em mim - Não se sente mal em interceder por essa vergonha? Porque olhando bem para você dá pra ver que não é da mesma laia dessa aberração. - estou sem palavras pela forma como fala do chefe e ainda mais chocado por ver que o mesmo de repente ficou sem falar nada. A atmosfera está tão pesada e minha única vontade é de acertar um murro na fuça desse cretino. "Chega a ser irônico me sentir assim, já que há algum tempo atrás eu mesmo pensei no Dimi como uma aberração. O que está acontecendo comigo?" Ao ver que não respondi sua pergunta, Nikolai olha de relance para o chefe e contrai sua expressão em nojo. Não sei o que viu em seus olhos, mas isso faz com que pegue um cartão do bolso do paletó e estenda pra mim prosseguindo... - Se tiver interesse em trabalhar para pessoas normais, terei o maior prazer em recebê-lo como meu segurança particular. Eu entendo o fato de ter que aguentar lidar com esse gay nojento. É vergonhoso não é? Sei que quando estamos com problemas financeiros somos obrigados a suportar coisas que não gostaríamos de lidar normalmente, então... - sem esperar que ele termine de falar, arranco o cartão de sua mão e rasgo em sua frente...

-Com o que eu tenho que lidar é problema meu, idiota. Se eu concordo ou não com o estilo de vida do chefe também não é da sua conta. E a valer essa sua arrogância em achar que é melhor que os outros, me pergunto se não é você que gostaria de estar no meu lugar. Ou talvez esteja com ciúmes? - digo sem conseguir segurar meu sorriso. Dimi olha boquiaberto pra mim e eu mesmo fico sem entender o que acabei de falar. "Defendendo a honra do chefe gay... Será que peguei a loucura de Yuri Katsuki? Você realmente está com problemas, Sergei."  Recebo seu olhar de asco e indignação. Será que toquei em alguma ferida? Antes que eu fale mais alguma coisa, Nikolai não se contém...

-Ora seu! Quem você pensa que é para... - suas falas cheias de ódio e minha posição defensiva são todas interrompidas pela fala do chefe...

-Sergei, me deixe a sós com Nikolai. - estanco com suas palavras. Estou com um 'por quê????' tão grande em minha cara que faz até com que sorria discretamente antes de emendar... - Eu preciso conversar com ele. Isso vem sendo adiado já faz muitos anos. Vá procurar por Ivan e me esperem no hall da casa. - não consigo segurar meus lábios...

-M-mas, Por quê? Eu não quero te deixar sozinho com esse imbecil. Ele vai...

-Isso não é um pedido. Ou você está com ciúmes? - diz com seu jeito sádico me interrompendo. Não sei que tipo de expressão estou mostrando, mas seu olhar suaviza e colocando a mão em meu ombro, o que diz me deixa sem saber como retrucar... - Eu dou conta dele. Não se preocupe, Sergy...

Estou chocado. Assim como no dia em seu quarto, ele usou o apelido que costumava me chamar na infância e isso, assim como naquele dia, faz meu coração acelerar. "O que está acontecendo comigo??? Merda!"  Sem disfarçar que não concordo e com uma sensação estranha me aprumo.  Antes de sair e sem controlar algo que nem eu entendo, lanço um olhar homicida para Nikolai...

-Se o chefe voltar com um fio de cabelo fora do lugar, eu te mato. Mantenha distância. - digo enquanto saio chocando não só a eles, mas também a mim mesmo.Conforme ando pelo jardim agora escuro, pensamentos totalmente contraditórios me rondam a cabeça... "Por que eu disse aquilo? Desde quando eu sou de defender o chefe? O que será que eles estão falando? Por que tenho que procurar o Ivan e deixar ele sozinho com aquele imbecil? Argh!!! Quer saber?! Foda-se! Vou tentar entender isso depois."  Sem conter meus impulsos, dou meia volta. Quero saber... preciso saber o que significa isso entre eles e sei que farei algo que vai totalmente contra o que eu sou. "Estou parecendo um stalker."

Eles não trocaram nenhuma palavra ainda. Se olham como se estivessem revivendo dores internas para se preparar para a conversa. E eu, atrás de uma árvore num ponto de fraca iluminação para me camuflar, aguardo. É muita tensão... tenho a sensação de que o que será dito aqui mudará algo para mim e ao mesmo tempo em que isso me assusta, também me deixa curioso. Afinal, nunca fui uma pessoa muito aberta a mudanças. Após mais alguns segundos de troca de olhares, Nikolai contrai sua expressão em uma careta e é o primeiro a quebrar o silêncio...

-Você não aprende mesmo não é Dimitri? Apaixonado mais uma vez por alguém inacessível... Não aprendeu com a vida, não é? Me admira aquele brutamontes não ter percebido ainda... Se bem que acho que o entendo. Quem acreditaria nos sentimentos de alguém como você, huh? Ainda mais considerando que você trepa  com aquele segurança viadinho, ele deve te achar um sujo. Mas me conta.... pretende se confessar para ele assim como fez comigo na época da faculdade? Já consigo até imaginar o choque dele. Afinal, sua situação de hoje é como a nossa do passado, não é? Imagino o que ele pensaria em saber que o chefe que ele tanto defende tem pensamentos sujos com ele... - Nikolai continua destilando seu veneno mas não consigo escutar mais nada porque minha mente assimila o que acabe de escutar. Minhas mãos tremem, sinto como se meu coração fosse sair pela boca e sinceramente custo acreditar no que sai da boca desse imbecil. "Não pode ser... O que significa tudo isso??? Eu sou o brutamontes? Apaixonado? Inacessível? Que merda é essa???"  Meus pensamentos são cortados pela sua voz interrompendo seja lá o que for que Nikolai estivesse falando...

-Acredito que quem eu gosto ou deixo de gostar não lhe interessa. Eu não sou mais aquele moleque que te admirava, Nikolai. E outra, desde quando o que sinto ou não pelo Sergei é da sua conta? Além disso, minha relação com Ivan possui um motivo que também não cabe a mim compartilhar com um merda como você. E também se Sergei me acha sujo ou nojento por isso não posso fazer nada. Não tenho mais idade para me apegar em contos de fada, Nikolai. Você fez questão de me ensinar que isso não existe. - finaliza com olhar frio. Estou estático com o que acabou de sair de sua boca sem nenhum pudor. A confirmação por ele de que a pessoa sou eu só me deixa ainda mais bagunçado... "Ele sente alguma coisa por mim? Por quê? Eu nunca dei a entender nada de diferente para ele. Pelo contrário, sempre deixei bem claro o quanto não me atrai esse tipo de coisa.O que te levou a isso, chefe?Não... isso não pode ser verdade... Eu não quero que isso seja verdade!" Como uma praga, Nikolai retruca...

-Ao menos em alguma coisa concordamos. Não existe contos de fada, Dimitri. Ainda mais com o tipo de relação doentia que você gosta. Se você aprendeu bem com o passado, não irá se confessar porque já sabe a resposta. E você não sabe como me alegra ver você passar por isso de novo... O que você faz? Se masturba pensando no seu sonho impossível? Trepa com aquele viadinho pensando no seu brutamontes? Ou chora pelos cantos como uma mulherzinha? Se eu não tivesse tanto nojo de você sentiria pena. - observo das sombras ainda com o choque dentro de mim com a revelação do chefe, quando ele lança o sorriso mais irônico que já vi na direção de Nikolai...

-Você parece bem interessado na minha vida amorosa... Tá curioso em saber como a coisa funciona?  - antes que o outro possa responder, ele continua - É, acredito que não. Isso é só uma tentativa de ver o quanto você consegue me atingir, não é mesmo? Mas deixa eu te contar um segredo Nikolai... Isso não me atinge mais. Vendo você agora na minha frente só confirma a tentativa patética de alguém da minha família em tentar me desestabilizar. Deixe-me ver...  - ele coloca o dedo indicador no queixo como quem está pensando - O Vladmir que te chamou, não foi? - a surpresa no rosto de Nikolai confirma as suspeitas do envolvimento de seu primo - Logo imaginei, pois a mat' jamais o convidaria sabendo de tudo o que aconteceu no nosso passado. Mas admito que sou grato a ele por ter te chamado. Acho que chegou a hora de colocarmos os pingos nos i's, concorda? Bom, entenderei o seu silêncio como uma confirmação. Então antes que eu fale, permito que você diga tudo o que quiser, porque a hora que eu falar não darei tempo para que abra a boca. - finaliza e fica em silêncio com seu olhar frio tão típico dele. Nikolai o olha fazendo uma careta tão feia que parece ter comido algo amargo...

-Permitir que eu fale... Nojentos como você não tem direito de exigir nada. Mas... também acho que chegou o momento da verdade. E a verdade é que eu nunca odiei tanto alguém quanto você. Sim... eu te odeio, Dimitri. Principalmente pelo fato de ter sido enganado por sua falsa amizade. Eu te recebi de braços abertos, ofereci minha amizade sincera, coloquei você no meio social do qual era isolado e recebi o que em troca? Desejo doentio da sua parte, amor distorcido de uma pessoa que não entende que algo assim é anormal.... Tem ideia do quanto eu fui chacota na faculdade? Tem noção do quanto mesmo depois de me formar ainda fui foco de piadinhas por conta dos seus hormônios anormais? Eu ia aos eventos beneficentes e era o foco das fofocas! Foram anos desse jeito! Seu sentimento nojento por mim só me trouxe desgraça no nosso meio social. Melhorou quando você casou e constituiu sua família e por um tempo todos acharam que você havia se encontrado novamente. Claro que seu teatro nunca me enganou e meu rancor ainda permaneceu como um lembrete de que isso era mentira e veja só! Eu acho que estava certo no fim das contas. Se tem uma coisa boa nisso tudo é que hoje todos falam que eu tinha razão. Essa é a verdade. Eu tinha razão quanto a sua doença e vendo de perto como você se portou no jantar, só foi uma confirmação do quanto a sua escória é imunda. Por mim Dimitri, pessoas como você são desperdício de espaço no planeta. Se você morresse com certeza não faria falta para a sociedade que preza a moral. - estou absolutamente em choque com o que acabou de sair de sua boca. Em choque porque já ouvi isso antes, e de alguém que levou a risca essa filosofia se tornando um assassino procurado. Independente do que aconteceu, dos meus próprios sentimentos que confesso que estão uma bagunça, nunca imaginei ouvir algo do tipo da boca de alguém que pertence a nossa sociedade. Por um momento me pergunto se todo o lance com o moleque Katsuki não tivesse acontecido e nem Victor ter se envolvido com ele, seu eu mesmo também não pensaria isso hoje em dia. "Isso é horrível.... Será que nessa sociedade existem tantos Hidekis disfarçados de 'santinhos' defensores da moralidade?" Com a mesma compreensão que eu, o chefe muda de expressão... Expressão esta que pela primeira vez desde que o conheci faz eu sentir medo.

-Uau... Quanta sinceridade em seu discurso de ódio, Nikolai. Sabe... eu achei que poderíamos acertar nossas contas de maneira civilizada e confesso que mesmo o seu ódio era algo já esperado por mim, afinal, o ódio é uma forma de amor também. Mas o que acabei de ouvir muda tudo. Você acharia bom que eu morresse e eu acharia maravilhoso que engolisse essas palavras.... Ah, como gostaria de fazer eu mesmo você engolir o que acabou de me dizer... - Nikolai dá um passo para trás e eu estou estancado no lugar com o olhar sombrio que Dimi transborda. É horripilante, assustador, algo que nunca imaginei que veria em seu rosto. Ele se aproxima mais da figura agora patética de Nikolai, até que fica cara a cara com ele... - Pegue sua moral e vá para o inferno. Pegue seus eventos beneficentes disfarçados de hipocrisia e enfie no cu. Pegue seu ódio e direcione para alguém que não tenha coragem de te encarar, seu monte de lixo. Aliás, fazia tempo que eu não usava esse termo, combina perfeitamente com você e me traz lembranças que fazem minha boca salivar... - esse não é o Dimi que eu conheço. É uma fera que acaba de acordar de seu sono. E como um sinal de mau agouro, ele continua de uma forma que me remete um medo que nunca achei que ia sentir... - Sabe... A última vez que ouvi as palavras 'escória imunda' e 'desperdício de espaço no planeta' foram de um neonazista assassino que tentou matar o meu filho e genro sabia? E sabe o que aconteceu? Ele deu o cu até cansar e pediu para ser morto. Te aconselho a não despertar o monstro de dentro das pessoas.

Sinto como se todo o sangue tivesse fugido do meu corpo. "O que é isso? Quem é essa pessoa?Será que...?"  Antes que eu sequer conclua meu pensamento, meu celular vibra como um choque elétrico. Como se nada mais faltasse pra ferrar ainda mais a noite, a mensagem escrita me diz que isso ainda não acabou...

[Popovich: ME ENCONTRE NA BIBLIOTECA COM O CHEFE EM CINCO MINUTOS. TENHO UMA SURPRESA QUE SERÁ DO AGRADO DELE. TRAGA O CARA IMBECIL QUE ESTÁ CONVERSANDO COM ELE TAMBÉM.  - sem demora, digito a resposta...

[Ivanov: O que você está planejando, Ivan?

[Popovich: NÃO TENHO TEMPO PARA EXPLICAR, SÓ DIGO QUE AQUELE ANDREI E ESSE IMBECIL QUE ESTÁ COM O CHEFE AGORA VÃO PROVAR DO PRÓPRIO VENENO. EU NÃO PERMITO QUE NINGUÉM TENTE HUMILHAR O CHEFE.

"Puta que pariu Ivan! O que você vai aprontar???" Estou sem tempo de pensar em comos e porquês no momento, aquele idiota planejou algo e se o chefe não estiver no local sobrará para mim. Com sua imagem sombria tatuada em minha mente e tomado totalmente por meus impulsos, saio do meu esconderijo ainda com as pernas bambas...

-Chefe! Chefe! - os dois viram o olhar chocados para mim. Seu olhar cheio de sombras fica surpreso em saber que eu estava ali, mas mais do que qualquer coisa e mesmo com o 'monstro' acordado em seu olhar, sua preocupação é visível...

-Aconteceu alguma coisa, Sergei? - não tenho tempo e nem quero pensar nisso agora. Só quero que essa noite infernal tenha um fim logo...

-O Ivan pediu para irmos para a biblioteca. Segundo ele, tem uma surpresa esperando por lá. Ele também disse que você levasse esse idiota aí. - finalizo apontando para Nikolai. Aos poucos as sombras dão lugar a outra coisa... satisfação e sadismo. Com um sorriso aberto, o chefe diz...

-Oh, então ele fez mesmo. - Nikolai fica sem entender nada e eu já prevejo que algo será revelado e que boa coisa não é. "Sorrisos sádicos nunca são coisas boas vindos de Dimitri Nikiforov."  Como que confirmando meus pensamentos, ele quebra o breve silêncio... - Venha Nikolai. Nossa presença é solicitada na biblioteca. Garanto que será altamente esclarecedor. - seu olhar faz com que Nikolai feche a boca. Percebo que o 'monstro' que ele viu no chefe não o permite contestar. "Bem, acho que isso eu consigo entender..."  Em silêncio e sem demora saímos para encarar algo que sei que será chocante, e minhas suspeitas são confirmadas assim que entramos silenciosamente na biblioteca. Um lugar com tantos livros e estantes que poderia bater de frente com uma biblioteca de cidade pequena. O lugar está com as luzes apagadas sendo fracamente iluminado pelo feixe de luz que o escritório ao lado lança com a porta semi-aberta e com as vozes que só confirmam que uma merda muito grande está para acontecer...

-Por que você reluta, Senhor Andrei? Seu olhar de desejo é óbvio... Olhe, não sou exatamente do seu agrado? Corpo jovem, do jeito que gosta... Olhe bem para minha bunda, Senhor Andrei... - fico absolutamente chocado com a cena em minha frente. Nikolai, que por um momento arqueja, quando cogita em interromper é agarrado pelo chefe que tampa sua boca e sussurra em seu ouvido...

-Shii... Não se atreva a interromper, Nikolai. Observe atentamente como os ideais que você tanto bate no peito como um macaco para defender não passam de hipocrisia... - e como se assistíssemos a um vídeo de sexo amador, a cena continua com um Ivan sem as calças, encostado de frente à mesa e com a bunda empinada na direção de Andrei dizendo...

-Vamos lá, Senhor... estou todo excitado e louco pra ser comido por você... Não quer conhecer a sensação? Não quer entender o porquê Dimitri gosta tanto de me ter ao seu lado? Só estamos nós dois aqui, sem ninguém para ver o certo e errado. Você está tão duro, senhor... Já notei que o senhor tem fraco por adolescentes. Veja, eu não tenho um corpo muito diferente de um, olhe bem... - finaliza o ex-agente de modo lascivo mordendo os lábios e empinando ainda mais o traseiro para o velho. Mesmo achando que Ivan sempre foi estranho, isso ultrapassa qualquer coisa que eu pudesse cogitar que ele fizesse. Nunca imaginei que ele poderia chegar a tal ponto por vingança a quem tenta atingir o chefe. Não sei dizer se tenho repulsa ou fico admirado por sua coragem, não sei de mais nada. Estou completamente sem ter o que pensar  e sei que isso reflete em Nikolai, que tenta em vão se soltar do aperto do chefe. E como uma confirmação não só para mim, mas principalmente para Nikolai de que a vida que levam não passa de pura hipocrisia, Andrei joga fora a última gota de auto-controle que lhe resta, ao dizer conforme tira para fora seu membro nojento de dentro da calça...

-Eu quero que você me chupe.

Apesar de todas as revelações em todos os sentidos na noite de hoje, confesso que isso jamais poderia ter passado pela minha cabeça como desfecho. Estou boquiaberto, chocado e só com um pensamento...

"Que merda está acontecendo com todo mundo? Eu não entendo mais nada!"

(Continua...)


Notas Finais


Entendeu que tudo não passa de pura hipocrisia, Sergy?


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