... Eles invadiram. Eles eram grandes e possuíam longas e poderosas asas. Não tive chance de lutar, nunca tive. Mamãe foi levada e morta... Sinto falta dela.
As coisas ficaram difíceis para mim, em meio ao choro, comecei a implorar, e me desculpar por ter nascido. Nascer, esse foi o meu maior pecado.
Lembro de cada rosto sério e cheio de maldade que olhou para mim, me amarraram com correntes, oque fez fazer minha pele queimar como eu nunca senti na vida. Vi um deles puxando um grande e longo machado.
- Cortem os chifres
Eu não sei oque senti nesse momento, chorei muito, e consegui perguntar:
- Você não tem piedade..?
- Tenho. Só não vou usá-la em um demônio.
Tudo ficou lento.
Em alguns momentos da vida, o tempo parece que vai parar. Senti o machado os cortando, foi uma dor inexplicável, sangrava tanto. Era sofrimento seguido de sofrimento. Logo em seguida, me largaram na floresta, ainda acorrentado, até hoje me pergunto como sobrevivi. Acho que sorte. Consegui um abrigo. Não tenho um lugar que posso chamar de casa.
E por mais que eu tenha sofrido tanto, ainda tenho esperança. Esperança de que amanhã será um dia melhor. Mesmo que no fundo saiba que nada irá mudar.
Eu era bem pequeno, não sabia oque fazer, e como lidar com isso, a única coisa que queria era a minha vida, que não era considerada boa para muitos, mas para mim... Era incrível.
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