História Mudanças - Capitulo 2

POV’S ARIANA

Whittier Street, San Diego, California- 05:50

Em pleno sábado, sou acordada por barulhos vindos de fora, deixo a coberta de lado e levanto com uma tonteira, abro a minha cortina e já sinto os meus olhos queimarem por causa do sol, fecho de imediato e me recupero, vejo dois caminhões brancos, logo encaixo as coisas, caminhão de mudanças. Ah, alguém já comprou a casa dos Hutchison, mas precisava fazer tanto barulho. Desisto de dormi, vou para o meu banheiro, lavo meu rosto, escovo os meus dentes, prendo o meu cabelo em um coque, desço as escadas e vou direto pra cozinha. Parece que ninguém acordou, vejo o grande, vermelho relógio grudado na parede da cozinha. Não acredito que acordei 06h00min no sábado. Abro a geladeira e pego um cupcake que eu mesma fiz ontem a noite. Cozinhar é um dos meus hoobies. E uma jarra de suco de uva. Sento-me à mesa da cozinha e não deixo de espiar a mudança do vizinho sob a grande janela de vidro da cozinha que da vista para o jardim do vizinho. Tinha um homem careca, gordo que aparentava ter uns cinquenta anos levando uma caixa que estava escrito bem grande COZINHA/ANNE. Parei de olhar e senti olhares atrás de mim, viro lentamente e vejo o meu pai. Ainda bem.

-Por que acordou tão cedo?

-Barulhos. Mudanças. Vizinhos Novos. - falei separado, mas ele entendeu.

-Ah- ele foi andando até a geladeira e pegou uma caixa de suco de manga- Preciso conversar com você- ele veio e se sentou na minha frente. Lá vem bomba.

-Pode falar. - falei assim que ele ficou mudo por um tempo.

-Você sabe que eu odeio ficar longe de você, mas você sabe também do meu trabalho, ta eu não vou enrolar-ele suspirou- Eu vou ter que ficar dez meses na Turquia. - Ta, meu mundo caiu.

-Porque tudo isso? Geralmente você fica no máximo cinco meses, eu sei que tem pessoas precisando, mas e eu? Eu também preciso de você- falei já desabando e chorando em seus braços.

-Calma, olha pra mim- ele falou erguendo a minha cabeça,meus olhos cheios de água se encontraram com os deles mel.- você vai ter que prometer pra mim que vai tentar o máximo se da bem com a sua mãe, deixa falar sozinha, ignora.

-Eu vou senti muita falta, pai-disse repondo nos seus braços e ele acariciando o meu cabelo pra tentar suavizar e me acalmar. MAS NÃO TEM COMO! MEU PAI, O ÚNICO QUE É BOM COMIGO NESSA MALDITA CASA VAI FICAR DEZ MESES FORA!!- Mas quando você vai viajar?- disse desfazendo o abraço.

-Daqui a duas semanas

POV’S HARRY

Minha mãe resolve fazer as mudanças de manhã, o que ela tem na cabeça? Além de ser inconveniente para os vizinhos, eu tenho que acordar cedo, então nada bom.

-Harry, me ajuda com essas duas últimas caixas- ela disse segurando duas caixas médias de papelão que tinha roupas de frio, pra variar minhas, de acordo com a minha letra de caneta permanente na caixa.

-Esse foi o último mesmo?- disse chegando no segundo andar com as caixas.

-Sim, foram- suspirei de alivio. Odiava me mudar, mas com o trabalho da minha mãe é meio difícil não, porque toda hora surge uma promoção. Minha mãe é engenheira e gerente da área dela, não faço a mínima ideia e não tenho o mínimo interesse de saber especificamente a área de trabalho dela. Meu pai abandonou a minha mãe assim que eu nasci, grande exemplo, mas não faz falta. O pior de tudo é ficar mudando de escola o tempo todo, em toda escola eu sou o aluno novo estranho que não faz amigos e fica isolado no canto. Felizmente ou infelizmente, minha mãe disse que eu vou terminar o ano nessa escola, Point Loma San Diego. Geralmente eu saio no meio do semestre e mudo, virou quase rotina e de vez enquanto eu bebo pra esquecer os problemas, eu sei que essa atitude é corvade, mas foda-se.

-Você pode ficar com quarto maior- minha mãe falou atraindo a minha atenção. Nessa casa há três quartos, então pra mim não ia fazer diferença.

-Uau, com certeza vai mudar a minha vida, obrigada mãe. -pude ver a expressão de desapontada da minha mãe assim que eu falei isso, peguei umas caixas minhas do caminho e entrei no maior quarto. Ele tinha vista pra janela do vizinho, que pelo visto é quarto de menina pelas cores da parede através das cortinas cor lavanda. Que merda, não pode nem ter privacidade nessa casa! Fui organizando meus livros na prateleira, depois de um tempo em meio as prateleiras madeira marrom escuro, decidi arrumar meu guarda-roupa, a cama queen size do jeito que eu queria e ligar a TV do meu quarto ajeitando os fios de cobre pretos. De repente ouço duas batidas da porta.

-Entra- gritei ainda abaixado colocando os fios.

-Uau, até que está ficando do seu jeito esse quarto, mas que tal fazer uma pausa?- ela disse entrando no quarto com uma bandeja com um sanduíche, suco de laranja ou manga, não defini por causa da cor e uma maçã.

-Pode deixar ali- falei apontando pra escrivaninha da mesma cor das prateleiras, sem dar muita importância.

-Harry, eu sei que as mudanças nunca são fáceis.

Nunca são- pensei, mas optou em não falar nada.

-Mas pense no lado bom, você pode fazer amizades, porque eu já conversei com o meu supervisor sobre você e vamos ficar um bom tempo nessa casa.

-Como isso fosse uma ótima notícia- disse me levantando.

-Filho, você tem que compreender que esse é o meu trabalho, amo muito você e só quero o melhor, se não desistiria desse trabalho e ficaria desempregada pelo resto da minha vida, você quer isso?

Sim

-Não, tudo bem, pode ficar despreocupada, mas você já conversou aquilo com o seu chef?- perguntei sobre um emprego de meio expediente.

-Ah sim- ela se lembrou- Ele disse para passar no escritório dele na segunda.

-Obrigada, agora pode... Você sabe sair do meu quarto.

-Quer me ajudar na janta?

-Não, prefiro ficar arrumando as coisas aqui, quem sabe amanhã?

-Tudo bem, te chamo daqui a pouco pro jantar, mas come o lanche. - vejo minha mãe saindo pela porta e vou em direção a bandeja e pego o sanduíche e dou uma mordida, afinal estava morrendo de fome, pego o meu celular e vejo as horas 17:06. Vejo algo no outro lado da janela. São duas meninas, elas estão brigando? Tento entender, mas logo a que aparenta mais velha sai do quarto e a outra desaparece de vista. Volto para os meus afazeres e fico tentando afinar as cordas do meu violão até minha mãe me chamar para a janta.

POV’S ARI

Fiquei na sala vendo Criminal Minds, depois de lavar a louça pra minha mãe e do nada chega a Laís. Era só o que me faltava.

-Tchau- me levantei do sofá e fui pro meu quarto, ela iria encher o meu saco e continuasse ali e não daria pra assistir TV.

-Espera eu preciso falar com você!

-O que foi Laís?- continuo andando as escadas e ela me segue.

-Quero falar sobre a ida do papai para a Turquia- ela falou e parei de andar assim que cheguei ao topo da escada.

-O que tem pra falar? Ele vai, não tem nada a fazer. - ela me ultrapassou e entrou no meu quarto. Típico.

-Você acha mesmo que o nosso pai está indo pra Turquia por causa do emprego?

-Óbvio- disso entrando totalmente no quarto e fechando a porta. - O que você acha?

-Que o papai tem um amante lá. - dei um meio riso. Ela só podia estar de brincadeira.

-Laís, você é maluca? O nosso pai nunca faria isso. - quase gritei, mas lembrei de que os nossos pais estão em casa.

-Olha, só o meu pai já foi pra Turquia oito vezes de acordo com a papelada que está no escritório dele, então mais provável de ele ter outra família lá.

-Primeiro, nosso pai, segundo como você pode pensar isso? Terceiro você entrou no escritório dele pra bisbilhotar?- Fiquei pasma com as afirmações dela.

-Eu não entrei no escritório dele pra bisbilhotar eu só fui ver se tinha uns livros que eu estava procurando e só achei isso suspeito.

-Tudo bem se você acha isso, guarda pra você, porque você não pode ficar acusando as pessoas assim. Pelo o que conheço do meu pai, ele nunca faria isso. Agora me da licença. –falei abrindo a porta pra ela sair. Ela resmungou e finalmente saiu. Finalmente!

Tiro o iPhone do carregador e vejo duas mensagens:

Ariii, porque não veio ontem? - enviada hoje ás 10h20min por Lucy.

bbygirl, porque não foi na aula ontem? to preocupada me liga - enviada hoje ás 08h47min por Helena.

Suspiro, ainda bem que tenho amigas. Logo respondo:

Desculpa Lucy, minha mãe arrumou uma terapeuta ontem e fui obrigada a ir.

Oii helena, não fica preocupada, eu to bem, foi a minha mãe, ela me levou no terapeuta ai tive q ir, mas não é nada de mais, eu estou bem.

Acabo de responder as minhas amigas e vejo que já foi visualizada a da Lexie, logo em seguida vejo o número dela na minha tela pra atender.

-Oi Lucy!- digo assim que arrasto o botão verde para atender a chamada.

-Oi Ari, nunca mais me mata de susto, da um sinalzinho de vida.

-Ah, desculpa, estava cansada.

-Mas me diz ai, porque a sua mãe te levou ao terapeuta?

-Bobeira dela, acha que estou rebelde- meio que rio.

-Já que é bobeira eu preciso contar uma coisa, super hiper ultra mega im... - não deixei terminar.

-Vai logo Lucy!- falei no meio riso e recebo outra ligação e vejo que é a Helena. - Calma ai, vou colocar a Helena junto com a gente. - falei e já ouço a voz da Helena.

-Oi pessoas! Ari, eu preciso contar pra você!

-Contar o que Helena?

-Ah, sai eu que vou contar- a Lucy fala e elas começam discuti quem vai falar esse anuncio “superimportante”.

-CHEGA!- eu grito no celular.

-Calma ai senhora TPM. – Lucy brinca.

-Conta logo, por favor, meninas!

-O Justin vai da uma festa na casa dele!-elas falam juntas e afasto um pouco o celular perto de mim, pois elas começaram a gritar.

-Ta gente o que tem? Ele só chama os meninos do time de basquete e as lideres de torcidas. – falei a realidade.

-Dessa vez não, ele chamou todo mundo! Vai ser na sexta. – Helena falou empolgada.

-Ata.

-Só um “ata”? – Lucy disse desapontada.-A gente vai, você também.

-Vocês podem ir, mas eu não quero não, acho que vou ficar em casa mesmo.

-O que aconteceu Ariana?-Helena perguntou.

-Nada não, só não estou a fim de sair.

-Ari, você não sabe menti pra gente, quem sabe uns anos de teatro?- Lucy falou e suspirei.

-Ta bom, meu pai vai ficar dez meses fora. –senti as lágrimas se acumularem nos meus olhos.

-Oh, mas não eram só vinte dias?- Helena perguntou com um tom de tristeza.

-Foi o que eu pensei, mas não.

-Fica assim não amiga- Lucy fala

-ARIANAAA! VEM JANTAR- grita a minha mãe do andar de baixo

-Muito obrigada meninas, mas agora minha mãe está me gritando pra jantar, beijos!- falo sem receber a resposta delas e desligo.

Olho pra janela e vejo um menino sentado em cima da cama, ele tem cabelo grande com leves cachinhos e é alto, ele está super concentrado prestando atenção no seu violão que nem notou que eu estava olhando pra ele, ainda bem, volto ao mundo e desço as escadas correndo até a sala de jantar. A sala estava um silencio, peguei um pouco de massa e molho de quatro queijos e comecei a comer, finalmente meu pai quebra o silencio.

-Então família- Laís ergue a sobrancelha pra ele. - Podemos brincar de coisa boa e coisa ruim do dia - Ai Meu Deus não! Toda vez que jogamos esse jogo Laís fica falando meia hora da vida dela. - Vamos lá, eu começo, a coisa boa é que estamos jantando juntos e a ruim é que ninguém fala nada, vai Ari, sua vez.

-Ok, a boa é que eu recebi ligação das minhas amigas e a ruim é que meu pai vai ficar dez meses sem me ver e eu sem vê-lo e ele quer jogar um jogo idiota pra tentar distrai a família, que não é uma família de verdade, porque famílias se amam e sempre estão juntos, a nossa está longe de ser família. - levantei bruscamente da cadeira e corri até o meu quarto batendo a porta forte fazendo eco pela casa toda, desmoronei na minha cama e comecei a chorar deixando o meu travesseiro molhado. Droga.