(Brendan)
Finalmente, conclui de fazer a mala. O que levava não era muito alargado, resumidamente era uma roupa para o dia seguinte e as coisas de higiene. Peguei nela e olhei as horas, ainda falta um bocado, são 7:10h. Temos que sair de cá cedo, se queremos aproveitar o dia lá. Deitei-me de novo na cama. O quarto está vazio, só comigo, que já ocupo espaço, por isso não completamente vazio. O que quero dizer é que o Gary já está acordado e fora daqui. Observei novamente o relógio. Estar aguardando aqui e na entrada é o mesmo com sorte ela se despacha. Peguei na mala e fui até a entrada. 20 minutos depois, milagrosamente vi o carro dela. Fui-me aproximando e guardei os meus pertences na mala do carro dela e sentei-me seguidamente no acento do lado do motorista.
Brendan: Dormiste bem?
Misty: Sim. E tu?
Brendan: Afirmativo. Devo-te confessar que até estou nervoso.
Misty: Pela competição?
Brendan: Não, para ver Lumiose. Nunca fui lá.
Misty: É muito bonita.
Brendan: É bom saber, mas nunca descobrirei por conta própria se não arrancares com o carro.
Ela rodou a chave.
Brendan: Agora calca lentamente o pedalsinho do acelerador e..
Misty: Vai à merda, Brendan.
Brendan: Que falta de graça.
Ela arrancou com o carro e saímos de perto da escola.
Brendan: Então? Novidades?
Misty: Nem por isso. Continua tudo igual.
Brendan: E as tuas irmãs?
Misty: A Daisy louca como sempre.
Brendan: O que aconteceu?
Misty: É melhor não contar…
A viagem demorou menos de três horas, portanto chegamos em Lumiose exatos 10:37h. A Misty estacionou a sua viatura perto do hotel onde dormiríamos. Como o quarto já estava reservado fizemos já o check-in. Aproveitamos para pousar as bugigangas que trazíamos e quando o relógio, finalmente, bateu o meio dia saímos para almoçar. Como o hotel ficava ligeiramente afastado do centro da cidade tivemos de apanhar um autocarro até o centro. Almoçamos num restaurante com vista para a torre prisma. Até era requintado, no entanto não era muito dispendioso. O que é realmente é engraçado é como eu e a Misty até este exato momento não paramos de dialogar, algumas vezes frases sem sentido dela, mas mesmo assim… depois de pagar a conta saímos do local e começamos a deambular pela cidade.
Brendan: Portanto, queres ir à torre prisma?
Misty: À torre prisma?
Brendan: Sim, aquela coisa feita de metal, alta que se vê em quase toda a cidade.
Misty: Eu sei o que é a torre prisma.
Brendan: Então queres ir, ou não é do teu agrado? Se não for, podemos ir para um parque não muito distante do local que estamos, ou…
Misty: Vamos à torre prisma. Aposto que lá em cima tem uma excelente vista para a cidade.
Brendan: Com certeza. Pelo menos não em dias nublados, pois assim as nuvens tapariam o terreno.
Misty: Felizmente hoje está um excelente dia de sol.
Brendan: Correto.
Estendi-lhe a mão, não muito certo porquê, mas ela agarrou-me nela e deu um leve sorriso. Puxei-a de leve e o nosso toque foi-se afastando aos poucos. Caminhamos até o local e entramos na fila para subir de elevador para lá cima. Tem a opção das escadas, no entanto não era muito favorável subir mais de cem lances de escada para chegar ao fim dos 300 metros de altura, que na realidade como o último andar é ligeiramente abaixo da altura máxima seria só 279 metros, no entanto ainda é uma altura bastante relevante. Quando, por fim, chegou a nossa vez entramos e subimos até o topo, visto que normalmente é o que se faz nos elevadores… entrar e subir, se não se pretender descer. Ao sairmos de lá já estávamos no último andar acessível da torre e com o tempo acabei observando a Misty dirigindo-se até o gradeamento que percorria todo o andar, que é usado para as pessoas não caírem de em baixo. Ela ficou uns instantes ali parada a ver as vistas e eu aproximei-me lentamente dela.
Brendan: O chão não é feito mesmo para ti.
Misty: O quê?
Brendan: Ou é a água ou a o vento para ti.
Ela balançou a cabeça e voltou a olhar para frente.
Misty: A vista é muito bonita daqui. Dá para ver onde vou competir amanhã.
Brendan: Onde vais ganhar amanhã.
Misty: Estás bem convencido disso.
Brendan: Ouve, pode não ser o ouro, ou o bronze, ou até mesmo a prata, mas o teu regresso já não é uma vitória, nem que seja pessoal?
Misty: Talvez…
Aproximei-me mais dela e acabei abraçando-a pelas costas, enquanto o meu olhar permanecia na vista que aquele sítio nos oferecia.
Misty: Hm…
Mas na realidade, só neste exato momento reparei na minha ação e tirei os braços do local que se encontrava.
Brendan: Desculpa, eu… não pensei… eu…
Misty: É raro em ti não pensares.
Brendan: Sim, um bocado…
Num gesto veloz ela abraçou-me.
Misty: Obrigada por confiares em mim e tudo isto.
Brendan: De nada. Acho eu…
Acho eu… desde quando eu acho e não sei? Ela afastou-se de mim.
Misty: É melhor irmos andando, que se não fica tarde e ainda quero ir ver outros sítios.
Brendan: O que queres ir visitar?
Misty: Quero-te mostrar o museu daqui. É cheio de pinturas fantásticas.
Brendan: Museu?
Misty: Quê? Não queres ir ver?
Brendan: Claro que quero, mas temos que voltar antes das nove.
Misty: Das nove?
Brendan: Quero-te com energia amanhã, sabes?
Ela revirou os olhos e confirmou com um tímido sorriso de lado e com a cabeça. Esperamos descer no elevador mais uma vez e quando chegamos no chão começamos a caminhar até ao museu. Passamos o resto da tarde lá a ver os quadros de grandes artistas. Como o museu de Lumiose é um dos museus mais aclamados do mundo está cheio de pinturas raríssimas, para além da sua arquitetura fantástica. Mas passando à frente. Depois do dia visitando a cidade, regressamos ao hotel e enquanto a Misty tomava um duche eu ia preparando a cama onde dormiria, que no caso era o sofá. Coloquei uma almofada na ponta e fui buscar umas cobertas. Mesmo quando as estava a esticar a Misty apareceu na porta da sala.
Misty: Já acabaste de fazer a cama?
Brendan: A acabar.
Olhei para ela e estava a usar uns calções curtíssimos de ganga e um top amarelo de baixo de dois suspensórios vermelhos, com isso tudo, permitia-se ver a barriga dela como a definição de pernas dela... Tudo que um pintor gostaria de desenhar… eu sei que já a vi de fato de banho, mas ela assim… quer dizer… ela é esteticamente linda para os padrões sociológicos da sociedade que nós vivemos, provocando-me assim um aperto no peito. Algo completamente normal. Por favor biologia, desaponta-me desta vez e não faças com que o melhor amigo do Red suba.
Misty: Ainda bem. Depois queres ir jantar fora? Eu tive a ver na net e existe um restaurante de sushi, que dizem ser muito bom, mesmo aqui na esquina.
Brendan: Sim… preciso de me lavar primeiro. Prometo que nem 10 minutos demoro.
Misty: Precisas de tomar banho. É isso que queres dizer?
Brendan: Eu vou começar a tentar não falar tanto… como dizer…?
Misty: Eu até gosto de como falas. Vai lá tomar banho. Eu fico aqui à tua espera.
Brendan: Podes contar.
Peguei numa roupa que já tinha separada e fui até a casa de banho. Não veio. Está tudo controlado. Depois de tomar o banho vesti as minhas roupas e sai do comodo, indo até onde a Misty estava.
Brendan: Vamos?
Misty: Sim.
O jantar correu normalmente. No final insisti em pagar e logo depois disso voltamos para o hotel, pois amanhã teríamos de acordar cedo, apesar da competição ser só de tarde, pois há ainda a apresentação dos concorrentes e as formalidades antes. No dia seguinte acordei antes da Misty e fui me erguendo. Ao observar as horas decidi acordá-la, ainda temos muito que fazer. Aproximei-me da cama dela e fiquei um bocado tempo lá parado a vê-la dormir. Ela realmente é muito esbelta. Aproximei-me mais dela e comecei a sacudi-la para que ela acordasse, o que de facto não demorou muito.
Misty: Tens mesmo que acordar agora?
Brendan: Anda que temos o que fazer.
Misty: Bom dia para ti também.
Brendan: Bom dia, Misty.
Dei-lhe um beijo na testa e fui em direção à sala buscar a roupa que vesti ontem de noite, para aproveitar para hoje. Passados uns 10 minutos a Misty reentra na sala, já com o fato de treino do costume.
Brendan: Este é o figurino da Misty que eu conheço.
Misty: É… o que me fica melhor.
Brendan: Por acaso ontem estavas bastante…
O que é que eu estou a dizer?
Misty: Bastante…?
Brendan: Atraente?
Misty: Nossa. Nem a disfarçar. O que ias dizer?
Brendan: Sexy, mas não cabe bem no meu diálogo e… não sei se te sentirias ofendida.
Misty: Para mim foi um elogio.
Brendan: E era o suposto. Anda lá. Temos de tomar o pequeno almoço.
Depois de comermos fomos até a piscina ver o sítio. Falar com alguns representantes da competição e pousar as coisas de tarde já no balneário, que no caso não era muito, mas podíamos, então fizemos. Saímos de lá para almoçar e de mal chegou as 15h iniciou-se a apresentação das competidoras. Estava sentado num dos bancos perto da piscina quando uma rapariga veio dialogar comigo.
Ela: Nunca te tinha visto aqui. Com certeza deves ser o novo treinador da Misty, ou talvez namorado.
Brendan: Conhecê-la?
Ela: Toda a gente conhece a Misty… ou pelo menos conhecia quando ela estava em melhor estado. Boa sorte.
Brendan: Ei! O teu nome?
Ela: Talvez um dia. Eu não tenho o hábito de cumprimentar adversários.
Brendan: Posso só saber quem treinas?
Ela: Fica atento na pista 7.
Já tinham acabado de chamar todos os nomes. Olhei para a prancha de partida e lá estava a Misty na pista 4. Olhei para a pista 7 e estava lá uma mulher que parecia um pouco mais velho que a rapariga que veio falar comigo. Dava para ver o nervosismo de cada uma das competidoras e quando se deu o sinal todas saltaram. A Misty, mal, começou em último, mas não quer dizer que recupere. Estavam todas a dar o melhor de si e os poucos segundos da partida pareciam anos. Quem ganhou foi a rapariga da pista 7. Olhei para a miúda que tinha falado comigo e estava a celebrar. Fui caminhando até onde havia toalhas e retirei uma para dar à Misty. Ela saiu da água e foi ter comigo com uma cara desolada.
Brendan: Que se passa?
Misty: Perdi, talvez?
Brendan: Por quase dois segundos, muita coisa mesmo.
Misty: Fiquei em quarto, Brendan, não tem piada.
Dei-lhe a toalha e ela cobriu-se.
Brendan: Para mim fizeste uma prova excelente e se tivesses arrancado direito pelo menos conseguirias a prata, se não o ouro.
Misty: Obrigada por criticares o que eu fiz errado.
Brendan: É importante isso, porque já sabemos assim o que treinamos para a semana, para conseguires ganhar daqui a quinze dias.
Misty: Como assim?
Brendan: Os quatro primeiros são aprovados para um torneio de cem metros livres em Twinleaf.
Misty: Isso significa que…
Brendan: Que eu tenho muito orgulho em ti.
Ela abraçou-me, molhou-me um bocado a camisola que vestia, mas decidi retribuir-lhe.
Brendan: Podes ir tomar o duche para voltarmos para Snowbelle.
Misty: Claro.
Brendan: E lá não saímos sem medalha.
Ela deu-me um sorriso discreto e entrou no seu balneário. De repente, sem eu contar, a rapariga que tinha falado comigo estava do meu lado.
Ela: Parabéns por teres passado.
Brendan: Parabéns pelo primeiro lugar.
Ela: Pois é só mais um. Namoras ou não com ela?
Brendan: É importante?
Ela: Não, mas é para saber.
Brendan: Vejo-te lá em Twinleaf.
Ela: Mal posso esperar.
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