História Mudanças (Naruhina) - Minha Hinata

Encontrei Hinata deitada entre os girassóis. O sol de fim da tarde brilhava sobre ela e eu não pude deixar de pensar o quanto ela era linda – e eu um idiota de nunca ter notado isso. Aff! – Aproximei-me devagar até onde ela estava para não a assustar. Ela parecia respirar com dificuldade e tinha marcas de lágrimas escorridas pela face pálida.

Eu senti uma dor no peito ao ver aquilo. Eu queria secar todas aquelas lágrimas e dizer a ela que tudo ficaria bem. Eu não sabia por que ela estava chorando tanto.

- Hi... Hinata-chan, você está bem? – Chamei-a, experimentando seu nome em minha língua como se fosse doce. Gostei de como as sílabas soavam. – Hinata – chamei-a de novo, mas ela não me respondeu.

Continuava deitada de olhos fechados em meio aos girassóis e eu fiquei hipnotizado por ela. De repente senti o impulso, quase uma compulsão por beijá-la para acordá-la, assim como o príncipe fazia com a princesa adormecida.

Mas eu não era nenhum príncipe, embora Hinata fosse uma princesa. Eu, Naruto Uzumaki estava mais para o vagabundo e ela a dama.

Hinata reabriu os olhos, me tirando dos meus devaneios e, cara... me perdi naquele olhar perolado que sempre me olharam com tanta doçura, mas que agora me olhavam cheios de mágoa. Me encolhi inconscientemente, mas acho que ela não percebeu.

Tentei ajudá-la a se levantar, mas ela me rechaçou.

- Não encoste em mim – ela disse, fria e arrogante. Eu levei um susto. Hinata nunca falava com ninguém daquele jeito.

- O que aconteceu, Hinata? – Perguntei. Estava realmente preocupado com ela.

- Como se você se importasse – ela respondeu desdenhosa.

Aquela não era a minha Hinata, pensei. “Minha Hinata” gostei de como aquilo soava. Será que ela gostaria de ser minha? Segundo Sakura-chan, sim. Bom, vamos ver. Tentei mais uma vez ajudá-la a se levantar e ela foi ríspida.

- Já disse para não encostar em mim, Naruto.

“Naruto” Hinata nunca me chamava somente de Naruto, muito menos com aquele tom de desdém, como se eu fosse um nada. Aquilo doeu, pois lembrei-me como era na época da academia quando todos me ignoravam e ela era a única que me chamava de “Naruto-kun”.

- Hinata... eu – comecei, mas novamente fui interrompido.

- Você deve ir embora. Vim aqui para ficar so-zi-nha. Estou muito bem assim. Obrigada.

- Hinata, você não é assim – eu procurava por palavras – que bicho te mordeu?

Tão logo fiz a pergunta, ela pareceu ainda mais raivosa comigo.

- Sério que você não faz nem ideia, Naruto?

Hein??? Engoli em seco. Ela estava nervosa comigo, datebayo!!!! O que foi que eu fiz?

- HAHAHAHAHA! – Kurama ria na minha cabeça.

- Quer saber, Naruto. Esquece! Deixa para lá. E já que você não vai embora. Eu vou – Hinata disse de repente. Muito provavelmente pensou que eu a estivesse ignorando quando na verdade só estava tentando lembrar no que eu poderia ter feito que a magoou tanto.

- Hinata, por Kami, me diz o que está acontecendo.

- Para quê, Naruto?

- Para eu entender porque você está tão estranha e me tratando assim. Você nem me chamou como costuma me chamar... Naruto-kun. Apenas me chamou de Naruto – fui sincero. Será que assim ela me perdoava pelo sei lá o que eu tenha feito?

Mas Hinata não me respondeu e ao invés disso olhou para o chão. Segui o olhar dela e me deparei com suas mãos completamente machucadas e ensanguentadas.

- Hinata! – Eu tomei as mãos delas num rompante. Não me importava se ela ficaria brava comigo ou não. A garota estava machucada, tebayo!

Rapidamente projetei meu chackra nela e a curei. Ela pareceu gostar, mas demonstrou que não, pois puxou a mão de volta. Eu estava confuso, mais confuso que nunca! Ai, pai, por que você não está aqui para me ensinar como lidar com garotas?

- E por que você se importa? – Ela impôs a voz, mas começou a chorar.

- Hinata, eu me preocupo com você, tebayo! Você é uma cidadã da Folha e também é uma amiga.

Agora acho que deu certo. Ela olhou para mim. Mas, cara... ah não! Ela me olhava com olhos tristes. Eu não podia ver aqueles olhos tristes. Era como ver o sol apagar.

- Adeus, Naruto – ela disse de repente me dando as costas.

- A-Adeus? Como assim adeus, Hinata?

- Eu estou indo.

- Para onde?

- Não sei. Para qualquer lugar longe de você.

Caralho! Essa doeu. Cadê aquela menina doce que corava toda vez que me via? Será que até a Sakura-chan se confundiu e Hinata não me amava porcaria nenhuma? Eu não podia acreditar nisso. Logo agora que eu tinha achado que tinha entendido todos os sinais, eu não podia...

- BAKA!!! – Kurama gritou dentro de mim – NEM TUDO O QUE É SENTIDO É FALADO, NARUTOIÔ.  PRESTE ATENÇÃO NOS SINAIS E A CONQUISTE. VOCÊ DEVE ISSO A ELA. ESSA MENINA TE AMOU A VIDA INTEIRA.

- Kurama... obrigado.

Então me virei para Hinata e a questionei novamente:

- O que eu te fiz, Hinata? Por favor, me diz para eu poder reparar porque... porque de todas as pessoas da vila, você foi a única que nunca me tratou assim, dessa maneira.

- Acho que você devia se preocupar mais com sua namoradinha Sakura, afinal, ela é tudo que te importa realmente e parte de tudo o que você sempre quis. Eu espero que vocês sejam muito felizes, de verdade. E eu espero que você realize seus sonhos, Naruto-kun.

Ah. Meu. Kami. Ela viu. Ela viu Sakura-chan me beijando e entendo tudo errado.

Não. Não. Isso não podia estar acontecendo. Eu gostei da Sakura-chan a vida inteira, mas só agora percebi que não era ela que queria e sim Hinata. A vida não podia ser tão filha da puta assim, podia?

- Apesar de tudo, eu sempre vou me lembrar de você, Naruto-kun – Hinata continuou e enfatizou o “kun” – do seu sorriso fácil, da sua força, especialmente da sua força de vontade que foi o que te trouxe até aqui e a isso sou grata, você não só salvou o mundo como me fez achar que eu era capaz de alguma coisa, ainda que não fosse verdade... foi bom sonhar um pouco. Obrigada por isso.

Não consegui me conter, deixei uma lágrima escorrer. Ela estava... se despedindo de mim?

Mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ela correu, ocultando-se entre as árvores.

Alguns minutos depois, fui atrás dela e a encontrei em casa. A fortaleza dos Hyuuga era impenetrável e eu não teria uma desculpa boa o suficiente para dizer ao Hiashi-sama que gostaria de falar com sua filha. Cocei a cabeça confuso e com medo. Eu temia perder algo que nunca tive. Algo que estava tão perto que deixei escapar entre meus dedos.

Eu sou um baka mesmo.

Andei pela vila sem saber muito bem o que fazer quando trombei com Shikamaru.

- Foi mal, cara – me desculpei, cabisbaixo.

- O que foi, Naruto?

Bom, já que ele tinha perguntado, eu falei. Precisava de um conselho de homem e Shikamaru era o cara mais inteligente que conhecia. Muito provavelmente ele saberia o que fazer.

- Isso realmente é problemático, Naruto – ele disse e continuou – mulheres são problemáticas.

- Ok, cara, mas como isso resolve meu problema? Quero soluções. Ok?

- Você tem que falar com ela, cara. Não tem muito segredo não. Vai ter de convencê-la que a ama, na verdade, terá de conquistá-la.

- E como eu faço isso???

- Uhm... mulheres adoram demonstração de afeto. Principalmente se for em público para mostrar para todo mundo que você é caidinho por ela.

Fiquei vermelho. Aquilo seria embaraçoso, mas acho que valia a pena. Ia pensar em alguma coisa. Agradeci Shikamaru e fui para casa. Esquentaria meu rámen instantâneo para poder matar a fome e pensar melhor. No meio do caminho encontrei Sakura.

Contei a ela o que Shikamaru me disse e Sakura aprovou, mas me deu aviso: disse para eu não demorar, pois mulher não esquece fácil e quanto mais tempo eu desse, mais ela ficaria chateada comigo. Engoli em seco. De fato, mulher era uma coisa problemática...