Lívia
Fumei uma coisa de cá, bebi uma coisa de lá, só um pouquinho de cada, para não passar mal. E assim foi indo a minha noite, ou melhor, a minha madrugada. Rafael me pediu para eu passar a noite lá, com ele, e eu aceitei. Ele me apresentou o seu grupo, ou melhor, a facção em que ele estava incluído; a maioria tinha cara de psicopata, outros, até pareciam legais, fazendo várias piadinhas sobre a vida. Alguns me contaram brevemente a sua história, as brigas que tinham dentro da família, o desprezo, as desilusões... A droga se tornou um vício para eles, um vício para fugir de suas realidades. Enquanto conversa com o Rafael, todos ficaram quietos, pareciam ter medo de algo. Até que eu vi uma silhueta, e imaginei que estavam sendo intimidados por ela.
???: Eu pensei que ela não vinha hoje! - falou para uma outra pessoa.
Lívia: Quem é ela? - perguntou ao Rafael.
Rafael: É a Jana, a líder da nossa facção.
Lívia só assentiu com a cabeça.
Jana foi conversar com um grupo dali, mas não dava para ouvir o que falavam, estavam cochichando. Depois de um tempo, ela seguiu em direção aonde nós estávamos.
Jana: Rafa! E aí, como vai? Tudo em paz?
Rafael: Tudo chefona. Faz tempo que a gente não se vê né!?
Jana: Nem me fale. E como está a vida? Você não deu nenhuma brecha né!? - falou a última frase com um tom forçado.
Rafael: Não se preocupe, eu nunca dou brecha, eu cuido das minhas negociações. Ah, deixa eu te apresentar, essa daqui é a Lívia, a minha ficante.
Jana: Oi Lívia. Olha, eu só vou te pedir uma única coisa... não conte para ninguém sobre esse lugar e nem das nossas negociações. - a voz dela tinha um pouco de raiva.
Lívia: Não se preocupe! Não vou fazer nada que prejudique você. - falou com medo.
Jana: Que bom, assim tudo fica em paz para você! - falou sarcástica - Como você é linda... queria ter esses cabelos vermelhos, e essa pele morena.
Lívia: Obrigada.
Jana: Você quer entrar para a nossa facção garota?
Lívia: Eu vou pensar, porque...
Rafael: Mas é claro que a Lívia vai entrar, né Lívia.
Lívia: Eu ainda vou pensar Rafa!
Rafael: Vai Lívia, nada vai te fazer mal!
Lívia: Ok, eu topo. - falou de um modo coagido.
Jana: É isso ai garota!
Rafael: Agora eu e a Lívia precisamos ir para um lugar. - e deu uma piscadinha para Jana – Valeu chefona.
Jana: Aproveita. – riu.
Rafael levou Lívia para o outro lado do bairro, e alugou um motel para ele e Lívia. Ela ficou ressentida, mas mesmo assim foi. Os dois entraram no quarto.
Lívia: Por que você me trouxe aqui Rafael?
Rafael: Achei que podíamos curtir um pouco sozinhos, hummm? - e beijou o pescoço dela.
Lívia: Eu não estou preparada Rafa!
Rafael: Já começou de frescura é?
Lívia: Não é frescura cara. Aprenda! Eu não quero!
Rafael: Mas eu te ensino direitinho gata!
Lívia: Hoje não Rafa! - e saiu do quarto.
Rafael: Lívia. Lívia! - correu para fora do quarto – Volte aqui.
Lívia: Depois a gente conversa!
Rafael alcançou Lívia e puxou o braço dela com força.
Rafael: Tá nervosa né? Vem aqui que te acalmo! - e a beijou, movimentando á de volta para o quarto.
Lívia o empurrou para trás, e olhou para ele com fúria.
Lívia: Qual é o seu problema? - falou com raiva.
Rafael: Eu preciso de você minha deusa.
Lívia: Tchau Rafa! - e começou a andar - não me segue, senão eu chamo a polícia!
Rafael ficou parado aonde estava, vendo a Lívia sair do corredor.
Guto
Eu não consigo entender a Benê! Um instante, ela parece que está meio que interessada, num outro, parece que me detesta. O que será que passa dentro da cabeça dela? Vai ser muito difícil ganhar o coração dela. E o pior de tudo, estou me apaixonando. Estou me apaixonando por cada detalhe dela, cada defeito e qualidade que ela tem. E eu queria muito entender a Benê, e os motivos para ela ser desse jeito. Por que será que ela é assim?
Sai dos meus devaneios quando eu ouvi a campainha tocar. Erica, a empregada que trabalha na minha casa foi atender. Era o Felipe e a Lica. A ideia deles era fazer um jantar com os amigos; eles trouxeram uma pizza, e Lica falou que o MB e a Samantha logo, logo viram.
Erica e Vitória, a outra empregada, preparam a mesa de jantar. Enquanto esperávamos o MB e a Samantha chegaram, ficamos conversando sobre vários assuntos; referentes a jogo, escola, balada e pessoas. Quando finalmente chegaram, colocamos a pizza na mesa e jantamos. A pizza estava boa, e a conversa estava bem animada, falamos sobre o nosso clip para a Lica, e ela ficou contente. Por mais que tudo aquilo, o jantar e as conversas estavam divertidos, eu pude notar que a Lica permaneceu quieta. Isso é estranho, ela sempre conversa muito.
Lica: Guto! A gente podia conversar a sós?
MB: Vai pegar ele também Lica? Esqueceu que o nosso relacionamento é só eu, você e a Samantha.
Lica: Cala Boca MB!
Guto: O que você quer conversar comigo?
Lica: Venha comigo e você irá saber!
MB: Isso está ficando muito misterioso...huummmm.
Samantha: MB!
Lica e Guto foram para a sala.
Guto: Então, o que você quer falar comigo?
Lica: Porque você beijou a Benê?
Guto ficou quieto por alguns segundos, pensando na resposta.
Guto: Porque eu a beijei, não posso?
Lica: Claro que pode. Mas o que passou na tua mente para tê-la beijado?
Guto: Eu me sentia atraído pelo jeito dela. E quando nós estávamos discutindo, eu a beijei. Deu um negócio dentro de mim e eu a beijei.
Lica: Então você gosta dela? Ou é outra coisa? Tipo usá-la, uma aposta...
Guto: Gosto dela sim. E não, porque eu iria usá-la?
Lica: Sei lá Guto. E que isso é muito estranho! Você sempre dizia que ela era...
Guto: Esquisita! Devo admiti que eu achava ela bem esquisita sim. Mas eu estou vivo e posso mudar de opinião! Eu nem acho ela tão esquisita assim hoje em dia.
Lica: E é por isso que nunca devemos julgar as pessoas sem conhecê-las.
Guto: Verdade. - Ele pensou em perguntar algo – Lica, você sabe alguma coisa sobre o passado dela?
Lica: Ah, eu sei que ela sempre sofria bullying, porque acham ela diferente. Também tem o pai dela, que abandonou a família quando ela era criança.
Guto: Nossa! Nunca me passou na cabeça isso. A perda do pai deve ter abalado ela né?
Lica: Benê nunca me falou detalhes, mas com certeza aquilo tudo a abalou.
Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes.
Lica: Então...posso shippar?
Guto: Se fosse só da minha parte eu irá dizer que sim. Mas o problema é que ela não facilita!
Lica: Eu pensei que ela tinha resolvido essa parada ontem contigo.
Guto: Pensou errado. Ela veio me disser que o nosso beijo foi erro, acredita!
Lica: Mas a gente aconselhou ela. E a Benê disse que iria resolver essa história e que iria entender a sua visão dos fatos. Eu achei que fosse algo positivo, que vocês iriam se acertar.
Guto: Tá falando sério?
Lica: Seríssimo! Bom, eu vou falar com ela amanhã e entender o que está acontecendo.
Guto: Eu também preciso falar com ela!
Lica: Era só isso que eu precisava conversar. Vamos voltar para lá!?
Guto: Vamos.
Lica: E se vocês se acertarem e começarem um lance um pouquinho mais sério, me promete, me promete que nunca vai machucar a Benezinha!?
Guto: Que coisa! Tudo mundo acha que eu vou machucar ela. Não se preocupa dona Heloísa, não vou fazer nada de ruim para ela.
Lica: Acho bom. Até porque, se você fizer algo, vai se ver comigo!
Guto: Mensagem recebida. - riu.
E voltaram para conversar com a galera.
Benê
Benê estava em sua casa, fazendo um cartaz sobre os sentimentos. Alegria e tristeza foram fáceis de distinguir, mas o amor, o amor realmente era muito complexo. Ela sabe que a várias maneiras de amor e de amar; mais mesmo sabendo sobre isso, ela não consegue entender os tipos de amor que há dentro dela, e como demonstrar esse amor. Fez mais algumas anotações, e depois se arrumou para ir pra escola. Correu um pouco pelo bairro e foi posteriormente para o Cora Coralina. Novamente K1 e K2 faziam bullying com Benê. Elas agarram a mochila de Benê e rasgaram as folhas com os rascunhos do cartaz na frente dela. Desesperada, Benê pegou a sua garrafa de água e jogou na cara delas. Quando iria começar a confusão, Dóris chegou. Mandou ela e as K para a diretoria. Ela conversou bastante com as três, e pediu que houvesse respeito entre elas, e também para não ocorrer isso novamente.
Benê e as K foram para a sala, e felizmente, ela teve bastante tranquilidade dentro da sala, e o assunto da matéria era fácil. Na terceira aula o professor faltou, infelizmente sofreu um acidente de moto. E com isso, alguns ficaram no pátio da escola, outros na sala de informativa... e Benê foi para a biblioteca. Ela só queria o silêncio naquela tarde. Pegou alguns livros na prateleira e achou um livro de poemas. Começou a ler o nome do autor.
Benê: Nossa! É um poema de Cora Coralina!
Olhou para o texto, e arrumava-se para ler o poema.
Benê: Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu…
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu…
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado...
Guto: Nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo…
eu te amo, perdoa-me, eu te amo…
Benê se assustou quando ouviu a voz de Guto.
Benê: Guto?!
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.