História Muito além do olhar... (Finalizado) - Capítulo 2

Valentina

- Pelo que entendi nosso gado está invadido suas terras... Me explique isso Rodrigo.

- Como eu já disse o Vilaça tem uma fonte de água pura; tira o chapéu somente para o amassar um pouco entre os dedos, e o colocar novamente - E como a fazenda anda fraca das pernas fica mais fácil deixar o pouco de gado que sobrou beber a água de lá.

- Agora entendo a indignação dele; digo observando bem o mau estado de conservação da casa - O que está acontecendo é completamente ilegal, e ele pode muito bem nos processar por apropriação indevida, invasão, e até mesmo roubo.

- Duvido que o maldito Vilaça faça isso...

José Miguel...

Mesmo agora cuidando das contas de minha fazenda não paro de pensar na maldita Montesinos, que mulher incomum... Estou atolado até o pescoço com o orçamento quando Alonso aparece, provavelmente para pedir dinheiro, já que ele não trabalha e não serve para nada, além é claro de farrear, e passar horas em festas em cidades grandes, saindo no começo da noite, e chegando apenas no outro dia, vai dormir e acorda mais de duas da tarde, exigindo o café, como, sendo que nesse horário a cozinheira já está colocando o jantar no fogo.

- Bom dia primo.

- Bom dia? Desde quando uma hora da tarde pode ser considerado como horário para se dizer bom dia; finalmente termino as planilhas - Mas estou surpreso com você acordando a essa hora, geralmente acorda muito mais tarde... Aconteceu alguma coisa? Deve ser por isso que está tão bonito para chover.

- Você e suas piadas José Miguel; se senta na cadeira que está na frente do meu gabinete - Mas vim falar com você de negócios, preciso de dinheiro emprestado para abrir um negócio que promete me deixar rico.

- Mais um de seus planos mirabolantes Alonso? Nenhuma de suas "grandes" idéias empresariais jamais deu certo, você gosta de posar como grande empresário, mas não passa de um gastador! A partir de hoje se quiser abrir sua empresa, ou seja lá o que for não conte comigo... Eu não faço caridade com vagabundo.

- Você gosta de esfregar na minha cara que me sustenta, como se eu fosse um parasita, que vive a te importunar para ganhar dinheiro; se levanta irritado se fingindo de indignado para que eu lhe peça perdão - Por isso vou sair de sua casa hoje mesmo.

- Não o estou o prendendo aqui, pode ir, as portas estão abertas e os portões também; começo a assinar alguns papéis - Mas não dou uma semana para você voltar aqui nesse mesmo lugar onde estamos pedindo para voltar.

- Isso não acontecerá...

Nesse momento papai aparece com seu sorriso marcante, e veio falar comigo, certamente sobre seus amados cavalos. Apesar de sua saúde frágil, meu pai amava montar e domar cavalos, ele me olhava meio preocupado.

- Sua mãe me disse que você foi até a fazenda dos Montesinos, e acabou se encontrando com Rodrigo Gavilan.

- Confesso que fui até lá sim... Mas dessa vez Rodrigo e eu não tentamos nos matar... E o pior, a filha dos falecidos Montesinos está na fazenda, e pelo que sei outros virão perturbar a paz de minha fazenda provavelmente.

- Eu sei que pode parecer irracional para você o que vou te pedir agora; ele olha profundamente dentro de meus olhos - Mas por favor fique longe de tudo esteja ligado a Rodrigo Gavilan, e isso inclui os Montesinos...

- Mas qual a razão deste pedido?

- Há coisas que é melhor não saber meu filho, doem menos... Ou melhor dizendo, não doem de maneira nenhuma esses segredos antigos quando não são remexidos...

- Sinto muito pai, mas não vou obedece - lo dessa vez...

- E por que não filho?

- Por que pretendo comprar a fazenda dos Montesinos...