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O tempo estava febril e chuvoso. Dentro de uma pequena cabana de madeira apenas era ouvido o som de algumas tábuas velhas a ranger.
— A culpa é toda tua!! — Gritou um moreno frustrado. — Seu baixinho estúpido!
— O que?! Minha culpa?! — Retrucou o ruivo. — Quem mandou ir lá ter com ele?! Cavalinha idiota!!!
— Desculpa?! — Disse incrédulo.
— T-tenham calma, por favor.. — O garoto de cabelos brancos pedia. — Tem de haver uma forma de reverter isso.... — Pensava cuidadosamente numa possível solução.
— É simples. — O dono de cabelos pretos fala, rígido. — Matamos o usuário da habilidade.
— Não! — Atsushi protestou. Acreditara ele que haveria outra maneira de fazer as coisas. — Ninguém vai matar ninguém.
— Olha que dá vontade! — Chuuya soltou, olhando para o moreno à sua frente.
Estão confusos? Eu passo a explicar.
Dazai, Chuuya, Atsushi e Akutagawa partiram numa breve missão que consistia em encontrar um bando de ladrões que se escondiam num pequeno local ali perto. A máfia do Porto colaborou com a Agência de detetives armados para que conseguissem o que queriam.
Mas tristemente para os quatro garotos, ambos os chefes decidiram mandá-los juntos para que se dessem melhor futuramente.
E ainda para azar de Dazai, o sítio onde iam não era só um lugar sujo e repugnante como também era um lugar do qual Osamu não tinha boas memórias.
Acontece que num breve confronto com o inimigo, Dazai acabou sendo afetado pela habilidade do mesmo, numa tentativa de usar a sua habilidade contra ele.
— Se eu ficar assim para sempre.... — Dizia cheio de raiva. — Estás fudido, Chuuya!! — Dazai ameaçava.
Aparentemente a culpa de ele estar assim foi do ruivo, que numa pequena discussão com o Osamu, agiu de forma imprudente e desajeitada levando a que alguém tivesse que o ir ajudar, assim prejudicando Dazai.
— De qualquer forma, já não me podes chamas baixo, criança! — Chuuya disse olhando para o corpinho à sua frente.
— Criança é teu cu!! — E a gritaria começa de novo. — Só estou assim por culpa tua!! E além disso, sabes muito bem do que sou capaz. — Diz, agora, com um sorrisinho no rosto.
— Tenham calma por favor! — O tigre pedia novamente. — Se a habilidade do Dazai-san não funciona agora deve significar que o efeito não é permanente, certo? — Tentou raciocinar.
— Completamente errado, Jinko. — Akutagawa falou. Este pouco falava. — Provavelmente é uma exceção.
— Para a minha habilidade não há exceções. Eu acho... — Dazai põe a mão no queixo, iniciando um raciocínio complexo. — Talvez não funcione devido à estranha habilidade de regressão... Mas também à uma hipótese de que o Atsushi-kun não esteja totalmente errado.
— Sim. Talvez o efeito desapareça com o tempo... —O ruivo seguiu o seu raciocínio— Mas até então ficarás nesse corpo de criança.
— Podia ser pior. — O de cabelos pretos diz, olhando para Osamu.
— O Akutagawa tem razão. Podia ter corrido bem pior. — Atsushi acrescenta.
— Vocês estão a usar o termo criança, mas eu tenho, supostamente, 15 anos. — O moreno fala seco. Gostava pouco que o chamassem assim.
— Tanto faz, pirralho. — Chuuya sentia-se orgulhoso. Agora podia finalmente tratá-lo como uma criança e zombar da sua altura.
— Chato. — Dazai levanta-se e vai até ao pequeno forno que ali tinha. — Não sei vocês, mas eu não vou passar fome.
— Ah, sim! Temos de fazer comida! — Atsushi voluntaria-se para cozinhar. — Dazai-san, sabe cozinhar? — Era estranho tratá-lo por "san" agora que ele era mais novo.
— E daí? — O dono dos cabelos castanhos olha de forma fria para dele, fazendo com que o mesmo tivesse um arrepio.
— N-nada não... — Atsushi afasta-se do fogão.
— Então volta para a sala e fica quieto. — Respondeu pondo algo para cozinhar.
— O que se passa com ele....? — O tigre perguntou baixinho para os dois ali presentes, questionando o porquê daquelas respostas frias.
— Há uma possível chance de que não tenha só mudado a sua forma física, mas também os seus detalhes de personalidade de quando ele tinha 15 anos... — Chuuya explica. — Isso não seria bom...— Relembra-se de como era o pequeno Osamu.
— Agora entendo um pouco.. — O de cabelos brancos olha de canto para o moreno que se desenrascava com a comida. — E aqueles curativos no olho?
— Isto não é um interrogatório. — Akutagawa responde seco.
— É melhor eu ir ajudá-lo a fazer a porcaria da comida. Ainda queima a casa toda. — O ruivo levanta-se e caminha até ao moreno, que agora era levemente mais baixo que ele. — Dá cá, cavalinha.
Ambos começam a preparar a comida de forma desajeitada e traquina.
Depois de muita luta, discussão, gritos e confusão a comida estava finalmente pronta!
— Três..... — Dazai começou a contagem decrescente. Chuuya logo entendeu o que ele estava a fazer.
— Quê? — Atsushi e Akutagawa disseram em uníssono.
— Dois..... — Dazai punha-se em posição de ataque. O ruivo fazia o mesmo. — Um!!!— Logo ambos atacaram a comida de maneira voraz.
— Dá me issoooooo!! Cavalinha estúpida!! — Chuuya tentava pegar o pedaço de comida roubada por Dazai.
— Ahahahahah!!!! Nuncaaa!!!! — Dazai desviava-se das tentativas do ruivo recuperar a comida.
— Acho melhor também comermos. — O dono dos cabelos pretos diz, pegando alguns pedaços para si. O tigre concorda, fazendo o mesmo.
Era estranho ter um 'mini' Dazai entre eles.
Ele era estupidamente diferente na visão de Atsushi.
Este Dazai era mais frio e estranhamente assustador de vez em quando.
O jantar já tinha acabado e já com os pijamas vestidos estavam agora a montar os seus coleções no chão para dormir.
Foi uma sorte Mori ter-lhes dado uma cabana bem quentinha para dormir naquele dia frio.
— Ah..!..! — Chuuya foi acertado com uma almofada no meio da cara. — Seu...! — Usando a sua habilidade tenta acertar em Dazai, falhando e acertando em Akutagawa que estava de costas.
— Mas que?! — Disse desnorteado o dono do manto negro. Este, pensou ter sido o tigre quem lhe acertara.— JINKOOOOO!!! — Gritou alterado, logo mandando um mote de almofadas para cima do pobre Atsushi.
— Mas não fu- — Nem tem tempo de terminar a frase que logo é acertado.
E assim se passou uma hora. Uma brutal guerra de almofadas entre os quatro.
Agora chegara a pior hora. A hora de ir dormir.
— Quem ficou com a minha almofada??? — Dazai perguntava.
— Eu, eu! — Akutagawa passou a almofada para o de cabelos castanhos. — Aqui, Dazai-san!
— Obrigado! — Pegou na almofada e deitou-se. — Agora, quem vai contar as história de terror?— Falou animado.
— Ninguém. — Chuuya entreviu. — Temos de dormir para acordarmos bem dispostos amanhã, pirralho.
— Desde quando é que és tão chato? — Osamu provoca.
— Desde o momento em que cresci. — Deitou-se também.
—Crescer é o termo errado. —Disse baixo, fazendo troça da altura do ruivo.—Oh! Já sei!! — Dazai fez uma cara travessa. — Tens... Medo!!
— Medo o que, palerma!! — Chuuya irritou-se — Deita-te!! — Ordenou.
— Tah, tah. Chato. — Dazai cedeu e calou-se.
— Boa noite, então! — Atsushi disse a todos.
— Boa noite! — Os outros três disseram.
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Chuuya ouve um pequeno barulho no meio do silêncio da noite.
— Huum...? — O ruivo senta-se no colchão. — Quem é que....?— fala sonolento, pondo uma madeixa do seu cabelo ruivo para trás da orelha. — Huuummm... — Esfrega os olhos, sonolento.
Nakahara olha à volta, claramente desnorteado.
Concentra-se em identificar o baixo som que o fez acordar.
— Isto é....? — Tenta raciocinar. — Ah! — Lembra-se subitamente de algo. — Como é que eu me esqueci!!?? — fala um tanto alto.
Ele sai correr em direção ao barulho. Como é que não se lembrou disso?!
— Dazai! Dazai, onde estás? — Assim que a sua voz fez eco o som parou de repente. — Porra.... — susurra assim que o encontra. Ele estava todo encolhido num canto. — Anda cá...
— N-não...! S-sai daqui...!! — Dizia choroso e fungando.
— A sério? Vá lá! — o ruivo diz chegando-se para perto do de cabelos castanhos. — Dazai... Eu conheço-te...
— Hum...! — O garoto, de agora 15 anos, fungava cada vez mais.
— Porque és tão teimoso...? — O mais velho senta-se no chão frio, ao lado do moreno. — Ai... Que frio... — Sussurra. — Vai, encosta a cabeça aqui. — Diz pondo o pequeno garoto entre as suas pernas, encostando a cabeça do mesmo no seu peito.
— O-o que é que eu f-fiz.... P-para merecer isto...? — O pequeno Osamu chorava cada vez mais. — P-porque eu....?
Chuuya conhecia Dazai Osamu melhor que ninguém. Sabia das crises que o mesmo tinha e sabia o quanto ele sofria com isso. Eram vezes e vezes sem conta que o Osamu chorava noites sem parar.
Nem sempre era fácil para Chuuya acalmá-lo quando este estava mais nervoso.
Sabia que tinha de o abraçar. Fazê-lo sentir-se calmo e seguro.
E era exatamente isso que ele estava a fazer neste exato momento.
—Osamu... — Chamou pelo nome. — Vamos para a cama, está bem? — O ruivo pega nele ao colo e leva-o para os colchões. Agora conseguia pegar nele devido à diferença de idade. — Aqui está mais quente.
— Humm... — Dazai tentava secar as lágrimas que insistiam em continuar a cair. Esforçava-se ao máximo para parar de chorar. Não gostava de parecer fraco.
— Tem calma... — O mais alto tentava que este ficasse calmo. — Deita aqui... — Chuuya diz dando palmadinhas no coleção para que ele se deitasse.
Dazai então deita-se ao lado do ruivo, sendo abraçado por ele logo em seguida.
Ele ainda chorou durante mais alguns minutos mas logo adormeceu nos braços do ruivinho.
— É estranho.. Tendo em conta que és uma criança... — Chuuya sussurrava para o ar. — Acho estúpido que passas o dia a sorrir e a fazer brincadeiras, mas no fim das contas choras noites afim... — soprou um pedaço de cabelo ruivo que tinha na cara. — Teimoso...
Não durou muito mais para que o Nakahara estivesse a dormir também.
Quentinhos e confortáveis, dormiram o resto da noite sem mais problemas.
E num piscar de olhos, Dazai voltou à idade normal, ficando com a cabeça de Chuuya no seu peito.
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Mas será que está tudo resolvido?
Será que a habilidade misteriosa estará por completo resolvida??
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